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Po&Cia: Pensamento, Conto, Poesia
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opensar · 16 days ago
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O que escrever?
O que escrever hoje?
O que falar agora?
E sobre ontem 
Foram todos embora? 
O que escreverei ou falarei
Sobre amanhã? 
É preciso esse afã?
Diria eu que não 
Contrariando todo meu elã
Mas sem dúvida 
Quem crê, quanta pureza 
Pois não há certeza
Do contrário, que lástima 
A gente opina, esquece e acha 
Diferentemente de uma prece 
Que sempre algo faz a gente lembrar
Até que o céu se escurece
O espanto faz pensar 
A admiração, sonhar 
Assim ensinam os gregos 
Vivo entre o que sei e o que não sei 
Não tenho segredos 
Me  emaranho nas perguntas 
Das dúvidas da vida 
Me enamoro com os encantos
Da natureza e seus cantos 
Às vezes combalida
Outras, ferida
Que sobrevive
mesmo quando arde
E se regenera
pelo amor que é
A maior arte
                          Leandro De M M 24/5/25
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opensar · 4 months ago
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Costa dos esqueletos
Quanto já se falou dos mares
De oceanos e suas marés
Seus contos e mitos
Crenças e ritos
E tantos amores
Lamentos e fé
A maior encruzilhada
É o Atlântico
Por onde atravessaram
De forma forçada
Corpos, almas e culturas
Lugar onde ainda passam
Cânticos e saudades
No passado serviu à glória
E ao descobrimento
E tantas maldades
Essas águas ainda guardam
Muito sofrimento
De tantos que decidiram
Com dor no peito
Não atravessar para cá
E, ao mar, se atiraram
Como num leito
Ainda bem que Iemanjá
A todos acolheu
E diminuiu o pranto
Como em um encanto
A todos protegeu
A temida corrente de Benguela
Que fez de sua inóspita costa
Paisagem tão bela
Legando do passado
A costa dos esqueletos
De fosseis de animais e pedras
E antigos barcos encalhados
Que aqui não chegaram
Ainda assim
Outros vieram
Trouxeram muitos que
Do lado de cá
Resistiram renascendo
Renasceram resistindo
E as suas memórias
Criaram essas histórias
Leandro De Martino Mota
19/2/25
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opensar · 5 months ago
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O abismo da poesia (ou a poesia do abismo)
Por toda vida temos buscado
Perguntas para respostas
Que já temos
Caminhos para chegadas
Que conhecemos
Espinhos de cada flor dócil
Que encantam e enganam
Outras vezes, sangram
Há também aquelas pedras
Para gente tropeçar
E lições para se tirar
Mesmo sabendo onde ficam
Cada passo cabe um abismo
Que a gente jura não querer cair
Puro cinismo
Porque a gente sempre cai
Mesmo quem nunca
Um dia vai
A vida é esburacada
E a natureza sabedora
Linda e debochada
Outras vezes acolhedora
Caí num buraco que tem água!
Limpei o joelho machucado
Ralei na queda, na descida
Água era limpa, diminuiu a sede e a ferida
O que machucou agora é degrau
Sabe o cipó pendurado?
Me serviu para subida
Logo voltei à superfície
Segui caminhando, pensando
Na planície já ouvia o mar
Bastava seguir o rio
Cheiro da mata virou maresia
Porque Oxum nos leva a Iemanjá
Como toda arte, a poesia
Pode até derrubar
Para nos fazer conhecer
Entranhas e mumunhas
Mas sempre irá ajudar
Com a força de um orixá
De volta, a nos levantar
Leandro De Martino Mota
2/2/25
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opensar · 5 months ago
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Acabou-se a luz
Quando a luz acabou
Gostei de ficar no escuro
Sem nada enxergar
A brisa leve passava
E a tua lembrança
Como farol veio iluminar
Quando a luz voltou
Gritaram como no jogo
Mas logo ela acabou de novo
E depois silenciaram
Como em um gol contra
Todos se desmantelaram
Menos o meu sentimento
Pois o desejo era deitar e relaxar
Ao som do balanço das árvores
Com a chuva a regar
Levantando o cheiro
Da rua e da calçada molhadas
Quando menino
Não queria o escuro
O medo e a incerteza
Deixavam as vistas arregaladas
Temendo algum apuro
Mas nessa noite
Vendo mesmo sem enxergar
Que mais posso querer?
Fechar os olhos
E sonhar
Até adormecer
Leandro De Martino Mota
29/1/25
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opensar · 5 months ago
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opensar · 7 months ago
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Cheiro da madrugada
Já faz um tempo
Que não sinto
O cheiro da madrugada
Chuvosa, com a terra e asfalto
Molhados
O aroma que vem das flores
Dos dois flamboyants
Vermelho e rosa-claro
Das casas da frente
Será da pitangueira de baixo?
Ou dos gerânios da vizinha?
Das orquídeas de toda a caminhada
Do jasmim que não sei onde está
Uma lufada de lembranças
Que o vento traz, além da saudade
A certeza de que a manhã
Nascerá de novo
                                                                                                                        Leandro De M. Mota, 17/11/24
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opensar · 8 months ago
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Jambeiro
Era de tarde ou tardezinha
Não lembro bem
Tu me fitavas
Mas eu fingia que não te via
O sol ajudava as cores e as flores
A desabrochar
O vento mexia teus cabelos
Tocava minha pele e os pensamentos
“As coisas vão e vêm, vêm e vão”
Pensei
Sonhei
Assim são também as ondas
Do mar, do rio ou quem sabe
De uma pacata lagoa
Como em um instante
De devaneio te vi tão bela
Dourada e risonha
Sob à sombra do Jambeiro
E em cima do tapete de pétalas rosas
Você me beijou
E abraçou forte
Tão forte
Que eu acordei
                                                          Leandro De Martino, 25/10/24
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opensar · 8 months ago
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O que brota da pedra
Hoje eu sei que não há vida sem arte
Não se consegue viver sem música
Cicatriza a ferida que arde
Dá sentido à vida e anima a morte
O batimento do coração já é um batuque
Por vezes lento, às vezes acelerado
Não há grande truque
Samba é poesia em movimento
Num momento de inspiração
Que nunca ninguém soube dizer
Quem plantou, porque cresceu e floriu
Espalhando tanta emoção
Que brota como planta nas pedras
Ajudando o trabalho do compositor
Na pureza de sua criação
A beleza desse nascimento
Só se faz por devoção
Conta com a luta de orixás
No toque do pandeiro e do tambor
Na partitura de quem tocou
Ouço sempre aquela voz
Entremeada pelo meu amor
                  Leandro De M. Mota, 22/10/24
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opensar · 1 year ago
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A beleza da vida
 
Domingo pede cachimbo
Dia de azul d’outono
Sol como pluma que faz cócegas
Tudo no seu tempo
Tem a hora do sagui
Que pula os fios
Correndo do bem te vi
Que encanta e chama
A criança, a senhora
O cachorrinho serelepe
Que atravessa a rua
Com a borboleta amarela
E laranja no seu pelo
Agora veio o vento sedoso
E levou para longe as dores
De um mundo caótico
E trouxe o sorriso ao rosto
De quem vê a beleza da vida
                                                                               LMM, 2/6/24
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opensar · 1 year ago
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As flores explicam
As rosas não falam
Cravou Cartola
As rosas suplicam
Por detrás de todas as flores
Que nunca morrem
Porque deixam cheiros e cores
Sentimentos vivem
Acalentam-se as dores
Enaltecem-se amores
Mesmo quando nem tudo são flores
Porque na vida há também espinho
Há sempre algum perfume
De rosas ou não
Numa noite com vagalume
Que utilizamos para imaginar
Quem sabe por conta de algum orixá
A essência antecede a beleza
Um símbolo de vivência
E de luto, luta e leveza
Flores e pétalas com o vento querem voar
Depois de fecundadas
Para novas floradas, gerar
Frutos virão para alimentar
Na verdade, as flores desejam é bailar
Outra vontade é cair no chão
Até aquela menina, no fim da tarde
Que sempre desenha coração
Depois da escola, com carinho e zelo
Com olhos felizes, abaixa
Pega uma delas e coloca no cabelo
           ��                                 @opensar LMM, 06/05/24
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opensar · 1 year ago
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Caminhando pela mata
Sonhei que caminhava pelas matas
Ouvia as águas do rio, pedras e assovios
Pássaros que não se deixavam notar
Encantavam. Borboletas? Azuis, a me guiar
Essa trilha eu já conheço
Mas ainda tem tanto a demonstrar
Músicas, danças, comidas e magias
E sem tentar adivinhar
Senti a presença de Orumilá
Entre o aye e o orun ela está
E vem para abençoar
Nosso pensamento e caminhar
Com vento vieram cheiros
Pela brisa de perfumes
E uma fumaça dos cachimbos
O som de tambores de terreiros
Crianças correndo, sorrindo
E zelando pela floresta
Com seu arco de uma só flecha
Estava Oxóssi, olhar atento e silencioso
De caçador e da fartura
A bravura do sol forte na mata
Me fez abaixar e molhar o rosto
No espelho da água vi Oxum na cachoeira
Me olhou, brincava com Logun Edé
Fruto de seu amor com o caçador
A criança sorriu e meteu o pé
Recebi um abraço com seu véu de espuma
Dourada, amarelada ia até a beira
Afeto e sabedoria apenas em olhar
Ensina o que não se consegue aprender
A vida é como uma árvore
De semente que não se quebra
Se perpetua, é a regra
Antes que chegue a lua
Cansado, vou encostar
E logo adormecer
Como síntese do amor
O encontro ou reencontro
Não adianta tentar buscar
Isso não faz encontrar
Me sinto em uma espreguiçadeira
Cujas raízes confortáveis acolhem
Espalham nutrientes que absorvem
Criam seus galhos de alguma maneira
Folhas, frutos e a sombra que sonhamos ter
Mesmo troncos retorcidos, brutos
Por alguma fogueira
Ou galhos rompidos
Pela chuva ou vendaval
Levam sempre sua energia vital
Para todo o seu corpo
Continuar a viver e a alimentar
Sem água não há árvore
Sem árvore não há água
Sem amor não há vida
Toda vida é feminina
E por isso árdua
Presas na terra, soltas no ar
Arvores são mulheres sempre a ensinar
Lealdade pelo futuro
Respeito pelo passado
Gratidão pela natureza
E todas as formas de beleza
E agora, já posso acordar
                                               Leandro De Martino Mota, 11/4/24
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opensar · 1 year ago
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Parar de escrever
As vezes penso em não mais escrever
Não me refiro à escrita cotidiana
E de nossos ofícios
Àquelas que alguns puderam aprender
Muito longe passo das crianças
Que redescobrem o mundo
Com as palavras em danças
Sempre foram conhecidas
Pela sua sonoridade
Só que agora
as compreendem de verdade
Mas, que palavras afinal proferimos?
As buscamos ou delas nos escondemos?
As que pensamos, imaginamos ou que brotam?
Como planta que nasce de onde
Não se esperaria nada viver
Pouco importa
Quem e como usa a palavra
Pois elas dizem sempre
O que também não se quer dizer
Escondem sutilezas, amarguras e desejos
Desfazem sonhos, ideias e esbravejos
Privilegiam pensamentos
Confundem sentimentos
Consolidados por um racionalizar
Que se crê exclusivo (coitado)
Como forma de expressar
E representar
Palavras que também habitam
O edifício da solidão ou sítio do sonho
Da tristeza à alegria, se irmanam
Da dor ao gozo, se encontram
E mesmo quem um dia
Jurou que nunca mais deixaria
De criar e escrever
Preciso me desfazer das palavras
Com decepção
E assim parar de escrever
Porque terminou a composição
                                                                                                                                   LMM, 5/4/24
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opensar · 1 year ago
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Cachoeira da minha vida
 
O que adiantou tentar esquecer?
Fingir que um dia ia se resolver
Se o rio da cachoeira vai sempre descer
E se dividir
Um lado corre com mais pressa
O outro, mais lento
Parece que vai desistir
Mas segue devagar, represando
O fluxo é perene, não cessa
Acabam sempre se encontrando
 Se afastam e se juntam
E seguem, e descem
Por isso devo dizer
O amor com o tempo só faz crescer
Com pedras, tropeços, admiração 
Raios, sol, chuva e risos
Músicas, copos e uma canção
E olhares que dizem muito
Mesmo com você longe de meus braços
Que bem me faz teu abraço
Poder sentir seu peito
De perto, pulsando tanto
Como em outrora, no leito
Achei que um dia o sentimento ia embora
E em alguma hora, portanto
Ele iria se transformar
Para deixar outro florescer
O copo que vai esvaziar
Para depois conseguir encher
Qual foi minha decepção
Ao perceber que não era o que queria
Meu coração
Insistente, teimoso e sonhador
Que transforma em calma, em serenidade
Essa minha dor
Como rio que cisma em seguir
Ainda lembro do que vivemos
Sonho com que desejo
Por mais que me digam
Que não vale à pena, eu vejo
No brilho do meu olhar
Que os outros dizem
Ao teu lado, não consigo disfarçar
Vou levando a vida
Do jeito que der, limpando a ferida
Na água cristalina de Iemanjá
Como fez Obaluaiê
Agora que o rio ao mar encontrou
Assim quem sabe ou saberá
Nesse entardecer
Se lá no final da minha estrada
Olharmos juntos o pôr do sol
No vai e vem das ondas em sua beira
Ou se nos banharmos com Oxum na cachoeira
Numa noite com lua e estrelada
Eu temo por dizer
Que valeu a pena, nessa vida
Amar você
 LMM 14/3/24
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opensar · 1 year ago
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Cheiro de fevereiro
Chegou o mês de fevereiro
Aliás, ele até já se foi
Mais curto, é apressado
Os dias de calor abafado
De chuvas torrenciais
Catástrofes do clima e dos homens
Mês das sínteses do Brasil
Do samba e dos carnavais
Do cavaco, do pandeiro e tamborim
E também um pouquinho de futebol
Onde as diferentes classes sociais e credos
Se juntam assim
Na quadra, no bloco, no salão, na escola
Sempre no sol
No retiro espiritual ou no terreiro
Há sempre um batuqueiro
Materializam a sociabilidade
Desacreditada pela modernidade
Com escolas de samba
Aprendemos muito mais que o samba
Que desfilam porque existem
E guardam tanto esforço, lágrima e devoção
Assim como o samba e a sua canção
Legado dos costumes de Africa
Que aqui prosperou como se tivesse em casa
Já que o Atlântico é um rio que nos separa
E que das margens se diz tanta coisa
Dos encontros aos desencontros
Porque falar da vida é falar de amor
Mesmo quando não se prefere
Mas o que poucos sentem ou declaram
É o aroma, o olor
Que se sente na rua e no jardim
Fevereiro, tem o cheiro doce e alegre
De jasmim
                                                                 LMM, 01/03/24
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opensar · 1 year ago
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opensar · 1 year ago
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Sem meu amor
Três anos
Sem o meu amor
Que está cada vez
Mais linda!
Quanta saudade
Ainda sinto
E os meus sonhos
Não me deixam mentir
Quanta saudade
Ainda sinto
E os meus sonhos
Não me deixam mentir
Mesmo com a dor
Que não cessa
O buraco
dessa ausência
Que não fecha
É bom ver pássaro alegre
Voar para cantar
É bom ser pássaro alegre
Pra cantar e voar
E assim
Seguiu a vida
Ainda sozinho
Eu vou
Tentando ser feliz
Eu sigo
Ainda assim
Nessa vida
Querendo ser feliz
Três anos
Sem o meu amor
Leandro De Martino Mota
Set/2022
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opensar · 3 years ago
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Pela estrada
Lembrei
Que o caminho 
só se faz ao caminhar 
Me disseram os poetas
E também 
Aqueles que no mundo
Vieram pra cantar
Ou sonhar?
E cada poesia só é feita 
Porque atrás de tudo aquilo
Que é belo
Tem sempre um bocado
de dor
Ou de amor?
Senti
Que toda planta desabrocha 
Quando o sol lhe rouba a seiva
É pra que borboletas 
Digam em que estação
Fiquei
Ou voei?
Parei
Como árvore seca 
na estrada
À espera da chuva
Que deixa a terra molhada
No verão ou no inverno
Vi os anos se passarem
Aprendi 
Que a gente nunca sabe
Se o amor é de verdade
ou se é jogo de ilusão
E ainda assim
Amar é improvável 
e deixar de amar é impossível
Sorri 
Até que as flores
Da primavera
Seus olores e suas cores 
Suas lembranças e amores
Mesmo de tão longe
Com o vento
Me trouxeram até aqui
Leandro De Martino Mota
23/09/2022
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