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Bora refletir?
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Me chamo Gabrielle Brito de Oliveira, tenho 26 anos. Sou graduanda em psicologia. Esse é espaço é destinado a troca de conhecimento e informação. Posto meus posicionamentos tendo responsabilidade - e respeito - a todos assuntos abordados. Uso de embasamento teórico para fundamentar o que escrevo aqui. Sejam bem vindxs.
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reflexoesdegabrielle · 5 years ago
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Psicoterapia
O QUE É PSICOTERAPIA?
A psicoterapia é um método terapêutico que utiliza da linguagem verbal e não verbal para ser realizado. A psicoterapia exercida por profissionais da saúde mental, como psicólogos ou psiquiatras. O profissional respeita a identidade individual e promove a autonomia. As sessões ocorrem em sigilo e de acordo com o código de ética. Pode ser realizada em grupo ou individual.
A PSICOTERAPIA FUNCIONA?
A psicoterapia é antiga e teve sua gênese ligada a psiquiatria. A psicoterapia é validada e passou por inúmeras mudanças ao longo do tempo.
“A eficácia do tratamento psicológico, que já era conhecida há várias décadas, tem sido corroborado recentemente pelos novos conhecimentos das neurociências. As recentes tecnologias de mapeamento cerebral têm permitido demonstrar como o tratamento psicológico age transformando o funcionamento cerebral. Existem centenas de livros e pesquisas explorando e explicando porque a psicoterapia funciona.” (SCARPATO, 2018)
 ALGUNS BENEFÍCIOS DA PSICOTERAPIA:
Favorece um estado de saúde integrado, físico, psicológico e social;
Faz com que os pacientes se entendam melhor, seus objetivos e valores;
Desenvolve a capacidade de auto gerenciamento, ensinando a dialogar com os estados internos, a regular os estados emocionais e adquirir autonomia;
Lida com a origem de problemas emocionais.
Rompe e padrões estereotipados e cria novas narrativas e possibilidades para si, revelando novos modos de compreender e conduzir a própria vida;
Gera autoconhecimento;
Ensina e treina habilidades essenciais ou específicas que visam seu desenvolvimento;
Melhora os relacionamentos interpessoais;
Ajuda a encontrar um conjunto de soluções para superar os problemas.
Alivia o sofrimento psicológico;
Ajuda a entender melhor seus problemas e a observá-los de uma perspectiva diferente;
Aumenta a auto estima e trabalha o auto cuidado;
Fortalece o psicológico – ampliação da resiliência –  para aumentar a tolerância e a capacidade de crescer com as dificuldades que a vida apresenta.
QUANDO POSSO BUSCAR ATENDIMENTO?
Você pode buscar atendimento quando quiser, a psicoterapia não atua somente no tratamento de transtornos mentais, a psicoterapia pode beneficiar no seu desenvolvimento diário, mas é essencial que pessoas que apresentam sinais de alerta busquem atendimento imediatamente.
 SINAIS DE ALERTA:
“Sentimentos frequentes e intensos de raiva e ansiedade. Sensação de desamparo em momentos aleatórios. Passou por algum incidente traumático e você apresenta dificuldades em se reestabelecer. Tem uma relação dependente ao consume álcool, entorpecentes ou come excessivamente como uma forma de sentir melhor ou esquecer dos problemas. Perda súbita de interesse em atividades que antes adorava. Dificuldades em comunicar como se sente, o que acaba prejudicando as relações interpessoais. Dificuldade em se concentrar em tarefas cotidianas e do trabalho. Preocupação excessivamente com coisas simples.” (BROTTO, 2008)
 Referências:
BROTTO, Thaiana F. Benefícios da psicoterapia: o que é e quando devo procurar. Site: Psicólogo e Terapia. 2008. Disponível em: < https://www.psicologoeterapia.com.br/psicoterapia/beneficios-da-psicoterapia-o-que-e-e-quando-devo-procurar/ >  Acessado em < 3 Novembro 2020>
SCARPATO, Artur. Uma Introdução a Psicoterapia. 2018. Disponível em: <http://psicoterapia.psc.br/mais/psicoterapia/introducao-psicoterapia/> Acesso em:3 Novembro 2020.
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reflexoesdegabrielle · 5 years ago
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ESTE É MEU LUGAR DE FALA?
Atualmente é comum ouvir falar sobre o local de fala das pessoas, mas ainda não se sabe com a exatidão a origem deste termo, no entanto, na década de 80 o termo “lugar de fala” ganhou força em um debate sobre feminismo nos EUA. O local de fala resgata e legitima o protagonismo das minorias sociais que sofrem com diversos preconceitos no dia a dia, contribuindo, consequentemente, com o movimento e a luta, pois esse termo também carrega representatividade e reforça a garantia de direitos que foram negadas por anos.  Sua gênese foi em um movimento em oposição a classe privilegiada que buscava oprimir e calar grupos minoritários.
“Partindo dessa relação, o lugar de fala torna-se um botão que ativa ou não o direito de falar sobre algo, ou seja, negros só falam sobre negros, mulheres sobre mulheres, homossexuais sobre homossexuais e daí por diante. É compreensível a afirmação: só compreende o que é racismo quem sofre com ele.” (FREITAS, 2019)
Desta forma, esse conceito favorece a compreensão dos indivíduos para questões sociais. Em contrapartida, existe uma corrente que critica o este termo:
“[...] Quando se limita o debate a partir desse lugar que o outro não vivencia, a questão fica isolada ao entendimento de suas vítimas e não alcança as estruturas de poder.” (FREITAS, 2019)
É válido esse ponto em questão, todavia, temos que lembrar da existência da hierarquia social que reforça o preconceito, sendo este acumulativo. Infelizmente o homem branco hétero - ainda - tem mais "prestígio" em um debate sobre racismo, violência contra mulher e luta lgbtq+ quando comparado uma mulher negra homossexual, sendo estes vivenciados por ela. Logo, o “lugar de fala” percorre uma linha tênue, pois esta crítica do local de fala pode corroborar para manutenção da desigualdade social instituída. Então, o “lugar de fala” deve ser usado com muita cuidado e respeito para não alimentar discursos de classes privilegiadas. Por isso, sempre devemos questionar “este é meu local de fala?”.
REFERÊNCIAS
FREITAS, Thayanne Tavares. RIBEIRO, Djamila. O que é lugar de fala?. Belo Horizonte: Letramento, 2017. 112 p. (Feminismos Plurais). Horiz. antropol.,  Porto Alegre ,  v. 25, n. 54, p. 361-366,  Aug. 2019 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-71832019000200361&lng=en&nrm=iso>. access on  18  June 2020.  Epub Aug 05, 2019.  http://dx.doi.org/10.1590/s0104-71832019000200015.
MOREIRA, Matheus. DIAS, Tatiana. O que é “lugar de fala” e como ele é aplicado em debate político. Jornal Nexo Expresso. 2017. Disponível em < https://www.nexojornal.com.br/expresso/2017/01/15/O-que-%C3%A9-%E2%80%98lugar-de-fala%E2%80%99-e-como-ele-%C3%A9-aplicado-no-debate-p%C3%BAblico >  Acessado em: 17 de junho de 2020.
RIBEIRO, Djamila. O que é lugar de fala?. Belo Horizonte: Letramento, 2017. 112 p.p.
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reflexoesdegabrielle · 5 years ago
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CURVAS QUE NÃO SERÃO COBERTAS
Gabrielle B. de Oliveira
 Tratar da gordofobia me deu voz e força, talvez mais que eu tinha antes de escrever o primeiro texto. Durante anos realizei lutas pequenas, mas não menos importantes. Atualmente consigo andar de biquíni sem me incomodar, me vejo com sensualidade e não me calo quando ouço algum discurso que prive minha liberdade de ser. Confesso que esse resgate da autoestima é um caminho complexo e com muitos obstáculos. Segundo Magdalena (2016) existe um interesse econômico que transpassa a difusão da repulsa pelo próprio corpo. Graças ao sistema capitalista, a indústria de produtos “lights” tem lucrado com o sonho da magreza, tornando o amor próprio um ato inovador. Acredito que cada uma de nós recorremos há algum método de emagrecimento, como remédios, cirurgias, produtos, clínicas estéticas e academias. A procura desses métodos não é errada, todavia, o uso – geralmente - é feito sem acompanhamento médico e pode causar sequelas na vida das pessoas.  
Outro fator importante é:
“[...]A gordofobia afeta todas pessoas gordas, inclusive os homens, e essa experiência começa na rejeição do feminino, visto que os homens gordos possuem maior dificuldade para demonstrar sua masculinidade, por desenvolverem características consideradas femininas, como peitos. [...] As experiências gordofóbicas atravessam gordos e gordas de forma distinta, em virtude dos papéis de gênero e os estereótipos sexistas em relação ao masculino e feminino. [...] Os homens gordos podem cumprir com o estereótipo de serem fortes e protegerem, já as mulheres devem ser delicadas e frágeis; consequentemente, a mulher gorda será considerada grotesca, monstruosa. Sendo assim, as mulheres gordas estão sob dupla vulnerabilidade por serem gordas e por serem mulheres.” (PAIM, 2019)
Ao estabelecer essa relação entre preconceito e gênero, torna-se necessário lembrar que a comparação do sofrimento entre os gêneros não entra em discussão, pois se trata de um fator singular, subjetivo e imensurável. Inclusive, transcrevi alguns relatos de mulheres que se voluntariaram para mostrar o quão a gordofobia é impactante e comum.
“Eu tinha uma loja de roupas femininas e era bastante complicado achar revendedores de roupas plus size, quando encontrava, as roupas não eram modernas e tinham um preço abusivo. [...] Um dia atendendo uma cliente, ela perguntou “Por que você não faz bariátrica?”  Foi do nada, eu somente estava atendendo. A outra funcionária da loja foi para outro local da loja impressionada com o que a mulher havia dito, eu lembro até hoje, queria ter respondido, mas não podia.” – Valéria, 26 anos
“Uns meses desses, antes da pandemia estourar, eu fui em uma pizzaria em Ponta Negra, em um encontro de "reconciliação" com a minha esposa, sabe?! Aí o cara que estava nos servindo começou a nos cercar e perguntar o que nós éramos é respondemos que somos esposas, aí começaram os comentários homofóbicos como "O mundo está perdido mesmo" isso em alto e bom tom, o que já me deixou muito envergonhada. Não satisfeito, ele começou a falar que a pizza deles era tão grande que achava que nós não íamos comer tudo, nisso ele me olhou e disse "essa aí eu não sei, porque ela já é assim gordinha mesmo, deve comer tudo", me comparando a minha esposa que é mais magra. Sendo que isso não é verdade, ela consegue comer muito mais que eu e com bem menos consciência.  Me senti invadida em diversos sentidos, tanto pela homofobia quanto pelo meu corpo que foi apontado sem o menor receio em um ambiente onde eu estava pagando para estar. Eu depois desses comentários fiquei extremamente envergonhada, me sentindo mal com a minha aparência e insegura. Eu e minha esposa ficamos sem saber o que fazer ou falar, não conseguimos mais continuar a comer e fomos embora.” – Maria, 24 anos.
“Aos 18 anos, minha mãe botava pouca comida para eu comer, porque eu era gorda, mas pro meu irmão mais magro, enchia o prato. Mas eu tinha mais saúde que ele...” – Alice, 24 anos.
“Minhas tias diziam que se eu não emagrecesse, eu não arrumaria marido. Durante anos achei que com meu corpo não acharia alguém. Fiz 5 anos de terapia. Agora sou casada com alguém que me ama como sou.” – Mayara, 32 anos.
“Uma vez fui em uma loja comprar roupa, lá só tinha numerações pequenas, quando reclamei, a vendedora disse que eu precisava emagrecer para caber nas roupas de lá” - Tânia, 22 anos.
“Sempre fui cheinha desde pequena, tomei vários medicamentos para emagrecer, passei mal com a maioria deles e sofri muito. Saí de uma obesidade para uma anorexia, até hoje luto com isso.” – Milena, 19 anos.
Os nomes foram modificados em respeito as voluntárias. Agradeço a cada uma pela confiança. Espero que esses relatos possam promover a reflexão e sensibilização, e, consequentemente, mudança da sociedade. Que isto sirva como força e união para nós, vítimas e lutadoras. Nossas curvas não podem, e jamais serão cobertas pelo preconceito.
 REFERÊCIAS
PAIM, Marina Bastos. Os corpos gordos merecem ser vividos. Rev. Estud. Fem., Florianópolis ,  v. 27, n. 1,  e56453,   2019 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-026X2019000100804&lng=en&nrm=iso>. access on  10  June 2020.  Epub Feb 04, 2019. https://doi.org/10.1590/1806-9584-2019v27n156453.
PIÑEYRO, Magdalena. Stop Gordofobia y las panzas subversas. Málaga: Zambra y Baladre, 2016. 105pp.
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reflexoesdegabrielle · 5 years ago
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Liberdade das suas curvas.
Foto retirada do site https://kaiserclinica.com.br/gordofobia-e-estigma-da-obesidade-precisam-ser-combatidos-com-informacao/
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reflexoesdegabrielle · 5 years ago
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NAS SUAS CURVAS
Gabrielle B. de Oliveira
Virgínia Fernandes
 Este é um resgate histórico sobre a mudança dos padrões de beleza e as consequências deste ideal internalizado na sociedade. Tomei a liberdade de escrever como eu quero e levantar referências válidas para embasar meu ponto de vista. Trata-se de um tema bastante polêmico e fortemente transpassado por ideologias. O presente texto não romantiza a obesidade ou o “ser gordo”, mas busca incentivar uma reflexão sobre como o assunto é visto e tratado pela sociedade, que – na maioria das vezes – trata-o com discursos repassados sem que existência de uma análise profunda do fenômeno de patologização do corpo gordo e da valorização do corpo magro.
Acredito que todo mundo – ou quase todo mundo - já ouviu alguma destas frases “Não pode comer carboidratos que engorda!”, “Não temos seu tamanho de roupa, emagreça! ”, “Ninguém vai te querer gorda assim!”, “Nossa você come muito!”, “Por que você não tenta a dieta x que deu certo com fulano?”, “Por que não faz bariátrica? ”, “Uau, você está linda! Mas eu preferia quando era magra”, “Basta fechar a boca que dá certo”, “Você não tem corpo para vestir biquíni” e dentre tantas outras. Tais frases aparecem em nossa vida de forma sutil, e são aceitas pela sociedade como algo benéfico, ou uma verdade absoluta. Antes de entrar nessa temática, vamos entender como o contexto histórico da mudança do “ser belo”.
Segundo Semis (2014), “A primeira tentativa de padronização da beleza humana de que se tem registro parte da Grécia Antiga (inclusive, a palavra estética tem origem grega e significa compreensão pelos sentidos) ”. Dessa forma, a beleza corporal implicava em medidas proporcionais, como na arquitetura. Diferente do que aconteceu, no Renascimento:
[...] o modelo de beleza do Renascimento supunha mulheres mais cheinhas, de ancas largas e seios generosos - o que se manteria até o final do século XVIII. Apesar dos vestidos volumosos, a cintura deveria ser marcada pelo uso do espartilho e era permitido que o decote mostrasse um pouco dos ombros.” (SEMIS, 2014)
 Esses recortes de dois momentos históricos revelam algumas mudanças nos padrões de beleza ao longo do tempo, havendo ainda mais mudanças quando a análise é conduzida mais detalhadamente. Há poucas décadas, mais precisamente nos anos 80, a saúde pública começou a debater intensamente a obesidade, tratando-a como uma epidemia. De acordo com Poulain (2013) tornou-se comum a utilização da expressão “epidemia mundial”. A palavra epidemia está associada, de modo geral, a doenças contagiosas. A obesidade seria a primeira epidemia não infecciosa da história, talvez para exagerar a ideia de que qualquer pessoa pode contrai-la. Outro fator importante foi o viés econômico no século XXI, a pessoa obesa era vista como um “gasto desnecessário para” a saúde pública, e, consequentemente, para os cofres públicos. Apesar de até a década de 90 ter havido a existência de um movimento que tendia ao reducionismo em ciências ligadas à saúde, hoje observa-se um movimento contrário no que diz respeito ao conhecimento científico. No entanto, apesar dos avanços teóricos, que objetivam tratar de tais assuntos sob ópticas multidisciplinares, não é o que se observa na prática, em que posicionamentos simplistas continuam se multiplicando. Desta forma:
“A desvalorização e a estigmatização podem ser exemplificadas por diversos (pré) julgamentos que pressupõem que a pessoa gorda é deprimida, descontrolada, fracassada e descuidada, preconceitos tão naturalizados que a própria pessoa gorda incorpora uma imagem de si inapta e doente. (PAIM, 2020)
Diante desta forma de pensar, deixa-se de levar em consideração um dos principais quesitos importantes, que é o contato e a carga afetiva que cada indivíduo tem com o alimento. Se para alguns o alimento significa somente sobrevivência, para outros pode significar prazer, consolo ou formas de contato social. A nossa experiência com alimentos surge desde quando éramos bebês. De acordo com Scardua (2016) invariavelmente, um dos primeiros recursos utilizados pelos adultos para aplacar o choro de um bebê é o alimento. Além disso, a experiência de ser alimentado é, por si só, reconfortante. O afago e o ato de comer, servem para a construção do vínculo mãe e filho. Ao longo do tempo estes gestos, que se compreendem não só como o ato de acariciar, tornam-se mais complexos. Um exemplo comum de carícia no meio adulto é o elogio. Por isso que, do ponto de vista psicológico, uma relação saudável com a comida é aquela que é tão diversa quanto a variedade de alimentos que existem no mundo (Scardua, 2016).
Outro fator importante é que:
“[...] o excesso de peso não é necessariamente resultado de comer demais. Vários outros fatores podem contribuir, como falta de sono, condições socioeconômicas, medicamentos, desequilíbrio hormonal, genética, problemas de saúde mental e até mesmo a poluição do ar. Ou seja, dizer que uma pessoa é obesa porque ela come demais e não se exercita muito é fazer uma generalização.” (LOUREIRO, 2017)
Assim a gordofobia se constitui como:
“[...] aversão à gordura, manifestada no pavor de engordar e no desprezo para com as pessoas gordas, configurada pelo sentimento de repulsa ou acentuado desconforto para com pessoas consideradas gordas, podendo estar seguido de atos de violência física, verbal, moral, psíquica” (Noronha, 2018)
“Outro imaginário gordofóbico é o da inaptidão física do corpo gordo, o qual usualmente é visto como um corpo sedentário, preguiçoso e incapaz de realizar atividades físicas. Ou seja, a gordofobia está impregnada na nossa concepção de corpo, projetando limitações, culpa e exclusão das pessoas gordas (condenadas ao exílio).” (PAIM, 2020)
Para (Paim, 2020), a inquestionabilidade da saúde das pessoas magras é um exemplo de gordofobia, uma vez que essas, ainda que de forma involuntária e inconsciente, beneficiam-se da opressão ao corpo gordo, desfrutando assim de uma situação de privilégio. Acredito que este é o ponto principal do artigo, pois a saúde atualmente é vista integralmente, contemplando vários fatores, e estar acima do peso ou no peso ideal não o único determinante para saúde do indivíduo. Não é raro ver pessoas magras apresentarem taxas altas e problemas de saúde, ou pessoas gordas – como eu – com taxas adequadas. Inclusive, psicólogos da Universidade de Los Angeles (UCLA), descobriram que o uso exclusivo do IMC (índice de massa corporal) para avaliar a saúde das pessoas classificou de forma errônea 54 milhões de americanos saudáveis como enfermos.
“De acordo com a pesquisa, que cruzou dados de IMC com os de exames laboratoriais, quase metade dos norte-americanos considerados acima do peso conforme seus índices de massa corporal são saudáveis, assim como aproximadamente 20 milhões de obesos. Além disso, mais de 30% das pessoas com o IMC considerado normal na verdade não estão saudáveis. Conclusão? Obesidade não é sinônimo de doença, assim como magreza não é sinônimo de saúde.” (LOUREIRO, 2017).
 Além de incoerente, a gordofobia é um problema que assombra a população brasileira, já que, segundo levantamento do IBGE, 56,9% das pessoas estão “acima do peso”.
“De fato, não são só as pessoas obesas ou com sobrepeso que sofrem gordofobia. Qualquer um que não se encaixe nos padrões de beleza pode se sentir estigmatizado e, como resultado, desenvolver doenças como bulimia e anorexia, problemas comuns entre adolescentes.” (LOUREIRO, 2017)
Este preconceito estrutural perpetuado pela sociedade vem sendo cada vez mais alimentado pelo discurso da plenitude da saúde e da moral, sem haja embasamento coerente, podendo levar as diversas consequências na vida de pessoas.
“Em casos mais extremos, a mulher que sofre gordofobia pode desenvolver transtornos alimentares ou dismórfico corporal, que variam entre a compulsão alimentar e a anorexia. Já se sabe que a ditadura da magreza tem ligação direta com o aumento nos casos de anorexia, bulimia e vigorexia – dependência ao exercício físico – entre as mulheres. Mesmo assim, a população continua aceitando o preconceito contra pessoas gordas como uma questão de saúde.” (EICKMANN, 2020)
Ainda que a indústria da moda e a mídia estejam buscando desconstrução de preconceitos, através da criação da linha plus size e da inserção de propagandas com modelos plus, ainda existem muitos caminhos a serem alcançados e tabus a serem quebrados, por exemplo:  mulheres acima do peso não são vistas pela sociedade como sensuais, e, consequentemente, não se sentem assim. A não contribuição com discursos gordofóbicos e o debate são passos essenciais para uma desconstrução concreta. Espero ter contribuído com questionamentos sobre a gordofobia e trazido a vocês alguma reflexão, sobre a forma que olhamos e temos contato com nosso corpo, que influencia diretamente todos aspectos da nossa vida. Temos esse compromisso conosco e com a sociedade.
 REFERÊNCIAS
CASTIEL, L. D.; ÁLVAREZ-DIAZ, C. A saúde persecutória: os limites da responsabilidade. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2007.
CATANEO, Caroline; CARVALHO, Ana Maria Pimenta; GALINDO, Elizângela Moreira Careta. Obesidade e aspectos psicológicos: maturidade emocional, auto-conceito, locus de controle e ansiedade. Psicol. Reflex. Crit.,  Porto Alegre ,  v. 18, n. 1, p. 39-46,  Apr. 2005 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79722005000100006&lng=en&nrm=iso>. access on  09  June 2020.  https://doi.org/10.1590/S0102-79722005000100006.
DIAS, P. C. et al. Obesidade e políticas públicas: concepções e estratégias adotadas pelo governo brasileiro. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 33, n. 7, e00006016, 2017.
EICKMANN, Tereza. As consequências da gordofobia. UNICAP. 2020. Disponível em < http://www.unicap.br/webjornalismo/asgordastambemamam/site/index.php/as-consequencias-da-gordofobia/ > Acessado em 9 de junho 2020.
LOUREIRO, GABRIELA. Gordofobia: por que esse preconceito é mais grave do que você pensa. Revista Galileu. 2017. Disponível em: < https://revistagalileu.globo.com/Revista/noticia/2017/05/gordofobia-por-que-esse-preconceito-e-mais-grave-do-que-voce-pensa.html > Acessado em 9 de junho 2020.
NORONHA, Andreza; DEUFEL, Camila. Reflexões Teóricas sobre a Gordofobia na mídia: o corpo na contemporaneidade. In: V Seminário Nacional de Pesquisa em Educação: ética e políticas, Santa Cruz do Sul. Resumo. Universidade de Santa Cruz do Sul: Edunisc, 2014, p. 1. Disponível em Disponível em http://online.unisc.br/acadnet/anais/index.php/sepedu/article/view/12076 . Acesso em 03/11/2018.
PAIM, Marina Bastos; KOVALESKI, Douglas Francisco. Análise das diretrizes brasileiras de obesidade: patologização do corpo gordo, abordagem focada na perda de peso e gordofobia. Saude soc.,  São Paulo , v. 29, n. 1,  e190227,    2020 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-12902020000100310&lng=en&nrm=iso>. access on  09  June 2020.  Epub Mar 30, 2020.  https://doi.org/10.1590/s0104-12902020190227.
POULAIN, J.-P. Sociologia da obesidade. São Paulo: Senac, 2013.
SCARDUA, Angelita Corrêa. Comer, pensar e sentir. Rev. Psicologias do Brasil. 2016. Disponível em: < https://www.psicologiasdobrasil.com.br/comer-pensar-sentir/#:~:text=Logo%2C%20para%20os%20seres%20humanos,as%20positivas%20vivenciadas%20pela%20m%C3%A3e. > Acessado em: 09 junho 2020
SEMIS, Laís.  Como o conceito de beleza se transformou ao longo dos séculos? . Artigo publicado em Nova Escola. 2014. Disponível em <https://novaescola.org.br/conteudo/3414/como-o-conceito-de-beleza-se-transformou-ao-longo-dos-seculos>  Acessado em 09 junho 2020.
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