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Hauffizices 005
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Como se avalia o progresso que a gente tem na vida? Isso foi uma pergunta que ficou flutuando pela minha mente antes de escrever essa News, na realidade, até agora ainda não sei se tenho uma resposta pra isso e tenho muito mais dúvidas quanto a necessidade de fazer tal avaliação. Algumas metas foram "estabelecidas" nesse primeiro semestre, mas diferente do modo usual não listei todas mudanças que pretendia, é muito fácil a gente se ver frustrado com nossas próprias expectativas e no fim mesmo tendo conquistado algo não ter aquela satisfação por não ser o esperado. Então minhas “metas” foram os problemas que eu estava lidando nesses primeiros seis meses, o mais latente deles eram os problemas dentários, que com uma enorme felicidade venho informar vocês que estão muito próximos do fim, o medo de me jogar no mundo que alguns meses trancado em casa me trouxeram também foram “jogados pela janela”. O primeiro passo foi finalmente ter conhecido a praia no início desse ano, era uma viagem que eu planejava desde antes da pandemia e finalmente fazer ela foi libertador em vários motivos.
Lembro da ansiedade que existia no meu coração antes da viagem, a falta de confiança em mim mesmo, enfim diversas dúvidas e medos que tiveram seu fim na Praia dos Naufragados. Ao mesmo tempo que foi uma viagem super simples ela teve suas dificuldades, a trilha foi uma delas, ao invés de ir tranquilamente eu simplesmente me joguei naquela trilha, fazendo ela ser muito mais penosa do que o necessário, isso já nos leva ao ponto mais importantes dessa viagem, mas já falo sobre ele, cheguei na praia completamente destruído, minha água tinha acabado, ofegando horrores, isso fez com que meus primeiros momentos observando o mar fossem sob a sombra de um arbusto onde eu simplesmente larguei meu corpo esperando as energias voltarem a ele magicamente, podemos até brincar que cheguei tal qual um náufrago na praia.
Acho válido mencionar, apesar de estar tratando isso como minha primeira viagem a praia, ela não foi de fato meu primeiro contato, quando tinha 2 anos já havia visitado a praia, mas infelizmente não é uma memória presente na minha mente. Porém ouvi vários relatos da minha mãe conforme crescia e nesses relatos ela sempre fazia questão de enfatizar que em toda oportunidade que eu tinha eu saia correndo de perto deles pra ir ficar sentado na água dando risada. Com isso em mente, após percorrer toda a praia eu sentei em um canto e deixei as ondas levarem meu corpo, um riso fácil saiu com uma rapidez impressionante, não posso dizer que me senti como o Baby Hauff que sentava na água por que não me lembro dele, mas posso garantir que a felicidade que irrompeu em mim foi tão grande quanto.
Mesmo tendo passado pouco tempo, resolvi voltar por que não queria fazer a trilha no escuro e ainda tinha mais um dia inteiro para aproveitar a praia, pelo menos era o que eu pensava no momento, porém no outro dia, assim que acordei e fui me vestir para descer para a praia mais uma vez, percebi que na minha loucura de fazer a trilha a milhão, após uma viagem de 8 horas de bus e quase nada de sono havia deixado uma leve distensão na perna, tentei caminhar um pouco para ver como estava a situação e cheguei a conclusão que eu não ia conseguir fazer a trilha novamente.
Isso me fez encarar algo que eu já havia notado quando cheguei à praia no dia anterior, aceitar minhas limitações e o presente. Eu diria que esse foi o maior presente que essa viagem me trouxe, esse foco para mim mesmo no agora, foi ele que me motivou a começar cuidar mais de mim e isso combinado com a autoconfiança foi o gás para todas mudanças e movimentações que tenho feito nos últimos meses. Seja o cuidado com a casa, a maior atenção com meus gastos e a resolução dos problemas dentários, posso dizer que tudo isso começou ali e qual o melhor fechamento para esse “arco” da minha vida do que outra viagem?
Os sentimentos que estavam na minha mente antes dessa segunda viagem foram bem diferentes dos experimentados na ida para a praia, toda aquela ansiedade e falta de confiança deram lugar para uma felicidade e empolgação com tudo que estava por vir, algo que fez com que eu me permitisse muito mais dessa vez, podemos dizer que foi o segundo passo dessa vida de Errante que me aguarda no futuro. Enfim, alguns pontos válidos a serem ressaltados, não façam uma trilha após virar a noite viajando, não vai dá bom; Sejam pacientes consigo mesmos, nada acontece do dia pra noite, mudanças levam tempo; E por fim se cuidem, por que ninguém vai fazer isso melhor do que nós mesmos.
Chegamos ao nosso conteúdo extra desta edição, deixo aqui algumas fotos que tirei durante essa última viagem, não foram muitas, mas teve algumas:




Por fim, segue as recomendações musicais dessa edição, deixo com vocês dois links, o primeiro é da minha playlist favorita dos Gorillaz atualmente e o segundo é um trecho do show que eu tive o prazer de presenciar dos mesmos:
Playlist: https://youtu.be/Twl-cO8GWPA
Show: https://www.youtube.com/watch?v=b_i2MnXrIjM
H.
20:30
30/05/22
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Hauffizices 004 - Destino
Destino
Nunca fui o maior fã da palavra destino e todo peso que essa palavra carrega, mas mesmo com esse desgosto sempre foi um tópico que me interessou muito, o que leva uma pessoa a simplesmente abandonar as rédeas da sua própria vida, uma fuga da realidade, um cansaço em fazer as próprias escolhas ou simplesmente a fé em algo maior que nós? Todas essas possibilidades trazem em mim um mix de sentimentos, uma revolta com as pessoas por simplesmente abrirem mão de seu livre arbítrio, um niilismo ao pensar que estamos de fato apenas seguindo um cronograma que já foi a muito montado, mas o que mais pesava em minha mente era o fato de talvez estar em uma negação quanto a existência de um destino.
Negação é uma palavra muito boa para definir boa parte das auto sabotagens que venho repetindo a um bom tempo, a maneira como tento fugir veemente de certas responsabilidades e suas consequências, mas tal fuga como vocês devem imaginar não é nada saudável, pois no fim querendo ou não você vai ser confrontado por tais responsabilidades e realidades e tal pensamento me leva sempre de volta ao destino e isso com o tempo me fez repensar um pouco sobre a existência do mesmo, porém não posso destrinchar tal definição que moldei sem antes contextualizar vocês sobre uma crença que carrego comigo.
Tal crença é a maneira que eu enxergo o universo e tudo que tem nele, desde o mais distante quasar até as pulgas em meus gatos e ela pode ser resumida em um termo bem simples de ser compreendido, A Sequência de Fibonacci ou a Regra Dourada como preferir. Uma simples espiral, que faz questão de estar presente em diversos pontos da realidade, seja em movimentos estelares, seja em construções físicas do meio ambiente, em fotografias e arquitetura, enfim ela sempre vai estar em algum lugar do nosso dia a dia mesmo que não reparemos. Mas tais coincidências não acabam aí, em minha curta experiência como ocultista, sempre me deparo com a “evolução” da alma/espírito em diversas crenças, a ideia que estamos no meio do processo para nos tornar algo melhor e que figura geométrica melhor para expressar tal caminhada do que uma espiral?
Juntando todas essas coincidências eu acabei nessa crença de uma evolução interligada por assim dizer, estamos todos nos movimentando seja espiritualmente ou fisicamente, o universo inteiro seguindo junto em uma perfeita Sequência de Fibonnaci sem fim, mas isso implica em aceitar que sim existe um destino, mas não um destino escrito por alguma entidade superior a nós e sim pelos nossos atos, o famoso carma. Mesmo assim não seria algo tão simples como algumas páginas de life style ou alguns moralistas costumam pregar, uma boa ação não vai te render um retorno bom, pelo menos não diretamente. Um bom paralelo a se fazer para entender a complexidade com que eu enxergo o assunto é com a famosa “psicohistória” presente na série livros da Fundação de Isaac Asimov, em uma explicação rápida, ela é uma teoria matemática que ajudaria a humanidade “prever” seu futuro usando o passado, porém apenas o próprio criador de tal teoria e mais um matemático conseguiam entender o funcionamento dela em todo o universo.
Tal complexidade nos põe em um impasse, pois vivemos em um mundo onde somos incentivados a acreditar que temos o controle absoluto de nossas vidas, que nosso ego, com a determinação necessária é capaz de sobrepujar qualquer coisa à nossa frente. E por muito tempo eu reproduzi esse padrão de pensamento, eu acreditei poder seguir um caminho próprio, fugindo das coisas que não gostava, focando em pontos positivos e negando a existência de certos problemas, mas acontece que esse é um caminho muito conveniente para acabarmos em uma completa negação, seja de problemas, responsabilidade ou até mesmo de nossos próprios sentimentos.
Todo esse amontoado de pensamentos me levou ao seguinte caminho, e se ao invés de controlar de maneira possessiva tudo que estava a minha volta eu simplesmente “largasse o volante” e deixasse a vida me levar aonde ela quer? Obviamente não é uma mudança que acontece do dia para noite, muito menos algo fácil de ser feito, afinal meu ser até então só conhecia essa forma de existência, mas devo dizer para vocês que tem sido extremamente satisfatório. Aceitar as coisas como elas são e simplesmente viver as mesmas tem se mostrado uma maneira muito mais leve de levar a vida, até mesmo os problemas e dificuldades que encontro tem seu certo prazer, saber que ao invés de tentar contornar toda a situação e negar sua existência eu simplesmente passei por ela carregando apenas a certeza de quem eu sou, tem me trazido uma imensa paz na mente, algo que não sentia a muito tempo. Enfim, trazendo um pensamento um pouco mais otimista do que nas últimas newsletter, espero que tais devaneios tenham feito algum sentido para vocês e quem sabe talvez até auxiliado em um impasse interno, agora vamos ao conteúdo extra desta edição.
Deixo com vocês a seguir uma sequência de imagens das minhas aventuras recentes no Minecraft, um mundo onde podemos sim escolher nossos destinos ahahaha
Começando por essas belíssimas abelhinhas imensas
Meus amados doguinhos com nomes vindos diretamente de músicas da Pablo Vittar: Quenga e Piranha
Minha obsessão em mapear o mundo
E por fim um pôr do sol visto do telhado da minha casa.
Começo aqui uma nova tradição fixa nas News de deixar uma indicação musical, essa primeira é um pouco inusitada, mas acredito ser a melhor expressão para esse desapego a uma versão minha que até então garantiu minha sobrevivência, mesmo que não tenha sido da melhor maneira possível:
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H.
02/05/2022
20:45
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A Entidade no Espelho – Parte II
“...Depois que te conheci de tudo me afastei e o mundo abandonei Eu me arrependi de tudo que te fiz! Foi sonho! Eu sonhei que era feliz!
Vocês acabaram de ouvir Sonhei que era Feliz, na voz de Helena Hauff, fica nossa homenagem a cantora que embalava as noites do Copacabana Palace. Helena foi encontrada essa manhã por funcionários do hotel morta eu seu banheiro, maiores detalhes não foram revelados...”
Clovis estava sentado na cama tomando conhaque, analisando o quarto pequeno aonde havia se hospedado, havia uma cama de ferro que rangia ao mais pequeno movimento, uma mesa ao lado com um rádio que estava tocando músicas de uma cantora que falecera recentemente e no canto um pequeno espelho de metal. Havia chegado a poucas horas de São Paulo a incerteza ainda tomava conta de sua cabeça, largou tudo que tinha para tentar sua carreira de músico na orla de Copacabana, mas suas acomodações atuais somente reforçavam sua incerteza sobre tal escolha.
Estava perdido nos seus pensamentos quando um clarão iluminou o céu seguido por um forte barulho de chuva, poucos segundos depois começou ouvir o barulho de uma goteira. Começou olhar pelo quarto tentando achar aonde a água estava caindo até notar uma pequena possa em frente ao espelho, impaciente por ter que lidar com isso tarde da noite se levantou e saiu do quarto.
O corredor estava frio e os relâmpagos mais frequentes, seguiu pelo corredor ouvindo o piso ranger a cada passo que dava, já estava impaciente com tantos problemas encontrados no hotel, respirou fundo e começou descer as escadas, um relâmpago iluminou as escadas fazendo com que uma sombra do que pareciam tentáculos fosse projetada e paralisasse Clovis. Ele se virou para olhar procurando a fonte daquela sombra, mas não viu nada.
Seguiu descendo as escadas tentando não pensar no que havia acabado de ver, ao chegar na recepção se decepcionou novamente com os serviços do hotel, tudo estava apagado e não havia ninguém na recepção. Tentou tocar a campainha que estava sob a recepção, mas não obteve respostas. Olhou ao redor para ver se achava algo para colocar sob a goteira, notou um balde ao lado da escada pela qual havia descido. Quando foi pegar um relâmpago iluminou o lugar novamente e dessa vez ele não viu as sombras e sim vários tentáculos descendo a escada, ficou paralisado no mesmo lugar sem saber o que havia acabado de ver, queria sair correndo daquele lugar, mas para onde iria? Não conhecia nada na cidade, olhava atentamente para a escada quando mais um relâmpago iluminou o ambiente, estava preparado para ver os tentáculos novamente, mas dessa vez a escada estava vazia.
Acalmou sua respiração e começou repetir para si mesmo que estava vendo coisas devido ao stress da viagem, foi até a escada pegou o balde e começou a subir. Estava confuso com aquilo tudo, havia enlouquecido ou estava apenas cansado? Chegou ao fim da escada e olhou diretamente para a janela no fim do corredor a chuva batia forte nela e o vento que passava pelas frestas assobiava de uma maneira tenebrosa, por um instante a imagem dos tentáculos voltaram a sua cabeça o fazendo sentir um calafrio subindo pelas costas até sua nuca.
Começou andar pelo corredor e cada rangido que o chão dava o deixava mais tenso, estava aflito se perguntando quando o próximo relâmpago apareceria e se ele veria alguma coisa dessa vez, quando estava quase chegando na porta do seu quarto o corredor se iluminou, ele viu o que parecia ser uma fumaça escorrendo pela janela, mas não quis ficar muito tempo prestando atenção naquilo entrou rapidamente no quarto e apoiou suas costas na porta respirando aliviado. Esperou alguns instantes com o ouvido na porta tentando descobrir o que era aquela coisa mas não ouviu nenhum ruído além da chuva forte contra a janela, trancou a porta e foi colocar o balde sobre a goteira.
O chão já estava levemente encharcado, mas não quis se preocupar com isso no momento, se abaixou para colocar o balde e novamente um relâmpago iluminou o quarto, a fumaça que havia visto saindo da janela parecia estar na sua frente agora, levantou vagarosamente até ver que aquilo estava saindo do espelho, era como se ele estivesse olhando para milhares de estrelas rodeadas por uma espécie de fumaça colorida, foi se aproximando cada vez mais do espelho com seus olhos vidrados nas estrelas, estava embaixo da goteira agora, mas os pingos de água já não eram mais uma preocupação, tudo que ele queria era entrar no espelho, se juntar as estrelas. Sua cabeça estava quase encostando no espelho quando um relâmpago iluminou o quarto novamente fazendo com que tanto as estrelas quanto a “fumaça” sumissem e revelassem uma criatura que parecia uma enorme boca cheia de olhos e dentes, tentáculos saindo de trás dela se espalhando por todo o quarto, era tarde demais para ter alguma reação, seus braços e pernas já estava sendo firmemente segurados por tentáculos e a criatura se aproximou dele até engolir sua cabeça. Outro relâmpago iluminou o quarto seguido por um baque do corpo de Clovis caindo no chão, seus olhos arregalados ainda exibindo o reflexo das estrelas com sangue saindo pelas bordas, sua boca paralisada em uma expressão de horror, como se estivesse prestes a soltar um grito e no meio de sua testa um terceiro olho com o mesmo reflexo das estrelas.
“Seguimos nossa programação deste sábado com o sucesso de Sílvio Caldas, Noite Cheia de Estrelas.
Noite alta, céu risonho A quietude é quase um sonho O luar cai sobre a mata Qual uma chuva de prata De raríssimo esplendor…..”
A Coruja Cinza
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A Entidade do Espelho
Helena fumava seu cigarro enquanto observava o movimento dos carros pela janela, ouvi as ondas do mar desembocando na praia cada vez com mais brutalidade. Sentia levemente o salgado do vento no filtro do seu alongador. Olhava de relance para o corredor com uma certa frequência sempre focando uma porta em específico, o quarto da sua filha Elza. Estava preocupada com a tempestade que estava chegando, nunca gostou dos raios e trovões. O vento que entrava balançava levemente os cristais pendurados em uma das lâmpadas da sala, fazendo um tilintar ecoar pela casa como se fosse uma canção de ninar, o barulho começava a aumentar aos poucos juntamente a intensidade do vento, até que ela apagou seu cigarro e fechou a janela trazendo um silêncio para o apartamento inteiro.
Ainda estava com seu vestido branco com linhas douradas que havia utilizado no seu show da noite, andou pela sala sem um rumo definido, seu vestido esvoaçava levemente conforme ela andava, até que deixou seu corpo cair no sofá, não estava com sono, havia se acostumado com a madrugado devido a sua profissão. Um clarão iluminou a sala, seguido por um estrondo que mexeu levemente os cristais da lâmpada. As pupilas de Helena se dilataram e ela se encolheu um pouco mais no sofá, odiava tempestades desde pequena, porém sabia que nada poderia fazer se não esperar passar.
Mais um clarão iluminou a sala, dessa vez porém Helena notou uma espécie de fumaça na frente de um espelho, sentou no sofá e ficou olhando com mais atenção para o espelho que agora só refletia o corredor, olhou em volta para ver se encontrava a fumaça em algum outro lugar, até que outro clarão veio e novamente ela viu a fumaça no espelho. Porém ela percebeu que não estava na frente do espelho e sim saindo do corredor.
Levantou do sofá, seus pés encontraram o carpete que abafava quase que completamente o som dos seus passos, seu corpo tremia levemente e o medo começava ficar aparente no seu rosto, mesmo assim ela seguiu em direção ao corredor, estava quase saindo da sala quando um novo clarão iluminou o apartamento fazendo com que ela sentisse um arrepio subindo da perna até sua nuca, ficou estagnada com medo de dar mais um passo e ver o que estava saindo do banheiro, espero mais alguns instantes tomou folego e foi.
Sentiu os pelos de sua perna se arrepiando quando pisou no chão gelado do corredor, olhava fixamente para a porta do banheiro que estava fechada, não conseguia dizer se via algo saindo por baixo da porta, passou pela porta do seu quarto, depois pelo quarto da filha, olhou pela fresta e ela ainda dormia calmamente em sua cama, fechou a porta do quarto e seguiu para o fim do corredor. Quando estava na frente da porta do banheiro, mais um clarão iluminou o corredor, porém nenhum sinal da fumaça dessa vez. Olhou para a maçaneta dourada da porta e notou que ela estava vibrando levemente, levantou sua mão lentamente até ela até segurá-la e começou a girar. A porta se abriu vagarosamente e fez um leve rangido enquanto era empurrada.
Não havia nada de diferente no banheiro, tudo estava normal como o de costume, os azulejos no mesmo tom de verde-escuro que o carpete da sala, a banheira em um canto com sua cortina fechada e a privada escura no outro canto, via seu próprio reflexo no espelho que ficava em cima da pia, mas nada estava saindo dele, checou a banheira para ver se havia algo lá dentro, mas sem resultados. Estava voltando para a porta quando mais um clarão iluminou o ambiente, novamente ela viu a “fumaça” saindo do espelho. Nunca havia visto nada parecido, era como se seu espelho estivesse repleto de estrelas e dessa fumaça com alguns tons de verde e azul, era como se ela estivesse sendo chamada por aquele lugar, foi se aproximando do espelho cada vez mais até estar na frente da pia encarando aquela imagem fixamente, seus olhos refletiam as estrelas que estava vendo como se ela não pudesse enxergar mais nada. Aproximou o rosto cada vez mais, como se estivesse entrando no espelho, a “fumaça” cai do espelho como se tivesse transbordando e cada vez mais se aproximava dela, como se estivesse lentamente engolindo ela, mais um clarão iluminou o quarto e tão rápido quanto aquilo havia surgido, desapareceu. Um pouco antes do barulho do trovão tomar conta o ambiente um baque ecoou pelo banheiro, era Helena, seu corpo estava caído no chão, seus olhos ainda mostravam o reflexo das estrelas que ela estava olhando, um pouco de sangue escorria como lágrimas, sua boca semiaberta como se estivesse deslumbrada com algo e bem no centro de sua testa algo parecido com um olho mostrando as mesmas estrelas que os outros.
A Coruja Cinza
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Manual de Sobrevivência Poético Como cruzar uma fronteira que até ontem você não via? Talvez você repita que não queira, mas dormindo era lá que sua mente ia.
Limitando suas ações. Ignorando seu instinto e seguindo falsos padrões. Um sentir sucinto
Um ato político; Uma imposição de existência; E um comportamento artístico. Encontrando a sua consciência.
Compreendendo o sentimento e abraçando as emoções, Equilibrando seu pensamento. para cruzar as limitações. H.
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O Sonho do Infinito

Parte 1 – Cláudio Teixeira
“Tentativa de ativação C-28064212 concluída com sucesso, sistema iniciado”
Essa frase se repetia nos alto-falantes do laboratório junto a uma luz verde piscando. Era como se eu estivesse acordando após uma noite agitada, minha cabeça estava latejando e eu não conseguia me lembrar no que diabos estava trabalhando. Abri os olhos com uma grande dificuldade e a luz piscando ajudou a minha confusão.
Olhei para o relógio na parede, eram 23hrs, provavelmente eu estava sozinho no laboratório, curiosamente estava sem minhas credenciais, fui até a porta e solicitei a abertura para a segurança, demorou um pouco, mas a porta se abriu inundando o laboratório com uma luz branca. Não conseguia me lembrar dos detalhes da instalação era como se tudo tivesse meio bagunçado na minha cabeça.
Segui pelo corredor ouvindo apenas o barulho dos meus pés ecoando pelo local, cheguei no final e vi pela janela o segurança.
– Dr. Cláudio, não sabia que o senhor já havia se recuperado, o senhor está de carro ou quer que peça para alguém o deixar em casa?
– Boa Noite Joaquim – recuperado? Nada estava fazendo sentido naquela noite – Estou sem carro, caso não seja muito incomodo agradeceria se me deixassem em casa.
– Acabei de solicitar Dr. se quiser esperar lá fora o carro já deve estar chegando.
– Muito Obrigado Joaquim, tenha uma boa noite.
– Igualmente Dr. até amanhã.
Sai daquele corredor branco para uma noite fria de neblina, nada está fazendo sentido, o que eu estava fazendo no laboratório, o que significava aquela frase e do que eu me recuperei? Cada vez que eu tentava me lembrar de algo recente minha cabeça doía como se fosse explodir. Enquanto estava tentando descobrir o que estava acontecendo o carro chegou e encostou ao meu lado. Sentei nos bancos de trás e como de costume nos carros da companhia havia uma parede separando o motorista do passageiro.
O vidro escuro me privou de uma vista durante o trajeto, fazendo com que eu ficasse apenas com meus pensamentos fragmentados, ainda nada estava se encaixando, tentei buscar a última lembrança antes de acordar, mas era como tudo tivesse sido revirado dentro da minha cabeça, eu tinha certezas, mas não conseguia dizer de onde elas vinham. Demorei uns 15 minutos para chegar em casa.
A neblina estava muito mais fraca naquela região da cidade, fui até a porta, procurei as chaves nos meus bolsos, mas não encontrei elas, bati na porta algumas vezes e ouvi os passos se aproximando e depois o barulho da chave destrancando.
Márcia abriu a porta, estava ligeiramente diferente da minha lembrança, seu cabelo estava mais comprido e no momento em que ela abriu a porta, ficou parada me olhando como se não estivesse acreditando no que estava vendo.
– Posso entrar? Está um pouco frio aqui fora – Ao me ouvir era como se ela tivesse saído de um transe.
– Claro meu amor, como você está, estava no laboratório? – Ela estava muito mais feliz do que o costume, tudo que podia deixar essa noite mais estranha estava acontecendo.
– Sim, estava no laboratório, mas não consigo me lembrar o que estava fazendo lá, ou o que tenho feito lá nos últimos dias, está tudo bem confuso na minha cabeça.
– Você só deve estar precisando de uma noite de sono, passou a semana inteira naquele laboratório.
– Mas não é somente isso, tudo parece estar diferente, até seu cabelo não lembrava dele assim.
– Venha, vamos para o quarto, que amanhã tudo estará mais claro.
Ela pegou a minha mão e segurou de uma maneira forte, me levando até a escada para ir para o quarto.
– Vou tomar um banho e depois vou deitar.
Estava indo até o banheiro e vi a porta do quarto de hóspedes um pouco aberta, tinha uma luz laranja dentro, e pude ver alguns esboços do que parecia ser um corpo e algumas notícias de jornal, quando fui entrar a Márcia puxou a porta fechando e trancando.
– Sem mais trabalho hoje, vá tomar o seu banho que eu te espero no quarto.
Com um beijo leve nos meus lábios ela se despediu e seguiu para o quarto.
Parte 2 – Dr. Márcia Teixeira
Estava sentada na minha mesa revisando as anotações, havia deixado o sistema de testes de iniciação rodando no laboratório. Fazia 3 dias que a sequência de testes haviam sido iniciadas e a cada dia que eu voltava para casa eu perdia um pouco mais a esperança de que aquilo realmente fosse funcionar. Estava mais uma vez olhando para minha foto com o Cláudio, era comum me perder nas memórias antes do acidente, lembranças de uma vida feliz, antes de perder a única pessoa que sempre acreditou em mim.Eu estava perdida nos pensamentos até ouvir alguém batendo na porta.
Desci até a porta, destranquei e no momento em que abri meu coração por alguns instantes, era o Cláudio, ou, pelo menos sua nova versão, os testes de alguma forma iniciaram o protótipo, uma felicidade ia crescendo no meu peito a cada instante que se passava com ele na minha frente.
– Posso entrar? Está um pouco frio aqui fora – Era como se fosse meu marido, falando comigo, estava perdida na perfeição da minha criação.
– Claro meu amor, como você está, estava no laboratório? – Precisava fingir que estava tudo correndo bem, amanhã terei a oportunidade de olhar seus sistemas no laboratório.
– Sim, estava no laboratório, mas não consigo me lembrar o que estava fazendo lá, ou o que tenho feito lá nos últimos dias, está tudo bem confuso na minha cabeça.
– Você só deve estar precisando de uma noite de sono, passou a semana inteira no laboratório. – Não conseguia acreditar, parecia um sonho distante ainda.
– Mas não é somente isso, tudo parece estar diferente, até seu cabelo não lembrava dele assim.
– Venha, vamos para o quarto, que amanhã tudo estará mais claro. - As memórias ainda não estão rodando da melhor maneira, preciso checar amanhã qual foi o último registro salvo e fazer algumas alterações
Peguei sua mão, era quente, não parecia ser a mão de um android, fiquei contente, havia tanto tempo que estava esperando por aquele toque, apertei levemente a sua mão e subi as escadas em direção ao quarto, mas ele parou quando terminamos de subir as escadas.
– Vou tomar um banho e depois vou deitar. Ele seguiu em direção ao banheiro, vi que a porta do quarto de hóspedes estava levemente aberta, ele não podia entrar lá, os projetos ainda estavam espalhados pelas paredes, fui rapidamente atrás dele e puxei a porta antes que ele pudesse abrir.
– Sem mais trabalho hoje, vá tomar o seu banho que eu te espero no quarto.
Dei um leve beijo e fui para o quarto, após tanto tempo esperando por ele a noite, dessa vez ele finalmente estava aqui.
Ouvi o chuveiro se desligando após alguns minutos, já estava deitada, com a televisão desligada, quando olhei para o lado e reparei que não havia mais travesseiros no outro lado da cama, tirei um dos meus e coloquei ali, ouvi seus passos se aproximando do quarto, meu coração estava praticamente saltando do peito. Ele entrou trazendo junto uma leve luz do corredor, seus cabelos negros ainda estavam um pouco molhados e a luz ressaltava a sua silhueta trazendo uma sensualidade para o seu corpo, a única coisa que ele vestia era uma toalha amarrada na cintura. Ainda estava com aquela expressão de confusão no rosto, e evitava me olhar diretamente, foi até o armário, pendurou a toalha em um cabide ficando completamente nu por alguns instantes, até colocar seu pijama.
– Então, se sente um pouco melhor? – Perguntei quando ele se sentou na cama.
– Muita coisa ainda não faz sentido. – Ele se enfiou embaixo das cobertas e deitou no travesseiro me olhando.
– Você só deve estar cansado, amanhã tudo estará mais claro – Desliguei a luz do abajur e me deitei virada para ele, ficamos nos encarando por um bom tempo, não sei dizer exatamente a hora em que acabei adormecendo, só sei que eventualmente aconteceu.
Sonhei com o acidente e com tudo que se sucedeu depois, a recuperação, o coma do Cláudio, quando acordei eram 8 horas, eu podia jurar que estava sentindo o cheiro dos copos-de-leite que estavam sempre na cabeceira da cama no hospital. Olhei para o lado e o vi ali “dormindo”, havia trabalhado em programações para deixar o mais próximo possível a um organismo humano, ele não poderia desconfiar que era um android ou tudo estaria perdido, sua mente poderia se tornar distante, fazendo com que eu o perdesse novamente. Estava admirando ele quando o telefone começou a tocar, era Matheus, o meu chefe.
– Bom Dia Matheus, tudo certo?
– Bom Dia Márcia, as coisas não estão nada bem por aqui, por onde você andava, estou te ligando desde as 5 da manhã! – Desculpe, estava dormindo, o que houve? Já estou indo ai! - Não seria uma boa ideia levar o Cláudio até o laboratório agora, precisava resolver o que estivesse acontecendo no laboratório.
Levantei bem devagar e fui até o lado do Cláudio, não seria seguro deixá-lo sozinho. Achei o local do seu plug de iniciação na parte de trás da sua nuca, só precisava pressionar aquele ponto por alguns instantes que ele iria se desligar por um tempo. Ouvi um pequeno barulho que indicava que tinha funcionado e fui colocar a roupa.
Enquanto eu me trocava um leve pavor tomou minha mente, eu estava ali como um android igual ao meu marido, largado na cama, exatamente como meu marido se encontrava em seu quarto no hospital, estava eu tão perdida na minha loucura que não achava tal situação estranha? Afastei esses pensamentos da mente peguei a chave do carro e segui até o laboratório, o dia estava bem agradável, a neblina da noite passada havia se dissipado e o sol brilhava num céu somente seu. Ainda sentia o cheiro dos copos-de-leite, era como se a lembrança do meu marido em coma tivesse decidido me assombrar hoje.
Parte 3 – Matheus Carvalho
Eram 4:30 quando o telefone começou a tocar, de primeira mão ignorei, mas o toque continuou me forçando a pegar o telefone.
– Espero que seja algo muito importante para você estar me ligando agora Paola – ainda estava um pouco difícil manter os olhos abertos ou prestar muita atenção no que eu estava ouvindo.
– Senhor, tivemos um incidente, no laboratório da Dr. Márcia.
– Que tipo de incidente? - Odiava quando as pessoas davam a notícias por partes, já não bastava ter interrompido meu sono, também iria me prender meia hora no telefone.
– Um carro entrou no laboratório, explodiu todo o servidor de dados do projeto senhor.
– Como assim um carro Paola? O laboratório da Dra. fica bem longe de qualquer entrada.
– Nós também não sabemos Sr, tentamos conferir as câmeras, mas os arquivos estão corrompidos.
– Okay, já estou indo até ai, mas já lhe deixo avisada, caso não tenha nada ai, você irá para casa mais cedo hoje.
Me levantei da cama, coloquei uma roupa rapidamente e abri as janelas, a neblina já havia se dissipado, mas ainda havia um pouco sob o lago que ficava ao lado da casa. Sai com o céu ainda escuro, o ar úmido estava carregado com o cheiro das flores que ficavam perto do lago.
Demorei alguns minutos para chegar ao laboratório, a falta de trânsito da madrugada me foi muito útil, Paola estava me esperando do lado de fora do laboratório, ela não teve o tempo para se arrumar, ainda estava de chinelo de pano, seus cabelos ruivos estavam levemente bagunçados, seus óculos vermelhos estavam levemente tortos e trazia um cigarro na mão trêmula.
– A quanto tempo está aqui Paola? – Perguntei saindo do carro após parar ele próximo à entrada.
– O Joaquim me ligou as 4hrs, vim o mais rápido que pude e assim que cheguei telefonei para o Sr.
– Vamos lá então, me mostre que diabos aconteceu! – Ela jogou o cigarro na rua e foi para dentro do laboratório.
– Bom dia Sr. Carvalho – Joaquim ainda estava no seu turno, me cumprimentou assim que botei o pé dentro do prédio.
– Bom dia Joaquim, antes de irmos até o laboratório poderia me informar o que diabos aconteceu?
– Estava tudo calmo Sr. perto da 00 o Dr. Cláudio deixou o laboratório, tudo seguiu em perfeito silêncio até por volta de 3:45 ouvi um barulhão vindo do laboratório, fui até lá ver e encontrei um carro bem no meio da parede com os computadores.
– Dr. Cláudio? Ele não está em coma? Você quer que eu acredite que um carro simplesmente apareceu no meio do laboratório?
– Também não sabia que o Dr. Cláudio já havia se recuperado Sr. e quanto ao carro, ele ainda está lá se não acredita na minha palavra.
Dei uma leve olhada para Paola, como eles podiam esperar que eu acreditasse nessa história absurda, estava a um ponto de mandá-los pra rua, mas primeiro queria conferir o laboratório e as filmagens da noite. A última vez que falei com a Dra. Márcia ela compartilhou sua falta de esperança sobre a melhora na saúde de seu marido e agora ele está andando por ai durante a noite?
Paola foi na frente, seguimos pelo corredor, o laboratório da Dra. era um dos últimos, ao chegar ela solicitou para que Joaquim abrisse a porta, no momento que ela foi aberta um pouco de poeira começou se espalhar pelo corredor.
– Venha ver com seus próprios olhos Sr. – Ela se afastou da porta, fui até lá e não acreditei no que estava vendo, havia realmente um carro dentro do laboratório, sem nenhum sinal de arrombamento, talvez fosse algum experimento da Dra? – Paola, quero que ligue imediatamente para a Dra. Márcia, talvez ela tenha uma explicação sobre o que aconteceu aqui, também quero checar as filmagens da noite, no momento aonde Joaquim viu o Dr. Cláudio.
– Tentei entrar em contato com a Dra. logo após ligar para o Sr, mas ela não atende, quanto as filmagens, estão corrompidas senhor, perdemos tudo dos últimos dias.
– É melhor que a Dra. Márcia tenha uma ótima explicação para isso.
Entrei na sala para averiguar melhor o carro, era um HB20 preto, identico ao que utilizamos na empresa, tinha até uma separação entre o motorista e os passageiros, porém estava sem placa e completamente vazio, a marca dos pneus começava no meio da sala e iam até a parede aonde o carro havia se chocado, a batida não aparentava ser muito forte, apenas o suficiente para estragar os computadores, quase como se fosse planejada para isso.
Voltei para o corredor para conferir se a Paola já havia conseguido entrar em contato com a Dra. Márcia, mas sem resultados, ela só foi atender o telefone perto das 8.
– Bom Dia Matheus, tudo certo? – Sua voz era de alguém que havia recém acordado.
– Bom Dia Márcia, as coisas não estão nada bem por aqui, por onde você andava, estou te ligando desde as 5 da manhã! – Me segurei para manter a educação, minha paciência havia se esgotado há muito tempo... – Desculpe, estava dormindo, o que houve?
– Aconteceu algo no seu laboratório e eu gostaria que você tivesse algumas explicações!
– Já estou indo ai!
Ela demorou cerca de 10 minutos para chegar, estava um pouco nervosa, mas nada que pudesse indicar que ela soubesse sobre a existência de um carro no seu laboratório.
– Bom dia Dra. Márcia
– Bom dia Matheus, o que aconteceu? – Ela era uma das únicas pessoas dentro da empresa que não tinha o hábito de me chamar de senhor, ainda não sabia que tipo de sentimento isso me despertava, mas me chamava atenção.
– Tenho algumas perguntas para você, primeiramente seu marido saiu do coma? Joaquim afirmou ter visto ele ontem saindo das instalações. – Sua expressão mudou rapidamente, estava um pouco mais nervosa, parecia que eu havia cutucado em uma ferida.
– Até onde eu sei ele continua no Hospital, não teve muitas mudanças no seu quadro desde a última vez que nós falamos sobre isso, talvez o Joaquim tenha se confundido.
– Tenho certeza de que ele não se confundiu, até por que ele solicitou um carro até a sua casa para o Dr. Cláudio.
– Ninguém foi até a minha casa ontem Matheus, se duvida da minha palavra ligue para o hospital e vai ter sua confirmação, agora quanto ao meu laboratório, o que houve?
– Pode deixar que ligarei para o hospital Dra. quanto a seu laboratório esperava que você tivesse respostas para me dar e não mais perguntas, me siga.
Seguimos novamente o corredor até suas últimas portas, a poeira que havia na sala já estava praticamente toda no chão e a sala agora se iluminava pela luz do dia que entrava pelas janelas superiores e bem no meio da sala um HB20 preto sem placa.
– Como esse carro entrou aqui?
– Essa era a pergunta que eu esperava que você me respondesse.
– Eu não tenho a mínima ideia de como isso veio parar aqui.
– Se eu não me engano parte da sua pesquisa era estudar portais temporais, você não descobriu algo e está tentando esconder de nós não é mesmo Dra.?
– Meus avanços estão todos registrados Matheus, se não confia na minha palavra, não sei por que ainda me mantém aqui.
– Não estamos falando de confiança Márcia, tem um carro no meio do seu laboratório, um segurança que viu seu marido que supostamente está em coma saindo daqui meia-noite e todos arquivos do sistema de segurança estão corrompidos, eu tenho que saber o que houve dentro da minha própria empresa!
– E o motorista do carro, falou alguma coisa?
– Ainda não conseguimos descobrir quem estava no turno de ontem. Você tem até o final do dia para me explicar o que está acontecendo aqui, caso não faça está demitida.
– O que? Isso não é justo, estou tão surpresa quanto você, não se esqueça que antes de ser sua empresa, o que tinha naqueles servidores era o meu trabalho!
Ouvi suas últimas palavras saindo da sala, não estava com tempo para lidar com aquilo agora, precisava descobrir logo quem era o motorista, ele poderia me confirmar quem estava no laboratório ontem à noite.
– Joaquim, quero que ligue para o Hospital aonde o Dr. Cláudio está e me confirme se ele ainda está lá.
– Só um momento já efetuarei a ligação, chegou uma carta enquanto você estava no laboratório Sr. – Ele me passou um envelope por baixo do vidro e ligou para o hospital.
Peguei o envelope totalmente branco, abri com uma certa curiosidade, no topo estava escrito “Intimação Judicial”, meu corpo inteiro congelou por um momento, Joaquim começou a falar, mas eu só via sua boca se mexendo, até que aos poucos fui recobrando a consciência.
– O Dr. Cláudio segue internado Sr.
Não consegui responder, sai rapidamente do prédio entrei no meu carro e segui para casa, não era possível que eles descobriram, ninguém sabia além de mim, ninguém sabia.
Parte 5 – Rogério Neto
Eu estava na janela de casa fumando, deveria quase meia-noite, quando um homem chegou em um carro preto que ficou parado na frente da casa, entrou na casa da minha vizinha, provavelmente deveria ser um conhecido, terminei meu cigarro e voltei para minha jogatina, devo ter ficado umas 2 à 3 horas jogando, quando fui fumar outro cigarro.
Pouco tempo depois que havia acendido o meu cigarro o carro preto que estava em frente à casa ligou seus faróis, fez um balão e sumiu na neblina resolvi ficar atento para ver o momento que ele chegava. Era 4 e pouco quando eu vi alguém chegando, estava na esperança que fosse o carro, mas era o mesmo homem que havia entrado no início da noite, achei estranho pois não vi ele saindo em nenhum momento da casa. Ele foi direto para o carro que estava na garagem, deu partida nele e saiu, a curiosidade me fez ficar atento novamente a rua para ver se ele voltaria.
Perto das 8 ele retornou, seu carro estava muito molhado, como se tivesse pegado alguma chuva ou muita neblina, ele estacionou o carro no mesmo lugar e depois entrou, pouco tempo depois a Dra. Márcia saiu sozinha, acredito que foi trabalhar, resolvi parar de observar os vizinhos e ir deitar um pouco.
Acordei por volta das 15hrs, a televisão estava ligada passando o noticiário, helicópteros estavam sobrevoando a casa de um homem, parecia ser alguém rico, pois tinha até uma pequena lagoa com várias flores próxima do lado da casa, não dei muita bola para notícia, levantei para me fazer o café, nesse momento ouvi um tiro, corri para a janela e vi o homem que estava na casa ao lado entrando no carro e saindo, liguei para a polícia rapidamente.
– Você ligou para a emergência, em que posso ajudar?
– Olá, acabei de ouvir um tiro na casa da minha vizinha e um homem que nunca tinha visto nas redondezas até ontem saiu do apartamento logo após o tiro.
– Pode me passar o nome da rua e o número da casa?
– Rua Júlio de Castilhos, o número não vou saber te informar com clareza, mas é uma casa laranja que fica ao lado da minha que é a 785.
– Enviaremos uma viatura assim que possível, muito obrigado pela sua ligação.
Parte 6 – C-28064212
Se o fim do dia estava estranho, meus sonhos certamente se inspiraram nele em termos de bizarrice, no primeiro eu estava no carro que havia me trazido para casa, porém eu que estava dirigindo, após me deixar em casa eu lembro de ter ficado parado por algumas horas, até que finalmente eu liguei o carro e segui pela rua até chegar no que parecia ser uma espécie de portal que me levou até o laboratório onde eu estava. No segundo estava na frente de uma casa grande com um lago ao lado dela, dentro do lago havia 2 corpos, era como se eu controlasse a água e ordenasse para que ela removesse os corpos do fundo do lago até eles estarem flutuando no que parecia ser uma bola de água, eu abaixei eles até um arbusto de copos-de-leite que ficavam logo ao lado, eles ficaram levemente escondidos. Lembrava vagamente disso, o resto da noite era como se eu tivesse sido desligado, acordei as 15hrs, Márcia estava sentada do meu lado com a mão na minha cabeça, ela estava chorando.
– Me desculpe meu querido, não deveria ter feito o que eu fiz.
– O que você está falando meu bem? O que houve?
– Não posso te contar, eu não consigo, só peço que me desculpe, vá até a Rua Caique Siqueira, número 73, você vai encontrar alguém que pode lhe explicar tudo isso, eu não consigo mais lidar com isso, hoje de manhã achei que estava tudo bem, mas eu enlouqueci, o que eu tinha na cabeça?
– Calma meu amor, me conte, o que está acontecendo, sempre estivemos juntos e superamos tudo que vinha, vamos superar o que quer que esteja acontecendo.
– NÓS NUNCA ESTIVEMOS JUNTOS, VOCÊ NUNCA FOI ELE, NEM NUNCA SERÁ – Ele me encarava enquanto gritava isso, mas não eram gritos de raiva, era dor, ela levou sua mão até o meu rosto, as lágrimas escorriam pelo seu rosto – Eu não queria que isso tivesse acontecido, mas eu não posso seguir assim, encontre a Roberta, ela explicará tudo, me desculpe....
Após isso ela pegou uma arma que estava ao lado dela na cama e atirou em si mesma.
Parte 7 – Roberta Razera
“A mulher e a filha de Matheus Carvalho estavam desaparecidas a 6 meses, a polícia estava a sua procura desde então, mas esta manhã a polícia descobriu através de uma denúncia anônima que o corpo de ambas estava no lago ao lado da casa do empresário, ele teria sido o responsável pela morte de ambas e forjado um sequestro. Matheus foi preso essa manhã na frente de sua casa”
Estava lavando a louça e vendo o noticiário quando a campainha tocou, sequei minhas mãos e fui até a porta, quando abri tive um breve susto, era o Cláudio, marido da minha antiga colega de trabalho.
– Cláudio, como você está? Não sabia que havia se recuperado do acidente.
– Eu não me recuperei, ou melhor dizendo, eu não sou o Cláudio.
– O que você está falando?
– Posso entrar? Não é um assunto que devemos discutir na soleira da sua porta.
– É claro, entre.
O guiei até a sala, estava achando muito estranho, a última vez que tive contato com a Márcia ela havia me informado que seu marido estava em coma e agora ele aparece na minha porta, mas diz não ser ele.
– Vim aqui por causa da Márcia, ela disse que você poderia me explicar o que eu sou.
– Espera um pouco, você, você é ……
Não era possível, nós trabalhamos anos para tentar desenvolver um android que fosse funcional e que tivesse a aparência humana, mas quando eu sai do projeto estávamos longe de consegui resolver o problema relacionado a mente do android, será que ela usou as memórias de seu antigo marido?
– Eu sou o que?
– Me dê o seu braço por favor – ele ergueu o braço até a cintura, peguei sua mão, era tão real, tão quente, não se assemelhava nada a um android, mas após um tempo analisando encontrei uma espécie de “ranhura”, segurei a ponta bem firme e levantei removendo toda a pele do antebraço dele e revelando uma estrutura metálica muito similar a um braço.
– Eu....eu.....eu...sou um robô?
– Não, se ela finalizou nosso trabalho, você é uma entidade de 5 Dimensões, mas existindo em um corpo de 4.
– Mas, mas por que eu tenho todas essas lembranças?
– Elas foram implantadas em você por ela, o verdadeiro Cláudio está em coma a 3 anos.
– Como eu devo saber quem eu realmente sou se me fizeram ser outra pessoa?
– Provavelmente ela deve ter colocado uma trava para que seu sistema fique ligado ao código da memória, somente deixando esse corpo você pode compreender quem realmente é, afinal sua existência se dá em 5 dimensões e não em 4.
– E como eu faço isso?
– Você sabe já sabe a resposta para isso, da mesma forma que já sabia que essa conversa aconteceria, mas talvez não agora. Imagine um ser que controle o espaço-tempo, que controle a realidade, ele não teria as imposições do tempo, não estaria fadado a uma morte como nós humanos, sua existência simplesmente acontece, quando e onde você quiser.
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A visão de um olhar cego

O que seria o sentir? Acredito que uma motivação para continuarmos vivos, ou então sendo mais audacioso, o sentido da vida. Muitas respostas, muitas opiniões, sentimentos nunca foram fáceis de serem compreendidos e sempre estiveram conosco. Mas eu escolhi ver o mundo em preto e branco, tentar suprimir características tão básicas como o próprio ato de respirar. Por um tempo funcionou, meus momentos tristes foram aos poucos sendo esquecidos.
A vida se tornou uma rotina, sem gosto, sem cheiro, vazia; Qualquer coisa poderia acontecer mas o impacto sobre mim era sempre nulo, eu me esforçava pra não existir, um esforço que infelizmente funcionou. Aos poucos as dúvidas começam a aparecer, por que querer fazer isso? A resposta era simples, medo da tristeza, da solidão, do esquecimento.
O ponto é que não são só meus medos que se perdem, tudo que algum dia me fez feliz foi saindo da minha vida, como areia caindo de uma mão. Enquanto tudo isso acontecia eu estava ali, distraído demais com o meu objetivo, sem notar que era a minha desgraça. Quando me dei por conta, eu estava existindo, mas não vivendo.
Não reconhecia a pessoa dentro da minha cabeça, uma pessoa fria e vazia engolindo em seu silêncio qualquer coisa que tivesse vida. O que fazer quando não se reconhece mais a pessoa que está no teu reflexo? Ironicamente “a salvação” foi o que iniciou tudo isso, a tristeza, o medo, a solidão. Ainda são sentimentos, por mais que não sejam os melhores, me mostraram que ainda posso sentir, que ainda posso viver.
A Coruja Branca
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Momentos

O sol que passava pela cortina de uma janela aberta batia sobre uma mesa simples no meio da sala de Regina, refletia um pouco sob a tela do notebook que estava ligado apenas para dar uma trilha sonora para aquela de tarde de sábado, embora nunca tenha sido muito fã de jogos, a música escolhida era a trilha sonora de um jogo, Journey, que foi recomendado por um amigo dela. Ao lado dele uma pilha de livros sobre psicologia, cada um deles dentro uma simples capa de plástico transparente, apenas um diferia com o tema dos outros, era um sketchbook que estava aberto em uma página que continha várias anotações sobre fotografia, algumas sobre luz e sombra, outras sobre angulação.
- Manu, tu viu aonde eu deixei a minha câmera – disse Regina, falando um pouco alto para que fosse escutada.
- Tava na gaveta do bide – respondeu Manuela da cozinha, a música tomou conta do ambiente por alguns instantes, até ser novamente sobreposta por um grito – Achou?
- Achei – gritou Regina do quarto, veio rapidamente para a sala carregando sua Polaroid, estava um pouco desgastada pelo tempo, os seus cantos já estavam bem desgastados, sinais de um uso constante por vários anos. Regina havia ganhado aquela câmera quando tinha 12 anos, era uma lembrança viva de sua família que morava em outra cidade.
Desde de pequena Regina sempre teve um amor por fotografias, a possibilidade de registrar momentos, eternizar eles para que não se perdessem na memória após os anos. Porém nunca gostou de máquinas digitais, para ela a memória de um computador era tão falha quanto a de um ser humano. Ela apanhou seu sketchbook e foi para o centro da sala se sentou sob o tapete verde, a luz escolhida para seu ensaio era fornecida pela janela, a cortina funcionara como um difusor para a luz entrar suavemente no ambiente.
- Fudge, vem cá garoto – gritou Regina, ela se inclinou para ver se conseguia ver ele vindo da cozinha, mas nenhum sinal – Fudge, vem aqui!
Dessa vez se ouviu os passos lentos que vinham do corredor, até que então ele entrou na sala, Fudge era um vira lata que foi acolhido pelas duas, seus bigodes levemente grisalhos deixavam aparente a sua idade avançada. Sem muito entusiasmo ela foi até Regina e se deitou no tapete que estava quentinho por receber a luz do sol durante o dia inteiro. Seu pelo curto e escuro também aparentava alguns pontos grisalhos que ficavam mais evidente quando a luz batia nele. Suas orelhas estavam levemente caídas e seu olhar recaia era diretamente direcionado a sua dona, estava a espera de carinho.
Regina se inclinou para frente fez um carinho de leve na barriga dele e depois de afastou um pouco. Pegou sua câmera, deitou de lado no tapete para conseguir pegar um ângulo melhor e bateu a foto. Fudge não se importou muito com o barulho, continuou deitado em seu lugar. Manuela havia entrado na sala a pouco e foi diretamente sentar ao lado dele para lhe fazer carinho.
- Como que ficou amor? – perguntou Manuela enquanto fazia carinho na barriga de Fudge que agora estava deitado com a barriga completamente para cima.
- Seu pé apareceu nela – disse Regina passando a foto para ela.
Na foto podia-se ver o olhar de Fudge pedindo carinho perfeitamente, ao fundo se via um pé em movimento, que calçava um all star preto, um pouco desbotado. Regina se levantou, pegou a foto da mão de Manu e levou até um mural de ferro que ficava pendurado na parede em cima da mesa. Ele estava preenchido por um cronograma de datas da faculdade referentes ao curso de psicologia, um cartão de feliz aniversário com sua cantora preferida e diversas fotos, todas elas de sua Polaroid. Uma foto de Regina e Manuela juntas na frente de uma casa com várias caixas ao redor, a foto de sua mãe debruçada em uma janela, uma foto de um sorriso. Ela pegou um imã e colocou o seu mais novo momento capturado no meio de todas as fotos.
Não eram fotos maravilhosas, algumas estavam borradas, outras estouradas, porém elas cumpriam muito bem o seu papel. Representavam os momentos importantes da vida de Regina, fossem eles bons ou ruins, eles estavam a salvo da fragilidade da mente humana.
H.
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Rotina

A jaula não tem grades,
ela sequer ter uma porta.
Mas ela é a mais fechada.
Prende os pensamentos,
ignora a consciência;
E mata o coração.
Matando aos poucos o meu ser,
que tanto demorou para viver.
E lentamente se perde novamente.
Ela chega quieta, sem alarde,
toma conta aos poucos, ardilosamente.
Até finalmente prender você dentro de si mesmo.
O reflexo no espelho não é mais conhecido;
A vida vai embora, e deixa um programa.
De uma rotina assassina do meu próprio ser.
Mr. Solum
img: https://goo.gl/mGs4i3
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Inquietude

O medo de se esquecer, de se olhar e não conseguir se ver; Nunca mais conseguir sentir; Algo que sempre esteve ali.
Mudanças sempre constantes, porém nunca tão impactantes. Algo foi perdido ou esquecido; ou seria a essência envelhecida?
Tentando entender o caos, sem compreender a ordem; A verdade não pode aparecer, a grande pergunta é por que?
A mente está perdida, tentando achar a resposta. O conforto da mentira, seria melhor que a vida? Mr. Solum
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A Garota

Tento lembrar o rosto dela;
Suas Feições, seus olhos;
Sua destreza e delicadeza.
E então eu a vejo,
não a mesma face.
Mas o mesmo sentimento.
Sentimento que ela transcreve;
Com traços e mais traços,
colocando todo seu ser ali.
Eu fico olhando perdido.
Em pensamentos que não acredito;
Porém será real ou mais uma ilusão?
Talvez dessa vez eu deva arriscar,
e por tudo em jogo para ver;
Se consigo fazer a jogada certa.
Pergunto-me como é possível;
Encontrar alguém em outro alguém,
a mesma delicadeza no olhar, no jeito de ser.
Ainda não sei bem como;
Só sei que devo ir em frente,
e descobrir por mim mesmo.
H.
img: http://gaota-fashion.blogspot.com.br
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Someday

Eu olho em volta;
Procurando a toda hora,
mas nunca acho nada.
O tempo demora
e a vontade aumenta,
junto com a saudade.
Mesmo sem falar nada
quero estar lá do lado;
Só para sentir você.
Ou então ficar observando
olhando-a de longe,
escondido e sem coragem.
Planos e mais planos,
mas sempre descartados
por um medo bobo.
Então continuo observando;
Prestando atenção em tudo:
O cabelo caído no rosto,
o olhar atento à folha,
a delicadeza nos gestos
e a beleza no ser.
H.
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Desejos

Eu queria ser uma borboleta
ou talvez ter mais beleza;
e ser mais magra.
Queria ter uma bola,
e um amigo para jogar;
Ou uma velha amiga de volta.
Reconciliar-me com uma pessoai,
ter mais atitude para ser feliz.
Poder voltar para arrumar os meus erro.
Eu queria poder me entender.
Fazer tudo que quero fazer,
e ter paz em mim sempre.
Que minha irmã se acerte com avida,
e também que a minha família aceite a minha.
O desenho de uma família feliz.
Queria amar e ser amada;
Voltar para minha verdadeira casa
e ter saúde sempre.
Ter um bom emprego,
Aproveitar minha vida ao máximo!
Ir aos meus shows, fazer as minhas viagens.
Tenho também os meus desejos bobos;
Ter um lindo e longo cabelo,
e que a violência sumisse.
São tantos desejos,
tantos quereres;
Mas apenas uma vida.
H.
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Escuridão
Tenho 7 anos,
escuto o clique do interruptor.
Trazendo consigo a escuridão.
Estou com medo
puxo a coberta até o rosto
em busca de segurança.
Escuto sons estranhos,
estão me chamando
para se juntar a eles.
Estou com 14 aos.
Desligo a luz do quarto;
Vou rapidamente para a cama.
Deito e me cubro;
viro para a parede
em busca de segurança.
Escuto sussurros.
Estão me chamando,
penso por um instante.
Viro-me vagarosamente,
olho para a escuridão
e me junto a ela.
Estou com 21 anos,
desligo o interruptor.
E sou acolhido pela escuridão.
Não tenho mais medo;
Sigo andando pelo corredor,
em busca deles.
Escuto suas vozes,
estão me chamando.
Para ir brincar com eles.
H.
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Correr
Sinto o vento no cabelo,
as gotas caindo no rosto
e a terra passando rápido.
Escuto o barulho dos trovões;
Escuto o assovio de vento.
Me motivando a continuar.
Não preciso de um rumo,
muito menos uma direção
O simples fato já basta.
Dou pulos e solto gritos,
as vezes alguns tropeços
ou um desequilíbrio.
Estou bem, estou feliz;
Nada mais me importa
além do próximo passo.
H.
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Bagunça

Organizo minhas coisas …
Limpo o quarto inteiro;
Dobro todas as roupas.
Está tudo perfeito,
tudo em sincronia
e brilhando.
Mas ainda parece
um buraco negro
exalando solidão.
Encharcado de rancor,
de sentimentos reprimidos
e lembranças esquecidas.
Está tudo arrumado,
porém nada faz sentido,
nada se realiza.
Desejos, sonhos,
Ilusões de uma vida
Que rouba anos.
H.
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Melancolia

Olhando o tempo passar.
As pessoas vindo e indo,
mas eu nunca saio do lugar;
São fantasmas, sem perturbar.
Vendo o sol andar e andar,
na janela um pouco suja.
Mas parada no mesmo lugar;
A moldura de um olhar.
A lua iluminando a rua,
um céu que deveria estar escuro;
Mas com uma luz revigorante.
Um vigia noturno em seu altar.
A cidade parece parada,
mas realmente não está.
Pessoas andando assustadas;
Batalhando por um bem estar;
As estradas levando a algum lugar,
mas nunca irão chegar.
Vários fantasmas no olhar,
de um desconhecido à caminhar.
A melancolia do andar;
A vida sem desejar;
A noite inteira à caminhar;
e nunca em paz estar.
H.
img: http://apenasisso1.blogspot.com.br
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