patr0nuscharm - Tumblr blog

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Foi no quarto ano que deu início ao protótipo de sua gazeta. Leitura breve dos ingredientes necessários para a poção da aula da semana seguinte foi o que bastou para perceber a utilização das “asas recém cortadas” de uma espécie de criatura mágica em risco de extinção durante o preparo. Isso trouxe indignação à jovem bruxinha, que tentou argumentar com o professor responsável, mas não obteve qualquer sucesso. Percebendo a necessidade de mais apoio se quisesse salvar a vida dos bichos, escreveu um artigo de protesto numa folha de pergaminho e utilizou feitiço de duplicação para confeccionar dezenas de cópias mágicas. Na mesma tarde após o horário letivo, e nas que decorreram pelo restante da semana, colocou-se na frente do corredor que dava para a sala repleta de caldeirões e não demorou a panfletar os pergaminhos para alunos e professores que transitavam de um lado a outro. Até mesmo Argo Filch, o zelador, aceitou de bom grado um exemplar oferecido pela Podmore! (Embora o tenha utilizado apenas para limpar do chão a caquinha de sua estimada gata, madame Nor-r-ra.)

Seus esforços não pareciam fazer qualquer diferença, portanto, e Dottie chegou a pensar que estava realmente encrencada quando foi chamada para a sala da diretora. Tensa à escrivaninha de Minerva McGonagall, surpreendeu-se ao receber não uma carta para detenção, como esperava, mas sim perguntas realmente interessadas sobre o risco de extinção da espécie que Dorothy tão fervorosamente tentava salvar. Após minutos de uma conversa instigante e cheia de curiosidades — todas elas adquiridas através dos livros antigos de sua mãe, magizoóloga muito bem informada — a figura de autoridade abriu um sorriso e concedeu seu veredicto.

Na data marcada da aula de poções seguinte as criaturas mágicas raras utilizavam suas asinhas sarapintadas, que naquele horário estariam borbulhando em vários caldeirões fumegantes, para sobrevoarem em segurança as árvores da floresta proibida. É claro que a decisão não agradou a todos, especialmente aqueles que pareciam ansiosos para aprender a tal poção. Sequer é preciso dizer que recebeu olhares tortos de Sonserinos pelo resto do mês, mas ver que sua atitude tinha mesmo provocado uma mudança foi o estopim para que algo estalasse dentro dela. Naquele dia, o Pod & More nasceu. A gazeta gratuita ganhou uma logomarca divertida e um corpo gerido por opiniões a respeito das noticias relevantes do mundo bruxo, tornando-se bem mais do que um hobby ao longo dos anos. É versátil e sustentável, sendo o feitiço de duplicação desfeito com o intervalo de alguns dias (não poderia ser um agente de poluição, poderia?). É lá também que concede espaço para divulgações, sejam sobre os comércios em estágio inicial de seus colegas, projetos sociais, apresentações artísticas ou qualquer que seja o tema de interesse. 

Normalmente distribuída em intervalos quinzenais, por vezes as ocasiões de última hora recebem edições extras. Como foi o caso da matéria mais recente, já em Beauxbatons. Nela, sob o título de “1 nuque por mês é mesmo o preço da sua alma?”, discutia as diferenças entre jornais sensacionalistas e aqueles que realmente se importavam com a propagação da verdade, numa indireta indireta ao valor da assinatura do Profeta Diário. Em solo francês, seus maiores desafios vêm sendo conquistar um público maior de leitores e uma maneira melhor de propagar os periódicos, normalmente feitos de mão em mão. Mas Dottie não poderia estar mais empolgada pela perspectiva de arrumar um jeito de solucioná-los.

@tripontos​

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The Addams Family (1991) dir. Barry Sonnenfeld

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            ˚｡⋆.  Não era do tipo que desrespeitava a ordem dos pais. Havia, porém, certas coisas que Dottie acreditava dizerem respeito apenas a si mesma, ser capaz de julgar com a própria intuição. Sua reaproximação com @morrsmordre era uma dessas. ━━ Beauxbatons é mesmo muito bonita, você não exagerou em nem uma vírgula. ━━ Comentou com um sorriso, os olhos passeando pela decoração antes de voltarem a repousar no rosto da bruxa. ━━ Sabe, quando descobri que o torneio seria aqui uma das primeiras coisas que pensei foi na possibilidade de te conhecer pessoalmente. Sempre me perguntei como você se pareceria. ━━ Confessou. 

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                    ˚｡⋆. Era o último ano de estudos mágicos para ambas as bruxas, o que significava tópicos mais desafiadores. Dorothy saía portanto da sala de Trato das Criaturas Mágicas acompanhada não só de sua mais nova parceira, @asterseydoux​, mas de uma gaiola gordinha de meio metro na qual uma fada-mordente se debatia, tentando escapar. ━━ A data de entrega do relatório é o início da próxima semana, acho que podemos tomar notas por esses dias e sentar pra escrever a versão final no sábado. O que me diz? ━━ O empenho naquela eletiva ia além dos NIEMs a serem prestados no fim do ano. Dottie possuía um fraco por criaturas marginalizadas, sendo aquela ‘quase-fada’ que recebia a alcunha de praga certamente uma delas. Estava decidida a achar pontos positivos no animal, fora, é claro, a utilidade de seus restos mortais para a confecção de poções. Preferia que continuasse vivo. ━━ Deveríamos nomeá-la. ━━ sugeriu, trazendo a gaiola à altura dos olhos de ambas. Depois, ergueu uma sobrancelha para Aster.

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            ˚｡⋆.  ━━ Cuidado com a caca de pom... ━━ repetiu-se, mas já era tarde até mesmo para que terminasse a frase. O míssil do animal posicionado no topo da marquise desceu junto à gravidade, rápido como uma bala, até se chocar no ombro do Sonserino. ━━ ...bo. ━━ ela completou, impotente ao ver o estrago já realizado. Um segundo mais tarde, pôs uma das mãos sobre a boca e caiu na gargalhada. Mão essa que segurava também uma pena entre os dedos, já que a outra estava muito ocupada conjurando uma sombrinha acima da própria cabeça. ━━  Ui, um minutinho, me deixa respirar... ━━ pediu com o indicador no ar durante instantes de recuperação, e ao fim aproveitou para levantar-se e ir ao encontro do amigo. ━━ Você escolheu o pior lugar possível pra uma pausa na corrida, Aaron, os pombos desse pátio são implacáveis! Acho que eles brincam de apostar uns com os outros qual acerta mais alunos. É uma teoria, na verdade. Aqui, fica debaixo do guarda-chuva. ━━ Chamou, erguendo mais a varinha de modo que pudesse cobrir os dois. Ele era bem mais alto que seus um e cinquenta e sete. ━━ Tem cheiro de pipoca amanteigada, não acha? Ou seria... queijo mofado, talvez? ━━ perguntou indecisa, os pés em meia ponta enquanto dava uma fungadinha no tecido da camisa. A uma distância segura, é claro. ━━ Sabia que eles defecam feijõezinhos de todos os sabores?! Eu achei fascinante. 

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Ainda usava a roupa esportiva, o corpo carregando uma forte camada de suor e os cabelos úmidos caindo sobre os olhos do rapaz, era o único momento que seus cachos ficavam caídos e mostrava o tamanho real de seu cabelo, lhe constatando que precisaria cortar logo ou ficaria com o cabelo grande demais. Mas naquele momento não pensava muito nisso, já que tinha chegado a uma parte próximo ao pátio da escola que dava um visão privilegiada do enorme lago que eles tinham na área externa, uma parte daquele lugar no qual ele gostava muito de correr pela manhã e as vezes no fim do dia.

Sua mente parecia distante, abafada pela vontade de mergulhar naquelas águas e tentar se comunicar com algumas das sereias que haviam ou qualquer ser que vivesse ali, já que em Hogwarts não parecia muito seguro. Havia lido tanto nos livros da biblioteca sobre os seres mágicos aquáticos que era como se ele vivesse apenas para descobrir mais sobre eles. E então um estalo veio em sua mente, alguém estava tentando chamar a sua atenção. “Oi? Desculpa, me distraí. Você disse alguma coisa?”

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                 ˚｡⋆.  ━━  Sozinha. ━━ Respondeu com um sorriso agradecido, embora tivesse demorado um pouquinho para processar a pergunta. Sua atenção, até segundos antes, estava completamente presa nas criaturas aladas à frente de ambos. Dottie jamais havia visto um Pégaso, ao menos não fora dos livros. Precisava dizer, eles eram estonteantes. ━━ Se me permite, os desenhos no meu exemplar de Animais Fantásticos e Onde Habitam não fazem qualquer jus a eles.  ━━  Confessou, os olhinhos brilhando. Merlin, estava tão empolgada que podia sentir o coração palpitar rápido dentro do peito. Ela acompanhou o bruxo até o cercado, curvando os lábios timidamente para o animal enquanto o observava receber carinho na crina dourada.  ━━  Oi, Eros. Eu sou a Dottie.  ━━  O cumprimentou, a voz caracteristicamente doce. ━━ Onde está sua Psiquê, hm? É aquela bela mocinha ali atrás?  ━━  Apontou com a cabeça para uma égua alada não muito distante, deixando que o sorriso divertido crescesse. Falar com bichos como se fossem pessoas era um hábito desenvolvido há bastante tempo, difícil de se livrar. Ou de sequer perceber que fazia. ━━ É um Abraxano, não é? ━━ A pergunta agora era direcionada ao bruxo. ━━ Li sobre eles. É verdade que só bebem whisky? ━━  A ideia parecia engraçada. Ela ergueu a mão assim como o rapaz havia feito, mas hesitou na metade do trajeto. ━━ Será que eu posso, uh... Será que ele se importaria se eu fizesse carinho também? Ou eu preciso fazer algum tipo de reverência? Se é tão bonito quanto um hipogrifo, nada mais justo do que merecer o mesmo tipo de respeito. ━━ Constatou, dando uma piscadinha lateral para o animal.

(flashback)

Luca exibia seu melhor sorriso para a explicação da professora aos novatos. Montaria com Pégasus era um esporte que o ruivo se orgulhava bastante de ter aprendido, era algo que lhe remetia o calor das descobertas em beauxbatons e a sensação de se sentir quase invencível. Se lembrava do seu primeiro ano, que teve dificuldade de adaptar-se ao mundo mágico e como a vassoura parecia amedrontadora depois de sua queda, mas com Eros, o cavalo alado, tudo se tornou mais leve. Bastou fazer amizade com o animal e ouvir as palavras encorajadoras de Madame Lalaurie para seus olhos brilharem. 

Com um olhar periférico nos novos alunos pode notar aquele mesmo brilho em uma garota que estava próximo e com o pedido de formarem duplas se aproximou. “Hey, você já está com alguém?” perguntou se inclinando na ponta dos pés para olhar para a multidão de colegas se organizando. “Parece gostar deles, isso é um bom passo pra que confiem em você pra conduzir” indicou em um gesto amigável, se aproximando do cercado para acariciar a crina do seu. “Esse é o Eros. Ele é temperamental, mas é ótimo companheiro” @patr0nuscharm

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As dores no corpo não melhoravam. Sentia que qualquer movimento brusco, talvez quebrasse algum osso. Como já bem sabia, isso não era verdade. Apesar de estar tão sensível, não corria um risco como aquele. A bruxa, no entanto, continuava sem se mexer, não querendo provocar uma dor sem necessidade. “Hm, nunca pensei por esse lado.” murmurou em um tom baixo. Nunca tinha parado para avaliar se aquela fraqueza que lhe acometia tivesse outro gatilho que não fosse a lua. “Mas eu tenho primas por aqui e elas não ficam doentes assim.” ou pelo menos achava que não. As duas únicas outras Van Dijk ali em Beauxbatons lhe evitavam a todo custo. 

A menção de seu porquinho da índia e do estado de saúde do pobrezinho já lhe acalmava bastante, Mina conseguia respirar mais tranquilamente pois era menos uma preocupação em sua vida. “Dois recados, um pra sua mãe, agradece a ela por mim?” pediu-lhe, oferecendo um sorriso pequeno. “E pro Horace, você pode dizer que a mamãe sente falta dele? Por Noble, meu pequeno filhinho precisa melhorar.” resmungou. “Muito obrigada, Dottie, eu não sei o que seria dele sem você.” agradeceu, dessa vez o sorriso ganhando um pouco mais de brilho. “Desculpa. Esse… negócio me pegou desprevenida, acho que posso ter comido algo que me fez muito mal e piorou tudo.” não gostava de mentir para a outra, mas também não podia simplesmente contar-lhe o motivo real da doença, por mais que o desejasse fazer.

      ˚｡⋆. Contraiu os lábios num biquinho, pensativa enquanto ponderava a resposta. ━━  Droga. ━━ enfim murmurou, contrariada. Já estava ficando sem ideias, por mais divertido que aquilo fosse. A varinha na destra murmurou um feitiço e, rapidamente, o pingente de sua pulseira se transformou num caderno. Dottie pegou a pena, o abriu na página marcada e passou um traço por cima da frase Elo mágico. Em seguida, à menção da mãe, voltou a olhar para Mina com um sorriso tímido. ━━ Agradeço sim. Ela vai adorar ouvir sobre você. ━━ É claro que Libby saberia sobre o primeiro namorico da filha, Dorothy era tagarela demais para esconder um segredo daqueles. A temporada breve na Espanha havia prometido apenas um encontro entre ela e alguns tios maternos, mas entregou também um romance de verão inocente e saudoso entre as duas meninas. E por mais que o tempo tivesse passado, jamais tinha conseguido desunir em totalidade o fio que ligava a lembrança da areia da praia à memória dos fios loiros da Van Djik. Ou do sorriso pequeno que ela esboçava agora, embora seus traços fossem mais infantis à época. ━━ Ele vai, não se preocupa. Doze horas de descanso e estará novinho em folha, era o que tinha na carta. E por falar em folhas, alguma dieta especial que eu precise saber? Não há de quê, é sério. O Horace é uma gracinha e já virou até celebridade lá no andar dos dormitórios. ━━ Comunicou com uma risadinha. Havia perdido a conta da quantidade de colegas que tinham demonstrado compaixão pelo animalzinho adoentado quando souberam de sua estadia. Podmore retornou o caderno ao tamanho prévio e levantou da cadeira, encontrando um espacinho agachada ao lado da maca. Os braços em asa apoiavam o queixo, já os olhos estudavam a expressão de dor da bruxa. ━━ Mas e quanto a você, acha que fica muito tempo aqui ainda? 

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                     ˚｡⋆. Imersa à procura de uma câmera fotográfica, Dottie precisou de alguns segundos para entender sobre o que o rapaz se referia. Depois, foi necessário concentração para prender a vontade de rir. ━━  Oh, sim. E perigosíssima! ━━ Ela alertou com um arregalar sutil de olhos, embora os lábios estivessem mais prensados do que o normal ao findar da frase. A nostalgia do brinquedo a atingiu forte, lembrando de uma época em que costumava passar a tarde na companhia dos vizinhos trouxas. Havia perdido a proximidade com boa parte deles depois que iniciou seus estudos mágicos. ━━ Dá aqui antes que você se machuque.  ━━ Pediu, a palma estendida na direção de Haniel. Acreditava ainda lembrar alguns dos truques.

Os cacarecos dos trouxas não pareciam ter um valor significativo. Pelo menos Hanne não conhecia ninguém que pudesse estar interessado naquelas bugigangas. A verdsde é que, bem, não fazia ideia do que a maioria deles significava ou para o que serviam. A expressão intrigada em sua face agora era direcionada para uma bolinha que ficava pendurada em uma corda. A descrição do cartão que ficava preso no suporte do item tinha escrito iô-iô... agora o que era isso, não tinha certeza. Era uma arma? Trouxas tinham armas estranhas, não se surpreenderia se fosse. Ao erguer a face, fixou sua atenção em @patr0nuscharm. "Com licença..." chamou-a com cuidado para não assustá-la, o silêncio do ambiente sendo cortado com a sua voz. "Você sabe que merda é essa aqui? É uma arma, não é? Trouxas adoram armas."

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                    ˚｡⋆.  ━━  Até porque elas são transparentes. ━━ Zombou com um sorrisinho, buscando dissipar um pouco da tensão. Já havia se estressado o suficiente com aquela matéria em nome de ambos, então o melhor que supôs ser capaz de fazer pelo Nott, ali, foi tentar animá-lo. ━━ Ouvi palavras surpreendentemente sábias de uma garota recentemente, pouco antes de ela me morder e me ameaçar de morte. Foi algo na linha do “Desde quando o que a Skeeter escreve importa?” ━━ Fazendo proposital descaso da situação inusitada, pôs uma mão em cada lado dos ombros do bruxo e exerceu pressão de massagem durante alguns segundos. Oh boy, Carlisle estava mesmo tenso. ━━  E é verdade, sabe? Eu, você e o mundo bruxo inteiro estamos fartos de saber que a megera não passa de uma sensacionalista mentirosa, zero comprometimento com os fatos. Ou com a privacidade. Ou com o jornalismo, por Merlin! Mas, well... No pior dos cenários, ela até te fez soar meio simpático. Eu preciso tirar o chapéu pra isso. ━━ Brincou. Um aperto ligeiramente mais firme para desfazer o nó no músculo, então depositou um beijinho terno no topo de sua cabeça.  ━━ Mas é só isso mesmo que está te incomodando? ━━ Parecia pouco para deixá-lo naquele estado.

━━ “… Mas também não conteve as lágrimas em dizer que morreria com honra e ficaria feliz em se juntar ao legado mais que trágico de Cedric Diggory”. ━━ Recitou em completa descrença, sua voz subindo a cada palavras que lia. ━━ Fala sério! Como é que eu ficaria feliz em morrer?! Heol… Ninguém aqui viu a cor das minhas lágrimas! ━━ Exclamou exasperado, enquanto atirava o jornal de volta na mesa. ━━ Pelas barbas de Merlin, eu sabia que seria ruim, mas isso é ridículo… ━━ Acrescentou em tom mais baixo, tentando se acalmar, mas aquela parecia uma tarefa impossível no momento. 

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━━ Você é o que eu quero que seja, garota. ━━ O tom irritado saiu sem qualquer tipo de delicadeza, pois há muito já havia perdido a paciência com aquela cria atômica de Hogwarts. ━━ Na verdade, eu sequer lembro o seu nome. Não existe nada sobre você que valha a pena lembrar. ━━ Olhou para a outra como se a analisasse por completo, o cenho franzido em uma tentativa muito grande de encontrar qualquer coisa que chamasse sua atenção e, como esperado, não encontrou nada. 

━━ Estou pouco me fodendo pro fato de não termos ganhado nenhum torneio ainda, meu bem. O que pontuei foi a injustiça que ocorreu no último torneio, em que o campeão da Durmstrang claramente tinha a vantagem, mas foi atacado na última prova e desqualificado. O que você chama de superação, eu chamo de jogo sujo. Ao menos, não foi a minha escola que precisou carregar um caixão. ━━ E desafiada pela aproximação dela, também deu um passo à frente, de modo que a distância entre elas ficasse ainda mais reduzida. ━━ O que você sabe sobre mim, sua porca Hogwartiana? ━━ Mais um passo e ela estava literalmente encostada na outra, os olhos baixos ao que aproximava a boca de sua bochecha. Em seu bolso, sua varinha gritava para que a atacasse e acabasse com aquilo, mas a ignorou. ━━  Uma pena, por que você faz o meu tipo. ━━ O tom baixo e sussurrado, ao que Olívia deslizava os lábios pelo rosto da estudante, em direção seu ouvido. ━━ O tipo que eu adoraria ver se afogando em uma poça feita do próprio sangue. ━━ Sorriu, mordiscando a pele da bochecha daquela menina antes de se afastar. ━━ Transbordando. ━━ Aumentou o sorriso, gesticulando como se algo saísse pela boca e discretamente buscou pela varinha, já que esta estava alvoroçada com a ideia. 

                       ˚｡⋆. ━━  É Dottie Podmore. Dorothy, pra você. Tenta não esquecer da próxima vez. Posso te providenciar um lembrol. Ou, pelo visto, uma foto. ━━ zombou enquanto sentia os olhos críticos dela em toda a extensão de seu corpo, o sorrisinho sempre presente no canto esquerdo dos lábios e os braços firmemente cruzados na altura do busto. Ouvia o restante do disparate enquanto já bolava a réplica, pronta para passar na cara de Olívia o fato de que Harry havia estado em primeiro lugar antes mesmo do início da última prova, dividindo a posição com Cedrico Diggory -- entretanto, a menção ao bruxo veio antes do que esperava. E o teor tão desprezivelmente baixo do comentário a deixou, novamente, sem palavras.

Foi o suficiente para que Olivia voltasse a se aproximar. A falta de reação da Podmore era bem aproveitada pela aluna de Durmstrang, disso não havia qualquer dúvida. O calor que irradiava do contato inusitado trouxe um descompasso à respiração da menina, que sentiu o toque macio dos lábios em sua bochecha ao mesmo tempo que um calafrio lhe percorreu a espinha. Sádica, era isso que a Burke era. E quando os dentes roçaram sua bochecha, a dor na pele sensível fez com que desse um passo brusco para trás. ━━ Você me mordeu?! ━━ Tinha sobre o rosto não apenas as costas da mão enxugando a umidade ali deixada, mas um olhar de completa descrença. E como se sob o efeito de finite incantatem, todo o magnetismo de instantes atrás se esvaiu, dando espaço a uma ira crescente. 

━━  If I’m a pig, you’re a bitch! ━━ bradou. ━━  O que eu sei sobre você? Não muito, é verdade, mas o bastante pra que eu não queira saber mais nada. E pra o seu governo, porcos são criaturas inteligentíssimas, só perdem para os golfinhos. Saiba que me insulta menos ser comparada a porcos do que ser comparada a gente mesquinha como você! ━━ Se achava tão superior só por uma porcaria de status antiquado? Dottie tinha uma palavra ou duas para falar sobre o assunto. ━━ Você quer meu sangue? Vem pegar. Aproveita que ele é puro, do jeitinho que você gosta. ━━ De olhos semicerrados, raiva borbulhando as entranhas foi a causa daquela provocação desmedida, mas arrependeu-se das palavras no segundo em que escaparam da boca, extremamente ciente da reputação da Burke para saber que jamais seria capaz de vencer um duelo contra ela. A mão foi instintivamente até a varinha guardada no bolso, sentindo a textura da madeira floreada. Claro que conhecia alguns feitiços de proteção, o suficiente talvez para segurar os primeiros ataques, mas daí a conseguir fugir da briga? Precisaria de outra estratégia. Suas próximas frases foram pois ligeiras, quase urgentes.  ━━ Mas eu espero que goste também da estadia em Azkaban depois disso. Ouvi dizer que não usam mais Dementadores como guardas, para sua sorte.

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           ˚｡⋆.  ━━  Será que não é algum tipo de elo mágico? Quando um fica doente, o outro se compadece e adoece também?  ━━  Arriscou de olhos semicerrados, naquilo que talvez fosse sua vigésima tentativa de acertar os mistérios por trás do sobrenome de Mina desde que tinham se reencontrado. Pareceu-lhe suspeitíssimo, realmente digno de nota, que a Van Dijk e seu porquinho da índia estivessem de cama ao mesmo tempo.  ━━  Horace está melhor, aliás. A poção que minha mãe enviou chegou ontem e nosso pequeno paciente já foi devidamente medicado. Quer que eu mande algum recado?  ━━  Sentada na cadeira de visitantes da enfermaria, abriu um sorriso curto. Seu humor havia melhorado muito após notar que o que quer que tivesse levado a garota a se internar, já não parecia tão grave. Após alguns segundos hesitantes, completou: ━━ Você me deixou preocupada. 

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━━ Eu não preciso ser hipócrita, meu bem. Mas eu entendo que o fato de eu ser totalmente fiel ao que penso e sinto seja um choque pra você. ━━ Essa mania que alunos de Hogwarts tinham de erguer o queixo durante discussões, na tentativa de lhe olhar por cima a irritava e só não dava um soco no rosto da outra ali mesmo porque não precisava de uma detenção nessa altura do campeonato. Sendo assim, apenas respirou fundo, virando o rosto para olhar o espaço. ━━ Quanta burrice. Meu pai mandaria matar essa pessoa tão rápido quanto o jornal circularia por aí. Não se pode contracenar qualquer coisa com os mortos, não acha? ━━ Alteou as sobrancelhas, sorrindo e tornando a fitar o rosto da estudante da escola rival. ━━ É isso que te excita durante a noite? Pensar que eu poderia me relacionar com um nascido-trouxa? Me ver sendo punida por isso? ━━ Deu um passo na direção alheia, os olhos azuis fixos naquele rosto. ━━ Quanta inocência da sua parte. 

A grande verdade é que Olívia não ligava para status sanguíneos, por pura preguiça de ter que vasculhar sobre gerações de uma pessoa que sequer sabia se merecia mesmo sua atenção. ━━ Vê? Sua mente é minúscula assim, sem ambição alguma. Um grande vazio. ━━ Estendeu a mão com o punho fechado, porém Olívia nunca chegou a encostar na outra e só manteve o braço no ar. ━━ Se eu bater na sua cabeça, será que faz eco? ━━ Abaixou o braço e deu um passo para trás. ━━ Sério? Mas que desculpa de merda. A clara diferença entre nossas escolas é que a Durmstrang não aceita perdedores. Eles nos testam e nos aprimoram para que sejamos os melhores. Tanto é que vocês de Hogwarts precisaram usar de artimanhas para roubar a taça que claramente seria nossa desde o começo por não terem capacidade nenhuma de ganharem qualquer prova. ━━ Franziu o cenho, irritada. ━━ Vocês são trapaceiros e fracos. É isso o que são. 

          ˚｡⋆.  ━━ Eu não sou seu bem. ━━ A frase foi incisiva, evidenciando o profundo incômodo que sentia quando a Burke subvertia aquelas expressões de carinho. Um erro, Dottie sabia. Talvez por isso ouviu o restante do discurso calada, percebendo a própria postura austera vacilar a cada nova alfinetada. Piscou algumas vezes, surpresa não só pela aproximação repentina, mas pelo tópico abordado. Daquela distância podia observar o azulado da íris de Olívia, onde fixou o olhar segundos antes de desviá-lo para os lábios rosados, que voltavam a se movimentar. Engoliu em seco.

Tivera a certeza de que receberia um soco quando a observou erguer o punho. Como reação natural, os músculos tornaram-se tensos e as pálpebras foram firmemente cerradas, aguardando por um impacto que, felizmente, jamais chegou. Dorothy espiou o entorno com o olho direito, deixando que o alívio escapasse através de um suspiro fraco. E embora parecesse que havia perdido a batalha, parada ali sem qualquer atitude, algo na última frase de Olívia fez com que sentisse uma súbita vontade de gargalhar. Mais uma vez endireitou os ombros, a confiança voltando a preencher o corpo baixinho enquanto um sorriso cheio de desdém pedia espaço entre as bochechas. ━━ Sua grande e renomada Durmstrang esqueceu de te ensinar História? Me diz aí, quantas vezes vocês ganharam o torneio mesmo? ━━ Tiltou a cabeça, fingindo curiosidade. ━━ Pra uma escola que não aceita perdedores, acho que tem alguma coisa errada. ━━ pareceu deleitosamente confusa. 

━━ Harry Potter ganhou o torneio sendo três anos mais novo do que todos os outros campeões, inclusive seu precioso Krum. O que você chama de trapaça e fraqueza, nós chamamos de superação. ━━ Poderia citar também os feitos do Diggory, os quais sabia de cor e salteado tamanha a admiração que nutria, mas não achou sensato arrastar a memória do rapaz para aquela discussão. Ao invés, buscou lembrar alguns dos tópicos previamente cuspidos pela bruxa à frente. Estalou a língua no céu da boca, aproveitando que Olivia havia recuado para ocupar o espaço e, assim, encurtá-lo outra vez. ━━ Seu pai manda matar seus interesses amorosos? Isso explica muita coisa. ━━ Puxou o ar pelos dentes, compassiva. Ao reter a atenção no rosto claro, sua voz adquiriu tom mais intimista. ━━ Mas não se preocupe, você não faz meu tipo. Nem em um milhão de anos saberia o que realmente me excita durante a noite. ━━ provocou. Não negaria porém que, depois de hoje, vê-la sendo punida talvez estivesse mesmo em algum lugar da lista.

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4 aventures de Reinette et Mirabelle (Éric Rohmer, 1987)

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            ˚｡⋆.  Dottie levou as mãos às bochechas. Tinha os lábios curvados num biquinho, achando o relato extremamente adorável. ━━  Awn, eles não são as coisinhas mais...  ━━ seu próximo instinto foi levá-las à frente do rosto, contorcendo os dedos como se esganasse algo invisível. De uma maneira carinhosa, se é que aquilo era possível. Jamais compreendeu por que criaturas fofas incitavam reação tão esquisita. ━━ urhg, dá vontade de apertar. São de classificação nível dois pelo ministério, então não deve ser ilegal. A menos que você more num bairro trouxa. Mora? Eu moro. É triste porque eu queria tanto um mini-pufe. Ou um claberto... ou um pelúcio! Ai, queria todos.  ━━ cruzou os braços sobre o peito, inconformada como uma criança birrenta. ━━ Sua mãe tinha horta? ━━ quis saber. Os pensamentos leves vagavam sem muita direção, guiados facilmente para onde o tópico da conversa estivesse. Por causa disso, demorou alguns segundinhos para se lembrar do assunto que comentava antes da interrupção, mas os olhos arregalaram assim que o fez. Pegou o beck que lhe era oferecido com um sorriso agradecido, deitando sobre a grama pouco após puxar o fumo. O céu laranja era uma vista esplêndida. ━━ Sim, águias... Elas são bonitas, não são? Voam por aí com as asinhas abertas, sentindo o vento no rosto. Como será que deve ser se transformar em uma? ━━ Perguntou como quem não queria nada, embora um sorrisinho conhecedor pedisse para marcar sua expressão. E, naquele estado onde o riso frouxo era lei, ela deixou que aparecesse enquanto o espiava de soslaio.

Já nem lembrava-se mais como e quando tinha conhecido @patr0nuscharm​ apenas que aquele tornara-se o ritual de todo final de dia entre ambos. Um beck bem bolado, conversando escondidos atrás das estufas vendo o por do sol no céu francês. — Sabe Dottie, minha mãe tinha uns bezerros apaixonados lá no jardim. Não sei nem se é ilegal, mas não faz diferença porque somos uma família que gosta do proibido. Assim… ainda temos os bezerros mas não mais minha mãe. Criaturinhas fofas eles. — deu de ombros. Não era um assunto tão pesado quando falado depois dos efeitos relaxantes proporcionados pela planta. — Mas desculpa te interromper, você estava falando algo sobre águias e um caso ai…

[patr0nuscharm]

━━ Não tem porque, ao contrário da maioria, eu sou uma garota esperta e não dei entrevista nenhuma. Como se eu fosse deixar meu nome cair na boca suja de alguém do Profeta Diário. ━━ Alteou ambas as sobrancelhas, olhando despreocupadamente para as unhas, que pareciam mais interessantes que a garota à sua frente. Ouvia todo aquele discurso sobre jornalismo e, no fim, soltou uma risada soprada. ━━ É por isso que ninguém lê o que você escreve, querida. Uma matéria dessas não tiraria a paz de alguém que sabe onde quer chegar. Desde quando a opinião de uma mulher dessas é mais forte do que a convicção sobre si mesmos? Parece um absurdo dizer que pessoas se influenciam por tão pouco e se eu não estivesse vendo isso acontecer diante dos meus olhos, eu juro que consideraria que estão todos loucos. ━━ Até endireitou a postura agora que havia engajado na discussão. ━━ Mas claro que vocês não sabem o que é isso. Ainda mais vocês de Hogwarts, que são educados como crianças por aqueles professores. ━━ Suspirou alto. ━━ Ah, me poupe de você também. Por que toda vez que eu vejo vocês de Hogwarts parece que estão a ponto de chorar? Talvez o que ela tenha escrito nem seja tão mentira assim, já que você está aqui choramingando na minha cabeça. 

          ˚｡⋆.   ━━  Ou talvez você seja só uma garota hipócrita. A diferença entre um e outro não é assim tão difícil de se notar. ━━ Ergueu o queixo alguns milímetros, estufando o peito naquilo que, agora, havia passado a compor seu lado do ringue. Não estava Burke ali decretando exatamente o que a Podmore havia pontuado segundos atrás? A linha fina de seus lábios prensados se transformou num repuxar comedido de triunfo. ━━ Se fosse o seu nome estampando as manchetes de um jornal tão fortemente veiculado como o Profeta Diário por, vamos supor... Contracenar suspeitas de romance com um nascido-trouxa, talvez? ━━ pareceu ponderar um pouquinho. ━━ Duvido que manteria esse sorriso tão leve e esportivo após a chegada dos primeiros berradores. Ou estou falando besteiras? Por favor, sou toda ouvidos. ━━ Incitou. Não conhecia os pais da garota, mas, como inglesa, conhecia a reputação bem marcada ao longo dos anos. E por mais que odiasse fazer julgamentos precipitados daquela maneira, parte de si acreditava não estar completamente errada. No ruim, conheceria um pouco mais sobre os pensamentos de Olívia a respeito da causa trouxa, o que não deveria ser exatamente uma derrota.

As palavras seguintes proferidas pela bruxa foram ásperas e cortantes, e Dottie não podia negar que o tom falsamente cortês estava fazendo maravilhas em tirar-lhe do sério. Mas não era, nem de longe, a primeira vez que as ouvia. ━━ Eu prezo pela qualidade dos leitores, não pela quantidade. ━━ Rebateu, a voz ligeiramente afetada nos dizeres daquilo que lhe era quase um mantra. Enquanto umedecia os lábios, a mente vagava por todas as gracinhas que já havia presenciado desde que começara a produzir a gazeta. Dottie, porém, acabou sorrindo. ━━ Mas concordamos em uma coisa: a convicção que carrego de mim mesma não é menor do que as palavras da Rita Skeeter. Ou das suas. Que, por sinal, daria uma ótima Sonserina. ━━ pontuou, ainda que não fosse bem um elogio. ━━ Aliás, sinto muito que sua visão de professores que tratam os alunos com respeito e acolhimento te pareça criancice, de verdade. Deve ter sido uma adolescência muito solitária. Não me admira que pense que estamos sempre a ponto de chorar, sabe... às vezes a gente projeta nos outros aquilo que a gente sente. ━━ só por deboche, deu uma olhadinha nas unhas ao findar da última frase, imitando-a deliberadamente.