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Silêncio Proclamado
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Cara de Barro
Quando o amor-próprio é jogado ao rio dionisíaco firmado está o afogamento narcísico, numa maré baixa Quando o suicida é jogado aos mares da dor aí acontece a decadência dos sentidos, a morte completa E eu me ponho sozinho, metafisicamente inexistente em meio a tempestade de vinho, os quatro cantos de um devaneio nostálgico carnavalescamente triste Mas o quão próximo estão o egoísmo do enforcamento e o impiedoso narcisismo, podre, infestado de vermes na decomposição daquele que se impõe em sua frente, o Outro, tão próximo quanto as reações químicas dos prazeres da carne, raios de energia na chuva do ser Todos estão tão sozinhos, impedidos pela compreensão da totalidade do Eu, e assim o diálogo da alma se vai De tempos em tempos desejo ter uma cara de barro, para que possa remodelar meu rosto em momentos de solidão e recomeçar como alguém novo, anônimo, livre de si Quem não quis voltar aos tempos passados, longínquos e mudar a cadeia de eventos que desencadeou a vida? Ele quis, o índigo, ciano, azul, num mundo gritante de gris, onde o metal e o concreto acobertam o chão original A melancolia recitou o poema de um taciturno, que ficava calado, pois o que realmente há para se dizer? Pitágoras gritou ao mundo: “Se o que tens a dizer não é mais belo que o silêncio, então cala-te.” Assim vivia ele, quieto e escondido, observando tudo, dos acidentes às perfeições inexistentes, com pensamentos sombrios macabramente fúnebres Ah! Como é doce evocar o fim de toda a vida… E como é amargo acometer-se ao descontentamento de estar vivo, a cada respiração desapontante, acompanhado da neblina mórbida que o preenche e desacompanhado de qualquer um que vive, continua a sustentar sua dor, num breve flagelo
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Profundas Impressões
De manhã, acordo sentindo o peso da gravidade que me impede de voar Abro os olhos, decepcionado pois a vida não me deu o prazer da morte, um sono vazio e tão desejado O ar não me sufoca, a luz não me cega, e meu coração contínua a pulsar Na minha casa as pessoas dizem: Te amo e eu choro, pois o amor me dói Sei o que é estar só, longe de todos os outros E sei o que é amar alguém Alguém que não consigo abandonar Pois mesmo que eu deseje morrer, desejo ao mesmo tempo me agarrar a alguém Para que seja carregado Assim como fui carregado quando não podia andar Mas ele é inocente e não tem força suficiente Então eu me carrego por ele, para não deixá-lo sozinho E convivo com a dor da existência
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O Presente
Eu era um presente antes de me tornar um pesar Sei que vou te machucar e te decepcionar, te fazer cair Tudo que posso fazer por mim é tentar aos poucos me destruir
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Pensamentos
Esqueço-me aos poucos do que sou, para que eu possa suportar a agonia, pois toda dor repousa nas memórias Simples lembranças infimamente vãs que formam a estrutura de meu ser O nada vive nos galhos esquecidos, de uma árvore inexistente e pura Tão alta e perfeita quanto as ideias…
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Sessenta e Sete
Seis mil novecentos e quarenta e três palavras, sessenta e seis poesias em versos livres Nenhuma declamação, um silêncio só… Ainda procuro a quem entregar as flores que morrem lentamente num domo irreal Tão vivo quanto o riso do anjo que me guarda e tão distante quanto a felicidade do passado Rogo a qualquer um que deseje habitar o meu altar vazio, frio como o meu azul
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Sussurro
Eu gostaria que tivesse sido diferente e também de entender os motivos que te levaram embora Você me deixou, sem ao menos dizer o porque e tudo que posso fazer é tentar sentir a tua voz, o conforto da minha breve existência Teus lábios me abraçaram por um instante perdido, foi assim que vi minha vida em outras mãos que não as minhas, que pertenciam a ti Meu amor, para você, foi nada mais que um sussurro, suavemente esquecido por suas memórias, sua história Se eu pudesse ao menos te esquecer, não hesitaria nem por um instante, pois, saber de tua existência, que você está fora do meu alcance e que você me abandonou me fez devanear para que depois pudesse deitar os olhos e dormir, mas sem lembrar-me de meus sonhos ao despertar, para que pudesse não respirar o peso da realidade e viver inconscientemente os restos da minha vida Peço teu perdão, pois estas palavras jamais irão te alcançar, nem mesmo sussurros elas serão para tua consciência Tudo que sou para você agora não pode ser comparado a uma voz que recita-te, doce serenidade melancólica, permita que eu seja um mero fantasma, que assombra a si mesmo, que grita o silêncio e vive numa poesia
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Livre
Talvez eles o tenham esquecido, assim como desejara um dia… Mas hoje o arrependimento vive em seus devaneios, atormentando-os, assim como a lua atormenta o sol num eclipse fúnebre Os pássaros não cantaram e o sol não apareceu, mas ele está seguro, pois, os seus cigarros estão acesos e o céu está a chorar
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Corrina
O mundo em que vivia não tinha amor, mas habitava a solidão E ela declamava as cores que percebia fora de si, através de seus olhos profundamente mágicos Mas não havia cor alguma ao ver-se espelhada nas águas azuis do rio delírio, que amedrontava os seus pensamentos Talvez ainda lhe restasse preces esperançosas de que algum dia pudesse colorir seu reflexo
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Pedaços
Meu coração está em pedaços, desde o dia em que foi partido Ela partiu e levou consigo uma metade de meu coração e se ela voltasse, talvez pudesse me devolver aquilo que perdi, o fôlego da minha existência Passei o resto da minha vida carregando os pedaços, até que, de repente, com uma sutilidade ínfima, numa intensidade breve, num instante infinito, me apareceu algo que parecia ser o reflexo narcísico que matara o próprio respirar da beleza afrodisíaca Ela, agora, não só partiu, mas fragmentou meu coração que já não pulsava, levando até a última gota de sangue que havia em minhas veias, deixando minhas mãos vazias, secando as lágrimas numa vastidão oceânica de puras e cruéis chamas vermelhas Talvez ainda me reste um brilho que fora perdido há tempos, mas que reencontro nos lábios da doce serenidade melancólica
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Horizontes Paralelos
Há um enigma na imensidão do mar, mas creio ter descoberto a resposta: Os amantes, abraçados, encaram o horizonte e a grandeza oceânica, pois ela é um reflexo do que eles sentem, o amor que há dentro de cada um deles pode ser comparado ao tamanho marítimo e o amor do outro pode ser comparado ao horizonte, sempre inalcançável, a própria reciprocidade distante, um devaneio de compreensão, acolhimento e abraço, mas nada mais que um sonho, nada mais do que linhas paralelas: Sempre próximas, mas nunca juntas
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Doce Serenidade Melancólica
O tempo estancou, como as leves ondas que desgastam a dureza de meu coração e ela me cedeu os lábios, quando clamei por beijá-la e sentir tudo que ela é, e que, poderá vir a ser, mas sei que a serenidade permanecerá estática numa infinitude de seu ser, suas suaves memórias que desconheço por somente conhecer a doçura que desamargurou meu ser, pois a melancolia e eu nos beijamos pelo menos por um instante completo
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Mãe
Ela me segurava em seu ventre e depois, em seus braços e era tão sutil quanto o ar Se houvesse uma tempestade seria a sua serenidade que me manteria seguro Ela me amava antes mesmo de eu nascer e me amará infinitamente, assim como eu a amo desde o momento em que existi Sou grato por teu perdão e teu amor incondicional, mãe
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Instantes Fragmentados
Tenho esperado toda a minha vida, mas ela não vem, e então, só vivo em instantes fragmentados e linearmente organizados, como raios de luz por entre copas de árvores aleatórias E sobre a minha vida, não, jamais vivi em totalidade, pois sou meramente humano
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Anjo Azul
Vejo, por entre um emaranhado de galhos e por cima das copas as árvores enraizadas, um céu branco e cinza, gris, nublado Este céu abriga um anjo que tornará o céu azul novamente, pois o céu chora e o anjo azul em tudo torna felicidade
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Nublado
Hoje o céu me encarou com seriedade e os pássaros gritavam, desesperados Isso enquanto eu sentia o calor da neblina mórbida em minha garganta e sentia o ar purificado que se pôs fora A seriedade, cinza puro, gris, me causou uma doce serenidade, com uma breve chuviscada
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Memórias
Somos as nossas memórias e se não a tivéssemos, nadificados seriamos, só seriamos como o real instante, não o humano, que é existente O real instante, localizado em um não-espaçotempo entre o passado e o futuro Instante que é belo, por ser nadificado por nada
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Supralunar
Lá, naquele mundo, nada acaba, pois há eternidade e nada pode mudar, por regra, tudo é belo, perfeito, exato, permanente e imortal
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