Doutoranda com influência filosófica e sociológica que escreve aqui sobre as leituras que fez durante o doutorado.
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A mulher e a busca pelo amor romântico. Reflexões a partir de Bell Hooks
Estava preparando um seminário sobre Amor Romântico baseado no livro de Bell Hooks. A minha proposta foi tecer uma crítica a posição das mulheres em relação ao amor romântico.
Retornando um pouco na história, é possível perceber que o amor romântico foi moldado para manter as mulheres em posições de passividade e submissão sendo ensinadas desde cedo a colocarem as necessidades e desejos de seus parceiros à frente dos seus próprios. Essa conduta faz com que a mulher se sacrifique para manter o relacionamento. Hooks chamou de: cultura do sacrifício. Essa cultura desumaniza as mulheres ao colocá-las em situações onde sua realização pessoal está vinculada à sua capacidade de cuidar e servir aos outros, especialmente aos homens.
O amor romântico se coloca, para além do sacrifício, como um caminho para a dependência, como algo que completa as mulheres passando a ideia de que elas só podem ser felizes e realizadas se tiverem um parceiro masculino. Muitas vezes, essa ideia envolve dependência financeira e social o que coloca as mulheres em posição de desvantagem as deixando vulneráveis reforçando as desigualdades de poder dentro dos relacionamentos.
Há, dentro da ideia do amor romântico a dinâmica de dominação. Em muitas relações, os homens exercem controle sobre as mulheres de maneiras sutis ou explícitas, e esse controle é muitas vezes naturalizado ou aceito como parte de "amar alguém". Para Hooks, o verdadeiro amor não deve ser baseado em poder ou controle, mas sim em igualdade, respeito mútuo e crescimento compartilhado. O amor deve ser uma parceria, e não uma arena de dominação e submissão.
Um aspecto fundamental quando de falar em amor romântico é a ausência do amor-próprio. Muitas mulheres entram em relacionamentos amorosos em busca de validação externa, tentando preencher um vazio emocional que acreditam que só pode ser preenchido por outra pessoa.
Outro ponto interessante a se pensar em amor romântico está na ideia que nos é passada em forma artística, filmes, livros e músicas muitas vezes retratam o amor romântico como uma solução para todos os problemas da vida, criando expectativas inalcançáveis. Quando a realidade não corresponde a essas fantasias, os indivíduos podem sentir frustração e insatisfação com seus relacionamentos.
Por fim, o amor romântico também está imerso no capitalismo afetivo, sendo frequentemente comercializado e transformado em produto. Relações, gestos de afeto e até momentos íntimos são muitas vezes moldados por interesses econômicos e consumistas. Isso pode criar uma superficialidade nas conexões humanas, tornando o amor mais um objeto de consumo do que uma experiência genuína de troca afetiva.
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