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GORDOFOBIA CONTADA POR QUEM VIVEU
Ruana Quan, 22
Até meus sete anos, eu fui uma criança “normal” (não era nem gorda e nem magra). No final de 2001, perto dos meus oito anos, fiz um tratamento de alergia durante dois ou três meses e, quando parei, engordei absurdamente. Não sou de comer muito, mas sou de comer besteira, tipo, trocar o almoço por um milk-shake, acho que isso ajudou. Chegou às férias e continuei engordando, sem ninguém da minha família perceber.
Quando voltei às aulas, voltei um pouco acima do peso, e todos da minha sala começaram com as famosas brincadeiras de “gorda, baleia, saco de areia”, “cuidado pra não tremer o chão quando Ruana passar”, “ela não consegue correr mais”. Isso começou a ser diário, várias vezes por dia. Pedi para a minha avó me mudasse de colégio, o que demoro mais de dois anos. Quando finalmente saí, fui para um colégio de freira.
Na minha sala tinha pessoas mais gordas que eu e que praticavam bullying comigo! Eu ficava horrorizada, até que me trancava no banheiro pra chorar”
Até que minha mãe e minha vó ficaram cientes do que acontecia comigo no colégio pela coordenadora. Pedi pra mudar de colégio mais uma vez e encontrei um lugar onde me sentia em casa. Todos me trataram normal, não viravam o rosto porque eu era gorda. Até o ponto que comecei a criar laços de amizade “eternos”. Quando foi 2007 me senti na obrigação de emagrecer, porque meu esporte exigia (eu fazia natação) e eu precisava baixar meu tempo pra entrar na federação brasileira. E o único jeito que pensei foi: vou vomitar tudo o que como porque não engordo! Emagreci, baixei meu tempo, mas comecei a desmaiar nos treinos. Meu treinador percebeu e me deu uma bronca enorme! Depois disso, repensei minha atitude. No início foi complicado, mas com força de vontade sair do número 38 pro 40 em dois meses. E depois de seis/sete meses, fui para o 42/44. Consegui manter até o fim do ensino médio.
Kaline Rodrigues, 20
Eu sofri gordofobia na infância por que era mais gorda que todas as outras meninas. Rolava muita rejeição, xingamentos, etc. Hoje em dia, continuo não sendo no padrões e o que eu vejo, principalmente na faculdade, no grupinho de meninas, são discursos gordofobicos, sabe? Pequenas coisas como “ah, cropped não combina com cheinhas” ou “nossa, comi muito, fiz gordice! Tô gorda, que horror”. Eu não sei lidar com essas coisas. Às vezes eu falo que cada um usa o que quiser, que gorda pode usar a roupa que quiser sim. Mas vejo que as pessoas não desconstroem isso e, às vezes, acho que pensam que é inveja minha por não ter o mesmo corpo. Tudo isso me deixa até sem jeito de falar, de me expressar.
Juliana Barreto, 36
Tive filho há oito meses. Engordei bastante e não consegui emagrecer. Estou muito ansiosa e como para aliviar. Só que vivo sofrendo pressões dos outros, dizendo que estou obesa, que estou acabada. Dizem que, pela minha gula, estou fazendo meu filho um obeso. Eu não estou obesa. Estou acima do meu peso. Esses comentários agressivos me incomodam demais.
Nathália Fraga, 20
Hoje tenho 20 anos, mas por volta dos 16 terminei um namoro desses infantis, que não teriam futuro. Segui minha vida e passado um ano, engordei cerca de nove quilos. Como tenho 1,57 de altura, isso foi bem impactante para as pessoas de fora, que não disfarçavam o incomodo de conviverem com uma pessoa mais gorda do que o habitual. No final de uma balada, eis que vejo esse meu ex-namorado e senti vontade de mandar uma mensagem pra ele. Passamos uma semana nos falando diariamente, e resolvemos marcar de nos encontrar. Depois de pouco mais de um ano, estava ansiosa para vê-lo novamente, mas nunca imaginei que a reação dele ao me ver seria tão péssima. Quando ele chegou à praia, me cumprimentou e não disfarçou o espanto, soltando sem nenhum pudor a frase: “Você não me avisou que tinha engordado tanto”. Fiquei tão constrangida que minha reação foi sair andando para casa e passar a noite chorando. Hoje sou 20 kg mais gorda do que esse evento, mas quando marco encontros com pessoas que encontro na internet, já aviso: “sou muito mais gorda pessoalmente”.
Maria Luiza Marinho, 20
A gordofobia apareceu na minha vida desde que eu me entendo por gente, os comentários na escola começaram por volta dos quatro anos (que eu me lembre) e sempre sofri. Era ser chamada de gorda, baleia, etc. – mesmo que eu tirasse notas altas e tentasse ser uma criança legal. Por volta dos oito anos, um menino na escola começou a ir além dos xingamentos. Basicamente ele perseguia e batia em quem ia “contra os padrões” e, obviamente, eu estava nessa lista. Eu precisei revidar para que ele parasse, mas acabei sendo chamada de criança louca pela diretora, afinal “meninas não devem bater em ninguém”.
Nessa mesma época as lojas de roupas começaram a me chatear, afinal minha mãe precisava comprar roupas de meninas de 12/14 anos para que coubessem em mim, então: Tchau roupas da Disney que eu amava. Quando tinha uns 13 anos a situação foi piorando, o bullying continuava, mas também comecei a me interessar pelos garotos, que obviamente não estavam nem um pouco interessados em mim. Nessa época surgiram os primeiros sintomas de depressão, ansiedade e comecei a tomar vinagre para tentar emagrecer. Quando tinha 15 anos, mudei de escola. O bullying continuou, mas na primeira reclamação com o inspetor a situação foi resolvida e os constrangimentos acabaram. Só que a pressão social não.
Nessa nova escola fiz novos amigos, era admirada pelas notas altas e passei a ser vista como a “nerd respeitada”, porém claramente não desejável”
Minha última observação sobre a gordofobia trata também sobre as últimas vezes em que lidei com ela: Por volta dos 18 anos, durante o último ano do ensino médio, como consequência de uma alimentação mais saudável e o estresse pré-vestibular, comecei a emagrecer: Passei dos jeans 46/48 para 42/44 e foram incríveis as demonstrações do que prefiro chamar de “gordofobia velada”. Comentários como “você está bem melhor agora” e “poxa, você devia ter emagrecido antes” choveram em cima de mim. As pessoas me fizeram crer que eu era um lixo quando era gorda, e que não ser mais gorda era mais do que minha obrigação na vida, era um dever.
Durante algum tempo acreditei nisso, tentando ao máximo emagrecer mais, não engordar um grama de novo e tendo ataques quando meu jeans 42 ficava um pouco mais apertado. Hoje eu me livrei disso, continuo usando 42/44, porém com muito mais leveza, não me importando mais se minhas roupas estão mais ou menos apertadas. Acredito piamente que a leveza da vida deve estar na alma, não no corpo, embora minhas inseguranças sempre acabem voltando momentaneamente nas crises de ansiedade.
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Site: http://www.unicap.br/webjornalismo/asgordastambemamam/site/index.php/gordofobia-contada-por-quem-viveu/
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Auto sabotagem : O medo de ser feliz
https://www.youtube.com/watch?v=5eJhLIPTUTU
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MIOPIA DO MEDO – Preconceito com ser feliz
Fomos criados pra sempre depender dos outros e das circunstâncias.
Crescemos externalizando nossos sonhos, nossas vontades e principalmente, nossa felicidade.
Fomos criados acreditando que a felicidade estava em um relacionamento, em uma profissão, em amigos, em viagens e bens materiais...
Enxergamos ela em tudo, menos em nós mesmos.
Nos prendemos em algemas invisíveis e fizemos do nosso corpo uma própria escravidão.
Apagamos nossa luz interna e a fizemos virar escuridão.
Transformamos nossas estrelas em cometas.
E incendiamos nosso coração.
Escolhemos não sentir o amor.
Porque o peso da dor vale mais que a tentativa e o desapego vale mais que as cicatrizes da ferida.
Quem nunca sentiu receio da vida, subjugou os outros, seus sentimentos, ou a si mesmos?
Cavou sua própria cova, deixando sua essência, na memória daqueles que já se foram...
Quem se encontrou, virou sol, e assim fez-se virar verão.
Alimentando as primaveras e os dias da estação.
Texto : Carolinna Baiocchi
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Religiões
Manifesto (feat. Anmari) - Vintage Culture
Quatro pontos tem a minha religião Faço deles a minha filosofia e faço deles a minha ação Viva, creia, ame e faça, essa também é minha oração Viva sua filosofia, ame a sua arte, creia na sua religião e faça a sua parte Mas não use sua religião pra tentar reprimir o outro Somos sete bilhões de mentes no mundo E querer que todo mundo acredite na mesma coisa é, no mínimo, papo de louco Eu respeito todos que tem fé, eu respeito todos que não a tem Eu respeito quem crê em um Deus, eu respeito quem não crê em ninguém Eu gosto de quem tem fé no universo, eu gosto de quem tem fé em si mesmo Eu gosto de quem tem fé no verso e eu gosto dos que andam a esmo Um abraço pra quem é da ciência, um abraço pra quem é de Deus Um abraço pra quem é da arte e um abraço pra quem é ateu Axé pra quem é de axé, amém pra quem é de amém Blessed be pra quem é de magia e amor pra quem é do bem Intolerância religiosa é a própria contradição Religião vem do latim religare que significa união Então pare de dividir o mundo entre os que vão e os que não vão para o paraíso O nosso mundo tá doente em tudo Enquanto nós perdemos tempo brigando por isso Ao invés de dividir as religiões entre as que são do mal e as que são do bem Que tal botar sua ideologia no bolso E ajudar aquele moço que de frio morre na rua desamparado e sem ninguém? Os grandes mestres já disseram que precisamos de união Então porque não fazer do respeito também uma religião?
VIDEOS https://m.youtube.com/watch?v=k9mqyuTCrIM https://m.youtube.com/watch?v=YhscgZvAROw
Educação pra que?
De acordo com a Constituição Federal, no artigo 5º, VI, estipula ser inviolável a liberdade de consciência e de crença, assegurando o livre exercício dos cultos religiosos e garantindo, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias. Mas porque no dia a dia não é bem assim? O caminho que a nossa sociedade está tomando é preocupante. É difícil falar sobre religião sem lembrar o que sofremos nas senzalas e na ditadura, o que sofrem evangélicos e ateus. Médiuns eram vistos como bruxos e tinham que ser queimados vivos para serem purificados. Entre tantas outras religiões ou falta delas que foram tratadas de forma discriminatória. Em conformidade com um pensamento de Paulo Freire, educação nada mais é que um método capaz de educar para a liberdade, não existindo educador e educando, os seres humanos envolvidos na relação de educação aprenderiam um com o outro, sempre  tendo por base o objeto a ser conhecido. Nesse tipo de educação, fala-se do conhecimento  construído a partir da relação estabelecida entre as pessoas que buscam no respeito à liberdade do seu semelhante, a razão para estabelecer o objeto e o modo como este será conhecido. Não se pode perder de vista sua origem, sua essência. Portanto, antes de reclamar da intolerância religiosa, é necessário ser tolerante. Antes de dizer que não sofre preconceito, busque combate-lo em seu meio.Só assim será possível, um dia, viver em harmonia e perpetuar o verdadeiro livre arbítrio.
Ana Luisa Hamer
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Os valores e concepções a respeito do mundo e das relações vêm mudando com o passar dos anos. Atualmente, fala-se muito em representatividade, desconstrução, empatia e empoderamento. Porém, dificilmente as vítimas de racismo, homofobia, assédio e outros tipos de preconceito ganham espaço para falar sobre suas experiências.
A partir desses questionamentos, um grupo de estudantes de Maringá – PR deu origem ao Coletivo Reverso, projeto independente, fundamentado no Jornalismo, que reúne amigos e pessoas com ideias em comum visando mudar a maneira como pensamos o mundo. A ideia é abordar assuntos não debatidos nas mídias tradicionais, unindo criatividade e informação por meio de ferramentas de áudio, vídeo e texto.
O principal objetivo é dar voz às pessoas, estimular a discussão, transmitir informação e propagar a reflexão. A primeira produção do Coletivo Reverso estreiou recentemente no Youtube.
O documentário Transbordar – Relatos sobre a Liberdade do Corpo foi produzido a partir de depoimentos de pessoas voluntárias nas redes sociais (Fernando Geremias, Naomi Neri, Luisa Krauze e Mariana Faleiros) e aborda temas como preconceito, padrões estéticos impostos pela sociedade, aceitação e liberdade do corpo. O filme conta com quase trinta minutos e foi gravado em uma locação desocupada em Maringá.
Ana Carolina Prado
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Classe social não te define!
“O preconceito social é um tipo de preconceito relacionado com a classe social, ou seja, está baseado no poder aquisitivo e padrão de vida dos indivíduos, sendo classificada basicamente em: ricos e pobres.
No entanto, entre eles, ainda existem diversos grupos sociais, desde os milionários (mais ricos) e os miseráveis (mais pobres). Note que o preconceito social pode ocorrer entre pessoas do mesmo grupo social.
Segundo o filósofo alemão Karl Marx (1818-1883) a sociedade capitalista está dividida em dois grupos principais: a burguesia e o proletariado, donde um deles é o grupo dominante e o outro o dominado, fator que determina a diferença social ou a luta de classes.
O status social é um conceito que está intimamente relacionado com o preconceito social de forma que define a posição social do indivíduo na estrutura da sociedade.
Muitas pessoas que possuem melhores condições financeiras que outras, pensam ser “superiores” por possuírem maior poder aquisitivo e bens. Sabemos, entretanto, que esse pensamento é preconceituoso posto que nenhuma pessoa é superior à outra segundo a quantidade de bens que possui.
Feita essa observação, o preconceito social gera muita violência e tem sido um dos temas mais discutidos na era da globalização, gerado pela intolerância humana e determinada pela diferença de instrução, níveis de renda e de recursos, condições de acesso e de vida, dentre outros.”
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Retirantes (1944) - Cândido Portinari
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Preconceito social: Achar que alguém é inferior por não estar na mesma classe social que você!!
Preconceito social: É CRIME! E deve acabar!
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“Que país é esse onde o preconceito está guardado em cada peito? Que país é esse onde as pessoas não podem ser iguais, devido a suas classes sociais?”
- Bob Marley
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