No poema me rasgo me viro do avesso é onde me mostro humano e sem medos. Aqui você vai poder me encontrar em cada verso, ou talvez até encontre a si mesmo. Mt. Lannes
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TALVEZ SEJA A HORA DE PARAR Estou me segurando pra não cair novamente mas é tão difícil não me perder quando todos os caminhos possíveis já foram percorridos sem nenhum sucesso. Tem quem ainda veja brilho nos meus olhos Tem quem ainda me erga a mão sem me julgar pelos erros que cometo. Mas ninguém entende que eu já tentei tudo e meu corpo já não aguenta o peso da minha cabeça. Dizem que eu tenho tudo Dizem que eu sou injusto Dizem que muitos me amam e eu até acredito Dizem que Deus existe Dizem que eu preciso ter fé Mas eles não sabem das cicatrizes nos meus joelhos de noites e madrugas infindas implorando por socorro. Estou cansado de dar o meu melhor De ter que ser o melhor em tudo Nada disso me satisfaz, nem me dá coragem para enfrentar os medos quando estou sozinho Estou cansado de ter que me perder pra ter um pouco de paz e no outro dia me sentir um lixo após ter bebido tanto. Estou cansado de sangrar em busca de alívio Estou cansado de chorar escondido pra não me acharem fraco. Me perdoem os poucos que ainda me amam Me perdoem os tantos que magoei Eu já passei por isso tantas vezes que nem eu acredito mais em mim, na verdade, eu nunca acreditei. Eu sinto falta de um tempo muito antigo Eu sinto falta da inocência nos meus olhos e nos olhos que me refletiam. Mas eu sei que o passado não voltará a existir Eu sei que os que já se foram jamais voltarão a me sorrir Eu sinto saudade de tudo O presente sempre me parece um lugar estranho um mundo onde eu não deveria estar. Talvez eu insista em vão Talvez seja a hora de parar. Me perdoem os tantos que ainda me amam Me perdoem os tantos que eu magoei E os que ainda vou magoar. Talvez seja a hora de parar. Mt.Lannes
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1994 Eu queria ter morrido ainda criança, como aqueles dois meninos que se afogaram na lagoa da fábrica de granitos. Eu estava lá, eles estavam felizes. Morreram cedo, morreram brincando, tão anjos, tão meninos ainda. Hoje eu retenho toda solidão do mundo em meu peito. Guardo um som do Roberto Carlos na cabeça e os dedos brutos do meu pai dedilhando as cordas de aço do seu violão, sempre aos domingos. Viver é colecionar memórias e memórias são vermes que te devoram por dentro afastando a real felicidade, presente, futura. Eu ainda sou aquele moleque de quinze anos que sonhava com amores eternos, casa, família e muitos amigos. Mas meus amigos se perderam em escritórios, drogas e família. Meus amores não puderam ser eternos e já tenho tantas mortes acorrentadas no meu calcanhar que me pesa a vida aos 38 anos. Eu queria voltar a acreditar em Deus. Queria o sonífero das missas de domingo. Percebo nas pessoas de fé uma certa vontade com a vida, um não medo da morte, tanto que passam todos os seus anos nesta terra, sem saber o que realmente é viver a intensidade das coisas vivas e belas. À profundidade demais no meu crânio Desertos infindáveis agrupados no meu peito. Hoje eu só queria ter o mês de junho de 1994 outra vez. Acho que nada me foi tão significativo como tudo que me aconteceu neste ano. Eu queria ter me suicidado no mês de dezembro de 1994. Com certeza não teria conhecido a dor dos vivos, pois eu era um anjo e não sabia. Mt. Lannes
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HOTEL TIJUCA Pra mim o tempo parou, ali, naquele dia dentro daquele hotel barato no bairro da tijuca, localizado atrás da upa. Sua cabeça em meu braço, a fumaça do meu cigarro bailando bebada no ar, sua respiração ainda ofegante próxima ao meu ouvido, me enchendo de paz e vida. Pra mim o tempo parou, ali, naquele dia, no exato instante em que eu me vi dentro dos seus olhos e eu me sentia seguro por estar abrigado em você. Pra mim o tempo parou naquele instante naquela tarde, dentro daquele hotel barato no bairro da tijuca, quando o futuro se desenhava em cada palavra dita por nós dois Quando o mundo e suas trapaças não nos atingiam como faz agora com tanta violência Quando o seu sorriso era para mim e todas as coisas conspiravam a nosso favor Pra mim o tempo parou, ali, naquele dia naquele quarto de hotel barato, onde nossos corpos se deram pela última vez, sem saber que se despediam. Pra mim o tempo parou ali… e o adeus, nunca existiu… Mt. Lannes
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DIA CINZA/ MANHÃ DE CARNAVAL Pálida manhã Tédio Um louco me aborda e pede uns trocados para o seu "remédio" nego. sigo frio e cinza pelas ruas sujas do Rio. Acendo um cigarro compro um café amargo Mulheres seminuas me sorriem e mostram seus seios em plena Central do Brasil, onde tudo é tão feio. Cruzo por um grupo canta- rolando laia laias na melodia do Samba Enredo dá Estação Primeira de Mangueira, que espero que seja a campeã mesmo não gostando de carnaval e nem de futebol, sou flamenguista e manguerense doente, herança do meu pai. Em pensamento torço pra que acabe logo esse inferno carnal, onde o homem, já tão estranho, fica mais estranho ainda. Acho que estou mesmo ficando velho Nada me soa como era antes. Teu riso em cores surge me desejando bom dia na tela do meu celular. Laia laia… Me pego cantarolando aquela melodia cantada por aquele grupo de bêbados que antes eu havia odiado. É engraçado como um simples bom dia, vindo de quem a gente gosta é capaz de pôr flores na alma até de um ser árido como eu onde toda beleza já morreu faz tempo. Laia, laia… E o dia segue, num novo ritmo. Quem sabe até mesmo a vida. Mt. Lannes
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FLOR DE LÓTUS O cheiro tóxico de tua cidade tumultuada e cinza. Veias entupidas pelas drogas ilícitas consumidas nas esquinas do centro e nos apartamentos que desbotam as noites com suas incomodas luzes artificiais, sempre acesas, iluminando as mentes com tendências suicidas. a confusão do trânsito, o dióxido de carbono, o embrutecimento humano a violência dando o primeiro bom dia nos telejornais. Crise no país, crises nas almas… E ainda assim, eu seria capaz de viver por mais cem anos neste mundo de merda, paranóico e sórdido. Só para poder passar os dias contando teus sinais de nascença e me vendo em todos os momentos dentro dos seus olhos de tom castanho quase negro, que ainda me são indecifráveis e impossíveis de alcançar, como o habitat de tua cidade. Mt. Lannes
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POR UM FIO Ser quem eu sou te dá medo Meus dias em fios sempre quase fim. As guerras internas que travo comigo mesmo, os porres homéricos meus tantos outros vícios, meus instantes de paz no botequim. Você se quer desconfia dos monstros que abrigo em mim, dos medos que se acumulam em meu cérebro perturbado, povoado por merdas, crenças, família, mortos e vivos muito mais assustadores do que os mortos. Você diz que me salvará de mim mesmo, fico sempre grato quando ouço isso, mas, não. Não acredito que vai resistir por muito tempo aos meus dias destrutivos; como quando você me encontrou caído no chão da sala tremendo tremendo dos pés a cabeça tendo uma overdose de cocaína. Ou, como daquela vez que porrei seu ex namorado até quase a morte, só porque o vi olhando pra você. Eu sei que sou um filho da puta egoísta que tenho acelerado o meu tempo neste mundo cão. Sei que ninguém vai me amar como você, mas não tenho salvação, meu bem. Cristo falhou ao tentar me salvar Buda, Kardec, Exu e todos os orixás, falharam. Eu sou uma bomba prestes a explodir desde o meu primeiro dia nessa terra e por mais que seu amor e o meu amor por ti adiem a minha combustão, Eu sei que muito em breve me tornarei nada mais do que partículas de memória dentro de ti. Que surgirão cada vez que outro homem te tocar e a saudade dos nossos momentos íntimos te maltratar com lembranças de nós dois e somente nestes ínfimos momentos, após o meu fim, serei realmente bom pra você. Mt. Lannes
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POR UM FIO Ser quem eu sou te dá medo Meus dias em fios sempre quase fim. As guerras internas que travo comigo mesmo, os porres homéricos meus tantos outros vícios, meus instantes de paz no botequim. Você se quer desconfia dos monstros que abrigo em mim, dos medos que se acumulam em meu cérebro perturbado, povoado por merdas, crenças, família, mortos e vivos muito mais assustadores do que os mortos. Você diz que me salvará de mim mesmo, fico sempre grato quando ouço isso, mas, não. Não acredito que vai resistir por muito tempo aos meus dias destrutivos; como quando você me encontrou caído no chão da sala tremendo tremendo dos pés a cabeça tendo uma overdose de cocaína. Ou, como daquela vez que porrei seu ex namorado até quase a morte, só porque o vi olhando pra você. Eu sei que sou um filho da puta egoísta que tenho acelerado o meu tempo neste mundo cão. Sei que ninguém vai me amar como você, mas não tenho salvação, meu bem. Cristo falhou ao tentar me salvar Buda, Kardec, Exu e todos os orixás, falharam. Eu sou uma bomba prestes a explodir desde o meu primeiro dia nessa terra e por mais que seu amor e o meu amor por ti adiem a minha combustão, eu sei que muito em breve me tornarei nada mais do que partículas de memória dentro de ti. Que surgirão cada vez que outro homem te tocar e a saudade dos nossos momentos íntimos te maltratar com lembranças de nós dois e somente nestes ínfimos momentos, após o meu fim, serei realmente bom pra você. Mt. Lannes
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MEUS DEMÔNIOS TEM O SEU ROSTO E ME AQUECEM NESSES DIAS FRIOS Meus demônios, todos eles, tem o seu rosto e seus braços fortes e longos. Tem a sua cor e também a sua voz que se assemelha ao bater das asas de um pássaro de hábitos noturnos. são estes demônios que tem me aquecido nestes dias frios e sombrios que tenho pensado constantemente em me matar. Meus demônios estão todos em minha mente e de uma forma amigável me sustentam na sua ausência, me preenchendo com imagens de momentos bons que tive contigo e isso me dá a falsa impressão de que não existiu um fim e que a qualquer momento você pode atravessar essa porta já tirando a roupa, me beijando e dizendo palavras indecentes misturadas com declarações de amor que você fingia sentir. As vezes meus demônios tentam me dominar e mostram sua natureza cruel, me indicando o caminho mais fácil para dar um basta em tudo que tem me atormentado, inclusive, para acabar com essa dor insuportável no meu peito e que nos últimos tempos tem me levado a adquirir crenças patéticas e a me isolar de certos prazeres mundanos... Os abismos onde me lanço todas as noites lembram os seus olhos quando me olhava daquele jeito cheio de segundas intenções, mas, as vezes, me lembram seus olhos tristes, como acontecia sempre no instante de cada despedida e nessas horas mergulho ainda mais fundo dentro deles só pra sentir sua dor e me aliviar da dor que você deixou em mim quando decidiu por um fim em tudo, sem mais nem menos me deixando sem rumo e com um amontoado de sonhos sem valia alguma. O relógio quebrado, com seus ponteiros parados sempre às 9:10 fica parecido com aquele seu sorriso meio de lado, debochado, que sempre me deixava em dúvidas se era dia de paz ou dia de guerra. Aquela rachadura na parede do quarto também me faz lembrar suas formas... Acho que estou enlouquecendo… Acho que ainda gosto de você, mas, te desejo a mesma dor que eu sinto Te desejo essa morte lenta a qual me condenou e que vem me consumindo dia após dia há meses. Acho que ainda gosto de você, mas sou humano demais pra desejar que você seja feliz, depois de ter me lançado no inferno sem dó nem piedade. Essas coisas de desejar que a pessoa que amamos seja feliz com outro depois de nos foder, só fica bonito em poesia: na vida real, desejo que você sofra tanto quanto eu e que nem demônios lhe estendam as mãos quando a dor dá desilusão se fazer presente em sua vida. Mt. Lannes
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SEU NOME SE REPETE EM MEU CÉREBRO MILHARES DE VEZES AO DIA Lá fora é dia e o mundo se agita. pessoas, flores, motores, prédios, ponteiros girando, girando, girando sempre afobados. animais saem de suas tocas em busca de alimento e água. Animais em suas coleiras passeiam com seus donos adestrados. tudo vive, é uma pulsação de ânimos e enganos circulando de variadas cores e nomes e sexos, misturando hálitos: vozes, tons de cabelos, tamanhos das unhas, roupas, estilos... Pra mim não existe dia, nem noite percebo o tempo apenas pelo tamanho dá saudade de você que só faz aumentar. Seu nome se repete no meu cérebro milhares de vezes ao dia, piscando em um néon vulgar feito aqueles outdoors dos motéis baratos que beiram a Via Dutra Meus dedos ainda estão aquecidos pelo último toque em sua pele negra e juro que ainda posso sentir em meus lábios o gosto do nosso último beijo e do seu sexo úmido onde eu me embriagava de prazer e que nem o álcool mais forte e barato consegue tirar de mim, nem apagar você dá minha mente. Não consigo te esquecer um só segundo... O mundo continua em movimento Pessoas tão lindas vivendo intensamente sua curta estadia nessa terra. Acho cruel ver tanto ânimo e vida enquanto sofro a sua ausência. Deus devia proibir que pessoas de se mostrarem felizes enquanto outros sofrem. Mas Deus não se importa com a minha dor, nem com a sua dor, nem com a dor do próprio filho. Deus não é amor. É guerra, É dor. Deus não tem pena de ninguém. E mesmo assim, eu ainda acredito no milagre do seu regresso. Mt. Lannes
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SOBRE CORTES, SEXO E FINAIS INESPERADOS Sua nudez decora o plano de fundo da tela do meu smartphone Lg k10 que é uma merda, está sempre travando. Passo horas do meu dia te admirando, nua, estática feito uma pedra ou melhor, um pôster sexy desses de borracharia que transmite calor e ânimo... Adquiri novos vícios desde que nos separamos. Tenho pegado pesado em qualquer droga que possa me trazer alguns instantes de você ou mesmo de esquecimento. Sua ausência tem me transformado num trapo, um humano fraco, especializado em saltar em abismos. No fundo sei que isso é uma tolice dá minha parte. Tentar te trazer de volta,mesmo sabendo que faz tempo que deixamos de nos pertencer e um novo retorno só serviria para agrupar mais mágoas sobre a rocha que se alojou em nosso peito. Os cortes em minha pele, alívio imediato quando a dor é maior que tudo, tem o formato do seu sorriso: aquele meio de lado, meio cafajeste, que você sempre me lançava quando me chupava de joelhos no chão da sua sala e isso faz com que fique ainda mais difícil te esquecer. Tenho passado os dias desejando que você morra, confesso. Mas mesmo nesses momentos sua imagem me excita e acabo me masturbando e perdoando todos os seus vacilos e os meus também, pois ainda somos tão inocentes nessa coisa de amar que os erros são sempre perdoados e a forma de penitência somos nós mesmos que inventamos. O tempo tem passado ligeiro Atropelando minha produção no trabalho, encurtado o lazer com minhas filhas, o tempo tem me deixado assustadoramente mais velho. Apenas você não muda, permanece intacta na minha mente como naquela manhã de setembro em que me deu o tiro fatal, pondo um ponto final na nossa história que ainda não tinha ultrapassado os primeiros capítulos. Mt. Lannes
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( TESTAMENTO ) Lancei-me as tempestades me fiz forte em meio aos trovões. Não fugi as guerras, me doei A cada amor que tive nesta vida. Fechei minhas feridas com fogo Ergui castelos e muros indestrutíveis Ao meu redor. Algumas vezes perdi muitas vezes perdi. Mas sempre voltei a luta com a cabeça erguida. Fui criador de outras vidas por estas dei o meu melhor. Comi na mesa dos miseráveis sem com isso esmorecer. Em algumas manhãs me fiz noite Em muitas noites brilhei mais que o sol. Bebi, fumei, provei de tudo um pouco nesta vida, pois nunca quis ser santo, mas, tive e tenho uma fé inabalável. Girei nas rodas da malandragem Colhi meu sonho em cada esquina Chorei por quem não merecia, assim como já fiz alguém chorar um dia. Dou-me aqui por satisfeito Pude enfim cumprir o meu destino E se Deus por misericórdia quiser me por de volta a este mundo voltarei do mesmo jeito, só que ainda mais menino. Deixo aqui tudo oque fui como herança aos meus amigos e familiares. Deixo meu sorriso e a saudade a todos que estiveram ao meu lado. Aos meus inimigos deixo o meu perdão pois só no fim da vida que percebemos o quanto tambem erramos e que existindo justiça ou não somos todos feitos do pecado. Mt. Lannes
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Suguei o "leite" ainda morno de dentro da sua buceta com gosto de látex. Sua pele suja de tantos outros corpos melada por tantas outras línguas de salivas ácidas. Teus seios marcados por outras mãos Suas nadegas ainda trêmulas das palmadas de tesão que outros homens te deram. Beijei seus lábios amargos do álcool barato que te fortalece. Senti todos os perfumes impregnados em sua pele morena, deixados por outros homens que te pagam por meia hora de sexo. Eu te olhava nos olhos enquanto te comia na proteção do nosso lar, você gemia a cada toque de minha língua no bico duro dos teus seios e gozava sorrindo, dizendo que me ama e que eu sou o homem da sua vida. Mt. Lannes
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EM MINHAS MÃOS Em minhas mãos a dureza dos gestos o suicídio lento embalado em papel seda o metal frio do 38, presente do meu amigo morto com mais de 20 tiros. Em minhas mãos trago a aspereza dos tempos de peão de obras uma vitória sofrida e o sangue dos meus inimigos. Minhas mãos que se afundaram na merda, na lama, que secaram minhas lágrimas e me ergueram do abismo, mas que também muitas vezes me levaram para dentro dele. Minhas mãos amputadas para o afago e que tantos estragos já cometeram. Em minhas mãos morte e vida o soco firme, certeiro e o carinho flor e espinhos que nascem das pontas dos meus dedos. Minhas mãos acumulam tantos segredos em suas linhas tortas e sem destino. Matam a fome dos meus filhos enquanto cavam um pouquinho a cada dia a cova rasa onde descansarei após a minha morte. Mt. Lannes
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CORPO FECHADO Seguia o menino com o corpo travado por balas, deixando rastros de sangue pelo caminho. Seus passos cada vez mais lentos a morte se aproximando causando calafrios. Um céu sombrio e violento nublava a sua visão a mata a cada metro mais densa se viu perdido e aflito, enquanto cães ferozes e famintos farejavam seus passos sentindo o seu cheiro de dor e medo. Homens de fardas sorriam gritavam seu nome contentes como se sua morte fosse um presente motivo pra comemoração. Sentia-se abandonado, seu corpo fechado sangrava. seus olhos ardiam e depois de tantos anos firme o menino chorou. Oxóssi fechando as matas. Tropeçava nas pedreiras de seu pai, xangô Ogun não lhe defendia com seu escudo e com o aço afiado de sua espada, e nem o carinho e o alívio de mamãe oxum lhe amparava neste momento de tamanha aflição. O corpo cada vez mais fraco podia sentir a respiração quente dos cães no seu calcanhar e o gargalhar dos inimigos decretando o seu final. Mais uma bala perfura sua carne mais uma de tantas outras que já perdeu a conta de tanto tiro que tomou. Sabia não ser inocente, sempre soube do seu destino. conheceu a vingança antes do perdão. Caiu de joelhos, suas guias arrebentaram na mesma encruzilhada que arriou tantos trabalhos pedindo proteção. Num risco de fé soltou um brado que calou até os cães, olhou pros olhos dos seus inimigos, todos o miravam espantados Mais uma vez bradou à quem faltava. um por um se afastaram, os cães ganindo apavorados sumiram todos de sua visão. Era exu na encruzilhada que aparecia e numa só gargalhada varreu pra longe seus inimigos. Yansã surgiu com seu chicote e sua espada cercada por espíritos, abriu um portal pro desconhecido. O menino soltou seu último gemido, enquanto oxalá aceitava o seu pedido de perdão. Morreu no colo dos deuses, com um sorriso tão puro no rosto que pela primeira vez pode-se ver um menino, naquele corpo franzino e todo furado de balas. Mt. Lannes
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A BAILARINA MORTA No barraco a menina sonhava riscava o barro com seus pezinhos delicados de criança em lindos passos de dança que ela aprendeu sozinha. enquanto os tiros comiam soltos ao seu redor, o cheiro fétido do esgoto empesta o ar, ela sonhava. Abria as pernas, dava saltos tinha a sensação de que voava naqueles três metros quadrados de sua casa. Enquanto sua mãe trabalhava como doméstica, sua cabecinha infantil se enchia de planos, viajava até moscow, ao fechar seus olhinhos negros como sua pele e lá todos lançavam flores e a aplaudiam ao término de cada espetáculo. Um dia a Polícia entrou quebrando tudo em sua casa, ela tentou se defender da violência daqueles "homens" mas sua força era pouca contra tanto ódio. Quando sua mãe chegou, feliz com umas sapatilhas velhas que ganhou de sua patroa, viu sua filha morta. a tv dizia que foram os bandidos mas todos sabiam de onde vieram o tiro que matou a menina. Finalmente ela voou e agora dança na companhia de anjos lindos como ela, e é aplaudida por todos os Santos. Mt. Lannes
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Tua sombra e a minha misturadas na palidez do teto Transfigurando em êxtase nossa fuga do cotidiano. O lençol macio ampara o nosso cio, o vinho, o suor e a nossa paixão. Meus dedos tomam sua intimidade se banham na cristalina nascente que escorre por entre suas pernas. nossas linguas unas, flutuam no espaço por entre os lábios. Idas e vindas mapeando o corpo um do outro, peregrinando a pele em busca do ápice do prazer. Eu e você e mais nada Gemidos ecoando no quarto Sua nudez embelezando minhas retinas me enchendo de cor e vida. Eu e você, regidos pelo desejo da carne entregues de corpo e alma ao divino ato de se dar as delícias do amor. Eu e você e mais nada Apenas eu e você, iluminando a noite com o fogo que emana dos nossos corpos. Mt. Lannes
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Sugar memórias empoeiradas de objetos entristecidos sobre as prateleiras. Coisas de vida e de morte rostos pregados em paredes. O retrato desbotado de meu pai o torna irreconhecível. Porcelanas somente usadas em ocasiões especiais que nunca envelhecem ou se partem. Insetos se espalham pelos cômodos Nenhum outro sinal de vida É estranho ter que calcular os estragos de toda uma vida É tão monótono visitar a casa dos meus pais mortos. Mt. Lannes
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