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Letícia Nascimento
11 posts
Jornalista especialista em Comunicação com o Mercado, Nanodegree em Marketing Digital e pós-graduanda em Gestão Cultural
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Sobre
Trabalho com comunicação há mais de dez anos, com ampla experiência em redação, pesquisa, planejamento, produção de conteúdo, roteiros institucionais e publicitários, redes sociais e assessoria de imprensa.
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Qualificações
Roteiro, revisão e redação; 
Pesquisa e planejamento; 
Fotografia; 
Inglês intermediário;
Espanhol intermediário;
G Suíte; 
Pacote Office Avançado (Word, Excel, Power Point); 
Pacote Adobe Intermediário (Indesign, Premiere, Photoshop); 
Carteira Nacional de Habilitação: Categoria B.
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Contato
Telefone: (43) 99616-5999
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Crônicas
Algumas crônicas escritas para o site: Crônicas de Categoria.
Bolhas
Já faz um tempo que o termo “bolha” tem pairado nosso imaginário. É como se cada um fizesse parte de uma bolha, que divide com outras pessoas que convivem juntas, consomem ou se interessam por determinadas coisas, etc.
E, agora na pandemia, parece que as bolhas foram ainda mais escancaradas e a palavra tem se encaixado em mais possibilidades.
Pode ser a bolha que vestimos antes de sair de casa. Máscara no rosto, álcool em gel nas mãos, “fique longe, por favor”. Fala sério: se você pudesse também adoraria, de fato, ter uma bolha para entrar e ficar mais seguro no supermercado. Eu super teria, ao melhor estilo Jimmy Bolha.
A bolha extrapolou as redes sociais – aquela de quando a gente diz que não viu ninguém defendendo o uso da cloroquina, por exemplo, porque ninguém da nossa bolha é idiota assim – e passou a ser também “quem é você na quarentena”.
Se você está em casa há mais de 70 dias, evitando contato com outras pessoas, saindo em situações de emergência ou para coisas essenciais, você está em uma mesma bolha que eu. Às vezes, parece que só a gente faz parte dessa bolha. A gente se sente um tanto idiota quando precisa sair na rua e vê que as pessoas estão vivendo a vida normalmente, ou quando o vizinho babaca faz festinha com os amigos até de madrugada.
Neste mesmo patamar, tem a bolha dos que não acreditam na pandemia. Eles vivem em um universo onde a covid-19 é uma invenção, é coisa da “extrema mídia” para acabar com o “mito”. Tem gente dessa bolha que ainda está dentro de algumas outras, como a daqueles que, por exemplo, acreditam que a terra é plana.
Em outra bolha, estão aqueles que encaram a pandemia de frente. Pessoas que trabalham nos hospitais e veem morrer gente todos os dias por uma doença que só algumas bolhas respeitam ou temem. Essa bolha tem sofrido ainda mais com tudo o que está acontecendo, mas como estão ainda mais isolados, pouca gente percebe.
Ainda, neste momento de tantos acontecimentos, tem a bolha dos que estão cansados de sentirem na pele que suas vidas não importam tanto quanto outras para muita gente. Essas pessoas tem precisado escancarar verdades para as bolhas que não acreditam no sofrimento delas como, em um exemplo, para a bolha do “racismo não existe”, e bater – se possível queimar – a bolha nojenta dos que são, de fato, seus algozes.
Com a pandemia, percebemos mais como as bolhas estão, realmente, presentes na sociedade. Como a falta de empatia faz muita gente ficar presa na sua bolha de achismos e preconceitos; como a maldade, pura e simples, faz com algumas bolhas ataquem outras de formas vis; como a impotência torna algumas bolhas tristes e incapazes de saber o que fazer para reagir.
No fundo, as bolhas nada mais são do que as paredes com que nos cercamos para encarar a existência. Resta a você definir em qual delas quer fazer morada.
É tempo de reconhecer privilégios
Quase não saí de casa nos últimos 55 dias. Eu, que já estava desenvolvendo alguns TOCs como lavar a mão diversas vezes ao dia, fujo da covid-19 como o Bolsonaro fugiu de seus debates.
Não ter saído durante esse tempo gerou muita coisa: tédio, angústia, revolta, saudade, mais tédio e, principalmente, tempo para refletir e reconhecer meus privilégios.
Tem uma frase que eu gosto muito, dessas que viralizam na internet sem a gente saber o autor:
“Apenas duas coisas podem salvar o Brasil: consciência de classe e interpretação de texto”.
E ter consciência de classe, além de saber o que você e sua força de trabalho representam na sociedade, é também entender os privilégios que você tem dentro dela.
O Brasil tem uma desigualdade inadmissível, porém real, e a pandemia escancarou ainda mais tudo isso. Enquanto algumas pessoas podem trabalhar em casa, como eu e muitos conhecidos, outras não podem fazer a mesma coisa. E não podem não necessariamente porque não desejam, mas porque perderiam seus empregos, que são essenciais para suas subsistências.
Claro que tem uma horda de gente que não quer aceitar a veracidade do vírus e ligou um grande foda-se para todas as outras pessoas, mas muita gente tem ido trabalhar com medo, não apenas de ficar doente, mas de não ter mais trabalho se não seguir o baile.
E, eu, entediada, cansada de ficar em casa, fazendo delivery para tudo, me pego às vezes chorando quando penso nessas pessoas. E reconheço os inúmeros privilégios de ter a minha vida afetada, sim, claro, mas segura.
É o privilégio de ter uma casa, para começo de conversa, e poder trabalhar nela, com instrumentos que permitam isto; é ter computador e celular com conexão à internet para fazer pagamentos e pedidos online, e receber tudo em casa sem ter que enfrentar aglomeração; é morar junto com uma pessoa que amo e não estar passando sozinha por esse momento; é ter o que comer todos os dias e, inclusive, ter guloseimas para quando a ansiedade ataca; é ter acesso às informações e cognição para interpretá-las, além de poder usufruí-las para me cuidar e alertar outras pessoas; é ter consciência de classe e entender todos os meus outros privilégios e ficar muito triste e arrasada, mas ao mesmo tempo com possibilidade de ajudar os outros o quanto for possível…
Eu poderia escrever muitos outros privilégios que identifiquei nos últimos dias. O principal deles, no entanto, foi o de que até agora – quando o nosso país já extrapolou 10 mil mortes oficiais pela covid-19 – ninguém da minha família ficou doente.
Porque estar saudável neste momento é um grande privilégio, mas também motivo de gratidão e súplica: se puder, se a junção dos fatores que te trouxeram até este momento permitir, fique em casa.
Se você está revoltado(a) por não poder fazer determinadas atividades que antes eram comuns na sua vida; se você acha que o tédio é a pior coisa que poderia estar vivendo no momento; ou se você ainda não pensou sobre nada disso, aceite o meu convite e tire uns minutinhos do seu dia para refletir sobre tudo. Olhe pela janela e imagine o que acontece ao seu redor e, principalmente, fora da sua bolha.
Agora, mais do que nunca, é tempo de reconhecer privilégios.
Despedida
O coração vira mar revolto quando a morte chega. Sem prenúncio, uma onda arrebenta no peito, faz arder a alma e o corpo, pequeno, se rompe em lágrimas. O sal que escorre na pele quente corrói. A dor é tão grande que mal dá pra suportar. Perder alguém é tsunami após um longo banho de sol. Perder alguém é oceano fundo e gélido que não dá pé.
O aroma das flores se mistura com a ausência. Falta espaço para mensurar a tristeza. O luto preenche cada centímetro do organismo com um novo tipo de solidão. O luto pesa. Um peso que torna impossível o simples ato de respirar. O cheiro da morte queima e deixa o pranto repleto de cinzas.  
A saudade é mar calmo quando a vida esvai. As lembranças povoam os pensamentos. Rosto, sorriso, momentos, abraços, conjecturas. Tudo vem à tona lentamente, como se as memórias navegassem soltas pelas águas do universo. O adeus é impossível; o até logo vem acalentar. Se despedir de alguém é revoada de andorinhas no céu. Se despedir de alguém é tesouro perdido no fundo do mar.
O poder do não
Se tem algo revolucionário nessa vida é aprender a dizer não. Uma simples palavra, três letras: não. Um advérbio poderoso, capaz de solucionar problemas, reverter escolhas, impedir besteiras, garantir sossego, entre muitas outras coisas com as quais precisamos lidar, cotidianamente, até o fim dos dias.
Me lembro de como era difícil, pra mim, dizer não para alguém. Um misto de culpa e ansiedade, que me fez carregar fardos quase insustentáveis, dos mais variados possíveis, apenas para não desapontar outrem. Foi preciso um bom tanto de terapia, com a maturidade que só o tempo traz e um bocado de coragem para começar a exercitar esse novo poder. E quando comecei, não consegui mais parar.
Não vou. Não quero. Não insista. Não preciso. Não vale a pena. Não é necessário. Não, obrigada. Não. Não é não!  
Acredite, é libertador. Aprender a dizer não me salvou de momentos indesejáveis, de situações que me faziam mal, de gente folgada, de dores de cabeça desnecessárias. É muito mais do que, simplesmente, ir contra a algo. É ser a favor dos seus sentimentos e desejos e não às expectativas dos outros.
É claro que você não precisa falar não para tudo e todos, a todo momento. É apenas compreender que não é covardia não ir naquele evento mega badalado se você não está tendo um bom dia; ou que você não precisa conversar com aquela pessoa que sempre fala alguma coisa que te deixa mal; ou que você não precisa aceitar aquela proposta que você sabe que vai te consumir imensamente só para manter a ideia de super produtividade, etc.
Dizer não para pessoas e situações que você sabe que te prejudicam ou vão te afetar negativamente de alguma forma é uma benção. É um presente a si mesmo e à pessoa que você está se tornando.  
Por isso, sempre que eu posso aconselhar alguém – imperfeita que sou, com tanto a aprender e a melhorar – eu nem penso duas vezes:
Você já aprendeu a dizer não?
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Redes Sociais
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Dra. Andrea Donati Neukirchner
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Roteiro e Direção
Escrevi e dirigi os curtas-metragens “Onde o Coração Canta”, prêmio de Melhor Filme pelo Júri Popular do 17º Festival Kinoarte de Cinema, e “Quando o Verde Toca o Azul”.
Onde o Coração Canta
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Quando o Verde Toca o Azul
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Roteiros publicitários
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Textos Institucionais
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Perfis
Matérias de perfis para o Portal do Aposentado da Universidade Estadual de Londrina.
Paixão pela profissão e pela Universidade
O professor de matemática, Antônio Carlos Mastine, não consegue parar de trabalhar
Uma das satisfações da vida do professor de matemática, Antônio Carlos Mastine, foi ter acompanhado de perto o crescimento da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Em agosto de 1974, começou sua história na UEL que, mesmo com 36 anos de trabalho, permanece após a aposentadoria. Matemático por formação, com mestrado em matemática e física, Antônio dá aulas de cálculo e matemática financeira nos cursos de ciência da computação, química e administração, até hoje.
Nascido em Lupércia, interior de São Paulo, Mastine foi mecânico de avião, na extinta Vasp, antes de decidir ser professor de graduação. Na UEL, passou por diversos setores e cargos, como chefe do departamento de matemática, diretor e vice-diretor do Centro de Ciências Exatas (CCA), coordenador da CAI (atual Prograd), presidente da COPESE e do Conselho Universitário. Por tempo de trabalho – além da UEL, deu aulas em um colégio em São Paulo, no Marista e na Unifil, em Londrina – aposentou-se em 2005, mas trabalha como professor temporário, atualmente, em um turno de 20 horas.
“Eu vivi dentro da UEL, vi a Universidade crescer, quando ainda existiam poucos prédios e muito café em volta. Gosto muito do meu trabalho”, diz o professor, que complementa: “Assumir cargos administrativos, trabalhar na estrutura do departamento é mais complexo do que dar aulas”. Antônio trabalhou com todos os reitores que passaram pela Universidade. Com tanto tempo de “casa”, obviamente, viu e participou de muita coisa. “Participei de muitas greves, vi a evolução da Universidade. No começo, a gente trabalhava muito pra conseguir uma TV para sala de aula, e tinha que ser usada. Tínhamos apenas o básico, como uma máquina calculadora científica. Passamos por muita dificuldade para chegar ao que é hoje”.
O professor se emociona ao lembrar de tudo o que fez. “Quando vejo a evolução, fico emocionado, porque participei de tudo para fazer a UEL ser respeitada como ela é”. O ambiente universitário é maravilhoso para Mastine. “Gosto de estar na Universidade, com os jovens. Se o aposentado deixa de fazer as coisas, entra em depressão. Como surgiu essa oportunidade de voltar, eu voltei”, afirma. Como tem mais tempo livre do que quando era professor em tempo integral, Antônio pertence a um clube de Rotary, e passa o tempo em casa ou em sua chácara, com a esposa, Maria Aparecida, com quem é casado há 25 anos, e os dois filhos do segundo casamento. Ele tem outro filho com a primeira esposa, que foi responsável por sua inscrição no concurso da UEL: “Ela morava aqui perto, em Arapongas, e prestei o concurso e deu certo”, explica.
Sobre a arte de ensinar, Antônio acredita que, hoje em dia, está muito mais difícil, principalmente no ensino médio. “Os estudantes são bons, só que antigamente eles entravam com uma bagagem maior. Parece que existe uma defasagem, temos que ajudar muito mais os alunos”. No entanto, segundo ele, o preparo dos estudantes universitários é suficiente, sim. “Acho que eles saem, pelo menos, com uma boa bagagem pra se virar. A maioria dos estudantes de matemática sai para fazer mestrado, doutorado e não quer atuar no ensino fundamental e médio. E eles saem com condições de fazer isso”, conclui.
Ficha Técnica
Nome Completo: Antônio Carlos Mastine
Último Local em que Atuou: Departamento de Matemática
Natural de: Lupércia - SP
Ano de Aposentadoria: 2005
Quase um diário de memórias
As recordações do trabalho de dona Neusa Bacelar França são inspiradoras
“Eu deveria ter escrito um livro”. As lembranças de dona Neusa Bacelar França, dos 25 anos em que trabalhou no Hospital Universitário (HU), são inúmeras. Com um brilho no olhar, ela recorda pequenos momentos, várias pessoas, que de alguma forma representaram muito para ela. Casada há 50 anos com Nelson França, nasceu em Irati, no Paraná, mas morou em várias cidades antes de fixar residência em Londrina, em agosto de 1953. Morava no centro da cidade, que naquela época ainda tinha ruas de paralelepípedo. “Eu tinha vontade de estudar, mas pai não me deixou. Ele tinha aquela ideia machista de que mulher tinha que cuidar da casa”, conta. Com a morte da mãe, ela cuidou dos quatro irmãos mais novos – são oito, no total – e fez aula de corte e costura. O trabalho, porém, sempre foi sua alegria. No dia 21 de agosto de 1971, “um dia inesquecível”, teve início sua história como servidora da UEL.
Enquanto trabalhava em uma loja de confecções, descobriu um concurso para quem estivesse interessado em trabalhar no HU. “Todos entravam como atendente e, com o tempo, as funções eram divididas. Desde o começo trabalhei na cozinha”, conta dona Neusa, que optou pelo plantão noturno, pois ninguém gostava de trabalhar nesse horário. “As pessoas tinham medo de trabalhar à noite, diziam que o hospital era mal assombrado, que escutavam barulhos estranhos e passos. Mas eu sempre achei que fosse bobagem”, se diverte ao lembrar. Segundo ela, os barulhos vinham do MI (setor de males infecciosos): “As pessoas estavam com medo da punção que era preciso fazer por causa da meningite. Dói demais e eles fugiam. Vários pacientes pulavam a janela de lá e fugiam”.
Nessa época, o HU ficava na rua Pernambuco, esquina com a rua Alagoas, no centro da cidade, onde, atualmente, fica localizada a Companhia de Habitação de Londrina (Cohab-Ld). O local era pequeno e a cozinha ficava de frente com o necrotério, o que também assustava os funcionários. Ao longo de sete meses, dona Neusa ficou sozinha das 19h às 7h, noite sim, noite não, e nunca viu nada muito incomum, além de uma cobra, que entrava e saia por um buraco existente na cozinha, sempre na hora em que ela iria fritar os bifes. “O pessoal achava que a gente estava inventando coisas, mas ela aparecia sempre e saia. Alguns viram, outros diziam que era coisa da nossa imaginação”.
Das lembranças de dona Neusa, “ o dia do torpedo” é uma de suas favoritas. “Caiu um torpedo no pronto socorro e virou um caos. As enfermeiras me ligavam na cozinha dizendo: ‘Vem, Neusa, vamos embora, o hospital vai explodir’, e eu dizia: ‘Mas e os pacientes?’, e elas: ‘Ah, eles vão ficar aqui mesmo, já estão com o pé na cova’. Era tanto desespero, com medo de acontecer algo com o hospital, que elas diziam isso. Mas logo normalizou tudo e ficamos dando risada”.
O antigo HU tinha suas limitações. Além do pouco espaço, portas sem tranca e buracos, no início o fogão era à lenha. E isso já causou dificuldades à dona Neusa. “As mulheres esqueceram de guardar a lenha e estava chovendo. Quando eu cheguei e fui acender o fogo, não tinha nada e estava tudo molhado. Nesse dia foi complicado, porque não conseguia acender o fogão. Com muito custo conseguimos secar a lenha, mas demorou”. Com algumas ampliações estruturais, algum tempo depois, ela passou a ter mais serviço e aprendeu o serviço de copeira e de lactória.
“Eu não servia pra ser copeira. Porque são elas que entregam as refeições e lanches para os pacientes, e precisa ser um serviço ágil, não pode dar atenção. Mas eu parava, conversava, não conseguia não me envolver”, relembra. Ela e os companheiros de trabalho faziam vaquinha para tudo o que fosse necessário. “Se ia alguém muito pobre e precisava de ajuda, fazíamos a vaquinha, cada um contribuía com um pouquinho, mas todos ajudavam”. Porém, a vaquinha que marcou dona Neusa foi para uma paciente que estava com um desejo: “Ela disse que estava com muita vontade de comer bala de hortelã. Juntamos os trocadinhos e compramos um pacote de balas pra ela. Na noite seguinte, quando chegamos do plantão, ela havia falecido”.
O trabalho na área da saúde era glorificante, mas tinha momentos críticos. Como no dia em que uma enfermeira da pediatria, conhecida entre eles como Vietnã (pois as crianças chegavam sempre muito enfermas e raramente sobreviviam), pediu para que dona Neusa a auxiliasse. “Eu tinha que segurar a cabeça do menino, e ela começou a raspar tudo, porque ia colocar uma agulha pra criança tomar soro. Eu nunca tinha visto aqui e foi escurecendo tudo…Passei muito mal aquele dia”.
Dona Neusa teve oportunidades para mudar de posto, prestar outros concursos, mas ela gostava mesmo era da cozinha. “Fiz muitas amizades e recebi homenagens pelo meu trabalho”, conta ela que foi homenageada três vezes ao longo da trajetória. No antigo HU, as histórias foram boas durante os cinco anos em que permaneceu lá. No atual HU, que fica no bairro Cervejaria, trabalhou por 20 anos. “Era diferente lá. Maior, mais estrutura. No começo não fomos bem recebidos por quem trabalhava no local, mas o espaço era nosso também e com o tempo fomos conquistando”.
Como passava a maior parte do tempo com os colegas de trabalho, médicos e internos, nas datas comemorativas não era diferente. Dona Neusa dava um jeito para que a ceia fosse no hospital mesmo. “A gente colocava decoração de natal, se não tinha, a gente ia atrás. As mulheres e parentes dos médicos traziam pratos especiais e a gente juntava tudo. Era uma festa no hospital”. Para ela, o melhor plantão que existia ali era o dela.
Um dos problemas, porém, do turno noturno, é que nele certas coisas estão mais propícias a acontecer. Como no caso do ladrão, que estava preso e internado no HU. “Isso era bem comum, nós falávamos que os presos tinham convênio com o HU, porque sempre tinha um por lá. Uma mulher chegou com um casaco, a mão por baixo, segurando algo, com cara de dor e tudo mais. Deixaram ela entrar pra ser atendida. Mas ela não estava com dor, estava com uma metralhadora; tinha ido levar o ladrão. Eles seqüestraram um enfermeiro, usaram as roupas dele pro detento fugir e deixaram ele pelado na rua. Era pra ele ter morrido, mas o ladrão disse que ele foi muito bem servido pelo enfermeiro e deixou ele ir embora”.
Aposentadoria
Após 25 anos de serviços prestados ao HU, dona Neusa, hoje com 70 anos, não tem do que reclamar. “Foi uma das melhores coisas que aconteceram na minha vida. Faço amizades muito facilmente e todas as que eu fiz no HU me acompanham até hoje”. Em todos os aniversários, as amigas de dona Neusa se reúnem para cantar parabéns e colocar a conversa em dia. Todos os domingos são dedicados à família, quando os cinco filhos e os 14 netos vão almoçar na casa da mãe. “É sempre uma festa. Seja com as amigas do HU, com as amigas da terceira idade da igreja, com a família…”, celebra dona Neusa, que mostra um álbum repleto de fotografias que registram um pouco do que já viveu.
O dia-a-dia de dona Neusa é tranquilo. Ela cuida do marido, que sofreu um AVC há cinco anos. “O meu marido anda bem pouco, hoje em dia. Mas eu frequentava o grupo da terceira idade. Faço pinturas em panos de prato, artesanato, não fico parada”. E qual seria o seu passatempo favorito? “Ler. Eu leio muito. A primeira coisa que faço quando acordo, depois de tomar o remédio, é ler o jornal”.
Dona Neusa se aposentou devido da hérnia de disco, mas não deixa de frequentar a chácara da família e viaja bastante. Teve uma fase em que ia para o Paraguai três vezes por semana, para Aparecida do Norte e Curitiba também. Mas ainda sonha em conhecer dois lugares: “Bahia e o Rio de Janeiro”. Um sonho que, com certeza, vai se realizar em breve.
Ficha Técnica
Nome Completo: Neusa Bacelar França
Último Local em que Atuou: Cozinha do Hospital Universitário (HU)
Natural de: Irati -PR
Ano de Aposentadoria: 1995
Se ele pudesse estaria na UEL até hoje
Por seu desejo, impedido pela lei e por um problema de saúde, seu Tercílio estaria trabalhando e na Universidade
Letícia Nascimento
Com o olhar longe, o corpo bem rígido, ele esperava sentado na varanda, mais limpa impossível. Seu nome é Tercílio Graciano de Brito, está com 76 anos e aquele mundaréu de lembranças e passagens que só a vida traz. Aposentou-se pela Universidade Estadual de Londrina em 1994, mas somente porque era lei: “Trabalhei na UEL por seis anos, mas se eu pudesse, estaria lá até hoje”, afirma.
Auxiliar de limpeza, especificamente no Centro de Ciências Biológicas (CCB), seu Tercílio trabalhava no Biotério Central – local onde ficam instaladas várias espécies de animais utilizados para estudos nos cursos da área biológica. As melhores lembranças não são descritas por palavras, pois, segundo ele, os companheiros que eram bons: “Eles me faziam rir, eram amigos de verdade”, relembra.
           Ele fazia de tudo no biotério, entre ajudar a cuidar dos ratos, limpar gaiolas, alimentá-los e fazer a limpeza geral no ambiente. Um dos episódios marcantes para seu Tercílio, enquanto funcionário da UEL, ocorreu logo que entrou, em 1998:  “Assim que comecei chegaram  duas caixas grandes, cheias de sapos, vindos de Curitiba. Eu tinha que conferir todos eles, contar e colocar num caixote de concreto cheio de água. Isso foi muito difícil pra um primeiro dia, mas nada que a gente não se acostume”, diz.
Com o tempo, o trabalho de mexer com os ratos se transformou em rotina, e hoje ele até sente falta. “Eu adorava trabalhar na UEL. O clima do lugar, os companheiros e amigos, as condições de trabalho que eles sempre deram pra gente. É um ótimo lugar pra se trabalhar, mas não pude mais”. Após se aposentar pela UEL, no entanto, ele trabalhou por mais 12 anos – dois deles com o filho, em uma agência dos Correios, e outros dez como porteiro de dois edifícios. Em dezembro de 2006, parou de trabalhar por problemas de saúde.
Antes de entrar para o quadro de funcionários da Universidade, seu Tercílio trabalhou na Viação Garcia, na construção civil e como porteiro, inclusive no conhecido Edifício Comendador Julio Fuganti. Natural de Iepê, estado de São Paulo, veio para Londrina, com esposa e filhos em janeiro de 1971, à procura de emprego.
“Em São Paulo eu trabalhava na roça, em um sítio e era complicado. Perdi meu pai com 15 anos e fiquei responsável por cuidar da minha mãe e de meus irmãos até os 24 anos”, confidencia. Casou-se com a dona Eunildes Salete de Brito, de 72 anos, e foi “cuidar da vida”. Eles tiveram três filhos: Nilza, de 50 anos, Nelma, com 46 e Tercílio Júnior, de 42 anos, formado em economia na UEL. Os filhos lhes deram cinco netas. Questionado sobre a vontade de ter um neto, ele diz, sabiamente, que o que importa é a saúde da criança.
Sobre a vida, em geral, ele tem uma visão positiva: “A gente não pode dizer que a vida foi difícil, porque podia ser pior. Sempre trabalhei pra ganhar meu sustento. Quem sofre é porque sente fome”. Porém, algo incomoda física e espiritualmente seu Tercílio: o problema de saúde. “Eu tenho um marca-passo no coração. Esse problema começou e, de repente, o coração ficava quatro segundos sem bater, muito lento. Fiz a cirurgia em 2008 e agora tenho que fazer revisão a cada seis meses”, conta.
O que mais o incomoda, além da impotência de não poder trabalhar, é sentir dores e forte fadiga apenas ao tentar ir à casa do filho, na rua de trás. “E aí, eu fico assim, em casa, sem fazer nada, não tenho vontade de sair. Esses dias tenho me sentido com um desânimo, um cansaço…Parece que trabalhei o dia todo, mas não fiz nada”, lamenta.
O que anima a vida de seu Tercílio é a netinha, caçula do filho, que fica com eles pela manhã, além das visitas dos filhos nos finais de semana. Mas para ele, uma coisa é fato: “Se eu pudesse ainda estaria trabalhando”, conclui com um sorriso no rosto.
Ficha Técnica
Nome Completo: Tercílio Graciano de Brito
Último Local em que Atuou: Biotério Central - CCB
Natural de: Iepê - SP
Ano de Aposentadoria: 1994
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Reportagens para jornalismo impresso
Algumas reportagens produzidas durante o curso de jornalismo.
A feira mais livre de Londrina
Localizada na avenida Saul Elkind, a maior feira de Londrina é uma grande reunião de pessoas, verduras e importados
Passos. Muitos passos, quase ritmados, inundam a maior feira livre de Londrina. Na Saul Elkind, principal avenida dos Cinco Conjuntos, zona norte da cidade, existe um verdadeiro espetáculo que reúne feirantes, famílias, jovens e uma enorme variedade de produtos. Todo domingo, a partir das 4h, já há vida na feira. Da cenoura ao queijo, do pastel ao peixe, da panela à botina, do tapete de tricô ao DVD pirata: ali tem de tudo. Principalmente pessoas.
       “Todos os domingos, saímos da feira e vamos comer pastel. A família inteira. É uma espécie de tradição. Domingo sem feira não é domingo”, afirma Natália Teixeira, enquanto saboreia um pastel de frango com queijo.
       As barracas de pastel vivem cheias de gente, algumas com fila pela espera de uma mesa:
       “Domingo é assim mesmo. Lotado. Uma correria o tempo inteiro, tem que descansar no sábado pra aguentar a trabalheira do domingo”, desabafa, entre entregas de pedidos, o jovem André Luiz, que tem 16 anos e acorda todo domingo às 3h pra trabalhar na feira.
       “Moro aqui perto, mas levanto cedo porque a barraca abre cedo. Às 4h já tem gente comendo aqui, voltando da balada”, sorri.
       O pastel é uma das principais atrações, sem dúvidas, principalmente para os jovens. Porém, a feira em si é um chamariz para pessoas de todas as idades. Donas de casa fazem as compras de verduras da semana, jovens e crianças se perdem em meio à variedade de produtos importados do Paraguai, idosos encontram seus amigos para bate papos. É uma grande reunião.
       “Eu tenho esse espaço na feira há cinco anos. Adoro isso aqui. De todas as feiras que faço, a da Saul é a mais contagiante”, fala Mauro Rodrigues, que vende brinquedos, calculadoras, filmes e outros produtos.
       O espaço de importados, em que Rodrigues trabalha é extremamente movimentado. Em alguns momentos fica difícil se locomover. O feirante sabe do gosto dos clientes só de olhar, alguns, inclusive de cor. O tom de proximidade da feira é algo muito apreciativo. E quem vai até lá uma vez, tende a voltar.
       “Eu frequento a feira desde que sou criança, há mais de 25 anos. Morava aqui quando era pequena e vinha todo domingo com meus irmãos. Agora sou casada, tenho uma filha e venho toda semana com meu marido e com ela. Moro na zona sul, mas não faço compras de verduras em supermercados. Aqui na feira compro os produtos frescos e aproveito pra rever minha família”, relata a entusiasmada Marisangela Marcelino.
       “O que mais compro aqui é queijo, verduras e roupas pra minha filha. Muitas costureiras vendem roupas e os preços são ótimos. Tem uma barraca de queijo que não se encontra em nenhum outro lugar da cidade, fora o pastel que é uma delícia, nada supera”, complementa.
       A feira livre é tão livre que todos são bem-vindos. E nesse clima de festa e união, a feira da Saul se torna cada vez mais sólida e seus visitantes agradecem.
O templo dos leitores
Algumas pessoas passam muitas horas com livros nas mãos
Silêncio. Páginas viradas. Umas novas, outras gastas. Muitas páginas. Livros, jornais, revistas. Esse é o único som que eles querem ouvir. Estão na biblioteca. Casa da leitura. Onde o conhecimento e a informação estão ligados pela facilidade e encanto do recinto. São homens, em sua maioria. Mas também mulheres, e docemente, crianças. Vem do trabalho, de casa, da oportunidade de um emprego. À tarde, logo após o almoço, é o momento mais movimentado do dia na Biblioteca Pública de Londrina.
A sala de leitura está cheia, todas as mãos e mesas ocupadas. Eles buscam apreender o máximo nos minutos e horas que passam ali. Alguns frequentam a biblioteca há tantos anos que já a consideram um pedaço de sua casa:
“Eu venho aqui desde muito pequeno. Nem consigo definir uma idade. Passei a adolescência, a vida adulta, sempre vindo aqui”, confirma Edivaldo Rodrigues Mello, autônomo, 37 anos.
De duas a três vezes por semana, Edivaldo vai à biblioteca, e em uma hora se intera sobre o que acontece no mundo e em Londrina. Os jornais e livros técnicos são os principais atrativos em seu tempo livre:
“Como não sou formado, venho aqui pesquisar. Eu trabalho em casa, com horta, então pesquiso sobre cultivo, sobre plantas. Um pouco sobre construção também”.
Para ele, o ambiente da Biblioteca Pública é muito bom, mas como o prédio e os livros são antigos, uma reforma viria a calhar:
“A gente busca cultura aqui. Informação. Quanto mais agradável for o ambiente, melhor”, conclui.
Personagens como Edivaldo não faltam no espaço de leitura da Biblioteca. João Mathias dos Anjos, de 37 anos é outro leitor que participa dessa história. Há três meses, o vendedor de seguros chega a passar três horas na biblioteca, e não fica 15 dias sem fazer uma visita ao local:
“Eu não sabia que aqui tinha todos os jornais. Um dia, eu estava no centro, fui pesquisar classificados e descobri que dava pra passar o tempo na biblioteca. A maioria das pessoas não sabe, tem que mudar isso, divulgar mais”, opina João.
Outro frequentador assíduo, há mais de 20 anos, é o joalheiro Newton Nohal, de 30 anos. Duas vezes por semana, ele lê revistas especializadas e livros de literatura. Apesar de ir sempre à biblioteca Newton tem algumas queixas:
“Aqui tem que mudar muita coisa. A biblioteca está pobre na estrutura, na administração, o banheiro está nojento. Eu freqüentei bibliotecas, de outras cidades e são totalmente diferentes”, desabafa.
Para o joalheiro, faltam muitos livros na biblioteca, e não apenas os de literatura. Por esse motivo, ele não leva livros pra casa:
“Os livros estão muito velhos, não tem o que atraia pra levar embora. Isso é muito triste”.
A bibliotecária Rosângela Rocha, 46 anos, tenta esclarecer algumas questões relacionadas a esse sucateamento do material da Biblioteca Pública.
“O que as pessoas pedem aqui são livros mais atualizados e Best Sellers. Isso realmente é uma reclamação comum. Mas de uma maneira geral, nosso acervo atende a uma leitura clássica, nacional e internacional. Se você vier procurar o que foi publicado semana passada, não vai encontrar. E a publicação editorial é tão grande, que se for atrás de tudo nem tem espaço pra colocar”, relata.
A maioria dos livros encontrados no acervo foi doada. Mas Rosângela diz que já houve muita compra de material. Ela não esconde a frustração por não poder atender a todas as expectativas, mas frisa que a Biblioteca tem um esquema ou padrão a ser seguido:
“Se estamos propondo uma formação intelectual e social do cidadão, temos que equilibrar. E aqui é assim, tem literatura, mas também política, economia, esportes. O equilíbrio é fundamental, e dessa forma filtramos a publicação editorial”, esclarece.
A vontade de obter conhecimento, decifrar questões e entender um pouco mais do mundo levam muitas pessoas, todos os dias, a entrarem na Biblioteca. Segundo Rosângela, a catraca localizada na entrada principal registra o número de pessoas que vão em busca de (in) formação. Esse dado é obtido com base no número de pessoas que passaram pela roleta e em uma coleta diária dos registros de livros que foram emprestados:
“Tem pessoas que só entram aqui pra ler, outras que entram e levam os livros. Mas também existem as pessoas que vem acompanhando, ou para conhecer. E o pessoal que vem utilizar a internet”.
De acordo com a bibliotecária, o último levantamento feito em setembro mostra que 15.719 pessoas entraram na Biblioteca nesse mês, nos 25 dias em que esteve aberta. Um exemplo do número de obras retiradas do acervo e levadas para casa, diz respeito ao mês de julho, em que foram emprestados 1860 livros. Para Rosângela esse número é alto, assim como o de pesquisa no acervo: 10.745 entre livros e periódicos.
No Telecentro, várias pessoas entram em contato com computadores, por um prazo determinado de tempo:
“Elas fazem pesquisa, inscrição para concursos, entram em sites de relacionamento, o que precisar. É uma das coisas que movimentam bastante a Biblioteca, já que muita gente não tem acesso à internet em casa”, explica Rosângela.
A faixa etária dos visitantes da Biblioteca é outra questão interessante:
“Aqui, por experiência, vem desde crianças com os pais ou responsáveis até idosos. Tem os dias fixos também. De terça à sexta, vem bastante adolescentes, fazer trabalho ou pesquisas. As crianças vem, na maioria das vezes, aos sábados. E nas segundas vem um público mais maduro, para procurar emprego, ler jornais”.
Rosângela acrescenta que a maioria dos visitantes é de homens. Não tem uma explicação lógica para isso, e segundo ela, é o que observa com a experiência obtida há anos.
Amante de livros
Em uma segunda-feira, aparentemente como todas as outras, um vendedor de 41 anos chama atenção entre os livros. O que impressiona é o encanto com que passa as mãos em cada borda, em cada título, em cada estante. Das mãos o atrativo passa aos olhos, que ficam curiosos sobre os livros. Ele segura um exemplar já gasto, de capa dura e vermelha: Oliver Twist, clássico de Charles Dickens.
Enquanto espera para utilizar a internet no Telecentro, Cleber Rodrigues da Costa passeia entre as estantes lotadas à procura de algo para passar a hora. Há 13 anos ele vai toda semana à Biblioteca. O motivo? Amor pela leitura. Segundo ele, o melhor dos exercícios que um ser humano pode fazer:
“Gosto muito de ler. Muitas vezes venho buscar livro e em meia hora vou embora, mas tem dias que começo a ler algo aqui, marco a página e no outro dia volto. Eu acho que não leio mais pela falta de tempo e a vista já está meio cansada. Mas a facilidade da Biblioteca está no fato de ser central, isso ajuda bastante a desenvolver esse envolvimento com o ambiente” relata Costa.
Alguns dos momentos literários mais especiais do vendedor ocorreram na Biblioteca. O primeiro livro que leu, nesse sistema de marcar páginas para o dia seguinte, foi o clássico “Dom Casmurro”, de Machado de Assis. É com emoção que se recorda:
“Eu nem sabia porque não tinha lido aquele livro ainda. Sei que achei uma edição antiga, mas o livro era conservado, bonito, tinha aquele cheiro velho, cheiro bom. Eu lia dois ou três capítulos, dependendo do tamanho de cada um, no pouco tempo que eu tinha de folga naquela época. E até hoje olho pra minha filha e digo: que olhos de ressaca, e lembro de como fiquei reparando os olhos de todas as mulheres quando saí da biblioteca depois de ler aquilo. O poder de um bom livro é muito grande, muito forte”.
Cleber traz algumas reclamações junto com as boas lembranças:
“É triste não ter mais livros. Não apenas literatura, mas também pra área de vendas, administração. Os livros poderiam ser mais atualizados, inclusive o sistema de empréstimo que é com aquelas carteirinhas carimbadas. É ruim reclamar de um lugar em que você vem duas ou três vezes por semana, mas fico imaginando como seria isso aqui com mais espaço, mais livros, mais atividades. É apenas reflexo de um sonho, sabe?”.
Questionado sobre o livro de capa dura e vermelha em sua mão, ele explica:
“Vou levar pro meu filho ler. Ele está começando essa fase de gostar de ler, de se interessar. E li esse mesmo livro há alguns anos. Nesse caso, o livro ser velho vai ser interessante, como se a gente fosse partilhar isso juntos”, se emociona.
Pequena ilha de imaginação
“Oi, tia. Pode entrar”.
Eles são quatro. Mas parecem vários ou nenhum. Na gibiteca da Biblioteca Infantil – sala enfeitada e separada do restante da Biblioteca Pública - quatro crianças de 11 e 12 anos oscilam entre o silêncio necessário para acompanharem suas histórias favoritas e a necessidade de falar sobre o quanto gostam daquilo.
Sentados nas pequenas cadeiras reservadas a eles, folheiam os gibis com genuína admiração. A menina Beatriz de Souza veio acompanhar os três amigos que decidiram escapulir da aula para ir até a Biblioteca:
“Vim cuidar deles, passear, mas gosto de aprender a ler direito. Gosto de qualquer livro em português”, afirma.
Ela segura um gibi do Sítio do Pica Pau Amarelo. Emília é sua personagem favorita. Já Ailton Sampaio Lopes se identifica muito com o personagem Cascão, da Turma da Mônica:
“Ele é igual a mim. Não gosto de tomar banho de jeito nenhum. E gosto do Chico Bento, por ele ser caipira”.
Ailton vai três vezes por semana ler gibis na Biblioteca Infantil. Passa duas ou três horas lá, depende do tempo que tem disponível. Conheceu a gibiteca há aproximadamente três meses. Os personagens da Turma da Mônica, criação de Mauricio de Sousa, também estão entre os favoritos de Jonatan Sanchez Lima:
“Eu gosto do Cebolinha porque ele arma pra Mônica. Mas é a primeira vez que venho aqui, não sabia que tinha. Acho que agora vou vir sempre”, conclui.
O único dos pequenos que assinou sua sentença por estar cabulando aula foi Matheus Bonifácio:
“Eu venho aqui dependendo de quantas vezes eu mato aula. Venho ler gibi. Meus favoritos são os “Tex” que é história de bang bang”.
Entre risadas gerais, ele se defende:
“Fico aqui no tempo da aula. Eu venho pra ler, fazer o quê? Podia ser pior”.
Comunicativos, com vontade nítida de aprender novas coisas, envolvidos com o conteúdo daquelas histórias curtas e ilustradas, eles representam bem o futuro de uma nação de leitores:
“Tia, você não vai ligar na escola não, né?”
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Da terra e das mãos
Índios kaingang de Londrina retiram da agricultura e da fabricação artesanal de balaios, sua maior e precária, fonte de renda.
Letícia Nascimento e Luiz Humberto Carlomagno.
       Os índios que habitam Londrina e região retiram sua subsistência de fontes como a agricultura, o trabalho assalariado em fazendas e o artesanato. Os kaingang, que se dizem nômades, vêm esporadicamente da aldeia para a cidade, para que consigam vender os materiais que produzem.
       “São os balaios, junto com a cesta que a FUNAI dá, que ajudam a gente a viver”.
       Com essas palavras, a índia Rosana, ex-integrante da reserva do Salto do Apucaraninha, resume o modo de vida de seu povo. Ela, que hoje vive com o esposo e os filhos em Londrina, define como normal o fato dos índios não necessitarem de um lugar fixo para morar.
       “Nós, índios, somos assim mesmo. Ficamos por aí, de um lado ao outro, para vender nossos balaios e só”.
       Grande parte dos kaingang fabrica artesanato. O mais característico desses produtos é o balaio, feito com bambu retirado das terras que os próprios índios habitam. Tais balaios são criados de acordo com os símbolos de uma família. Cada detalhe elaborado representa a família que o produziu, constituindo assim, a maior diferença entre os produtos.
       O outro modo de sobrevivência utilizado pelos índios é a agricultura. Nas terras demarcadas pelo governo, inclusive na reserva do Salto do Apucaraninha, plantações de arroz, milho e feijão são bastante encontradas, pois caracterizam a dieta dos índios da região.
       Segundo o administrador executivo regional da FUNAI, José Gonçalves dos Santos, são criados projetos agrícolas anualmente, que levam em consideração o relativo crescimento da população.
       “Como a população está crescendo bastante e nem sempre os projetos desenvolvidos pela FUNAI são apoiados, esse auxílio fica bem aquém ao que seria esperado”, pondera.
De acordo com Santos, as cestas básicas, que até 2006 costumavam chegar à FUNAI para serem distribuídas a todas as famílias indígenas, vieram apenas duas vezes ao longo desse ano e foram destinadas às famílias mais necessitadas entre elas; tal relação de famílias é liberada pelo cacique da aldeia que repassa as principais informações aos órgãos públicos.
       Outras fontes de renda para os kaingang de Londrina serão os novos projetos de auto-sustentabilidade realizados na reserva do Salto do Apucaraninha, com recursos provenientes da Indenização da Copel, avaliada em 14 milhões de reais.
       Os índios de Londrina, que muitas vezes se valem da caridade das pessoas para aumentar seu sustento, garantem sua sobrevivência, portanto, por meio de suas habilidades artísticas, agrícolas e através da ajuda, quando possível, da FUNAI. Porém, fica óbvio ao se analisar as condições de vida da maioria desses índios, principalmente dos que vivem fora da aldeia, que não é fácil para eles manterem-se na sociedade vigente.
Uma primavera, duas primaveras, muitas primaveras…
A primavera marca as pessoas pela beleza das flores, pela passagem de mais um ano e todo o encanto da estação
Todo ano, entre diversas mudanças climáticas, surgem algumas das mais belas criações da natureza. As flores aparecem belas, iluminadoras e trazem aquele charme a todos os ambientes. É a primavera, uma das estações mais queridas pelas pessoas, por seu frescor e a ideia romântica que acompanha tal período.
As pessoas fazem diversas analogias a essa estação, e uma das mais interessantes é a relacionada aos aniversários. Esse rito anual, que acrescenta dias à vida dos seres humanos, muitas vezes é contado pelas primaveras.
“Eu já vivi 69 primaveras. São muitos anos de vida, uma família criada, muitas lembranças boas, outras ruins. Gosto de pensar que aconteceram mais coisas boas do que ruins durante todos esses anos”.
Essa afirmação é de Maria Ferreira, mãe de seis filhos, avó de dez netos, dona de uma cachorrinha “muito leal”. A associação de Maria à primavera deve-se sem dúvidas a sua grande paixão pelas flores.
“Uma das coisas que nunca abri mão foi desse meu canto para as flores”, ela apontou para o canteiro mediano e já com algumas flores. “As orquídeas (que florescem em sua maioria durante a primavera) estão lindas, são umas das minhas favoritas.”
Maria destacou um fato marcante em relação à primavera: o nascimento de sua neta mais esperada. Seu filho mais velho e a esposa eram casados há mais de dez anos e não conseguiam realizar o sonho de serem pais. Após muita torcida da família, o anúncio da gravidez da nora foi uma festa generalizada entre todos.
“Ela nasceu dia 23 de setembro, no primeiro dia da primavera, né? Lembro que quando minha nora veio pra casa com ela, o jardim estava bem bonito, parecia um milagre da natureza mesmo, tanta coisa boa e bonita ao mesmo tempo. Ela vai contar primaveras mesmo”, disse sorridente e nostálgica.
O início da primavera marca a vida de muitas pessoas que nasceram nesse dia. A gerente de loja, Ângela Fonseca, comemorou 24 primaveras neste ano.
“Não sei se é porque nasci no início da primavera, mas minha vida gira em torno das flores. Tenho uma paixão por elas. Quero ser paisagista ainda, ter uma velhice dedicada à flores. Minha mãe brinca que eu só sou assim porque nasci nesse dia, porque ela não suporta sujar a mão com terra”, comentou enquanto mostrava um arranjo que ganhou do namorado.
“Fiz aniversário há cinco dias e elas continuam perfeitas. É incrível o poder da natureza. Me sinto realmente privilegiada por ter nascido em um período como esse”, conclui.
A primavera de alguma forma toca as pessoas, cada qual a seu modo, e é essa a graça da estação. Ela começa no dia 23 de setembro e vai até o dia 21 de dezembro, quando dá lugar ao calor e a efervescência do verão. Mas isso já é outra história. Por ora, parafraseando Lino Somavilla, poderão arrancar todas as flores, mas não conseguirão acabar com a primavera.
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CURRÍCULO
FORMAÇÃO
Nanodegree em Marketing Digital Udacity. Conclusão: 2018
Especialista em Comunicação com o Mercado Universidade Estadual de Londrina. Conclusão: 2014
Graduada em Comunicação Social - Jornalismo Universidade Estadual de Londrina. Conclusão: 2011
TRAJETÓRIA PROFISSIONAL
Consultora de Comunicação | Produtora de Conteúdo | Redatora | Roteirista | Freelancer
Consultoria geral em comunicação;
Roteiros institucionais e publicitários;
Textos institucionais diversos;
Textos para site e blog;
Plano de Marketing;
Pesquisa, planejamento e produção de conteúdo completo para redes sociais;
Entre outros.
COMPETÊNCIAS
Redação · Escrita Criativa · Criação de roteiros  ·  Marketing de mídias sociais · Marketing digital · Consultoria em mídias sociais · Produção de conteúdo criativo.
OUTRAS EXPERIÊNCIAS
Pictolab Comunicação – Abr/2015 – Set/2020
Analista de Marketing Digital
Principais atividades: Gestão e monitoramento de mídias sociais; roteiros de vídeos institucionais; revisão de conteúdos diversos, redação de textos publicitários, notícias, releases e institucionais. Principais clientes: JBS Foods, Seara, Big Frango, Paranatex, entre outros.
Videra Home – Nov/2013 a Abr/2015
 Assessora de Comunicação
Principais atividades: Gestão e produção de conteúdo para mídias digitais. Composição fotográfica. Abastecimento do site. Redação de textos institucionais e publicitários.  
NOV3 Agência de Comunicação Digital – Mar/2013 a Nov/2013
 Assistente de Marketing Digital
Principais atividades: Gestão de redes sociais de diversos clientes, sobre assuntos variados. Planejamento das redes sociais. Redação de textos publicitários. Revisão de textos. Produção de conteúdo online em geral. Principais clientes: New Era, Johnny Size, Lu Oliveira, Construcasa, Refriko, Brisa Móveis, Hoftalon, entre outros.
Colégio Mãe de Deus – Out/2012 a Mar/2013
 Assessora de Comunicação
Principais atividades: Matérias para o site, releases e notas para divulgação na imprensa, cobertura de eventos, atualização das redes sociais, clipping, sugestão de pauta, comunicação interna e externa do colégio. Cobertura fotográfica de eventos.
LFCOM Assessoria em Comunicação - Curitiba PR - Jul/2012 a Set/2012
Assessora de Imprensa
Principais atividades: Planejamento de atividades com clientes de diversas áreas de atuação. Releases, textos e notas para divulgação em jornais impressos, colunas e sites. Atualização das redes sociais. Produção de material institucional. Pesquisa e sugestão de pautas. Cobertura fotográfica de eventos.
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