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Quando vier a Primavera, Se eu já estiver morto, As flores florirão da mesma maneira E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada. A realidade não precisa de mim. Sinto uma alegria enorme Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma Se soubesse que amanhã morria E a Primavera era depois de amanhã, Morreria contente, porque ela era depois de amanhã. Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo? Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo; E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse. Por isso, se morrer agora, morro contente, Porque tudo é real e tudo está certo. Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem. Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele. Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências. O que for, quando for, é que será o que é.
Alberto Caeiro
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Vejo as paisagens sonhadas com a mesma clareza com que fito as reais. Se me debruço sobre os meus sonhos é sobre qualquer coisa que me debruço. Se vejo a vida passar, sonho qualquer coisa.
De alguém alguém disse que para ele as figuras dos sonhos tinham o mesmo relevo e recorte que as figuras da vida. Para mim, embora compreendesse que se me aplicasse frase semelhante, não a aceitaria. As figuras dos sonhos não são para mim iguais às da vida. São paralelas. Cada vida — a dos sonhos e a do mundo — tem uma realidade igual e própria, mas diferente. Como as coisas próximas e as coisas remotas. As figuras dos sonhos estão mais próximas de mim, mas (…)
s.d. Livro do Desassossego por Bernardo Soares. Vol.II. Fernando Pessoa.
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"Se não me mexo, se não viajo, tenho como todo mundo minhas viagens no mesmo lugar, que não posso medir senão com minhas emoções, e exprimir da maneira mais oblíqua e indireta naquilo que escrevo. E minha relação com as bichas, os alcoólatras ou os drogados, o que isso tem a ver com o assunto, se obtenho em mim efeitos análogos aos deles por outros meios? O que interessa não é saber se me aproveito do que quer que seja, mas se tem gente que faz tal ou qual coisa em seu canto, eu no meu, e se há encontros possíveis, acasos, casos fortuitos, e não alinhamentos, aglutinações, toda essa merda em que se supõe que cada um deva ser a má consciência e o inspetor do outro. Eu não devo nada a vocês, nem vocês a mim. Não há nenhuma razão para que eu frequente seus guetos, já que tenho os meus." Gilles Deleuze
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(...) E a vida vai tecendo laços, Quase impossíveis de romper: Tudo que amamos são pedaços vivos de nosso próprio ser
A vida assim nos afeiçoa, Prende. Antes fosse toda fel! Que ao mostrar às vezes boa, Ela requinta em ser cruel…
Manuel Bandeira
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"Começamos com uma vaga inquietação mental, como a de uma criança a perguntar 'Por quê? ’. A questão da criança não é a de uma pessoa madura; ela expressa perplexidade em vez de um pedido de informações precisas. Então os filósofos perguntam 'Por quê? ' e 'O quê? ’ sem saber claramente quais são as suas perguntas. Eles estão expressando um sentimento de inquietação mental… ” — Ludwig Wittgenstein, Palestras: 1930-1932
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"A filosofia não faz perguntas para encontrar respostas. Ela as faz para questionar as respostas estabelecidas."
Darío Sztajnszrajber
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Quando toda a esperança for perdida até à fria secura das lágrimas e já nem a última borboleta tiver asas para incendiar o musgo dos dias, quando na boca apenas caiba a amargura das palavras sepultas na memória como num lago a imagem do silêncio, grava ainda um sinal na face dorida do sonho e torna tangível o sorriso da noite.
antónio arnaut
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O campo é onde não estamos. Ali, só ali, há sombras verdadeiras e verdadeiro arvoredo. A vida é a hesitação entre uma exclamação e uma interrogação. Na dúvida, há um ponto final. O milagre é a preguiça de Deus, ou, antes, a preguiça que Lhe atribuímos, inventando o milagre. Os Deuses são a encarnação do que nunca poderemos ser. O cansaço de todas as hipóteses…
s.d. Livro do Desassossego por Bernardo Soares.
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“Recomeçar” (ou Faxina na Alma)
Não importa onde você parou, em que momento da vida você cansou, o que importa é que sempre é possível e necessário “Recomeçar”. Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo. É renovar as esperanças na vida e o mais importante: acreditar em você de novo. . Sofreu muito nesse período? Foi aprendizado. Chorou muito? Foi limpeza da alma. Ficou com raiva das pessoas? Foi para perdoá-las um dia. Sentiu-se só por diversas vezes? É por que fechaste a porta até para os outros. Acreditou que tudo estava perdido? Era o início da tua melhora. . Pois é! Agora é hora de iniciar, de pensar na luz, de encontrar prazer nas coisas simples de novo. Que tal um novo emprego? Uma nova profissão? Um corte de cabelo arrojado, diferente? Um novo curso, ou aquele velho desejo de apender a pintar, desenhar, dominar o computador, ou qualquer outra coisa? Olha quanto desafio. Quanta coisa nova nesse mundão de meu Deus te esperando. Tá se sentindo sozinho? Besteira! Tem tanta gente que você afastou com o seu “período de isolamento”, tem tanta gente esperando apenas um sorriso teu para “chegar” perto de você. . Onde você quer chegar? Ir alto. Sonhe alto, queira o melhor do melhor, queira coisas boas para a vida. pensamentos assim trazem para nós aquilo que desejamos. Se pensarmos pequeno, coisas pequenas teremos. Já se desejarmos fortemente o melhor e principalmente lutarmos pelo melhor, o melhor vai se instalar na nossa vida. E é hoje o dia da Faxina Mental. . Joga fora tudo que te prende ao passado, ao mundinho de coisas tristes, fotos, peças de roupa, papel de bala, ingressos de cinema, bilhetes de viagens, e toda aquela tranqueira que guardamos quando nos julgamos apaixonados. Jogue tudo fora. Mas, principalmente, esvazie seu coração. Fique pronto para a vida, para um novo amor. Lembre-se somos apaixonáveis, somos sempre capazes de amar muitas e muitas vezes. Afinal de contas, nós somos o “Amor”. . – *Paulo Roberto Gaefke, em Meu anjo (website)./e no livro ‘Decidi ser Feliz’. Edições do autor, 2002.
Nota: O poema é erroneamente atribuído ao poeta Carlos Drummond de Andrade, sob o título ‘Recomeçar”. Não é de Drummond. O título do poema “Recomeçar” (ou “Faxina da alma”) é de Paulo Roberto Gaefke, escrito em 2002. E pode ser encontrado no site do autor Meu anjo. e consta no livro do autor ‘Decidi ser Feliz.’. Edições do autor, 2002.
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"Há beleza bastante em estar aqui e não noutra parte qualquer." – "Poemas Inconjuntos". Poemas Completos de Alberto Caeiro, Fernando Pessoa. Trata-se de uma recusa sutil das abstrações, um convite para a ética do real: enxergar o que se revela, tal com se revela, exatamente onde se está.
A poesia de Caeiro é um gesto de retorno ao fenômeno imediato: a experiência presente. Talvez seja essa a forma mais lúcida – e mais bela – de habitar o mundo.
(Vanderleia Cruz, psicóloga clínica._)
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