Tumgik
osinkoc · 7 days
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Descreve o poeta a Academia em seu tempo
"Comer boi, ser Quixote com as Damas
Pouco estudo, isto é ser estudante" GMG.
Fidalgo abonado? Um bom jaleco!
Maquilhagem farta? Boa patrícia!
Folgazões a procurar algum fuleco
De compostas, mas fiapas raparigas
A glória de Lisboa, cheira a cloaca
A arte de Hipócrates em hipocrisia
É mais a toa quem dá melhor paga
Juro gozar pilhérias da confraria!
Ah os recreios, banquete chavascal!
Tão bem letrados na anatomia alheia
Lições peripatéticas quarto ou esquina
Ao termo de "anus", o barrete doutoral
Podereis furar-me ao menos uma veia?
Petulantes zumbis, males sem medicina!
- Adp
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osinkoc · 11 days
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Soneto XXII
Oh, Charlotte, quantas vezes vacilei,
Esta doce flor me cruzou a senda,
Seria amor ou dúvida que plantei,
Nos teus olhos, a luz esplenda.
Teu sorriso, alvorada a resplender,
Encheu de brilho o meu tortuoso trilho,
Teu riso, doce canto a florescer,
Invadiu minh'alma com seu idílio.
Entre páginas, busquei tua presença,
Mas tua sombra sempre me surgia,
Em cada verso, a tua vera essência.
Entre ciência e paixão, me consumi,
No dilema onde o amor me afligia:
Se devo curar, ou viver por ti
- Adp
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osinkoc · 29 days
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Permitam que me apresente.
Sou Silva, o sentinela, o poeta dissidente. Não quero ser Almeida, muito menos presidente.
Sou Silva, o sentinela, o poeta, pessoa, gente.
São duas e trinta e cinco. Os olhos são garagens abertas para o que sinto. Escrevo faminto, palavras cobaias pelo meu cérebro labirinto.
Sou tudo isso, mas também minto. O que tu vês, não sentes o que sinto.
Estão convalidos, estarrecidos. Todos que vejo são todos parecidos. Afago o eu. Pulam aos remorsos falecidos.
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osinkoc · 1 month
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Nau exílio
Na solidão, a pérola produzida
Da minha proa, o sumo adereço
Fração desta tristeza oriunda
Em vossa presença a ofereço
Esta minha terra tem palmeiras
Onde canta o ágil sabiá
A saudade os olhos inunda
E hoje aqui preencho quiçá
Jubilante hoje como alento
E assim, do amor, os passos sigo
A rasgar o espaço tão violento
A melancolia d'alma sem abrigo
Longa vigília pelo sumo momento
Tua presença é meu destino
Ot.
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osinkoc · 2 months
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Fiat (faça-se)
De um vislumbre submerso
A tirania do cosmos desperta
Toda poesia de luz coberta
Da trigésima deste universo
Na vigília das eclípticas acesso
A teofania da bela lua farta
O círio do Astro bem retrata
A alva musa de meu verso
Teus olhos constelados fito
No ritmo plácido das estações
O silêncio é teu reflexo no infinito
Deste caderno de sermões
A Josué exclamo meu grito
Soas-me na alma, doces ilusões
- Adp
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osinkoc · 3 months
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Flor
Inaugura-se inverno, faz o Ipê
Flores do solstício que se inicia
Mais um começo de toda mercê
A cada pétala, doçura que facina
Contemplar esta natural bailarina
Beleza que em cada gesto revela,
Graça que a alma enamora e vela,
Florescendo algo que não termina.
O colibri, veloz, busca com ardor,
As pétalas rosas, para coroar,
Sua poesia, ornada em esplendor.
Que este soneto, como Ipê a brilhar,
Seja um tributo ao amor e à flor,
Neste aniversário, vo-lo dedicar.
Ot
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osinkoc · 4 months
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Impropérios
"Se quiserdes que eu vos diga, eis a chácara que temos" Gregório de Matos
Aqui sucumbe hoje o meu pseudo-ente
Transigente qual o ópio, soluto
Fadiga-me este verso, aperto o fumo
Quem a morte fez querido parente
Conduzo a lírica sob minha posse
Palato perverso, do mundo chaga
Minha caneta vos trava e rasga
"Vosmecê" engasga, escarra e tosse.
Dos versos excelsos por Boca escritos
Destrói tua vida, áspede idônea
Co's diabos aos nove labirintos
Da tua chácara não chegas a Roma
Viperina de saberes ilícitos
De todos os seus trevos, és Sodoma
- Adp
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osinkoc · 5 months
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Guardador
"E triste como esmagar flores em livros
E pôr plantas em jarros..." - Caeiro (P.)
Salgam os pômulos, raízes mortas
Rega a tua antiga vida esquecida
Cultivaste, pois, esta rosa em horta
Não escolhera, pois, a via sofrida?
Este perfume grego, tão sereno
A beleza de realces harmônicos
Exalam estes teus cachos jônicos
Refeito o laço em um só aceno?
Bendita gaveta que vos guardei
Num lapso a vi aberta, revirada
Arrancada do móvel, sem mácula.
Com a chave nas mãos, o que farei?
Sigo com esperança derrocada
Esta utopia da margem do amá-la
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osinkoc · 5 months
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Gregório
E disse: brios de papel, dotes de ilusão, feitos de nenhuma afeição. Tu te chamas um leão, e és, às vezes, um cão.
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osinkoc · 5 months
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Transição
Encontrei o local para arquivar os escritos.
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