Tumgik
oquedeixodedizer · 4 years
Text
26/05/2020
Tem sido um tempo muito especial... Eu tenho aprendido a escutar os sinais dentro de mim, a entender que “não” é “não”, e que o talvez não basta. Sei lá.
É que trazer tudo à tona me arredia. Eu, que gosto dos compromissos e odeio os contratempos. Odeio. Por mim era tudo avisado e planejado. 
Difícil foi ter fé, mas aprendi que faz parte da vida, e foi nos contratempos, nos “nãos”, nas vezes em que deu tudo errado, que eu fui levada a saber  – e perceber  – que não tô no controle, e que tudo bem. e foi assim que eu tive que me virar, ué. Pois é. Tô sabendo.
É de olhar esse céu de entardecer que eu visualizo tudo isso. E que a vida é mais do que o que tá aqui. Mais do que esse horizonte nevoado e retilíneo. É curva, angulada, cheia de pontos atravessados e não lineares. Cheia de remendo e fissura, feito um bordado à mão.
A mão que tece é quem borda essa linda história, e eu vou só acompanhando, sentindo as texturas, ouvindo o entrar e sair das linhas e agulha. O desfecho nunca é igual, mas o danado é sempre lindo.
{oqdd}
0 notes
oquedeixodedizer · 4 years
Text
O exercício é se apropriar de si.
Fugir de si mesma não resolve, só faz confundir e distanciar. Bom é ter pra onde voltar, um norte pra guiar, um lugar seguro e conhecido para aportar. Disso você sabe bem!
Quando se autossabotar, lembre-se! Muda a rotina, faz diferente, troca o lado, a roupa, o cabelo, as certezas
Pé no chão pra se reconectar. Serotonina, ocitocina, pra seu corpo. Adrenalina, cortisol, liberados. Pega sua xícara de chá, sua playlist, lava teu cabelo, deixa pra responder depois...
E se apropria de si mesma, menina!
- Volte aqui quantas vezes precisar - 
{oqdd}
0 notes
oquedeixodedizer · 5 years
Text
Ontem eu vi Ed René Kivitz dizer que a vida é dádiva, é presente por Deus dado, logo após dizer que é regada de injustiças e angústias que nos levam a crer que existe um lá. Hoje, após ler as palavras de Jorge Luis Borges, em "O Imortal", conto do livro "O Aleph", vi que a morte é coisa preciosa. Que a imortalidade é repetição, traz insignificância, que nada é novo. "Ninguém é alguém, um único homem imortal é todos os homens" e, portanto, "não sou". Tamanha carga niilista, só faço lembrar do último episódio de The Good Place [spoiler], em que, após chegar e desfrutar do "bom lugar", depois de uma jornada dura, cansativa e cheia de obstáculos distribuída ao longo de várias temporadas, os personagens são acometidos de um profundo tédio. Parece que o eterno pesa. Com um profundo suspiro, aceitam que não sabem viver sem a expectativa da finitude, sem a vibrante hesitação de que "cada ato pode ser o último", como disse Borges. Antes dessa chuva de informações, eu nunca tinha pensado sobre isso. Sempre tive a perspectiva [e expectativa] da eternidade latente dentro de mim. Mas fez sentido nas noites em que penso [racional e friamente] sobre o lá, e em meio à genuína esperança, sinto um frio na barriga: "será que eu aguento ser imortal?".
Eu também acredito que viver é dádiva. Não rejeito os acontecimentos, celebro cada um deles à minha maneira, e dou graças, honestas graças, por não ser para sempre. Não nessas circunstâncias - na vida de injustiças e angústias. Mas não escondo que durante o dia, espero ansiosa pela hora de dormir. Acredito no lá, que ele não é entediante, e que a imortalidade mal é percebida. Mesmo sendo finita [e só por isso a vida é dádiva], reconheço um pedaço da eternidade em mim - a tal da imagem e semelhança. Como Kivitz disse na mesma ocasião, volto-me ao Eterno mesmo quando a fé esmorece, pois é intrínseco a mim o desejo por ele. Rodeada pela mortalidade, (i)mortalidade, injustiças, tédios e anseios, desejo profundamente que Ele exista. Quero que aqui seja finito. E quero o infinito, mesmo sem poder vislumbrá-lo.
{oqdd}
0 notes
oquedeixodedizer · 5 years
Text
Estou sofrendo pela liquidez
do que poderia ser dito e não é.
Explico.
No que é dito, não cabe(m) entrelinhas.
Pelo menos foi o que me disseram...
A palavra é pura e crua.
É o que é pra ser.
Mas e se houver liquidez?
E o que não é dito?
E o que imagino?
E o que fica en-gas-ga-do?
Esse texto traz imagem:
aquele dia em Capitólio
Tentamos chegar à Lagoa Azul
sem o carro apropriado,
não deu.
E depois a pé.
Não deu.
Daqui, no sofá de casa, penso que talvez nunca saberei como é
a tal da Lagoa Azul.
Líquida, fica só na imaginação
E os meus pés, sujos de areia
O sol que racha, a sede
E o sentimento
suspenso
De alguém que tentou,
tentou, e não viu,
não ouviu, não leu.
O que faço com a liquidez concreta
prévia a isso tudo?
De quem nunca vai saber
o que realmente é.
De quem não pode
entreler, antecipar.
Esse texto é a revolta
De quem buscou o líquido;
de quem sofreu as consequências,
as inconsistências,
de uma liquidez
mas só esta encontrou -
e ainda assim, a coloca debaixo do braço
todo santo dia
e com ela caminha [sozinha]
pelas ruas dessa cidade redonda.
Esse é o texto.
Leia minhas entrelinhas, se quiser.
A recomendação é não antecipar.
{oqdd}
1 note · View note