Tumgik
minatpm-blog · 8 years
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Eu nunca pensei que um dia teria uma página na internet com esse tipo de entretenimento. Não achei que eu passaria das redes sociais que todo mundo tem, aquelas que postamos pratos de comida, fotos de biquinho e com o Corcovado no Rio de Janeiro.
Há quase três meses atrás, em meio de um término de namoro cumulado com uma crise existencial, fui procurar algo pra ler. Comecei a pensar em algum autor que já tivesse ouvido falar em uma dessas conversas com pessoas que “falam bem”, taxadas como “cults” do século XXI no meio dessa sociedade de pessoas como eu, que se limitam às redes sociais mais comuns que se pode ter. Lembrei do Bukowski, “é uma leitura muito fácil e agradável” eu ouvi dizerem. Foi então que comprei o meu primeiro livro, e quando falo o meu primeiro livro, quero dizer que foi o primeiro que peguei pra ler sozinha e sem quase ser obrigada a enfia-lo guela a baixo como aconteceu em alguns anos do colegial e em outras situações preguiçosas. 
Uau! Algo realmente me surpreendeu. Veja, eu não estou aqui fazendo propagandas de um escritor. Foi a primeira leitura que simplesmente superou as minhas expectativas e finalmente pude sentir o prazer de uma leitura que eu tanto ouvia falar mas nunca pensei que pudesse sentir.
Há uma coisa importante que eu preciso deixar claro antes de continuar a contar essa minha experiência.  Eu sou do tipo de menina que se enlouquece por pessoas bem informadas, que falam bem, que são capazes de interpretar não só qualquer texto, mas pessoas e situações. Até aí nada muito anormal, quem não se encanta por pessoas assim?  O meu maior e vergonhoso problema é que eu não consigo me mexer, não consigo dar nem o primeiro, ou o segundo passo (explico depois), pra tentar me fazer igual, e não que eu não saiba o caminho pra que isso aconteça, eu simplesmente não consigo. Resumindo, eu sempre procuro pessoas inteligentes e excepcionais pra todas as formas de relacionamento que quero ter, mas essas pessoas são raras e eu não as tenho. Não tenho muitos amigos por esse motivo e quase todos que tenho são incapazes de me compreender, alguns deles são quase que incompatíveis comigo. E eu.. ahh, eu também sou uma bosta, e me sinto mais bosta ainda por ter consciência disso e mesmo assim, desprezar tanta gente sem sair do meu maldito lugar. Se eu contasse isso pra minha mãe ela com certeza daria um diagnóstico em meio segundo: “ISSO É PREGUIÇA”, ela diria. Será? Eu não descarto essa possibilidade, mas faz alguns dias que ando pensando nisso 24 horas por dia e cheguei a uma conclusão temporária, eu digo temporária porque eu não acredito que eu já tenha identificado o meu problema verdadeiro, ou por completo, mas é o que eu já tenho pra trabalhar. Enfim, as vezes eu acho que eu não acredito em mim como ser humano pensante e produtivo. Parece um draminha adolescente, mas eu tenho 25 anos e nunca tinha pensado em uma coisa dessas nas minhas crises existencialistas dos 15. Talvez seja exatamente porque eu aceitava a vida boba que eu levo, achando que é só isso mesmo.. me encaixar na sociedade da forma como a “vibe” do momento determina até morrer sendo mais uma que passou por esse mundo sem saber o que é a vida. Não que eu saiba agora, mas eu espero que não seja isso! Então isso pode ser uma boa notícia, né?  Antes tarde do que nunca. Pelo menos eu já sinto o incômodo de ser quem eu sou.  Meu Deus, quando uma boa notícia vai ser realmente uma boa noticia?
Bem, foi isso que eu quis dizer com o “segundo passo”, eu acredito que identificar o problema possa ser o primeiro passo. E ele está aí.. bem resumido, mas com certeza eu posso discriminá-lo em vários textos e é isso que eu pretendo fazer.
Siiiim, a leitura e a escrita são prováveis exercícios que podem me tirar dessa paralisia que me encontro!!
Foi essa a luz no túnel que o santo Bukowski me deu quando li partes do seu diário em O Capitão Saiu Para o Almoço e os Marinheiros Tomaram Conta do Navio. Suas obras são altamente auto biográficas, fáceis de ler, super divertidas e ele faz o tipo de pessoa que admiro.  Ele descreve a leitura e a escrita como o seu maior refúgio desse mundo com tanta merda e pessoas comuns. Entendi que é fácil dizer em um texto o que você provavelmente não falaria pra uma pessoa só, e poxa.. como isso pode ser libertador! O mais genial nisso tudo é que qualquer pessoa, dessa forma, pode fala com ela mesmo, e melhor, pode se ver. É como fazer psicanálise, onde você deita olhando pra parede e começa a falar com uma pessoa que só fica atrás de você, justamente pra você ser o foco de você mesmo. É como falar com o espelho, onde você fala e se ouve. O que também pode ser feito, mas quem pode ter tanta privacidade assim em qualquer lugar pra ficar tagarelando com um objeto?
Enfim, o lance é que percebi que eu preciso, PRIMEIRO, de mim mesma pra encarar essa vida louca. Ser minha melhor companhia, minha melhor psicóloga.
E esse lance de falar comigo mesma, desabafar sem medo de me expor, me conhecer melhor e verbalizar todos os meus podres e qualidades, pode ser uma puta de uma salvação pras minhas limitações, introspectividade, seletividade e insegurança que andam sugando essa minha alma.
É o que vim fazer na frente do meu computador hoje, começar a me expor nessa tela o máximo que eu conseguir até conseguir me conhecer. 
AVANTE, GABRIELA!
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