Text
Aquilo que havia tanto desejado em sonhos — e pesadelos — estava diante de si. Aquele pedido em um tom baixo não era típico dele. Prodosia já tinha erguido a armadura e estava pronta para receber as alvejadas, mas ele decidira amaciá-la com luvas de seda. Por isso o silêncio tomou conta, enquanto o sorriso desfazia e ele adentrava o quarto.
Fechou a porta atrás de si, um suspiro pesado escapando. "Não quero me arrepender disso..." Murmurou consigo mesma, balançando a cabeça em negação, parecia conseguir escutar as vozes dos seus confidentes no pé do ouvido. É melhor assim, Poppy. Ele não combina com você. Você não consegue lidar com tudo isso. Queria acreditar e provar que todos estavam errados, mas ela mesma tinha que acreditar naquilo primeiro.
O olhar cansado se concentrou em Damon. Se estivessem em bons termos, já teria corrido para tomá-lo em um abraço, como costumava fazer depois das lutas. Prodosia respirou fundo, sentando-se na beirada da cama, como se as palavras fossem pesadas demais para que conseguisse sorvê-las ainda em pé.
Como se estivesse se protegendo, abraçou os joelhos e ali enterrou a cabeça. Eu nunca encostei em ninguém. Ainda abraçada, ergueu a cabeça novamente, seu coração batia acelerado, tentando raciocinar e escolher a melhor resposta. Não tinha ninguém nos bastidores para lhe guiar, ninguém para consertar o ângulo ou ajustar a iluminação. "Damon, por favor..." Era possível sentir a dor na voz trêmula. "Quantas vezes nós já fizemos isso? Eu sinceramente perdi as contas..." Queria continuar a falar, a rejeitá-lo, mas vê-lo naquela posição não estava facilitando as coisas. "Como você tem tanta certeza? Talvez só não funcione por enquanto, logo você vai aprender a me esquecer. Igual eu te esqueci." Mentiu, mas não conseguiu retornar o olhar direto, talvez fosse o seu corpo lutando instintivamente contra os desejos do coração.
Ela estava ali. De frente pra ele. Robe branco colado ao corpo, cabelo solto, a pele corada ainda parecia suada de palco. Por um instante, Damon não soube respirar. Só olhou. Tentando absorver cada curva, cada traço, cada rastro dela que ainda vivia na memória. Mas ao vivo, doía mais. Ao vivo, era impossível fingir indiferença.
Seu maxilar travava, as mãos estavam frias mesmo com o calor do corredor. Pensou em falar qualquer besteira. Uma provocação. Uma ironia. Como sempre fazia pra não mostrar o que sentia de verdade.
Mas dessa vez... ele precisava que ela ouvisse.
Deu um passo à frente.
''Posso entrar?'' A voz saiu mais baixa do que pretendia. Rouca, falhada. Quase uma súplica. Quase. Não esperou ela responder, o meio segundo de silencio já era o suficiente e entrou, passando por ela e a porta de maneira rápida. O quarto tinha o cheiro dela. Amadeirado, leve, doce — algo que grudava na pele como lembrança. Os olhos dele vagaram pelo ambiente, depois voltaram pra ela. Sempre voltavam pra ela.
Ela estava linda. Exausta. E puta. Ele sabia. Mas precisava falar, tudo que ficou preso por meses na sua garganta.
''Eu devia ter falado. Explicado. Eu só... não sou bom nisso.'' Engoliu em seco. Respirou fundo. Continuou, mesmo com a garganta apertada. ''Quando aquele boato saiu... eu tava num lugar fodido. Pressão. Luta marcada. O meu ombro quase estourando. A gente brigava por qualquer coisa. E aí você me olhou... como se já tivesse certeza.'' Fechou os olhos um segundo. Sentiu o peso daquela lembrança cair no peito como um chute.
''Eu nunca encostei em ninguém. Nem olhei. Eu sou um filho da puta em várias áreas, e você sabe disso. Mas quando se trata de você... não existe meio termo. Nunca existiu.'' Ele ficou em silêncio, a observava por dentro. A expressão dela, a tensão nos ombros, a forma como ela parecia evitar os olhos dele. Parte dele queria tocá-la. A outra parte sabia que não merecia. ''Só que eu não sabia como provar. Eu tava com raiva. Ferido. Orgulhoso demais pra correr atrás... e burro o bastante pra achar que o tempo ia curar.'' Olhou para as mãos. Estavam trêmulas. ''Mas o tempo só fez tudo piorar.'' Levou a mão ao peito. ''Isso aqui não funciona sem você.'' Eu não funciono. Ele levantou os olhos. Direto pra ela. Não havia escudo agora. Nem pose de lutador, nem máscara.
3 notes
·
View notes
Text
Arena lotada. Os novos hits sendo entoados como poesia, na ponta da língua de cada fã em êxtase. No palco, uma estrela. Poppy reluzia nas vestes douradas, que se agarravam à suas curvas, e em cada nota um suplício.
A culpa era própria. Em que momento seria uma boa ideia escrever um álbum em que, mesmo na canção mais simples e repetitiva, ainda sim haveria um rastro, uma palavra referente a ele? Prodosia não conseguiria evitar, era adicta.
Depois de horas no palco, expurgando todos os sentimentos que era capaz de guardar naquele fino corpo, ainda sentia uma adrenalina pulsante. Geralmente, colocava aquilo para fora indo em alguma festa insalubre, mas naquela noite decidiu retornar brevemente ao quarto.
No caminho de volta, dentro do veículo securizado, encarava os muros e outdoors exibindo os cartazes anunciando a última luta dele. O olhar afiado, aquele de quem não tem misericórdia com os adversários e sabe que vai ganhar. Sentia tanta falta dele, sabia que não deveria, não depois daquela traição que tinha dilacerado todas as expectativas que havia criado para eles...mais uma vez.
Usando um robe branco de seda, segurava um nebulizador na face rosada, caminhava pelo quarto tentando esquecer aquele olhar, que parecia perfurá-la à quilômetros de distância.
Ao escutar as batidas na porta, imaginou que fosse sua assistente querendo confirmar se estava tudo bem antes de saírem para a festa. Deixou o objeto na cama, ajustou o robe e dirigiu-se à porta.
Era ele. Abriu a boca em surpresa, o coração acelerando com aquela vista. Ele tinha cicatrizes novas, parecia mais cansado, mas ainda era o seu Damon. Ficou alguns segundos em silêncio, processando as palavras, calculando em como não poderia revelar que sentia falta daquele maldito traidor.
"Eles deixam qualquer um entrar aqui mesmo." Deu alguns passos à frente e virou a cabeça para os dois lados do corredor, verificando se mais alguém estava presente. Empinou o queixo, tentando sustentar o olhar dele. "Canto para aqueles que desejam me ouvir, Damon." Soltou uma risada baixa, os cabelos loiros deslizando pela nuca. "Não para quem se fecha na menor tentativa de comunicação." Disse com um sorriso rancoroso estampado no rosto, a porta ainda entreaberta.
Ele não sabia por que estava parado ali. Só sabia que precisava estar.
A cidade estava pulsando depois do evento — os gritos da plateia dele ainda ecoavam na sua cabeça. Mas o barulho que realmente incomodava vinha de outro lugar. Um eco antigo. A voz dela cantando naquela arena a poucas quadras. Ele nem precisava ouvir de verdade. Sabia cada entonação, cada nota que ela esticava de propósito só pra provocar o público. E ele.
Fazia meses. Desde aquela briga que terminou em silêncio, em portas batidas e orgulho demais dos dois lados. Ela achava que ele tinha traído. E mesmo sem ter feito nada, ele simplesmente... não conseguiu explicar. Não sabia como. Explicar era se abrir. E se abrir sempre era demais.
Mas agora ele estava ali, parado em frente à porta do quarto 906, punho cerrado, batidas curtas. Sem planos. Sem discurso. Só com o coração estúpido gritando mais alto do que o orgulho.
Coincidência, dizem. O hotel tinha centenas de quartos. E ela estava no mesmo andar. A vida gosta de brincar com ele. Ele merecia. Talvez. Ouviu passos leves se aproximando. A respiração ficou presa na garganta. E então, a maçaneta girou.
A porta abriu só um pouco. E então ele a viu. Mesma boca, mesmo olhar, mesma força em silêncio. O tempo não tinha feito nada com ela — mas ele... ele estava mais lascado do que nunca. Sem jeito, ele esfregou a nuca com a mão e soltou, com um meio sorriso torto, a voz rouca que ela conhecia melhor do que gostaria:
''Só queria saber se a estrela da noite ainda canta quando tá com raiva... ou se só me ignora mesmo.''
Silêncio.
Ele sustentou o olhar, predador na pele, vulnerável nos olhos. Queria que ela falasse. Ou chorasse. Ou mandasse ele se foder. Qualquer coisa seria melhor do que o vazio que ficou desde a última vez. Mas no fundo, o que ele queria mesmo — talvez pela primeira vez na vida — era que ela deixasse ele entrar.
@mystfalls
3 notes
·
View notes
Text
she wears her 𝐡𝐞𝐚𝐫𝐭 on her 𝑠𝑙𝑒𝑒𝑣𝑒 like; she's wearing a 𝐩𝐚𝐭𝐜𝐡 on her 𝑠ℎ𝑜𝑢𝑙𝑑𝑒𝑟. it's not a matter of whether you can 𝐜𝐚𝐭𝐜𝐡 her, more a matter of whether you can ℎ𝑜𝑙𝑑 her.
Nome ♪ Prodosia "Poppy" Marie Laurent.
Prodosia é original do grego e significa “traição”. A sua mãe, uma ávida pesquisadora de Estudos Clássicos, mas afetada pelas consequências de uma enfermidade mental. Registrou o nome da filha como tal pois ela é fruto de um relacionamento proibido. Laurent, sobrenome francês do pai, um clérigo que abandonou a batina para casar com a mãe de sua filha.
Não gosta do seu nome, todos ao redor a chamam de Poppy. A única exceção pertence ao lutador, ela clama que ele diga o nome quando estão sob os lençois.
Idade ♪ 24 anos
Estilo musical ♪ Pop com traços de R&B e eletrônico. Tem apreço por cantos gregorianos e música clássica, por influência do pai.
Imagem pública ♪ Princesinha do pop, com toques de rebeldia e sensualidade. Possui uma grande legião de fãs, é engajada nas redes e conhecida por sua sensibilidade nas letras e por criar visuais poderosos nos clipes. O nome artístico é Poppy, apelido carinhoso da infância.
Estética ♪ Microfone decorado com glitter, coreografias técnicas e sensuais, perfume cítrico, maquiagem borrada depois de tanto chorar, blocos de nota com mensagens não enviadas e trechos de composições.
Gostos ♪ tracejar as tatuagens dele, vê-lo empunhar o cinturão, ensaios de fotos artísticos, noites longas no estúdio com os amigos, demonstrações públicas de afeto.
Desgostos ♪ não receber atenção quando deseja, não ser levada à sério,
Linguagem do amor ♪ atos de serviço e palavras de afirmação
Desejos ♪ Apesar de contar ao mundo como algo engraçadinho, tem vergonha da história do seu nascimento. Almeja ter uma família comum e digna, com seu homem ao lado e crianças correndo pelo quintal. Embora todas suas escolhas pareçam afastá-la cada vez mais desse objetivo.
Personalidade ♪ Sonhadora, teimosa, criativa, passional. Parece não saber diferenciar o amor do sofrimento, a pontada que sente no coração é dilacerante igual. Estaria ela errada? É desse exagero que nasceu cada composição.
Bastidores ♪ A mãe estava quase sempre em casa, mas enfurnada em cobertas num quarto escuro. O pai não sabia muito bem como lidar com aquela pequena criatura, mas a levava consigo para as aulas de música clássica e ballet.
Não sabia, mas estava moldando ali a figura que tanto seria amada pelo público e rechaçada pela família. Prodosia passava mais tempo ali com professores, do que com os pais. Aos 9 anos, o primeiro contrato fora assinado como modelo e atriz mirim. Apesar da música ser o seu trunfo, ela começou posando para câmeras e olhares predadores. Não tem muitas lembranças dessa época, para o seu próprio bem.
Ganhou seu primeiro Grammy aos 15 e aos 18 já tinha se apaixonado por ele. Desde então, Lennox é carta marcada em cada melodia. O relacionamento é conturbado, mas ela o amava. Não amava? Se não fosse amor, não saberia como nomear aquela sensação de sentir todo o ser revirar diante daqueles olhos gelados.
0 notes
Text
tag drop !
♡ ⁄ 𝐀𝐑𝐂𝐇𝐈𝐕𝐄 : name and name
♡ ⁄ 𝐂𝐇𝐀𝐑𝐀𝐂𝐓𝐄𝐑 : name
♡ ⁄ 𝐓𝐇𝐑𝐄𝐀𝐃𝐒: name
#♡ ⁄ 𝐀𝐑𝐂𝐇𝐈𝐕𝐄 : damon and poppy#♡ ⁄ 𝐂𝐇𝐀𝐑𝐀𝐂𝐓𝐄𝐑 : prodosia “poppy” laurent#♡ ⁄ 𝐓𝐇𝐑𝐄𝐀𝐃𝐒: prodosia “poppy” laurent#tag drop
0 notes
Text
✦ ◞ 𝐎𝐔𝐑 𝐔𝐍𝐈𝐕𝐄𝐑𝐒𝐄
butterfly, fly away. flap your wings, now you can't stay. take those dreams and make them all come true.
plot 001: in which a pop singer and a mma figther fall in love. starring prodosia "poppy" laurent and damon lennox.
partner: myst // @wrtingwithyou
0 notes