mumujess - Tumblr blog

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risechaos​:

A noite em questão ainda era um borrão em sua mente. Lembrava-se do momento em que estivera junto a amiga, conversando sobre o mesmo de sempre, o legado, as pessoas desocupadas, a vontade de fugir dali e que se ela quisesse, ele queria também. Lembrava de ter dito que bateria em algumas pessoas por ela, como se ele mesmo não se machucasse facilmente. Até que então surgiu o gosto amargo na boca e a lembrança do trago com a ex antes do findar da noite. Ok, agora Xavier tinha motivos para sentir-se moralmente constrangido. “Por Dios. El alcohol destruye vidas, estoy seguro. Prométeme que nunca me dejarás beber de nuevo”, a típica lamentação de quem estava arrependido e envergonhado pelo que se recordava, mas não entraria em detalhes, mal se recordava de tudo e mesmo que o fizesse, não queria. “quanta bondade, posso jurar que tem olhos brilhantes por trás desses óculos, mas estou seguro que não”, brincou, lhe dando espaço para que se endireitasse antes de conduzi-la de volta a porta. “mais idiota talvez? ou quem sabe mais caótico, depende do ponto de vista”, deu de ombros, girando a maçaneta para que pudessem sair. “talvez seja a ausência do peso de um reino nas costas, me deixa menos curvado que você”, brincou outra vez rindo ao final das palavras. 

mesmo que não fosse a favor de encher a cara, aquela noite havia saído do controle de todos. se fosse levantar suspeitas, jurava que as bebidas haviam sido batizadas. o caos que se instaurou depois das vinte e duas e todos os relatos de lembrarem apenas de borrões ou nem isso eram absurdos. não seria hipócrita em dizer que não gostou da noite, mas se estivesse sendo honesta, era um tanto quanto preocupante o estado em que todos haviam ficado. os mais teóricos da conspiração até mesmo diriam que o pobre príncipe da argentina havia feito aquilo, o que ela duvidava muito. não conteve a risada ao ouvir o pedido do amigo. por mais que tentasse, ele nunca a ouviria naquele ponto e sabia que acabaria cedendo também, aproveitando a oportunidade que tinha para se divertir. — se você quiser apostar, posso lhe garantir que vai perder. — apesar do tom zombeteiro em sua voz, era a mais pura verdade. se recusava usar maquiagem segunda feira pela manhã, mesmo que fosse a melhor apresentação quando tivesse que retirar o acessório. porém a capacidade cognitiva aliada ao sono não a permitira aplicar sequer um corretivo funcionalmente. envolveu o seu braço ao dele e seguiu pelo corredor, em direção ao refeitório. a caminhada parecia ainda maior devido ao seu estado atual. — mas sobre isso eu jamais teria dúvidas. — ela gostava de ouvi-lo falar. mais que isso, gostava de ouvir o que ele tinha a dizer, sobre tudo e qualquer coisa. — oh... coitadinho do pobre xavier, ele não é herdeiro, pode se casar por amor, se assim desejar. — aquilo era algo que ela o invejava. sabia que tinha um dever para com o seu país, jamais poderia se dar aquele luxo. — não fique comemorando antes da hora, xavi. logo, logo a sua noiva aparece e você vai precisar ser um consorte exemplar.

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risechaos​:

Xavier suspirou, deixando a toalha secundária sobre um dos ombros enquanto levava a mão ao próprio rosto, o sacudiu para os lados como quem tenta focar e clarear as ideias a medida em que ouvia a alemã. “porque el ruido del agua ahogo su dulce voz”, respondeu com um leve tom de deboche que logo se deixou esquecer, virando o corpo para trás, afim de olhar o relógio de parede horrendo que o colega havia colocado na sala. “¿De quién fue la estúpida idea de organizar una fiesta antes de que comenzaran las clases?”, esperavam tanto que eles fossem modelos de comportamento, que esqueciam que ainda estavam na flor da idade, que eram inconsequentes e sabiam farear como ninguém, e que inclusive alguns estavam ali pois tinham que estar, mas nem seriam monarcas de verdade, como era o caso de Xavier, jamais governante, apenas consorte. “dame cinco”, pediu o tempo enquanto caminhava de volta ao quarto para catar o uniforme ridículo que usavam. Não sentiu qualquer falta durante as férias. Logo estava de volta a sala comum, completamente engomado como se tivesse tido uma ótima noite de sono, aproximou-se do sofá e estendeu a mão para Theodosia, “mi reina”, poderia não ser um título formal, ao menos não ainda, mas era algo interno entre eles. “¿vamos allá?”

não conteve a risada com o deboche dele diante a sua explicação. em contra partida, ela não tinha ouvido o barulho do chuveiro. até mesmo suspeitava que as paredes eram grossas o suficientes para que não fosse ouvido nada, em alguns pontos. deu de ombros referente a pergunta dele, apenas virando os olhos cobertos pelo óculos escuro. — si no fuera por la excelente bebida que tomé, hubiera sido más feliz al despertarme hoy. pero era imposible. las clases solo podrían comenzar el miércoles o tal vez el próximo lunes. — compartilhava do sentimento de ter que estar de pé antes do planejado e ainda para ter aula. mais um ano, a mesma coisa de sempre. entretanto, durante suas férias, prometeu que seria diferente, que seria melhor. que seria único - e assim esperava. ao ouvir o tempo que ele ficaria pronto, apenas ergueu o polegar confirmando que o esperaria ali, afinal não queria ir a nenhum outro lugar, a não ser que fosse obrigada. facilmente dormiria no sofá que não era seu, se tivesse a oportunidade. quando o ouviu voltar, abriu um sorriso. — mi príncipe, sera un placer acompañarte. — respondeu-o de modo divertido, segurando a sua mão e ficando de pé, arrumando a saia e o blazer. — você ficou mais alto? mais forte? algo em você mudou... — não era um comentário de repreensão, mas haviam passado tanto tempo separados naquelas férias que era até mesmo estranho estar ao lado dele novamente.

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risechaos​:

O que diabos colocavam naquelas caipirinhas? Era o que Xavier se perguntava depois de sentir que o corpo simplesmente se recusava a responder seus comandos de despertar, completamente fraco e inútil, se arrastou cama a fora em direção ao banheiro compartilhado, talvez um pouco de água gelada na cabeça resolvesse o estrago. No primeiro instante, a água gelada caiu como pedras no corpo, machucando, fazendo-o gemer e se xingar por aquela ideia estapafúrdia, só para que depois as temperaturas se equilibrassem e ele pudesse apreciar seu banho. Não ouviu as batidas na porta, tão pouco o chamado de seu nome antes que já estivesse a se colocar para fora do reservado com uma toalha envolta da cintura e outra secando os cabelos. “puta madre!”, esbravejou ao dar de cara com a figura de Thea, um verdadeiro susto. A mão livre subitamente segurou a barra da toalha, enquanto a outra tentava cobrir o peito com a que tinha em mãos. “Si no querías un espectáculo, no deberías haber entrado así, Thea”, respondeu um tanto irritado, não com ela, mas com o susto. “¿Qué haces aquí a esta hora de la mañana?”

o sono consumia cada pequena parte de seu corpo. a cabeça estava enevoada pelo cansaço e pensou que deveria ter ficado mais tempo em sua cama - o que teria sido um erro. se tivesse ficado, talevz sequer fosse acordar e tampouco a tempo de tomar café. ela precisava ao menos de um café para funcionar (e outros cinco, no mimino, ao longo do dia). não via a hora daquele pesadelo acabar. enquanto se perdia em devaneios de um futuro possível desncanso, a porta do banheiro chamou a sua atenção e por breves segundos ela pensou que fosse outra pessoa. — mutterfucker! — esbravejou na língua materna assim que viu o amigo sair do banheiro. apenas reconheceu o amigo com o sotaque espanhol e deu uma risada baixinha, em resposta apenas erguendo a mão para cumprimentá-lo. podia jurar que ele estaria terminando de se vestir, pelo horário em que estavam. porém não, parecia recém ter acordado e estar sem noção alguma de que horas eram, aparentemente. — en mi defensa, llamé a la puerta. y te llamé, creí que me escuchabas. — ergueu as mãos em sinal de rendição, não assumindo uma culpa que ela claramente pensava não ter. — para tu mala suerte... es lunes. tenemos clase. de hecho, me encantaría desayunar. — sorriu, esticando o corpo sobre o sofá.

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𝒐𝒏𝒅𝒆: anexo real

𝒒𝒖𝒂𝒏𝒅𝒐: segunda-feira, 17 de janeiro de 2022 - manhã

o que mais a irritou pela manhã fora simplesmente o barulho do seu despertador tocando. como se não bastasse ter ficado até tarde na exposição de arte, theodosia também decidiu que seria uma boa chegar em casa passado do seu horário de costume. perdeu-se nas horas sequentes e assim, acabou por dormir quase todo o domingo. seu corpo pedia descanso, água e muito carboidrato pra suprir a catabolização sofrida. se arrastou para fora da cama e demorou mais que o normal para conseguir sair do dormitório. vestia o maldito uniforme acompanhada de um par de óculos escuros na tentativa de esconder a sua ressaca moral. foi até o quarto do melhor amigo, adndo batidas na porta e chamandopelo nome dele. — xavi! xavier! — sequer esperou que ele ou seu colega de quarto respondesse e foi abrindo a porta. — espero que al menos estés vestido decentemente. no quiero ver nada... ni tuyo, ni de nadie más. — disse em alto e bom tom, para qualquer pessoa a ouvisse. jogou-se no sofá e esperou que a figura do melhor amigo surgisse, de qualquer buraco que ele havia se enfiado.