Joshua Poteat – Ferrotipia
"Ferrotipia", um poema de Joshua Poteat
FERROTIPIA
Florestas inteiras foram para o mar
disfarçadas de navios.
Mares inteiros foram para as florestas
Disfarçados de tempo.
Trad.: Nelson Santander
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TINTYPEWhole forests went to sea disguised as ships. Whole seas went to forestdisguised as time.
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Luis Alberto de Cuenca - O véu protetor
Amanheceu e nós estávamos dentroda vil realidade, o que não podeser bom. Melhor seria que passassemlogo as horas inúteis em que o diaproscreve a aventura com as normasdo tédio laboral, e que voltassema noite e as suas estrelas a envolver-nosno seu véu fantástico e a dar-nosa inútil sensação de estarmos vivos.
Trad.: Miguel Filipe Mochila
REPUBLICAÇÃO: poema publicado na página originalmente em…
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Jim Harrison – Tornar-se
"Tornar-se", um poema de Jim Harrison
Nenhum lugar é o mesmo de ontem.Nenhum de nós é o mesmo de ontem.Por fim, morremos da exaustão do tornar-se.Este júbilo celular em declínio é compartilhadopelo vento, insetos, aves, ursos e rios,e talvez pelos buracos negros no espaço galácticoonde nossas almas serão todas reunidas em um invisíveldedal de antimatéria. Mas não vamos nos precipitar.Sim, as árvores se desgastam à medida que crescem…
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Gonçalo M. Tavares - uma síntese disto tudo
é porque existe o desejo, o olfato, e o medo,e os vivos apaixonam-se por outros vivos,e lembram-se, por vezes, do enorme número de mortos,e dentro destes há alguns que os fazem desligar a luz e o trabalho,e o quotidiano aí já não basta,porque o coração tem em certos dias um orçamento incomportável
E não basta então a mulher que amamos,nem os filhos– os que nos vão sobrevive no tempo –e é preciso…
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Amadeu Baptista – Sentido
"Sentido", um poema de Amadeu Baptista
Deixou de fazer sentido voltarPara casa para comer sozinho,Para dormir sozinho, para viverSozinho. Nenhum cão me espera, Nenhuma jarra onde tenhas postoUm ramo de rosas amarelas, Um lenço perfumado, uma almofadaEm que tenham ficado as tuas marcas De sono agitado. Deixou de fazerSentido ter em frente este horizonteDe pedras que o mar já não contém, Este tecido de espuma a desfazer-se.O que aqui…
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Ian Hamilton - Última Valsa
De onde estamos quase que podemos identificarOs rostos destas pessoas que não conhecemos:Um semi-círculo sombreadoAo redor do enorme aparelho de TV doadoQue domina nossa ala.
A ‘Última Valsa’ espalha-se sobre elesIluminandoAmistosos, exaustos sorrisos. E nós,Como se nos importássemos, também sorrimos.
Para cada alma perdida, nesta hora tardiaUm sedado espasmo de felicidade.
Trad.: Nelson…
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Laura Gilpin – Canção Noturna
"Canção Noturna", um poema de Laura Gilpin
E quando elaacordou de repenteno quarto vaziogritando mãe, mãe,
a lua, observandoà distância, ergueu-sesobre a sua camae lá permaneceu,até que elaadormecesse.
Trad.: Nelson Santander
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Night Song
And when she woke suddenly in the empty room crying mother, mother,the moon, watching at a…
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Raymond Carver - Fragmento final
E você teve o que queriadesta vida, apesar de tudo?Tive.E o que você queria?Dizer que fui amado, me sentiramado sobre a terra.*
Trad.: Cide Piquet
* N. do T.: “Late Fragment” foi publicado no último livro de poesia de Carver, intitulado “A New Path to the Waterfall”, que foi lançado postumamente em 1989. O poema é breve, mas impactante, e muitas vezes é considerado como uma reflexão sobre a…
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Timothy Joshua – A distância
"A distância", um poema de Timothy Joshua
Você está tão distante, que meu sol se tornou sua lua. E como estrelas continuam a roubar nossa luz, não posso deixar de me perguntar se os céus que compartilhamos ainda são os mesmos.Trad.: Nelson Santander
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Long distanceYou are so far away, that my sun has become your moon. And as stars…
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Joan Margarit - Monumentos
O vazio que sentes, cada vez com mais força,é o dos traidores.Também os monumentos, por dentro, são vazios,com as entranhas cheias de ferrugem e de morte:escuros e corroídos pela história,é tão sinistro seu interiorcomo arrogante o gesto que no ardesenha a personagem.À medida que os amigos nos traem– e a morte é também uma traição –nos vamos convertendo em monumentos.Por fora, ainda resta um…
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Sharon Olds – Poema tardio para meu pai
"Poema tardio para meu pai", de Sharon Olds
De repente, você me veio à mentecomo uma criança naquela casa, os cômodos escurose a lareira acesa com o homem diante dela,silente. Você se movia pelo ar pesadoem sua beleza física, um menino de sete anos,indefeso, esperto, havia coisas que o homemfazia perto de você, e ele era seu pai,o molde que o formou. Lá embaixo, noporão, os barris de maçãs doces,colhidas no topo da árvore, apodreciam…
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Ian Hamilton - Lamento
Fiz o que pude. Meus garotos correm soltos agora.Eles buscam oportunidades enquanto a mãe deles apodrece aqui.E rua acima, o homem,Meu único homem, que me tocou em todos os lugares,Desmancha-se sob a terra.
Sou triste, obtusa, velha e alienada.À noite, sinto minhas mãos vagando sobre mim,Sondando meus seios, meus joelhos,As dobras do meu ventre,Vez ou outra pressionando e às vezes,Em sua fome,…
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Ross Gay – Homem tenta cometer suicídio com uma besta
"Homem tenta cometer suicídio com uma besta", um poema de Ross Gay
For Thomas Lux
E fracassa. Primeiro, imagine a armaapontada para o céu, logo abaixo do queixo. Após o rápidoclique do gatilho, o seguinte: o que, para essenão-morto, deve ter soado como o estratosférico estrondo de um foguete,o que significa dizer que a setaatingiu o topo (ou seja, ficou presa). Nesse ponto, com a cabeçaagora espetada, o tal não-morto conseguiuo discernimento necessário para…
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Paulo Henriques Britto - Lacrimæ rerum
É o lamento das coisas,a desdita da matéria.Não tem nada a ver conosco,com nossa breve miséria,
nosso orgulho de organismo.É uma questão de moléculas,que antecede a biologiapor coisa de muitos séculos.
Diante dessa dor arcananosso entendimento pasma.Nem tudo está a vosso alcance,ó seres de protoplasma.
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Ursula K. Le Guin – Somos poeira
"Somos Poeira", um poema de Ursula K. Le Guin
Somos poeira em sofrimento.A luz brilha através de nóscomo através do spray das ondas, poeira de líquido*estourando, ou da chuva que cai.
Trad.: Nelson Santander
N. do T.: A escolha dos versos “poeira de líquido / estourando” nesta tradução busca, dentro do possível, preservar a ambiguidade dos versos “dust of water / breaking” no poema original. Esses versos podem ser interpretados de duas…
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Ian Hamilton - Admissão
Os lábios rachados do porteiro noturno uniformizadoMurmuram horrivelmente contra o vidro embaçadoDe nossa ambulância escura.Nossa afliçãoInspira um único olhar marcial de desdémE logo ele nos indica o caminho, para a “Pátria”.
Trad.: Nelson Santander
REPUBLICAÇÃO: poema publicado na página originalmente em 18/04/2019
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Gerard Smyth – A caminho
"A Caminho", um poema de Gerard Smyth
Estamos em um trem que segue em direção ao mar.Os nomes das estações estão no meio do caminhoentre dois idiomas. A paisagem é austera,como se à espera de um ataque.Tudo está em seu devido lugar.Tudo repousa ali sem se mover:o lodo no fundo do lago, a areiaque alcançou a praia.A quietude nos questiona sobre o que estamos fazendocom nossas almas.
Uma sombra como um longo cortejoacompanha o…
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