“Maldade alheia nĂŁo justifica a sua, isso Ă© somente uma desculpa para ser mais um cuzĂŁo como tantos que existem por aĂ, cometendo as piores atrocidades e se desculpando “há fizeram isso comigo.” Se fizeram mais um motivo para mostrar sua superioridade em relação a isso.”
— Rodrigo Heros Â
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Somos homens. E eu vou usar linguagem "de homem", p'ra tentar ficar mais claro. NinguĂ©m nos apalpa no caminho do banheiro, na balada, puxa nosso cabelo ou nosso braço, ou sussurra "vagabundo" no pĂ© do nosso ouvido apenas porque queremos mijar. NinguĂ©m nos encoxa no metrĂ´ ou no Ă´nibus, goza na nossa calça ou no nosso ombro, filma escondido a gola da camisa e publica em site pornĂ´. NinguĂ©m fotografa nossa bunda e envia por Whatsapp. NinguĂ©m coloca câmera escondida p'ra filmar por baixo de nossas bermudas na rua. NinguĂ©m pega foto do nosso pau ou vĂdeo gravado transando p'ra tirar onda com as amiguinhas de como nĂłs somos gostosos e que vagabundos nĂłs somos. NinguĂ©m se vinga de fim de relacionamento expondo nossa intimidade na Internet, p'ra familiares, amigos, chefes. Nenhum taxista, por mais bĂŞbado que estivesse, me levou p'ra um matagal em vez do destino que pedi. Nunca fui seguido na rua, voltando do trabalho, e temi coisa alguma senĂŁo perder o celular ou a carteira. Nenhuma mulher nojenta ficou se lambendo ou esfregando a mĂŁo enquanto eu atravesso a rua. Nenhum assaltante jamais enfiou a mĂŁo na minha calça ou tentou me beijar Ă força. NinguĂ©m nunca me ameaçou a vida depois de uma bota. NinguĂ©m nunca ameaçou meu emprego a troco de sexo. Nunca tive medo de circular de noite ou de dia e ser vĂtima de um estupro. Meu salário Ă© oferecido de acordo Ă minha qualificação e estado do mercado. SĂł. Minha liberdade sexual Ă© garantida pelos bagos que carrego, e, inclusive, quanto mais mulheres eu colecionar, mais foda eu sou. NinguĂ©m espera que eu largue o trabalho e dedique minha vida a filhos, quando eles nascerem. NinguĂ©m vai me chamar de puto se desejar tomar uma cerveja no fim do expediente. NinguĂ©m vai criar qualquer conceito sobre mim senĂŁo baseado nas minhas reais atitudes. EntĂŁo, fera, veja em quantos pontos supracitados vocĂŞ se enquadra e me conta como Ă© bacana a vida sem essa violĂŞncia indireta ou direta, como Ă© simples viver assim. Lembra desse papo quando nomear "vitimismo", "mimimi", "falta de rola", "louça p'ra lavar", enfim, os clichĂŞs que a gente conhece bem. NĂŁo precisa pensar na desconhecida nĂŁo: pensa na sua mĂŁe, sua irmĂŁ, sua companheira, sua filha... Faz o mais forte exercĂcio de empatia do mundo, que Ă© se colocar no lugar delas, volta aqui e me chama de "feministo". Aguardo ansiosamente.
Um Amor essencial para esse post
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