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fragmentações

Aquela fotografia me lembra a pessoa que eu não fui. Era uma expressão da vontade de vocês.Vestia rosa. Acho que já nasci rejeitando o signo "mulher". Dócil, amável, serva. Minha primeira palavra foi "azul". Rosa é menina. Azul é menino. "Cor tem gênero, mãe?" Eu chorava, brigava, insistia com inúmeras reinvidicações de que rosa eu não iria usar. Com o passar do tempo me distanciaram das minhas vontades. Me perdi, redescobri o rosa com o apoio de muitas mulheres. Redescobri os signos que me fazem mulher e agora é preciso reaprender a viver a vida. Dá medo, eu sei. Me contraio pra entender, me pauso para ouvir, me movimento pra falar o que ainda precisa ser dito.

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você é parte daquilo crítica

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FEITO MULHER - 10 dias de mulheres e história

chiara.minestore.com.br

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“foda-se a imagem que vocês criaram” Baco exu do blues

Por um Estado Laico.

woman black baiana oferenda brazilian gif

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Eu vou cuidar. Eu vou cuidar desse amor feito mudinha de planta pra que ele não vire erva daninha e me mate mais do que já matou.

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Matricaria chamomilla

São 90 dias até a colheita. As flores devem ser colhidas assim que abrirem completamente. Corta, lava e ferve. Corta, lava, seca e guarda. A camomila contém propriedade calmante, pelo menos foi isso que minha avó disse enquanto bordávamos juntas no verão de 2009. Pelo menos foi isso que minha mãe insistia em repetir enquanto fazíamos os moldes dos vestidos de formatura, e, pelo menos, é nisso que sigo acreditando quando existe muita energia acumulada dentro do meu corpo. Afinal, mal não vai fazer né? É leve e o sabor, naturalmente, doce.

Me lembro de toda noite encher a chaleira com água e ficar em frente ao fogão esperando a ebulição chegar, hipnotizada pelo surgir das primeiras bolhas de água quente, acho que o efeito calmante já começava a dar os sinais aí. Depois me sentava na cadeira de palha, colocava as flores secas de camomila na água fervida. Era um momento meu, sozinha, pensando no que estaria fazendo em 10 anos. 

Bom, os 10 anos passaram. E eu estou aqui, sentada.

Com uma xícara chá de erva-cidreira nas mãos, mergulho o pacotinho úmido, uma e outra vez, intercalando cada mergulhada com uma memória nossa. Foi em uma dessas pausas que me dei conta, percebi como já fazem muitos dias que estamos bem, em paz, amando um ao outro, por um instante o pensamento de que esse seria nosso fim ideal me deixou feliz e triste. Não ter nada para remoer, não ter nada para odiar ou chorar. Só lembrar e ficar bem, ficar serena. Feito chá. Feito um pacotinho de chá que eu tomo pra dizer pra mim mesma que tive a sorte de viver esse amor contigo. Depois daquele domingo preguiçoso em que acordamos, passeamos e tomamos café na feira, isso se repetiu até percebermos que estávamos fazendo nossa pequena tradição-nada-convencional. Eu gosto disso. Você gosta disso.

Olho para minha xícara e o chá acabou, a memória também. 

Aí droga, tô atrasada!

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"Como é gostoso passear depois da tempestade" - Vocês já tiveram o prazer de estar no campo ou numa fazenda e sentir o cheirinho que fica no ar depois da tempestade? Tudo muda. É outra atmosfera. Existem dias que está chovendo aqui dentro e aí eu vislumbro que logo vou passear por essa nova atmosfera, com frescor, com resoluções. Leve. Assim como hoje. 🌻

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Nos últimos meses, tenho me dedicado a entender melhor minha relação com a liberdade. E quanto mais eu leio, estudo e reflito sobre ela mais chego perto dessa ilustra. Ao longo na minha vida, nutri um apreço pelas borboletas e atribui o seguinte significado: quando elas aparecem no meu dia é um sinal auspicioso de que tô no caminho certo e eu até poderia sair caçando elas por aí mas escolho dar liberdade pra que todas que decidem vir sejam livres na escolha e na permanência! Bom, pode ser bobagem atribuir significado as borboletas mas dentro dessa experiência aleatória que é viver acho que elas me fazem um Ser um pouco mais em paz. 💐

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Espessura faltosa

Hoje eu acordei com vontade de falar de mim. Acordei, tomei banho de sol e de água bem quente. Gastei não mais que 2minutos olhando para o seu desenho no meu banheiro, levantei, calcei o tênis e fui. Deu tempo. Deu tempo de correr do jeito mais desajeitado e acelerado pelo meio da praça, sabe, geralmente eu evito correr porque eu tropeço demais mas hoje aconteceu de estar disposta e o player tocava uma música que combinava com a corrida.

Me senti como naqueles filmes em que a protagonista se atropela inteira mas continua forte, determinada e satisfeita com seu próprio jeito de ser mesmo sendo criticada ou desaprovada. Em mim, ecoa uma pergunta simples mas que me rege em meio a tantas dúvidas: você dá aos outros meios para que tenham o direito de escolha e os apoia qualquer que seja sua decisão ou, de acordo com seus posicionamentos mesmo que libertários, você os coloca refém do que é certo-errado em sua concepção? Te pergunto porque aos poucos me entendo mais e entendo que minha escolha de exercer o feminismo é ser apoiadora, tanto minha quanto dos outros, para que escolhamos com liberdade o que cada um quer para si. E isso consiste em mesmo que eu não concorde com tuas decisões, entender que isso nem cabe a mim julgar, apenas ser suporte caso dê errado ou que mude de ideia. 

“Minha liberdade não deve buscar captar o ser, mas desvelá-lo; o desvelamento é a passagem do ser à existência; a meta visada por minha liberdade é conquistar a existência através da espessura sempre faltosa do ser.” (BEAUVOIR, Simone de. “Pyhrrus et Cinéas”. In : Pour une morale de l’ambigüité, p. 42-3)

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67 dias de inverno

Depois da festa de aniversário, cheia de amigos antigos e novos, cheia dos nossos amigos. Tinha uma parte sua em cada um deles, isso fazia latente a saudade e segurei firme o quanto pude. Cada um deles me perguntava se eu estava bem e a cada pergunta pior eu ficava, mais eu queria falar de como tem sido difícil sem você.

Essa noite foi a mais difícil nesses dois meses, foi mais difícil que ir encontrar com Ela, com toda a existência dela, todo o jeito tão diferente de nós duas e ainda assim ligadas por um mesmo amor, com Ela toda dançante na inauguração do teatro e tocava o choro no fundo, tão simbólico e tão potente para perdoar a nós duas, foi mais difícil que estar deitada em sua cama enquanto você cantava tão lindo pra mim no final de semana passado. Foi difícil ouvir os amigos falando dos  amores, das ambições, dos fracassos e piadas porque tinha você ali, pairando no ar. 

Quando finalmente entrei no carro, desabei. Chorei como ainda não tinha chorado. Em público, vulnerável e sem se importar com o que iriam pensar. Cheguei em casa e chorei mais ainda, chorei até meus olhos ficarem quase azuis, chorei até pegar no sono e sonhar com meu primeiro amor.

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“É pra sorrir ou pra chorar?

Não me confunda.”

Castello Branco - Não me confunda

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<3 you and me

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DAY 2 OF 12 

just a reminder (to myself) that this now is not permanent. if you don’t like where you’re at, if you’re not doing as well as you had hoped for, you can change it. you are not “stuck”, and it’s never too late to start working towards a better tomorrow. 

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