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não vou mais pensar nisso
eu revisito meus ressentimentos com tanta intensidade
quando poderei olhar para o passado com tranquilidade, sem pensar no que eu poderia ter falado ou feito?
queria poder mudar a página. queria poder encontrar um trabalho, encontrar uma paixão para investir minhas forças, mas não. fico pensando que estou infeliz porque me fizeram mal.
eu fui demitida. não tenho perspectiva de conseguir outro trabalho. o seguro-desemprego já acabou, e o que fiz com ele? nada. apenas gastei. não sobrou nada.
e hoje, dependo de outras pessoas para comer um pedaço de pão.
com certeza não era esse o meu plano há um ano.
tenho apenas a impressão, talvez imaginária, de que eu fui desligada da empresa por não gostarem de mim, do meu jeito, meus gostos. isso ativou os afetos de certas pessoas, em especial a professora de ciências.
ora, não tenho provas, mas o olhar dela para mim era de um tipo de inveja disfarçado de desprezo. para meu azar, ela tinha algum poder na empresa.
e, embora eu tenha dado tudo de melhor que poderia ter dado, eu fui a única a sair. sem nem mesmo uma justificativa plausível. nem mesmo corte de gastos justificava.
a cada dia, aumenta meu sentimento de que foi um caso de maldade pura. maldade de quem, em seus pensamentos, poderia sugar toda a energia de uma pessoa e deixá-la a mercê.
bem, quem se esforça para demitir alguém, é motivado pelo desejo de morte, sim.
em pensar que investi tanto estudo e dedicação naquela empresa. nunca ao menos cheguei atrasada nem jamais faltei. sempre fui para aquelas reuniões idiotas. TODAS, sem exceção.
aqueles dias no final de semana, sem jamais ganhar um centavo a mais por trabalhar mais.
eu iria querer, sim, uma pessoa que nem eu como minha empregada se eu tivesse uma empresa.
enfim, eu não desejo nada de bom para quem me prejudicou não, mas esse texto aqui é meu último recurso para eu tentar me livrar desses pensamentos que eu nutro com desejo de vingança.
vingança é ruim e envenena, de fato. por isso, não vou mais pensar nisso. eu vou investir no pensamento de que SIM, EU SOU UMA BOA PROFISSIONAL. TALVEZ BOA DEMAIS PARA A PRIMEIRA EMPRESA QUE TRABALHEI.
é isso. a vida é curta demais para eu ficar pensando em pessoas que, de tão falidas em seus projetos pessoais, desejam morte e tudo de pior para as outras. eu não opero nessa frequência. eu simplesmente decido algo superior, e só lamento pelos outros.
pronto. me sinto mais aliviada.
professoras que me demitiram: eu perdoo vocês.
enquanto a mim mesma, eu digo que me perdoo.
me perdoo por ter acordado tão cedo e pedido a ajuda de outras pessoas para conseguir fazer o melhor no meu trabalho.
me perdoo por não ter falado as coisas que deveria quando me deparei com injustiças.
e me perdoo por ter passado tentos meses pensando nisso e remoendo isso.
com o fim desse texto, eu me despeço do que me despedaçava e estou pronta para viver minha vida, sem pensar no que as outras pessoas pensarão.
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