Tumgik
poemasporlia · 8 months
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19.
Monotonia, calmaria, água bate na pedra fria.
Juventude, sol, explosão.
Me sinto confusa, coexisto com tanto e tão pouco.
A moça olha para baixo e canta, melancólica,
Eu a escuto me abraçar.
Enquanto me identifico com um livro —
O retrato de mim mesma.
Como pode um cotidiano ser tão rico de ideias?
E o concreto é fraco.
A alma é quente, a pele é fria.
A mente desperta, a língua dormente.
Os medos do futuro ceifam o presente.
E quando o tempo passar, também desejarei que tivesse oferecido a minha alma?
Para ficar eternamente jovem e triste,
E não há nada mais belo.
Exceto, talvez, de fato,
Viver.
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poemasporlia · 8 months
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Tinta fresca.
Nunca senti uma mão deslizante,
A quente no meu ombro bastava.
Até não bastar, até ir embora.
E o que eu devo fazer, agora que o perdi?
Porque eu sei que meus dias serão barulhentos, mas de que tudo importa se a cada mês alguém se silencia?
De que importa, se eu não tenho p seu “olá” do dia-a-dia?
O que devo fazer quando um sorriso se esvai, e um gêmeo desvia o olhar?
Meu peito quebra com a maldade do afastamento.
Volte, cante para que eu durma e tenha um sono tranquilo, sabendo que tenho você de volta.
Minha garganta coça.
Você sente minha falta?
Talvez o que me reste para ficar bem seja um tipo diferente de toque,
Mas eu sei que não é.
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poemasporlia · 2 years
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- Noite.
Brilho escarlate, céu meridional
Eu te vejo diante de uma brisa sazonal
Cabelos longos cor de ébano, olhos amendoados
Levemente fechados, protegidos.
Eles não me veem, aqui perdida
Aqui te procurando, implorando
Sustentando meu amor com base em nada
Fundado em segredos, mascarado em mel e açúcar.
Amor esse nosso sem testemunhas
Ninguém a não ser eu e você
E algo acima de todos - ou abaixo.
Esse algo que te assombra, que te deixa arisca
Que me afasta, que nos mata
Me quebra como uma promessa, aquela que ouvi de sua boca
Enquanto estava junto à minha
Você não lembra? Ou finge.
Significado nulo, você diz. “Assim como seus olhos”, eu sussurro
Seus lindos olhos escuros que brilhavam
Agora apagados, como uma lembrança.
Mas continuo te olhando, linda como a noite
Até você desaparecer, e eu acordar do meu sonho
Para viver meu pesadelo
Vendo você com ele, cravejada em diamantes opacos
E eu, esboçando um sorriso vazio em trapos
Implorando por seu olhar, que nunca chega
E recebendo a frieza que me destrói inteira.
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poemasporlia · 2 years
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saudade.
Quando você está sozinho
Com seus pensamentos no quarto
Perfume das flores como as fotos em sua memória impregnadas
Você pensa sobre tudo, e ninguém pode parar esse ciclo
O ciclo que você já conhece bem, que te ajuda a se autodestruir
As lembranças que te recebem como se só você pudesse recebê-las
Uma troca justa de ansiedade com base em algo que é história
Lembranças que te abraçam e te afogam e que fazem você implorar por ar, mesmo que você minta para si mesmo dizendo que elas te amam como você as ama
Nelas habitam lugares, pessoas, vozes, sorrisos lindamente trágicos
Que te abandonaram
E agora você está aí
Sozinha
Em um quarto perfumado por flores mortas
E você não vai conseguir revivê-las, mas jogá-las fora não é uma opção
Mesmo que te adoeça
Mesmo que elas congelem seu quarto e sua respiração
Ao som de uma melodia mentirosa.
Lia B.
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poemasporlia · 2 years
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Poema confuso e feio sobre ansiedade.
Tic, tic, tic
Inspire, tic, tic
Expire, tic
O chão bem que poderia abrir
- Todo dia assim, nunca acerto
Ouça - o som dos outros que não sou eu
E porque não sou eu?
Tic, tic, tic
O barulho do tênis surrado batendo no chão
Tum, tum, tum
O batimento cardíaco acelerando e deixando o medo entrar
Algumas gotas que eu não consigo identificar
O mundo começa a desacelerar
A se organizar
Se artificializar.
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poemasporlia · 3 years
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Amor-Brasa
Seu amor é como brasa,
Pequeno e quente.
Seu temperamento como sonho,
Irreal e instável, às vezes pesadelo.
Como posso me deixar enganar
Por você em seu todo...
Quando suas partes são horrendas?
Quando me mente pareço gostar,
Não ouso não acreditar.
Acreditar significaria te perder,
Isso não vou aguentar.
Como uma tola me rasgo
Por alguém tão raso.
Porque, querido, seu amor-brasa
É o único calor que conheci.
Como um faminto que se contenta
Com farelos de comida.
Porque eu nunca tinha ouvido música,
E você era uma breve e incompleta melodia.
Notas desmembradas.
Me odeio por te amar,
Te odeio por não me amar,
E porque te amo, te odeio.
Você é a minha maior incógnita.
Um problema sem solução.
Te odeio por não me deixar
Aqui chorando esboçando um sorriso.
Porque seu amor-brasa me queima,
Fere toda minha vida.
Lia B.
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poemasporlia · 3 years
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Abandono
Por que não me ama?
Por qual motivo não me quer?
Não tenho ninguém,
Dependia de você.
Foi por causa daquele dia?
Tão frio e tão insípido,
Como você ao me deixar
Aqui sozinha.
Foi por minha causa?
Não te amei o suficiente?
Minha máscara caiu? —
Mostrei meus incontáveis defeitos?
Todos os dias: Por quê? Por quê? Eu grito.
Por quê? Por quê? Eu choro.
Até quando? Me pergunto.
Em pouco tempo eu desmorono.
Lia B.
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poemasporlia · 3 years
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Epopeia Corriqueira
Quando a maré
Chega à areia
Em forma de poesia
E o vento
Movimenta as folhas
Imitando uma melodia.
Quando a brisa
Chega como um sussurro
E a tertúlia
Ocorre como um desabafo
Quando o poemário
Gera uma epifania
E outros momentos que nem sei lembrar
Descritos com palavras que nem sei soletrar.
São esses
Momentos sublimes
Emoções efêmeras
Momentos descritos com tamanha eloquência
Que parecem não fazer parte de cenários simples
Que acontecem a todo momento
Mas com a beleza de uma epopeia.
Lia B.
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poemasporlia · 3 years
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“Ela sentiu a textura de suas palavras escritas ao passar seu dedo e questionou a intensidade das frases que já escreveu e irá escrever; e sua integridade. Com o silêncio retumbante em seus ouvidos, refletiu sobre o quão rasas são suas palavras comparado à profundidade de seus sentimentos e sonhos que nem ela entende ou ousa colocar em palavras, visto que não fariam jus ao que ela guarda dentro de si em um lugar reservado só para ela”
- Eudória
Lia B.
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poemasporlia · 3 years
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O Porta-retratos da minha avó
Em uma casa familiar eu vejo um porta-retratos,
Como já dizia a minha avó: É um passado emoldurado.
Nele residem memórias parcialmente esquecidas,
Pois por finadas pessoas elas foram vividas.
Percebo se tratar de um objeto antigo e empoeirado...
Reconheço o rosto de minha avó por trás de seu vidro,
Mas na foto também jaz rostos de meninas desconhecidas.
E na moldura há um bonito adorno de ametistas.
Embaixo da moldura de madeira há uma placa de metal,
Com lindos traços de flores feitos à mão,
Minha avó me diz que é um retrato sentimental.
Observo mais de perto aquela pequena moldura oval.
Minha avó assiste de longe com saudade e solidão,
Ao lembrar-se das meninas e de seu próprio sorriso jovial.
Lia B.
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poemasporlia · 3 years
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Como eu me permiti chegar a esse ponto?
Porque me sabotei desse jeito?
Sinto que vou explodir, e talvez prefira assim.
Virar uma supernova, ou lixo espacial.
Ou nada.
Talvez seja melhor assim.
Sinto que vou chorar.
Sinto meu peito doer.
Sinto-me implorar. Pare.
Mas como parar?
Como mudar?
Como não me odiar?
Só queria sumir.
Explodir, morrer, desaparecer.
Não importa.
Mas posso apenas me iludir
de que tudo ficará bem.
Mesmo que tudo só piore.
Um poema passivo-agressivo
Lia B.
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poemasporlia · 3 years
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sangue escarlate
e o amanhã
agraciado com uma calma maré será?
ou uma forte nevasca novamente
presente estará?
em um redemoinho formado
onde tudo de bom
é reciclado e transformado
em sua pior versão.
me pergunto quanto voltará a ser azul
esse perigoso céu vermelho escarlate
onde em vez de canto de canários
ouço um grave lamentar.
mas, aceitando de bom grado essa dor
que as estrelas me fizeram carregar,
de que modo devo continuar?
tudo que faço, vejo e ouço
está manchado com sangue,
sangue de outros e por outros,
mas que mesmo assim não o faz menos
vermelho e ameaçador
e mesmo lutando, essa dor escarlate que assumi
como minha mancha cada pedaço de
minha inocente carne.
Lia B.
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poemasporlia · 3 years
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“E eis que a noite me chama e sussurra ‘Me observa e aprenda comigo, pois a beleza que você vê em mim hoje, simplesmente por em mim perdurar o escuro com a claridade de milhares de estrelas que descansam no céu, é a mesma beleza subjetiva e deslumbrante que se encontra em tudo e todas as coisas e age como um coração solitário esperando para ser notado e tido como digno’”
- Eudória (trecho que eu gosto)
Lia B.
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poemasporlia · 3 years
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Ferida incurável
Nesta fria manhã
Me vejo perdida,
De forma inusitada,
Me sinto ferida.
Como um pássaro,
Que ao cantarolar
Se encontra calado
Por um ferimento e pesar.
Súbito como surpresa,
Quieto como a solidão,
Chocante como a perda,
Triste como o fim daquela canção.
Ferimento este que não vem de arma,
Ferimento este que é mais profundo,
Não me acostumo mas não me abandona,
Atravessa meu peito e queima como fogo.
Mas, ao mesmo tempo, é frio como gelo.
Onipresente, às vezes não o percebo.
Adormecido, quando acorda cala minha risada,
Quase choro pela pancada.
Choro porque não sei o que faço.
Porque isso não me abandona?
Me trato, me curo, me rasgo.
Porque ninguém me ajuda?
Sou eu que sou danificada,
Por, com o trauma, essa tristeza me seguir?
Posso tentar gritar mais alto, de certo ajuda.
Mas de que adianta sem ninguém para ouvir?
Como o pássaro caio, em uma queda fatal.
Assim como ele sangro e me perco.
Junto a ele me junto sem astral,
Olhos vidrados observando nossa ruína.
Lia B.
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poemasporlia · 3 years
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Melancolia
Gosto de acreditar que noite como esta não existiu e nem mais existirá
Gosto de imaginar que tal tristeza não mais me acometerá
Gosto de pensar que isso vai passar
Que sou um bonito girassol esperando o sol voltar a raiar
E se isso não é for verdade? Nada disso.
E se eu continuar a me encontrar desamparada e solitária,
Insatisfeita e mal-amada?
Como deixar de lado este sentimento que me consome por inteiro? Como fazer valer a pena?
Como parar de me afastar de outros e de mim mesma? Como transparecer a energia que guardo?
Quero voltar a cantar, rir, dançar e chorar
Mas apática me torno, vazia eu me encontro
E do mundo só quero me desligar
E quando minha mente recupera o foco, o fôlego
Me falta confiança e ânimo para continuar
E a melancolia retorna ao seu lugar
E seu show tem que continuar
Onde eu sou cenário, observando
Mas querendo ser protagonista
E assim luto comigo mesma
Me matando aos poucos
Lia B
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poemasporlia · 3 years
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Palavras não ditas
Sempre achei que palavras fossem minhas aliadas
Mesmo que não conseguisse para outros expressá-las
Atos também acho que me falte
Mesmo que dentro de mim, eu grite
Grite de angústia pelos meus sentimentos a sete chaves guardados
Eu grito mas nem um sussurro eu falo
Quero gritar de tudo um pouco
Por dentro eu grito tão alto e por fora me calo
Por fora nem existo e por dentro sou um dicionário
De palavras não ditas
A tudo me aparento apática, por dentro há um tsunami de lava
E a cada palavra que não digo, eu queimo
Ou coloco em um papel, que se deteriora com o tempo.
Lia B.
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poemasporlia · 3 years
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Nela eu vejo uma flor desabrochando
Vejo nela um olhar de mil anos atrás
Olhar ancestral de descobrimento
Nela eu vejo a inocência de vários sábias
Nela eu ouço um grito tribal
Por ela eu começaria uma guerra
Ouço nela uma orquestra instrumental
Por ela eu seria uma penetra em minha própria festa
Com ela tudo faz sentido
Mesmo não fazendo sentido algum
Com ela tudo de errado pode dar certo
Com ela tudo é nada
Nada é tudo
Ela sendo ela se torna tudo
- Eudória
.Lia B
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