ravinadossonhosperdidos-blog
ravinadossonhosperdidos-blog
Ravina dos Sonhos Perdidos
4 posts
textos autorais
Don't wanna be here? Send us removal request.
Text
Somewhere Over the Rainbow - Judy Garland
Estava pensando em você no caminho para a escola. Estou pensando muito em você ultimamente. Você nem sai da minha cabeça na verdade. Estou aprendendo a lidar com a distância. Com a sua falta. Com a saudade que tenho mesmo sem nunca ter te visto. Só sei que sinto. E eu sinto demais. Tudo. Mas principalmente, eu sinto você.
A rua estava molhada e as calçadas com pequenas poças de água da chuva. O céu estava um pouco nublado mas muito claro. O sol brilhava iluminando tudo.
Pensei em como você deve ficar iluminado pelo sol. Como sua pele deve ficar bem clara e a cor do seu cabelo deve mudar o tom. Imaginei como você sorriria se me olhasse agora do outro lado da rua, esperando que eu atravessasse. Então eu correria até você e te daria um abraço. Muito apertado. Você retribuiria o aperto mais ainda. Depois iríamos comparar nossas alturas. Ver quem é mais alto. Trocar de lado e sair de mãos dadas bem juntinhos. Grudadinhos
Só de pensar no tempo que vou ter que esperar sozinho para fazer isso, sinto um aperto no peito. Sinto sua falta. Não sei quanto vou aguentar esperar. Se as coisas ao menos fossem mais simples. Não são. Essa distância, essa falta machuca demais.
Todos esses pensamentos ruins, os quais me atormentam quando estou muito fraco, derreteram e escorreram de mim como quem morde uma trufa recheada. Quando virei a esquina e atravessei a faixa, olhei para cima e para frente. Quase não consigo conter um sorriso: um arco íris.
Parei um instante e não liguei se quem tivesse passando me olhasse. Se quem estivesse nos carros que passavam achasse estranho. Apenas parei e observei as cores daquele arco no céu. Um símbolo. Um motivo. Um objetivo. Me lembrou por que eu estava lutando. Me lembrou que não estava só. Mesmo te esperando, não estou só.  
Quero ser feliz com você em algum lugar debaixo do arco íris.
0 notes
Text
Bad Liar - Selena Gomez
Ônibus. Sol. Seu cabelo… Sentada olhando seus cabelos por trás. Você está sentado duas cadeiras à frente. O sol reflete a cor dos seus fios castanhos e os deixa mais claros. Um tom marrom lindo. Em cima, seu penteado é bagunçado. Atrás, é bem reto. Parece que foi pintado. Cada traço que brilha com a luz do sol brilha em conjunto com o meu sorriso.
É engraçado que sei seu nome inteiro. Onde mora. Seu signo. Que amigos tem. Só não sei se você gosta de mim. Realmente estou tentando não pensar em você. Não me apaixonar. Não dar esse direito a você. Mas você simplesmente faz tudo que eu quero ver. Sentir. E você nem sabe disso.
O jeito que você anda pelos corredores da escola. Como para o ônibus com um gesto simples usando seus dedos. Seus dedos… Suas mãos. Seus braços. Penso como se isso tudo tivesse sido feito para me impressionar. Seu tipo único de beleza me encanta. A cor da sua pele. A posição dos seus ombros. Ah! Você está levando uma parte do meu cérebro. Estou gastando neurônios para armazenar tudo que sei sobre você e tudo que vejo de você.
O ônibus vai parar a qualquer momento. Sei que sua parada está perto. Com um leve movimento você estica seus braços se espreguiçando. Com tanta graça você faz isso. Me encanta o jeito que você se mexe. Apesar de ter um tamanho enorme (pernas e braços longos) você não perde a graça em nenhum movimento. Você é lindo. Sei que joga basquete. Olho seus treinos sempre que posso. Você troca de posição. Arremessa. Faz tudo com perfeição. 
Acho que gosto demais de você. Estou quase me apaixonando. Todos os meus sentimentos sentem você. Estou enlouquecendo. Acho que…  te amo? Não acredito que estou fazendo isso. Levanto-me, ajeito minha saia e aperto a mão na alça da mochila. Ando. Corro? Corro em sua direção e toco o lado do seu pescoço. (Sua pele é muito macia e lisa)
- Você quer sair comigo? 
Digo isso com calma mas estou tremendo com as expectativas que tenho.
- Você é feia e esquisita sabia?
Sinto uma dor muito forte no meu peito. Como um choque que fica dolorido depois de acabar.
Você é grande. Bem maior do que eu. E desajeitado. Vejo isso porque você levantou para puxar a cordinha do ônibus. Devo ter piscado e visto errado. Mas vi você se atrapalhar e puxar a corda várias vezes pensando não ter funcionado. Ao se encaminhar para o final do ônibus você se esbarra em mim com arrogância e sinto que sua pele é muito áspera.
-Vê se você se cuida sua esquisita.
Após dizer essa palavras de uma forma tão errada vejo você descer do ônibus se atrapalhando com a roleta na saída.
Tropeça ao chegar na calçada e anda em direção a sua casa trocando as pernas com dificuldade, como se fosse uma tarefa muito complicada.
Vamos fazer da verdade uma realidade.
Não amo você. Amo o personagem que criei de você.
Obrigado, preciso disso para minha arte. Vou escrever um livro. Não sobre você. Nem pense nisso. É sobre meu amor.
Então acho que te amo. Amo pela gratidão que tenho. Mas talvez eu só esteja mentindo.
é
estou
0 notes
Text
Red Stars - The Birthday Massacre
Alunos. Sentados. Mesas de escola. A professora entra na sala apressada. Está atrasada. Embora seja tarde, os alunos não aparentam estar surpresos com o atraso. Estão todos parados, virados de frente para a lousa com a postura totalmente reta. Corpos eretos sentados e olhos focados. O que estão olhando? Não se sabe.
Por estar a professora atrasada, os alunos tiveram tempo de copiar as lições uns dos outros. Apenas uma é original. Vermelha. Brilhando como uma estrela. Os outros celebram o plágio e a falsa originalidade. Um pouco mais cedo, estavam rindo e se divertindo ao copiar, plagiar, destruir e esmigalhar suas próprias criatividades. Sua autoria. Sua essência. Aquilo que devia ser único de cada um, foi extinto pois, agora, só há duas coisas: o verdadeiro e o falso.
A professora murmura algo tentando se desculpar. Com pressa, põe a bolsa por debaixo da mesa do professor, abaixa-se e pega um pequeno estojo de dentro dela. Retira um giz vermelho e começa a desenhar uma estrela. Um símbolo. Em seguida, passa na carteira de cada um dos alunos recolhendo o material que pedira na aula passada. Lê os títulos com lábios silenciosos e um tanto tristes: estão todos intitulados como “estrela vermelha”.
A professora pergunta a si mesma se teria falhado na sua missão de ensinar. Trabalhos idênticos sem identidade. Iguais. Mais que semelhantes. Não há mais criatividade. O que ela construiu eles destruíram. O que alguém sentia eles estavam fingindo.
Até que chegou em uma carteira vazia. Havia uma mochila infantil presa na cadeira, um caderno sobre a mesa e a tarefa de casa passada, feita com uma caligrafia impecável escrita de caneta vermelha. Ela pegou a folha com delicadeza e pôs em cima das outras. Leu o título “red star”. O original. O que deu origem a todos os outros todavia não conquistou seu brilho. Ela via agora que só há duas coisas: o verdadeiro e o falso.
Que geração é essa? Pensou ela. Ou teria dito em voz alta?
Os outros alunos se incomodaram com a demora da professora e discutiam em voz baixa. Logo perceberam o que acontecera. A professora descobriu suas farsas. Quase como quisessem apedrejar uma adúltera na época antes de cristo todos gritaram:
 “É a estrela vermelha! Tomem dela!” 
“Roubem-a!“
“Não deixem que veja!“
“É a minha estrela vermelha!“
Freneticamente, as crianças tentavam tirar das mãos da professora o trabalho. A estrela. O original. As que permaneceram sentadas, algumas poucas, tentavam se explicar balbuciando desculpas sem lógica. Não ha desculpas para aqueles que tiraram seu próprio interesse em detrimento dos outros. 
“Ele nos deu e nós recebemos. Não ha nada de errado nisso“ Disse uma das crianças.
Vendo de um lado, aqueles copiadores todos não existiriam se um criador antes não tivesse criado. Não tivesse criado?. Sera que os criadores pensam nisso antes de criar? Não é pra isso que servem? 
“Mas ele tinha assinado e vocês apagaram! É errado apagar a marca que os outros deixam com tanto esforço!“ Tentou explicar aos gritos a professora.
Uma geração que aplaude o plágio. A representação. Os fingimentos. Não foi preparada para se importar com isso. A professora fala em vão para uma era na qual o simulacro e a atuação tomam o lugar da realidade. Distanciando-se da realidade, não conseguem sentir. E quando não sentem: fingem. Será que sequer se importaram com o que o autor da estrela vermelha iria pensar?
Pobrezinho! Onde estaria o pequeno autor da estrela vermelha?
Numa cabine triste do banheiro da escola. Com uma porta sem tranca. Sentado, medíocre e decepcionado, chora um menino com seus sonhos perdidos. Ele sabia que era a estrela, mesmo assim, não brilhara. Há muitas dessa e ele não conseguiu se sobressair. Mesmo com tanta energia. Mesmo com tanto potencial. 
Incompreendido.
Plagiado.
Foi sufocado pela melhor das piores intenções.
0 notes
Text
Pins and Needles - The Birthday Massacre
Computador. Escrivaninha. Janela aberta? Está chovendo muito dentro e fora do quarto. O que você deixou para trás está aqui sentado em frente a uma tela monótona de notebook esperando para ser preenchida. Mas tudo o que me vem a mente é o seu rosto. As lágrimas vão caindo dos meus olhos, contornando minhas bochechas até chegar em meu pescoço, tomando a forma do meu rosto triste e sem graça. Tento formar exatamente sua face na minha mente, mas só consigo chorar. Chover.
Tento levantar a cabeça, me forçar a digitar algo. Mas como digitar sem sentir meus dedos? Baixo meus olhos e observo minhas mãos. Estão sangrando. Minhas lágrimas caem em minhas palmas e sangram junto. Sinto dor. Sinto-me sufocado. Meu coração aperta e uma ânsia percorre meu corpo. Meu peito arde se contraindo para dentro. Meus sentimentos me apertam e só consigo vazar em forma de lágrimas. De chuva.
É uma pena que minhas mãos não te acalmem mais. Lembro como você se sentia aliviado em tê-las passando suavemente sobre seu corpo. Carinho. Aconchego. Você tem medo agora. Medo das mãos. Medo de mim. Já faz tanto tempo mas as feridas ainda ardem. Agonizam. Não consigo curá-las. Há alfinetes e agulhas por todo o meu corpo. Você perfurou meu coração. Se eu os retirar, não sei o que vai sobrar. O único com medo de mãos é quem fez o estrago.
Levanto meu rosto mais uma vez. Direciono meus olhos para a janela. A chuva forte, pesada. Minhas lágrimas fracas, dolorosas. A lua brilha e seus feixes de luz atravessam a janela como um líquido. A janela sangra. A luz do luar me lembra seu último abraço.Seu último beijo. Suas últimas palavras. A memória dos seus lábios corta meu peito. Arranha minhas mãos. Estão sangrando novamente. Eu estou sangrando. Você me deixou acabado. Me fez crescer e agora não sei lidar com meu tamanho sozinho.
Olho para o chão e vejo o motivo do sangue. Cacos de vidro. Percebo agora que a janela está quebrada. Agora vejo. Subo a escrivaninha, fecho o computador com o pé. Dou meu último suspiro e mergulho confiante na luz do luar.
Faz tanto tempo. Sinto os alfinetes e agulhas entrarem mais fundo em meu coração. A dor é tão grande, tão intensa, mas chega um momento que os objetos mergulham em você. E você descobre. São uma parte de você agora.
Mas já é tarde. Você mergulhou na luz do luar. Eu mergulhei.
“Sua alma subiu ao céu, Seu corpo desceu ao mar.”
0 notes