Tumgik
reglupin · 8 days
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Setembro de 1973
Pela milésima vez naquele dia, Sirius checou suas coisas guardadas em caixas comuns, ele não queria esquecer nada e ter que voltar, ou pior, pedir para sua família que levassem até Orson, seu em breve novo lar. Há alguns dias, Sirius recebeu cartas de duas universidades que ele tentou entrar, as duas deram respostas positivas e Sirius acabou podendo escolher. Obviamente, Sirius escolheu a mais longe de seus parentes, uma chamada Orson que fica na ilha de Maui ao sul da europa. A família de Sirius, superdotada em magia, não gostou nem um pouco quando descobriu que seu primogênito e dono de todo o legado iria embora estudar em um lugar de trouxas. Durante muitos dias Sirius discutiu com a família e brigou para defender sua escolha de ir estudar, a família de Sirius era muito teimosa e usava de ameaças para fazer sua cabeça desistir. No fim de tudo, Sirius havia ganhado sua liberdade e entrada para a UIM - a Universidade da Ilha de Maui, mas havia quebrado relação com muitos familiares. No fim, só sobrou alguns, os únicos que importavam pois se importavam com as vontades de Sirius, Narcisa Potter, sua prima, havia brigado muito com ele em particular, no início, mas ela estava dando suporte para a mudança de Sirius até seu dormitório. Sua outra prima, Andrômeda, havia festejado e apoiado Sirius desde as provas de admissão, quando Sirius mandou uma carta para ela pedindo uma carta de recomendação
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reglupin · 8 days
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..and they were roommates
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reglupin · 8 days
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cutest couple
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reglupin · 8 days
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reglupin · 8 days
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Em setembro de 73, Sirius viu Remus pela primeira vez. Cerca de oito dias antes, Remus viu Sirius passar pelo campus da universidade de Orson, na ilha de Maui. Aconteceu de forma comum, Remus tinha acordado e se arrumado para as aulas de direito, chegando muito mais cedo do que o necessário, como sempre. Ele estava sentado na grama, perto da fonte das rosas brancas, quando viu Sirius passar com uma mulher robusta e super loira ao lado. A mulher andava ereto e com o nariz empinado, olhando para tudo com uma expressão de nojo, como se tivesse fezes em seu buço. Remus reparou no modo como o cara ao seu lado era diferente, para começar, ele andava mexendo os braços moles e despreocupados, seus olhos giravam para todos os lados, observando a arquitetura da universidade, suas roupas eram de um motoqueiro comum; calça jeans apertada, botas de cano alto, blusa de banda e jaqueta larga de couro. Os dois entraram na universidade com confiança, como se soubessem andar ali de olhos vendados. Aquele momento sido breve e pouco detalhado, mas Remus lembrou dele por dias depois, a imagem do garoto passava por sua cabeça, as roupas e sua atitude suave. Remus odiava admitir mas havia se interessado por ele, e isso era péssimo, pois com certeza se tratava de um mauricinho. Acontecia sempre da mesma forma, Remus gostava de alguém inalcançável demais, se frustrava e prometia nunca mais olhar para alguém, se isolando em suas pesquisas. A história que se segue depois a esse "encontro" foi tão inacreditável para Remus que mesmo após todas as conversas, risadas, encontros, brigas, beijos, amores e paixões, ainda ficava difícil para acreditar que alguém conhecesse ele por inteiro e ainda assim, ficasse.
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reglupin · 2 months
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Havia um lugar, no norte do nosso mundo, que era tão vazio e gelado que não existia homens. Existia apenas um poço de gralhas, habitado por dragões tão grandes quanto um navio. Parecia apenas lendas, fábulas fantasiosas, mas era uma verdade tão gelada de aceitar quanto o inverno eterno naquela região. Para buscar a verdade e talvez provar seu valor, Lily Evans se aventurou a descer no poço de gralhas, procurando nas montanhas de gelo um motivo de sua existência.
Os maiores líderes do mundo haviam matado dragões, arrancando partes aleatórias de seu corpo para provar sua força e aptidão para liderança.
Lily também podia fazer aquilo.
Quanto mais fundo ela desceu e procurava, mais seu corpo gritava para ela voltar. Aquele lugar era amaldiçoado, o ar era pesado, o gelo era farpas em sua pele e ela estava faminta há dias. Ao chegar em uma montanha coberta pela neve recente, Lily resolveu entrar em um pequeno buraco, que parecia um tipo de caverna, onde o calor certamente morava. Assim que entrou, um tipo magnífico de calor lhe atacou, preenchendo todo o seu corpo, ela suspirou longamente, expulsando aquele gelo em seu peito, mas não era o suficiente, ela precisava de mais. Ela entrou mais fundo na caverna, a luz de fora ficando mais fraca, porém o calor foi aumentando. Lily sentiu vontade de gemer, seu corpo relaxou, os pelos eriçaram, aquele calor deu de volta a sensação perdida de seus dedos, ela sentiu a boca voltar a produzir saliva.
Algo em sua mente gritou.
Não faça nada agora. Fique parada.
Determinada, ela adentrou mais fundo, tão fundo que a luz fraca se apagou totalmente e Lily não viu mais nada, apenas uma vastidão negra e a sensação maravilhosa do calor. Um calor tão esplêndido que ela enfim gemeu, pois há meses não sentia aquilo, ela se agachou, tirando as luvas com as mãos trêmulas. Seus dedos flexionaram e Lily cerrou os olhos para ver, mas a escuridão era severa demais. Ela gemeu de novo, dessa vez, um gemido sofrido.
De repente, nas profundezas daquele lugar, um barulho soou que fez sua pupila dilatar.
Não estava sozinha naquele lugar.
Ela apalpou o ar com as mãos, não sentindo nada à frente, cegamente ela deu dois passos curtos para a frente, as mãos balançando para pegar em algo. A vastidão a deixou desesperada e seu coração caiu no peito, com um outro gemido sofrido, Lily caiu de joelhos e foi engatinhando, tocando o chão que se arrastava, sujando suas vestes com algum líquido fedido do chão. Ela paralisou completamente quando sentiu uma respiração muito quente no rosto, balançando seus cabelos ruivos.
Sua pupila ficou menor em segundos, pois a sua frente, um olho amarelo maior que sua mão se abriu para ela e um grunhido baixo soou ecoando na caverna. Foi como despencar de um enorme penhasco, o chão cedeu onde estava e ela paralisou por um minuto. Talvez se ficasse parada como uma rocha, o que quer que estivesse ali não ligaria para ela.
Porém, um segundo grunhido soou, dessa vez, parecia mais como um protesto, uma exigência e o som emitiu na mente dela, repetindo e repetindo...
Era um dragão. O grunhido de um dragão que foi acordado e resmungava.
Algo no chão arrastou, levando pedras e o que fosse, um baque e então um outro grunhido, dessa vez, parecia uma concordância, como se a besta aceitasse o fim de seu sono.
Mas ainda era inverno, devia estar em profundo sono.
Finalmente, Lily conseguiu se mexer e correu, disparou como uma lebre assustada, mantendo um ritmo constante nos pés e nas mãos, respirando e inspirando fundo no ritmo dos pés, até topar numa pedra lascada e cair de cara no chão rochoso, rasgando o rosto e as mãos. Ela pulou de pé, gemendo pela dor mas sem tempo para sofrer naquela situação. Enquanto corria, os pulmões queimando rapidamente, uma linha grossa de sangue descendo por seu rosto e caindo em sua boca, Lily rezou para os deuses antigos e os novos por sua sobrevivência.
Ela olhou para trás e não viu nada ou ouviu, parecia que a enorme besta havia desaparecido, mas Lily não poderia ter imaginado tudo aquilo, ela sabia que havia um dragão ali perto. Quando enfim correu até esfolar os pulmões, Lily viu um pequeno ponto de luz, foi o suficiente para ela disparar como um vento, então de repente, algo denso caiu sobre ela, Lily não conseguiu manter o equilíbrio ou fugir, caindo novamente no chão. Ela se arrastou de costas, olhando para cima e vendo um enorme dragão.
O dragão ficou tão perto que Lily podia ouvir seus barulhos mais minuciosos, como o engolir da garganta e levitar de asas, e também seus detalhes, como o couro negro como penas de corvo. Por mais aterrorizada que estivesse, Lily não pensou em gritar ou em se levantar e tentar correr. De alguma forma, sua coragem aceitou que a morte era o fim mais glorioso e ela ficou olhando para os olhos amarelos da besta, esperando...
Mas o dragão apenas a olhou de volta, encarando quase com curiosidade. Lily se sentou, ansiosa e incomodada pela demora, o dragão enfim se mexeu, a orelha subindo e descendo, no ritmo do coração de Lily. A garota arrastou a bunda no chão no automático e o dragão parou, olhando para ela com uma dúvida ou curiosidade, era difícil dizer.
Depois disso, Lily faria a coisa mais absurda que uma herdeira de Krogs poderia fazer, ela piscou para o dragão e sua mão foi subindo até parar no alto de sua cabeça, os dedos muito perto de tocar o dragão mas não ousando.
Algo na mente de Lily gritou.
Não faça nada. Fique parada.
Ela fechou os olhos, virando o rosto, seu corpo estava relaxado, a morte seria sua parceira se assim o dragão quisesse e Lily aceitaria de bom grado.
O dragão se mexeu, mas foi para perto de Lily, seu enorme rosto encostou na palma de Lily e ele bufou, emanando o mesmo calor que Lily sentiu ao entrar para sua mão. Surpresa, Lily abriu os olhos e mirou o dragão, olhos amarelos e violetas se encararam e Lily percebeu a maior dádiva de sua vida.
Aquele dragão não seria seu prêmio. Até que a morte os separasse, aquele dragão seria sua maldição.
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reglupin · 2 months
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Codinome Beija-flor
O ensino é uma das — se não a mais — difícil etapa na vida de alguém, onde três anos podem decidir os próximos vinte anos de sua vida. Podia ser aterrorizante, podia ser traumático ou podia ser tranquilo.
Lily Evans sabia que a última coisa não seria.
Ela não temia por si mesma, apesar de ser uma garota de 16 anos, Lily tinha muita maturidade e certamente não atraía problemas. O problema era o mundo a sua volta, tudo lhe atraía e ela não sabia o que fazer.
"Garota, estou ficando sem tempo. Escolha logo um clube e pronto." disse a secretária da escola, a Sra. Gillies.
Ela fazia parecer fácil mas para Lily era muito, muito difícil. Escolher o clube errado podia fazer ela afundar socialmente ou renascer e ficar popular do nada.
E para piorar, só havia duas opções e eram enfiar a mão na terra ou ficar suada antes das dez. De qualquer forma, Lily iria sofrer e acabou escolhendo o menos trabalhoso — ao menos ela achava.
"Escolhe o clube de basquete."
A Sra. Gillies suspirou, mal-humorada. Era a segunda vez que Lily estava na sala dela e até agora não viu a mulher dar um sorriso. Sem olhar o rosto dela, a mulher deixou dois papéis na bancada e voltou a digitar no computador, Lily ergueu uma sobrancelha e espiou a tela, vendo uma aba do spirit aberto.
A Sra. Gillies escrevia?
Lily saiu da sala, olhando seus horários de aula e o bilhete de admissão que devia ser entregue para o treinador de basquete.
Ao passar pela corredor D perto do banheiro feminino, Lily viu-se de cara com Iris, a primeira pessoa que falou com ela quando chegou.
"Você está aqui! Oh, sabia que você não era de mentira. Onde está indo com isso?"
Lily sorriu.
"Bem, preciso dar este papel para o treinador de basquete, acabei entrando no clube e depois- ei, espero... qual seu clube?"
Iris suspirou, encolhendo os ombros.
"Não o de basquete, sinto muito. Sou do clube de música"
Clube de música? Lily gemeu internamente, ela adoraria fazer parte do clube de música.
"Se não estivesse lotado eu te botaria nele, o professor Firenze é muito legal e me aprecia bastante" disse ela, piorando a situação de Lily. "Bom, eu iria com você até a quadra mas nossa conversa me atrasou e agora preciso correr, até logo"
Iris saiu voando pelo corredor sem Lily ter a chance de dizer tchau. A ruiva suspirou alto, voltando sua atenção ao caminho até a quadra, a escola era impressionante e tão grande que Lily ia demorar semanas para se adaptar. Geralmente, algum representante mostrava como as coisas funcionavam e ajudavam nas inscrições de aulas mas a nova escola era totalmente diferente, ninguém olhava para você e ninguém estava nem aí. Lily sentia-se totalmente invisível.
E ela gostou disso.
Saindo do bloco e entrando no C, ela logo chegou na quadra. Era grande, como tudo naquela escola e tinha cinco lances da arquibancada que contornava a quadra. Ela parou na entrada, havia uma dúzia de garotos treinando, sem camisa e suados como porcos. Lily olhou ao redor, dando passos devagar, a princípio ninguém percebeu sua presença e ela foi se mexendo como uma mini cobra até uma porta vermelha no lado esquerda a entrada. Os garotos gritavam uns com os outros e havia dois que se sobresaltavam sobre os demais, urrando ordens e tão suados que Lily conseguia ver seus cabelos laranjas refletidos mesmo a distância.
Ela já estava perto da porta cerca de um metro e meio, então um apito super alto soou e nenhum som foi emitido.
"Ei!" alguém gritou. "O que está fazendo aqui? Estamos em treino."
"Não é permitido entrar aqui" disse outra voz.
Lily se virou, o papel amassado nas mãos. Ela olhou para os dois com um ponto fincado na sobrancelha, uma ruga se formaria ali se ela não relaxasse.
"Desculpe atrapalhar o treino de vossas excelências oh grandes atletas do basquete mas eu estou atrás do treinador." disse ela, todo o sarcasmo pingando da boca.
Um deles riu, o que estava atrás, cabelos pretos como a madrugada e a pele branca como a lua cheia. Ele ficou olhando para Lily com um sorrisinho no canto dos lábios. O que estava com o pinto apenas olhou para ela com raiva.
"Posso saber o que você quer falar com o treinador?"
"Não, na verdade, é pessoal, apenas com ele."
"Sei o que pessoal significa"
"Que bom, então onde ele está."
"Não está aqui"
Lily franziu o cenho. O garoto pálido sorriu mais abertamente.
"O que? E onde ele está? A Sra. Gillies disse que ele estaria aqui."
"Eu estou no comando, você pode falar comigo ou esperar" disse o garoto do apito.
Lily olhou bem para ele, era tão alto quanto o garoto pálido e seus braços nu eram tão grossos quando o corpo de uma árvore, sua pele era como argila quente e seus olhos eram claros como âmbar. Ela notou que todos os outros olhavam para ela, uns encaravam e outros apenas olhavam confusos pela interrupção. Ela não estava tão invisível.
Mas gostou da atenção recebida.
Antes que ela falasse algo, a porta atrás de si abriu e um homem muito gordo apareceu.
"Potter, se alguém do clube aparecer diga para voltar a sala de Gillies—" ele parou quando viu Lily.
"Olá, senhor. Preciso te entregar isto" disse Lily.
O homem piscou duas vezes, sem reação.
"Oh céus, então entre. Aquela mulher está me dando trabalhos a mais, vamos entre e sente-se onde quiser." ele disse e fechou a porta.
Minutos depois, o barulho de gritos e apitos voltou. Ela olhou ao redor, vendo troféus por todo lado na sala pequena, ela cheirou e se arrependeu no mesmo instante, tinha cheiro de queijo velho e suor masculino. Um pequeno ventilador no teto apenas fazia o cheiro ruim circular por todo o cômodo, dando náuseas em Lily.
"Muito bem, qual seu nome meu bem?" indagou ele, olhando para Lily com gentileza.
"Lily Flatiron Evans, estou com o papel de admissão do clube, aqui" ela entregou o papel e o homem digitou algo no computador a frente.
Ela olhou ao redor enquanto ele teclava e teclava, havia muitos quadros de times, antigos e novos. Um em específico chamou sua atenção, era da turma de 69, todos se espremiam para tocar no troféu e um segurava ele no alto, o mais alto dos demais, com cabelos pretos como as penas de um corvo e a pele pálida como uma vela, muito parecido com o garoto lá fora.
"Sim, ora, é óbvio!" gritou o treinador, fazendo Lily pular. "Você é a última inscrita, a turma está lotada, oficialmente, bom... suas tarefas são poucas e muito simples, você não é atleta, obviamente, então será uma auxiliar de atleta."
Lily olhou para a cara dele sem entender nada.
"Durante nossos treinos, você e os outros vão dar suporte no que for preciso. Nos jogos, viagens e conexões a mesma coisa, mas cada um terá que auxiliar um atleta, para não virar uma bagunça!" ele olhou para sua prancheta, folheando. Seu cenho franzia a medida que ele olhava. "Bom... a sala está lotada e a maioria dos atletas já tem seus auxílios, o que me resta te colocar..."
Lily rezou para todos os deuses que não fosse o próprio treinador.
"Com o Potter. É o único que não possui auxiliar, então você ficará com ele. Seu dever é ajudar o clube de basquete e principalmente, auxiliar Potter. Não quer dizer que você vai pegar água para ele ou essas baboseiras, você vai ajudá-lo em coisas que ele não pode, como medir seu tempo de treinos e coisas do tipo. Você entendeu?"
Lily fez que sim, incapaz de dizer algo.
"Ótimo, então está dispensada, até amanhã no treino, Evans." sorriu ele.
Lily correria, se pudesse. Ela se levantou e saiu, reunindo forças para andar de forma tranquila, ao passar pela quadra, alguns garotos olharam para ela, inclusive o garoto pálido, mas o do apito apenas berrou e deu ordens para os outros. Lily andou apressada quando saiu da quadra e foi para sua aula de biologia, que já havia começado há cinco minutos.
Ela fez tudo no automático até a hora de ir embora e quando chegou em casa, ligou para sua tia Selena e relatou tudo.
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reglupin · 3 months
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Há milhões de anos, quando o Deus da energia Hodus deu o seu longo suspiro, Deuses de todos os elementos e matérias surgiram e assim, criou-se o mundo vasto. O mundo era cheio de riquezas mas vazio, os deuses não podiam tocar suas criações, pois eram coisas materiais e os Deuses não possuíam células para tocá-las. Com a energia de Hodus e dos outros Deuses, nasceram os dragões, criaturas poderosas que viviam e protegiam o mundo. Havia dragões da água, do fogo, da luz, da noite, do ar e muitos outros, cada matéria emitiu dragões pela energia de Hodus. Milhões de anos depois, o mundo estava cheio de dragões, de norte a sul; e assim continuou. Porém, na noite longa, Hodus deu seu segundo longo suspiro, e com sua energia, nasceram os primeiros homens. Os homens eram matérias pequenas cheias de células, não se apegavam e sobrevivência por grupo, nunca no mesmo lugar e se reproduziam rápido. Dragões e homens viveram por muitos anos sem se cruzar. Até que nasceu o filho do líder dos Vitalys, homens corajosos e bravos; o nascimento daquela criança significava uma grande mudança para os homens.
E também para os dragões.
Há mil anos atrás, em uma terra vasta e verde chamada Vitaly, homens corajosos montaram dragões mas isso foi sua ruína, liderados pelo líder James Potter, filho de Fleamont Potter, "o magnífico". Dragões e homens morreram pela peste de epidemia causava pelo contato entre peles de homens e dragões, ambos poucos higiênicos e perigosos.
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reglupin · 3 months
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resumo do capítulo: nova cicatriz.
Remus estava deitado de lado, respirando com esforço para não desmaiar de novo. Já faz uma hora que o sol nasceu, ele ainda não tem certeza se suas pernas aguentam o peso do próprio corpo.
Essa última lua cheia foi potencialmente difícil, seus ossos ardem como brasa dentro da pele e seu coração dispara como um foguete.
Ele se sentou, uma das mãos no pescoço, a outra segurando com força na beira da cama. Remus esfregou os olhos e o quarto entrou em foco, iluminado por uma luz fraca e enevoada vinda de um lampião na rua fora da janela.
Ele passou os dedos trêmulos pelo pescoço, um ponto antes liso agora preenchido por uma cicatriz. Ele sente com a ponta dos dedos, abaixo do lóbulo até o maxilar, fina e enrugada. Continua dolorida. Ele procurou suas roupas ao seu lado encontrando-as aos frangalhos, puxou o cobertor grosso e mofado no chão, cobriu-se. Atravessou o quarto e espiou para fora da janela.
Um homem magricela olhou assustado para a casa conhecida por ser assombrada, sem notar Remus olhando de volta. Lupin estava habituado a ver o homem toda vez que era trancado no quarto, deduzia ser o caminho que fazia para ir ao trabalho.
“Cuidado com a pedra”, sussurra Lupin inutilmente. A porta do quarto se abriu num estrondo, Remus se encolheu por hábito.
O homem pulou de susto com o barulho vindo da casa, sua boca se escancarou como um peixe conforme seus olhos ficavam maiores que o rosto, ele tropeçou na pedra e caiu de costas, se arrastando para longe e levantando com a poeira. Havia medo em seus olhos quando ele correu, sumindo atrás de um muro.
Remus olhou uma última vez para a rua, cotovelos na janela e mãos agarrado aos cabelos. Ele se virou lentamente e ali estava Dumbledore, cerca de um metro dele.
Ele sorriu através da barba longa. “Remus Lupin”, disse como se a surpresa fosse ver Remus ali. Esticou a mão aberta mas Remus continuou parado, devagar ele voltou a mão para segurar na frente do corpo. Continuava inabalável ao dizer, “É uma felicidade vê-lo, parece muito bem”.
Remus riu nasalado, certamente ele parecia melhor do que há duas horas atrás. “Digo o mesmo, professor Dumbledore. Perdoe-me, mas o que faz aqui?”
O velho sorriu. “Tenho uma notícia para dar e peço que me acompanhe, por favor”, ele se vira saindo mas Remus não o faz.
Dumbledore estava quase passando pela porta quando percebeu os olhos caídos de Remus, então olhou através dos óculos com formato de meia lua para o corpo do garoto coberto pela manta.
Com duas palmas silenciosas uma muda de roupas apareceu no colchão duro, Dumbledore saiu com a túnica chacoalhando e Remus se viu sozinho novamente. Ele se arrumou o mais rápido que seus ossos doloridos permitiam e percebeu que vestia as mesmas roupas que usava antes da lua cheia.
Ele entrou no corredor sombrio e encontrou Dumbledore esperando com as costas na parede, olhos cansados em Remus.
“Obrigado”, disse Remus com sinceridade. Dumbledore acenou e andou porta afora, Lupin acompanhava manco.
Dumbledore encolheu-se para sair pelo buraco do salgueiro , Lupin quase riu desacreditado. Jamais pensaria ver Dumbledore se curvar com tanto cuidado para não rasgar as vestes azuis, mas ali estava ele, dando a mão para ajudar Remus. O quadril de Lupin doía, seus olhos e sua perna direita não prestavam mais. Ele recusou a ajuda de qualquer forma, passando pelo buraco da maneira menos dolorosa possível.
O sol da manhã estava ofuscado pelas nuvens, ventos gelados arrepiavam os pelos da nuca de Remus. Ele se encolheu no suéter bege, mãos dentro das mangas.
“Você precisa saber, Remus Lupin. Sobre o ataque de lobisomem de ontem a noite, na floresta de Bellwiestor”, disse o velho. A barba cobria seus lábios enquanto falava, se Remus não estivesse perto não ouviria. “Aurores receberam ordens para aprisionar qualquer suspeito e todos os lobisomens registrados no ministério estão sendo entrevistados...”, ele fez uma pausa dramática e olhou o pulso nu. “Creio que agora mesmo”
Remo não disse nada por um minuto, talvez dois. Olhar para Dumbledore não fazia seu coração se acalmar mas era tudo que ele podia fazer no momento.
Ele achou que iria cair, então Dumbledore segurou seu ombro e sorriu. “Eu tenho motivos muito exatos para pensar que foi Greyback e seu bando que fez tudo”, ele olhou ao redor então de volta para o jovem lobisomem, “Um unicórnio foi encontrado morto entre tocas de fadas, mas não sabem se foram lobisomens.”
Remus aperta os lábios. É claro que foram lobisomens.
Dumbledore continua. “O bando de Feyrir atacou uma vila de bruxos em Gales e o ministério teve que divulgar”, o bruxo alisa a barba ao dizer: “Na minha humilde opinião, acho que estão servindo de distração para algo que precisa de toda atenção.”
Remus assente, a garganta muito seca agora. “Não teve nenhum humano ferido”, Dumbledore diz, a mão nas costas de Remus. “Não precisa se preocupar, vamos.”
Remus observa a grama verde de Hogwarts, incapaz de dizer qualquer coisa. Ele sabe que se abrir a boca vai dizer algo muito rude. Lobisomens entre bruxos mas sem ferir? Unicórnio morto?
Como diabos Dumbledore espera não preocupá-lo, Remus não sabe.
Sempre que algo sobre lobisomens acontece, Dumbledore conta para Remus como se ele tivesse que saber, como se quisesse saber. Em geral ele não quer, não porque odeia os olhares de pena(ele odeia) mas porque é tudo muito cruel.
Eles passaram pelo térreo vazio e pelo lago intocado, Dumbledore parou perto dos portões e sacudiu as vestes.
“Eu desejava ir ao caldeirão furado para podermos conversar mas creio que está cansado, Remus Lupin”, disse o velho com sua voz melodiosa.
A resposta de Remo foi piscar devagar.
Dumbledore tocou suas costas e num segundo Remus se sentiu muito mal. O puxão no umbigo e a sensação de uma enorme colher de pau estar mexendo em seu estômago faz Remus trincar os dentes agoniado, ele odeia aparatar.
Desde que recebeu autorização para isso, só fez duas vezes com Euphemia Potter.
O velho alisou suas costas no segundo que ele se curvou para o muro dos Potter. “Está tudo bem, Remus Lupin?” indagou preocupado.
Ele segura a barriga e cobre a boca, sentindo lágrimas molharem seus cílios.
Remus empurra ele assustado, por um segundo ele pensa que vai desmaiar mas Dumbledore se afasta. Agora ele pode respirar direito, mesmo que cada puxada de ar faça seus pulmões doerem.
Após longos segundos ele se ergue com dificuldade, respirando fundo duas vezes e encarando Dumbledore.
Ele encontra sua voz, dizendo com firmeza. “Estou”
O velho ficou apenas olhando por um momento. “Muito bem”, respondeu. Ele virou esperando Remus dar o primeiro passo e assim ficou até Remus passar pelo portão da residência dos Potter.
Em geral, as pessoas sentem Dumbledore chegar, ao menos Remus sim. O cheiro de sua magia é antiga e muito doce. Lupin consegue sentir até na forma humana, foi o segundo cheiro do mundo mágico que ele sentiu.
O primeiro foi Greyback.
Ele nota Dumbledore olhar de soslaio duas vezes antes de bater suavemente, então James Potter abre a porta com agitação e sorri para o velho bruxo. Quando Remo sai detrás de Dumbledore, o sorriso de James aumenta. Ele parece maior, mais musculoso e dócil -seus óculos são imperiosos.
“Moony!”, ele berra. James resiste pular em cima do amigo, segurando na porta com força, seu corpo todo treme de emoção. Remo vai até ele de braços abertos antes que James quebre a maçaneta.
É preciso de muito autocontrole, mais do que James é capaz, para não apertar Lupin com força. Foram dois dias de lua cheia, a maior até agora e James quer apenas se fundir em Remo.
Os olhos de Potter aumentam através dos óculos de aro redondo. “Entre, Moony, entre!”, ele pega a mão do amigo levando-o para dentro enquanto checa Remus como uma mãe nervosa.
Dumbledore entra após se dar conta de que James esqueceu dele, as mãos juntas na frente do corpo.
“Oh, Moony”, James está quase em cima dele. “Você está com uma nova cicatriz, coitadinho... Vai ficar tudo bem, sim? Estou aqui.”
Euphemia Potter aparece na soleira da sala de estar, “Oh, Jay. Deixe o pobre respirar! Você certamente está deixando-o tonto.”
James vira o pescoço para a mãe então para Remus. “Estou Moony?”
Ele sorri envergonhado. “Está tudo bem”, diz baixinho.
James vira para Euphemia. “Está vendo, mamãe?”, diz com glória se agarrando ao pescoço de Remus. “Ele está bem, vou cuidar dele, ele vai ficar bem.”
Em resposta, ela dá um tapa na cabeça de James. Ele chia e acaricia o local, um beicinho nos lábios que ele não percebe.
“Não seja teimoso, James.”, diz séria. Seus olhos brilham ao pousar em Remus. “Tudo bem, meu amor? Fiz suas comidas favoritas para o jantar, pode ir comer com Jay enquanto falo com Dumbledore”, sua voz é suave e doce. Suas palavras nunca soam como ordens, sempre como escolhas. Como, você pode comer ou fazer outra coisa, o que quiser!
Ela afaga o braço de Lupin e o beija na testa, ela faz isso desde o ano passado sempre que Remus tem uma lua cheia difícil.
Ou seja, sempre.
James olha para Dumbledore no outro lado da sala, notando ele agora. Ele não parece impressionado com o que vê, como se fosse acostumado ao ter o bruxo mais poderoso da década em sua sala de estar. James pega a mão de Remus e o arrasta para a cozinha tagarelando sobre os últimos acontecimentos.
Remus dá uma última olhada e vê Euphemia indicar o sofá para Dumbledore se acomodar. Uma bandeja com duas xícaras, um bule e dois pires aparece na mesa, ornamentado com gansos dourados na cerâmica. Dumbledore senta-se, pegando uma das xícaras.
Então Remus dá de cara com a maior mesa de comida que já viu fora de Hogwarts
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reglupin · 3 months
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Resumo do capítulo: encontro Jily.
Por volta do meio-dia do dia seguinte, Remus está deitado antes de sentir um roçar na bochecha. É quase como cócegas, exceto que pinica sua pele como um galho cheio de folhas. Ele abre os olhos e se assusta ao ver James Potter com o rosto perto do rosto dele, os olhos atentos e simpáticos.
“Woah”, grita Remus. Ele puxa o cobertor e se encolhe perto cabeceira, James recua igualmente surpreso.
Ele olha com seus olhos atentos. “Oi oi, tudo bem. Está tudo bem, Moony. Sou eu, Prongs”, diz com um sorriso apaziguador.
“Eu disse para o deixar, sua mãe disse”, fala Peter sentado na cadeira da mesa de estudos de Remus.
James olha para Peter. “Estou apenas verificando”, bufa então olha para Remus com um sorriso de covinhas. “Você não estava se mexendo então resolvi te acordar, mas você parecia cansado ontem então achei que era apenas cansaço...”
Remus pisca.
Não há muito sobre ontem à noite. Ele comeu como um rei enquanto ouvia James falar sobre seu plano de fazer o último ano ser o mais épico de todos. Subiu para seu quarto, recebeu um beijo de Effie(Dumbledore tinha ido embora sem ele ver) e apagou.
“Enfim, eu trouxe seu café da manhã e a poção para dor”, diz. As mãos atrás das costas -qualquer um fazendo esse gesto é vergonhoso mas James Potter parece fofo.
“Exatamente o que sua mãe disse para não fazer”, Peter resmunga.
James revira os olhos. “E então o quê? Deixar Moony de barriga vazia? Ele precisa comer em todos os horários para ficar bem”, retruca.
Peter mexe o nariz como um rato. “Ok, eu só não quero receber sermão da sua mãe.” Diz nervoso.
James acena com a mão. “Não se preocupe, cara”, ele olha para Remus por um minuto parecendo ansioso. “Você não vai comer?”
Seus olhos arregalados e azuis encaram Remus com ansiedade e então ele se dá conta da bandeja cheia de comida ao lado da cama.
A barriga de Remus ronca muito alto.
James sorri para ele. “Vamos deixar você comer em paz”, Peter suspira e James olha para ele. “Vamos Wormtail”, James puxa Peter pelo casaco, segurando-o pelos ombros. “Estaremos no quintal”, diz e a porta se fecha logo atrás.
Sozinho em seu quarto, não demora muito para Remus devorar a comida na bandeja, as bochechas coradas de vergonha.
**
Após a lua cheia, Remus fica sensível, angustiado e cansado.
Qualquer mínimo esforço tira dele toda energia, seu estômago não aguenta as refeições, é nesse período que ele mais dorme.
James acha que é por causa da dor, que o lobo deixa ele dolorido ao ponto da exaustão. Em geral, lobos conseguem se curar ainda em sua forma animal com ajuda de outros lobos, mas Remus é sozinho desde os cinco anos.
Há rabicho e pontas para ajudar, porém nenhum outro aluado. Também não ajuda que James e Peter só possam ficar algumas horas -Pete tem medo de serem descobertos como animagos.
A última lua cheia foi difícil, Dumbledore permitiu que Remus usasse a casa dos gritos e Effie precisava de James o tempo todo. Obviamente, eles deram um jeito e passaram divertiras horas juntos como animais.
Assim que o lobisomem reconheceu o veado, o rato abriu a porta da jaula e o cervo disparou pela floresta com o lobo. Eles fazem isso quando o lobo está agitado, ajuda correr e se esconder por algumas horas. Remus não fica tão esgotado quando deixa o lobo livre, isso poderia acontecer mais vezes se dessem um voto de confiança para ele.
Às vezes, James pensa em como ele passava as luas cheias. Remus vivia em um orfanato para garotos no sudeste de Londres, antes de Effie pegar a guarda dele, mas como Remus aguentava sem ajuda? Nenhum pontas, nem rabicho. Ele viveu entre trouxas durante anos, se transformando em porões escuros e isolados.
Como aguentou estar sozinho por tanto tempo?
James não entende. Por isso ele precisa cuidar de Remus como um irmão mais velho, mesmo ele sendo mais novo.
Remus nunca pareceu precisar de ajuda, ele nunca pediu ajuda, não por orgulho mas por não saber como. James sabe, os olhos de Lupin transbordam insegurança e medo. Mesmo assim, ele é a pessoa mais incrível, corajosa e forte que James conhece.
“Sabe”, diz Peter. Isso tira James de seus pensamentos. “Vou comprar um chocolate para Moony quando formos ao beco diagonal.”
James sorri firme. “Ele vai conosco”, diz, mas até mesmo ele dúvida que Remus consiga ir.
Eles estão deitados na grama do quintal, suados e corados. James propôs um jogo de pega-pega onde eles apanhavam o pomo três vezes cada, Peter desistiu do jogo quando James apanhou pela segunda vez num tempo de vinte minutos.
“Tudo bem então...”, Peter abre a boca sempre que começa a pensar. “Vou comprar um livro!”
James ri.
“Ele vai gostar disso”, diz de olhos fechados.
Peter franze o cenho.
“Eu não sei qual comprar, ele parece ter lido todos”, diz pesaroso, olhos em James.
“Também não faço idéia”, diz passando a mão pelos cabelos. “Compre qualquer um de romance, talvez Austen.”
Peter assente pensativo.
James rola na grama, a testa suja de terra. Ele abre um sorriso brilhante. “Quer jogar bila?”
Peter faz uma careta. “Bila?” repete confuso.
James levanta num salto, vai até a pequena dispensa com seus equipamentos antigos de quadribol e volta com um saco. Ele se agacha nos joelhos e despeja várias bolinhas miúdas no chão, de cores e tamanhos diferentes.
“Alison me ensinou a jogar”, diz sorridente. “Ele jogava no Brasil com os primos antes de se mudar com os pais para a Irlanda. É um jogo muito legal mas precisa de mira e habilidade”, ele coloca uma bila na frente do olho.
“Veja, são de vidro”, ele entrega para Peter, que olha impressionado.
Euphemia aparece na porta, chamando os dois garotos para entrar e se lavar. James arruma as bolinhas contra gosto e Peter ajuda, fazendo perguntas sobre as regras do jogo.
“Jay!”, exclama Euphemia da cozinha. “Jay!”
“Estamos indo!”, ele grita. Dá uma última olhada em Peter e corre para fechar a dispensa, jogando o saco de bila em qualquer lugar. “Vamos, Rabicho.”
James encontra Euphemia no andar de cima, acomodando Remus entre milhares de travesseiros fofinhos. Ele e Peter trocam olhares, guardando o riso para depois.
Remus parece envergonhado, o jeito como ele se encolhe até sumir entre as almofadas.
Totalmente adorável, pensa James.
“Você pode chamar mimi se precisar de alguma coisa, qualquer coisa”, diz Euphemia e parece muito com James. “Voltaremos antes do almoço”. Ela beija cada lado da bochecha de Remus.
James pede beijos mas sua mãe ameaça cortar seu cabelo se ele não for se lavar, ele vai correndo e leva Peter.
O quarto de James é ao lado do quarto de Remus, então eles conseguem ouvir Euphemia falar como uma mamãe ursa.
“Você está confortável?” e “Posso ajudar?” são frases típicas dela.
James sentia ciúmes no começo mas agora ele entende, não há como tratar Moony de outra forma.
**
Peter já estava esperando James quando ele desceu as escadas(ele fez após dizer tchau para Remus), sua mãe estava fazendo uma lista enquanto ele comia biscoitos.
Assim que James pisou no chão, Peter e Euphemia abriram a boca. Eram como dois peixes fora da água.
“O que foi?”, indagou James, passando a mão pelo cabelo.
“Você vai para algum evento de moda chique?”, brinca sua mãe, as sobrancelhas balançando.
“Você podia ter avisado", diz Peter.
“Como assim”, ele passa a mão pelo cabelo. “Estou normal”
Sua mãe olha para ele com ceticismo. “Jay, você está usando perfume”
“Sim, porque eu sou cheiroso!” ele bufa.
“Mas você é um atleta” diz ela.
“Não necessariamente um fedido”, ele retruca. Effie aperta os lábios em uma linha fina.
Alguém puxa a calça de James, é mimi, a elfa doméstica da família. Ela entrega um pequeno envelope vermelho para James. “A senhorita Evans mandou isso agora pouco, senhor”, diz numa voz fina.
“Obrigado, mimi”, ele pisca para a criatura pequena.
Mimi se afasta vermelha até o pé, reverência para James até desaparecer. Ele abre de qualquer jeito e lê a letra pequena e deitada de Evans, diz que ela já espera no beco diagonal.
“Temos que ir”, ele diz alarmado. “Agora.”
Effie aperta os olhos divertida demais para se mexer, “Você está bem?”
James se empertiga, ela quase ri.
“Não é hora de fazer piadas, vamos”, ele diz com urgência, puxando a mão dela com gentileza.
Agora Effie solta uma gargalhada, mão no peito. “Oh, vamos estabelecer horários para fazer graça?” indaga e há tanta intenção em sua voz.
James ganha uma coloração nas bochechas.
“Vamos Peter”, diz Effie quando James abre e fecha a boca várias vezes num tempo de segundos.
O pequeno Peter salta, biscoitos na mão enquanto mimi lhe entrega o casaco. Não faz exatamente frio em Agosto, mas Peter afirma ficar estiloso nessa época.
Ninguém o contradiz.
Uma vez no beco diagonal, após James apertar as pedras certas e pular ansioso enquanto a parede de pedra se move para dar passagem, ele procura por algo.
Ou melhor, alguém.
Euphemia observa com humor enquanto James anda quase correndo.
A família Potter é muito popular, principalmente no mundo bruxo, o beco diagonal é sempre lotado deles. Euphemia acena e sorri para amigos de infância, colegas de Fleamont e amigos que ela não lembra o nome mas sorri mesmo assim.
James não parece perceber eles sorrindo para ele também, aliás ele parece desligado de tudo. Seus olhos continuam em frente, procurando por Lily Evans.
A mulher sabe que James marcou de encontrar-se com ela, não porquê James teve a delicadeza de contar. Ele não.
Lily Evans nunca foi um segredo de James, na verdade nada é para eles. James gosta de dizer aos quatro ventos que ele é perdidamente e loucamente apaixonado por Lily.
Então Euphemia vai garantir, principalmente, que Lily Evans saiba. “James, querido. Eu e Peter vamos comprar varinhas novas, você pode ir comprar os livros?”
James finalmente desacelera, olhando para a mãe com olhar de misericórdia. Ele não nega, apenas pega a lista de livros e dá um beijo na bochecha dela, então sai arrastando os pés.
Euphemia passa a mão pelo cabelo. “Ele ainda vai me agradecer”, diz e vira para Peter, o garoto soca seu último biscoito na boca e limpa a boca com o braço. “Então, Peter, que tal um sorvete depois das varinhas?”
O sorriso de Peter aumenta. “Oh, Merlim abençoe a senhorita” diz em deleite.
De braços dados, eles vão em direção ao olivaras, melhor loja para comprar varinhas da região. Effie abre a porta e indica que Peter entre primeiro, Olivaras cumprimenta-os com alegria.
**
No último dia de aula de seu sexto ano, James Potter convidou Lily Evans para um encontro no beco diagonal, ele achou que se a chamasse para um lugar movimentado ela concordaria.
Ele estava certo.
Foi uma surpresa ouvir Lily Evans dizer claro. Não “sim”, nem “tudo bem”. Foi “claro”, a palavra que saiu de seus lábios.
O sexto ano foi um ano louco, pegadinhas dos marotos e castigos, festas de arromba na sala comunal e reuniões de estudo. Mas ouvir um “claro” de Lily Evans foi a coisa mais louca, na opinião de James.
Uma voz em sua cabeça diz para ele não ficar tão surpreso que isso realmente está acontecendo, afinal eles começaram a ser amigos. James abandonou o plano de impressionar Lily chamando sua atenção e começou a ser legal, deu seu melhor mostrando que ele realmente quer conhecer ela. Ser seu amigo.
Parece engraçado, pensar nisso assim, parece que ele ficou na zona amigável, mas é ótimo ser amigo de Lily. É muito melhor do que ser o idiota que estuda com ela, como Lily costumava chamá-lo.
Mas existe outra voz também, dizendo que o encontro dele foi por água abaixo. Ele não quer atrasar com Lily mas jamais poderia dizer não para sua mãe, então ele anda desanimado na direção da floreios e borrões para comprar os malditos livros.
Talvez se ele explicar para Lily o motivo de seu atraso, ela não fique brava.
Comprarei um livro se ela ficar muito brava, pensa James.
Um segundo depois ele está abrindo a porta da livraria e vê Lily no balcão, uma pilha de livros ao lado.
O sino da porta faz todos levantarem os olhos por um segundo, os olhos de Lily permanecendo nele. Ela está usando um suéter amarelo e uma calça folgada, cabelos ruivos solto nas costas.
Com um sorriso suave, ele para na frente dela. “Ei... você está muito bonita”, ele vê Lily ficar rosa. “Não achei que fosse estar aqui”, ele percebe logo depois que se for para encontrar Lily que seja na livraria.
“As meninas foram comprar capas na Madame Malkin, elas sempre demoram para escolher e eu quis checar aqui.” Diz.
Ambos olham um para o outro, James se pergunta se ela esqueceu que eles tem um encontro marcado.
“Checar para ver se a loja continua no mesmo lugar?”, pergunta James divertido.
Lily rola os olhos mas há um sorriso nos lábios, “Você entendeu, Potter”
“Potter?”, suas sobrancelhas se juntam. “Não sei se entendo, realmente”
Ele empurra os óculos, sentindo-se muito estranho de repente. Lily abre e fecha a boca muitas vezes e quando finalmente consegue falar, o que sai é:
“Onde está Remus?”
James franze as sobrancelhas, “Na minha casa” responde.
“Certo” ela puxa sua varinha e aponta para os livros. “Wingardium Levi-“
James toca seu braço, muito perto agora.
“Não se preocupe, eu levo seus livros. Só preciso concluir essa missão”, ele sacode o papel e sorri.
Ele pega os livros no balcão e desaparece antes que Lily consiga responder, o ar fica pesado quando ela encontra ele entre prateleiras.
A floreios e borrões é o lugar preferido de Lily, as prateleiras ficam abarrotadas até o teto com livros do tamanho de paralelepípedos encadernados em couro.
Ela fica olhando James se mexer no espaço limitado com seu corpo musculoso de atleta, um sentimento estranho no peito. James olha para ela e sorri com covinhas fundas marcando sua bochecha, tudo e qualquer sentimento estranho derrete.
“Oi”, ele diz.
“Oi”, diz Lily.
James passa a mão pelo cabelo, está uma bagunça e Lily tenta não pensar no quanto ela gosta da bagunça escura no alto da cabeça de James, o quanto ele fica bonito de qualquer forma sem fazer esforço. Deve ser irritante ser James Potter, ela pensa, e maravilhoso.
“Eu gostei muito”, diz James.
Lily pisca, “O quê?”.
Ela não percebeu que James estava falando, e agora? Bom, parece não haver problemas.
“O livro que você indicou para mim, no último dia. Madame Bovary, certo?, repete James. “Eu amei tudo sobre ele.”
Um sorriso rasga a boca de Lily. “Oh, você leu?!” ela fica rosa por parecer tão esganiçada.
James têm a decência de ignorar seu grito. “Claro, você parecia muito feliz falando sobre ele então quis saber o que esse livro tem de especial”.
Lily cruza os braços. “Ah, e você conseguiu encontrar?”, ela sorri.
James se aproxima dela, a mente de Lily dispara em alerta, seu peito muito acelerado. James tem a ousadia de olhar para ela com curiosidade, como se Lily fosse um livro que ele pensa em pegar e folhear.
“Não tenho certeza, talvez você deva me dizer os motivos que o fazem seu favorito”, disse.
O coração de Lily está batendo tão forte que ela se pergunta se ele está ouvindo. Ele estica o braço e pega um livro no alto, sorrindo ao se afastar.
“Esse é o último da lista, vamos?”
“Como?”
James enruga o nariz confuso. “Para o nosso encontro”, diz.
O coração de Lily vacila, ela não sabe porque. Ela veio aqui para ter um encontro com James Potter, ela aceitou e ficou ansiosa.
Mas agora ela está com medo de James descobrir que ela não é tudo isso.
Patética, diz a voz em sua cabeça, desde quando ligamos para o que James Potter pensa?
Desde o quinto ano, pensa Lily.
Ela sabe que ficou muito tempo em silêncio, James está olhando para ela com...preocupação?
“Sim! Ótimo, vamos”, é o que sai dela.
James sorri e sai da loja com todos os livros na mão, Lily atrás oferecendo ajuda.
Quando o vento de quase Setembro atinge os dois, James se vira para Lily com um sorriso de covinhas, os cabelos voando no alto da cabeça.
“Diga-me, Evans. O que você quer fazer agora?”, questiona.
Lily pondera por alguns segundos mas nenhuma idéia surge, ela não tem muita experiência com encontros. Nunca teve nenhum mas entregar a bola para James é sempre perigoso, então ela começa a andar como se soubesse para onde estão indo.
O beco diagonal fica mais cheio nas vésperas de aula, bruxos de todo lugar passam pelos dois jovens. Muitos deles acenam para James, que acena de volta.
“Você vai dizer para onde estamos indo ou é uma surpresa?”, pergunta James após cumprimentar uma velha amiga de Euphemia.
“Vamos tomar uma cerveja amanteigada, o que acha Sir. Famoso?”, ela sorri zombeteira.
James ri, negando com a cabeça. “Eu vou adorar, mas não me chame assim”.
Lily ri.
“Mas você é famoso, foi parado cinquenta vezes no caminho”, diz. James franze o nariz como se sentisse um cheiro péssimo.
“Isso não é verdade!”, exclama. Ele segura os livros ao lado do corpo, parecendo não sentir peso algum. “E eu não gosto dessa palavra, parece que eu me resumo numa caixa pequena”, reclama.
Lily pensa num milhão de coisas para dizer, alguma piada. “Ei, hm, eu- estava brincando, sabe? Remus é mais famoso que você”, diz esbarrando de leve no ombro dele.
James ri e Lily sorri.
“Oh, você está sendo cruel comigo?”, ele faz cócegas na costela dela. Lily se debate rindo mas continua ao lado de James, ambos numa bolha.
Quando Lily consegue parar de rir, James está olhando para ela. Realmente olhando para ela, olhos enormes e azuis.
Lily para de respirar, o corpo gelando conforme James desce seu olhar para a boca dela.
“James!”, grita alguém. É Peter, ele se aproxima dos dois amigos sorrindo amigável. “Como vai, Lily?” pergunta e se vira animado para James. “Consegui uma nova varinha!”
“Isso é ótimo, Rabicho”, diz James, passando a mão pela cabeça de Peter como um irmão mais velho. Peter fica encantado com o gesto.
Lily quase suspira, ela não sabe se conseguiria ficar de pé ao ser beijada por James Potter. É um alívio ver que ele parece não se importar com a bolha quebrando.
“Peter, o que está fazendo?!”, diz Effie aparecendo com um bocado de coisas. Ela olha para James como se pedisse desculpas. “Oh- Olá, Lily” ela abraça a garota de lado.
“Oi, senhorita Potter”, diz Lily se afastando.
Euphemia toca seu ombro. “Me chame de Effie, querida.” Lily sorri.
“Mãe! Eu ajudo você”, diz James se aproximando da mulher. Effie o dispensa com um aceno de mão.
“É só colocar na mala, viu?”, ela coloca todas as compras na mala ampliada por dentro com um feitiço flutuante. “Estou indo para casa”, avisa. “Vamos Pete”.
Peter estala a língua e James pensa em insistir, exceto que Euphemia está com aquele olhar de apenas-faça-logo que faz ambos obedecer calados.
“Muito bem, aproveite seu dia querido”, diz ela para James. “Você está linda, querida”, diz para Lily. “Venha comer conosco, Remus vai gostar disso” ela abraça cada um então sai puxando Peter, dando uma piscadela para James antes de sumir.
“Oh, eu adoro sua mãe!” diz Lily quando retornam a andar.
“Ela sente o mesmo por você”
Lily arregala os olhos. “Mesmo?”
James sorri com isso.
“Sim, você não percebeu a piscadela?” questiona, Lily olha para trás como se fosse rever a cena.
“Não, mas fico feliz que ela goste de mim”, essa confissão faz seu rosto corar.
“Gostar de você é inevitável, Lily Evans”, diz James num sussurro.
“Cale a boca”, ordena, o rosto completamente vermelho. Ela empurra James pelos ombros e o garoto empurra de volta, ambos numa luta.
Notas: alguém notou a menção Brasil? Sim, sim! E Effie sendo igual James e vice versa? Sim, sim! E Jily sendo fofos como sempre? Sim, sim!
CAPÍTULO TRÊS
Resumo do capítulo: Conversas no corredor e passeios por Londres!
Notas: Esse capítulo acompanha músicas e eu sugiro ler ouvindo porque dá uma sensação muito boa!!
A ordem das músicas é: Go Your Own Way, Fleetwood Mac. You Can’t Always Get What You Want, The Rolling Stones. The Chain, Fleetwood Mac. Sleeping On The Sidewalk, Queen. Warm Ways, Fleetwood Mac.
Remus estava prestes a alcançar a maçaneta quando caiu de joelhos em frente à porta, arquejando pela falta de aviso prévio.
A lua cheia foi há dois dias, a pele de Remus estava delicada e fina, ele sentia a carne esfolada sobre o carpete amarelo do corredor.
O garoto se sentou de costas para a porta com a cabeça apoiada, mãos no colo segurando a varinha. Ele não podia levantar e terminar o que queria fazer, sua autopiedade estava sugando as poucas energias que lhe restava.
Ele estava acostumado.
A ardência do tecido tocando na ferida era uma dor de fundo para o que realmente rasgava Remus após a lua cheia, as transformações não permitiam que ele pensa-se como humano. Como se Remus fosse um animal durante semanas após as transformações, como se ele nunca deixasse de ser coberto de raiva e garras.
“Porra”, ele xingou, jogando sua varinha no chão e puxando as pernas para o peito.
Arde e dói e incomoda.
Não é nada comparado com o que ele vive em cada mês desde os cinco anos.
A varinha de Remus bateu no chão e pousou cerca de dez centímetros de sua perna, ele a encarava como em um desafio de olhares – quem piscasse perdia.
Remus piscou quando pernas muitas longas tamparam seu campo de visão, longas e cobertas por uma calça de linho.
Fleamont Potter se agachou na frente de Remus, sorrindo com os olhos enrugados que queria dizer muitas coisas.
“Posso me sentar aqui?”, perguntou ele lentamente, indicando o lado da porta.
Remus respirou e acenou, envergonhado demais para pensar no que dizer.
Fleamont deslizou os joelhos até o chão e girou, sentando de costas para a porta e descansando a cabeça bem no alto. Ele tirou pequenos salgadinhos de seu saco e ofereceu o resto da embalagem para Remus.
“Obrigado”, disse Remus.
“Tudo bem”, disse ele, acomodando as costas na porta. Ele olhou para a frente onde o outro lado do corredor estava, “Então, o que está fazendo?”
A voz de Fleamont é arrastada e grave.
“E-eu cai”, responde Remus, se encolhendo.
Não é uma mentira, mas Remus fecha os olhos como se Fleamont fosse pegá-lo.
“Oh, você se feriu? Espero que não tenha se machucado”, diz, examinando Remus superficialmente.
“Não, não. Eu estou bem, tudo bem”, diz Remus muito rápido, as mãos na frente da barriga.
“Certo, bem, isso é bom.”
Fleamont se encosta novamente na porta e come seus salgadinhos em silêncio, ele olha para cada lado do corredor e de volta para Remus.
“Então, o que está fazendo?”, pergunta ele, sorrindo desta vez.
Remus pisca, abrindo a boca e fazendo um centro ao redor do dedo.
“Acabei de dizer, e-eu cai...”, diz Remus.
Fleamont olha para ele com um sorriso suave, algo que Remus nunca esperava receber de um homem adulto.
“Oh, entendo. Então por que está gaguejando?”, diz ele gravemente, Remus recua por um momento. “Eu quero saber o que está fazendo aqui, muito simples.”
Remus olha para ele com pavor, é uma pergunta muito complexa para ele responder de forma simples.
“O que faz sentado no chão do corredor?”, pergunta Fleamont de forma arrastada, ele enfia salgadinhos na boca e observa Remus como um jogo de xadrez.
Remus desvia o olhar, coça o pescoço e gagueja algumas coisas. Se ele mentir, talvez Fleamont sinta e jogue ele em um reformatório.
“E-eu... estava indo para o quarto-“, diz Remus corado até o pescoço.
Fleamont ergue as sobrancelhas intrigado.
“Você estava atrás de Effie?”, pergunta ele.
Remus nega com um aceno, “Estava procurando o casaco dela, sa-sabe. Eu gosto de usar ele para dormir e pensei em vir pegar mas...”
“Você deseja falar com alguém, talvez James?”, indaga Fleamont.
Remus levanta a cabeça por uns momentos, olhos muito vermelhos.
“Não, senhor. Eu só pensei em passar e entrar, de repente- “, ele engasga, lábio entre os dentes. “Eu não estava esperando que ninguém aparecesse.”
Fleamont sorri - puxa dos seus olhos e atinge até a parte mais baixa da boca, “Me chame de Monty”, ele diz.
Isso não dura muito, no entanto, Fleamont pega a varinha de Remus e gira três vezes entre os dedos indicador e médio.
“Existe mais alguma coisa para fazer?...”, perguntou ele com um sorriso triste, Remus abaixou a cabeça sentindo os olhos quentes.
Existe?
“Apenas me avise e eu estarei na porta. Eu não sou Euphemia mas estarei aqui”, disse Fleamont, ele tocou o joelho de Remus como se o garoto fosse feito de vidro. “Talvez resolvamos isso.”
Remus se empertigou, puxando os cabelos da nuca.
“Apenas tire a dor!”, gritou Remus, encolhido no canto. “Me dê qualquer coisa, apenas tire a dor!”
Ele tremia e balançava com os joelhos junto ao peito, os olhos vermelhos como jatos de sangue e os lábios contorcido em verdadeira agonia. Parecia insano, sem paredes ou calor para pousar – como um animal perdido numa floresta desconhecida.
Fleamont olhou para o menino assustado diante dele, viu em seus olhos a dor familiarizada. Ele sentiu no grito de Remus que o garoto estava acostumado aquilo.
Remus tinha esses ataques o tempo todo, era comum e acontecia muitas vezes por sua sensibilidade. Antes e após as luas cheias ele ficava perdido entre o que era lobo e o que era humano, tropeçando por aí e avançando.
Fleamont fez a primeira coisa que sentiu, puxando Remus para seus braços, embalando Remus em seus braços longos e quentes, contornando Remus com compreensão.
Nesse abraço, Fleamont prometeu que jamais deixaria Remus sozinho, ele teria outras experiências que não a dor, conheceria outras sensações que não a agonia.
“Shh, pobre garoto”, ele levanta em seus calcanhares. “Eu sinto muito por não ser Effie ou James, eles saberiam confortar você tão bem.”
Remus resmunga que não precisa de conforto, mas o som sai abafado entre seus braços e Fleamont sequer nota, afagando os cabelos de Remus e cantarolando baixinho.
As lágrimas saem de Remus como a água escoa de um riacho. Seu choro é silencioso e machuca o coração de Fleamont como uma picareta.
“Eu sei que há algumas coisas sobre as quais precisamos conversar”, disse Fleamont, levando Remus até o próprio quarto. “Só me deixe abraçá-lo mais um pouco.”
Fleamont embalou Remus no cobertor e o deitou na cama, apoiando os travesseiros ao redor do garoto.
“Você pode falar comigo se for confortável para você. Ou você pode dormir se preferir-“, ele encolheu os ombros e sorriu.
Remus sentiu-se agradecido, desistindo de manter os olhos abertos, ele adormeceu com os olhos úmidos de lágrimas.
Fleamont fechou a porta ao sair e desceu para seu escritório, sentindo-se angustiado pela memória dos gritos de Remus.
**
“Moony! Moony! Onde você está?”, berrou James. “Moony! Você não está me ouvindo?”
James rompeu pela porta, parando implacável no meio do quarto, olhando Remus com impaciência.
“Apenas ignorando, Potter”, rosna Remus, puxando a camisa para dentro. “Temos muito tempo.”
James faz uma curva e entra no banheiro do corredor.
“Não, não temos!”, ele berra, alisando os fios impecáveis do cabelo e sorrindo para si mesmo no espelho.
Remus atravessa o corredor em busca de meias grossas.
“Está chateando os outros só porque está nervoso em ver Lily?”, pergunta Remus.
James para no corredor, olhando Remus com raiva inflamada. Ele franze os olhos através do óculos de aro, “Isso foi baixo, Moony. Até pra você.”
Ele desce as escadas de dois em dois, pegando a chave do carro na mesa de centro.
“Não fique chateado, foi só uma brincadeira”, diz Remus seguindo ele pela casa.
“Sim, que brincadeira horrível de se fazer”, diz James descendo para a garagem.
Remus ri.
“Está sendo dramático.”
“Não comece a bancar o analista, Moony”, rosna Prongs.
James entra no carro de Fleamont e dirige até a pista da frente, nesse momento, Peter se aproxima olhando de boca aberta para o carro.
“Woaah!, Cara, olha esse brilho!”, exclama, passando o dedo pela capota do carro.
James dá um pulo no banco.
“Ei! Cuidado para não estragar, isso é um Camaro Chevrolet 69”, grita ele.
Peter puxou a mão imediatamente. “Oh, desculpe.”
“Vamos!”, diz James, sorrindo como louco.
Peter pulou para dentro no banco de trás e Remus achou melhor ir na frente para não levar chutes animados do loiro.
Ir na frente não foi melhor, James ligou a rádio e Fleetwood Mac estava tocando de modo selvagem. Os dois garotos se animaram e cantavam em uníssono com Nicks.
Tell me why everything turned around
Packing up, shacking up's all you wanna do
If I could, baby, I'd give you my world
Open up, everything's waiting for you
James batia os dedos no volante cantando a letra com desenvoltura, Peter jogava o corpo numa dança de braços esquisita.
Remus amava essa música e eles estavam estragando, sem mais nem menos! A voz de Stevie Nicks ficava abafada com seus gritos e risadas, catástrofe total dentro e fora do palco.
Quando a faixa trocou, o carro já estava no ar voando direto para o centro de Londres.
Existe muitas coisas para ficar em alerta sobre James Potter mas a maior delas é que ele é terrível no volante, não sabe como parar quando passa dos limites de velocidade.
Bom, não há limites de velocidade quando se dirige no ar. Isso, James leva muito a sério, levando em consideração a velocidade que ele dirige pelo céu até a estação do centro.
As janelas estão fechados e o som alto, um verdadeiro caos, Peter tenta abrir um pacote de feijões de todos os sabores e eles explodem para todos os lados.
James faz uma descida íngreme para sobrevoar a copa das árvores e desacelera numa curva entre o limite do campo, descendo para o chão sem que os trouxas vejam. Ele espera o sinal abrir e acelera pela avenida do centro, ganhando olhares de todos.
“Engraçado esses trouxas! Nunca olham para o céu e agora não param de nos olhar!”, diz James.
Remus encolhe com o olhar que as pessoas dão para os meninos dentro do carro.
“Er, James. Não é muito comum ver carros deste modelo por aí, ainda mais com três jovens dirigindo”, diz Remus.
James franze o cenho, empurrando os óculos para o meio do nariz.
“Eu sou adulto”, diz ele defensivo.
Remus aperta os cabelos da nuca, olhando ao redor conforme mais pessoas esticam o pescoço para olhar.
“Bem, mas para eles nós ainda somos jovens.”
“Oh, meus feijões!”, gritou Peter, abaixando para catar seus doces no chão.
Rolling Stones cantarolava na rádio conforme James continuava acelerando, mãos no volante e cabelo desalinhado.
Eles encontraram as garotas no lugar marcado, perto das estações 4 e 5, as três esperavam distraídas enquanto conversavam.
Marlene foi a primeira que os viu, quando o carro se aproximou chamando a mesma atenção que um desfile. Mary e Lily estavam de costas e se viraram imediatamente para ver, ambas chocadas com o carro que James dirigia.
A voz de Jagger foi ficando cada vez mais baixa:
And you can't always get what you want
You can't always satisfy your greed
You can't always get what you want
But if you try sometimes, you just might find
You just might find
You get what you need!
James desceu do carro para falar com cada uma, se demorando em Lily e segurando sua mão. Pareciam amantes fazendo juras secretas de amor, James falava algo ao ouvido de Lily que a fazia corar.
Mary e Marlene pularam no banco de trás, Mary se esticou até o banco de James e colocou seu CD favorito. Eles foram diretos para a sucata dos Duffield – amigos antigos de Mary -, e deixaram o carro estacionado lá. Era perto do centro e o dono devia inúmeros favores para Mary, portanto não cobrou pelo estacionamento.
Londres é grande, uma cidade cheia de pessoas passando para lá e para cá. O centro de Londres parecia duas vezes maior, Remus não se lembra da última vez que esteve no centro mas certamente ele se perderia mesmo que andasse pelas ruas todos os dias.
“Oh, Merlin! Olha aquela coisa!”, exclamou Peter, apontando seu dedo gorducho para um homem na praça tocando três instrumentos ao mesmo tempo.
“Ele deve ser bruxo”, disse James.
Eles desceram para as lojas, impressionados com tudo que Londres exibia. Lily levou eles para as melhores lojas do centro, primeiro as lojas de ervas e velas, Mary e James fizeram um estoque de um mês.
“Sinta, tem cheiro de lírios!”, disse James para Lily.
James saiu da loja com duas sacolas cheias de velas com cheiro de lírios, arrancando risadas de Lily. Ele teve seu momento de glória quando Lily levou eles para uma loja de brinquedos infantis trouxas e o garoto encontrou ioiôs.
Foi terrível, James não tinha jeito nenhum com o brinquedo mas não desistiu até aprender as principais manobras.
“Vamos para a loja de presentes”, disse Lily, guiando um James muito animado com seu ioiô.
A loja era a maior que eles entraram, com prateleiras enormes repletas de objetos grandes e pequenos. Remus encontrou óculos em formato de coração com Mary, experimentando os em formato de estrela e de aliem.
“O que acham?”, perguntou Marlene, segurando um sapo de cerâmica.
“Ele tá fumando um cigarro?”, questionou Remus, rindo com pesar.
“Eu acho que é um baseado”, disse Mary, tirando os óculos em formato de estrela para olhar o sapo.
“Não é adorável?”, falou Marlene, sorrindo toda contente. “É para Dorcas, vocês acham que ela vai gostar?”
Remus e Mary trocaram olhares, concordando com um aceno de cabeça. Peter apareceu com uma maleta multiuso feminina, parecia muito satisfeito.
“Ei, Pete. O que é isso aí com você?”, perguntou Mary, cutucando o ombro do garoto.
“Uma maleta multiuso, o vendedor disse que seria útil”, respondeu.
Mary, Remus e Lene trocaram olhares.
“E pra quem você vai dar isso?”, falou Mary.
Peter franziu o cenho, confuso por um momento.
“Para mim, para quem mais seria?”
“Mas Peter essa maleta é feminina”, disse Mary, olhando ao redor com as bochechas rosadas.
Peter arregalou os olhos.
“B-bem, não tinha placa nem nada, então eu...”
Remus segurou uma risada, empurrando Marlene que ria com o corpo todo.
“Acho que isso não tem importância”, disse Remus. “Todos devíamos ousar de vez em quando.”
“Tá, mas é horrível”, disse Mary.
Peter pulou com isso, olhando Mary com raiva.
“Oh, eu gosto dela. É confortável para levar coisas.”
“Ela tem que ser”, retrucou Mary.
Lily e James apareceram para eles irem embora antes que Peter respondesse, a ruiva levou os amigos pela rua lotada, braços dados com James.
Remus correu atrás de pombos, fazendo um bando deles levantarem voos. Mary e Marlene gritavam conforme os pombos batiam asas ao redor delas, todos olhavam intrigados para elas e os marotos riam como loucos.
“Aquilo foi muita sacanagem, Sir. Lupin! Nem podíamos usar nossas varinhas naquele meio de trouxas”, ralhou Mary quando eles entraram numa rua estreita e deserta.
“Desculpe mas eu não fiz eles voarem até vocês, talvez sejam atraentes para pombos”, disse Remus explodindo em risadas.
Eles ficaram em discussão até chegar na praça, onde pararam chocados com o mundo de coisas que estava diante deles. James foi com Lily e Remus comprar sorvete, Peter negociou bandeirinhas irlandesas com um garotinho e Marlene comprou pães frescos de uma velha simpática.
Remus batia fotos com sua câmera e James fazia poses com seu chapéu horrível que ganhará de Lily(a qual ele não tirou em nenhum momento), até que Lily parou de rir quando um som lhe chamou a atenção.
A ruiva guardou o diário que ganhará de James e seguiu o trio de homens que passava tocando uma música animada. Ela aplaudiu o flautista que sorria para ela e os outros tocaram mais incentivados. Eles começaram uma nova e ela começou a dançar, era mais animada e os três tocavam dançando.
James olhou ao redor com o som do violino e deu de cara com Lily rodando ao redor dos três músicas, a ruiva estava radiante como uma bailarina. Ela chamou James com um aceno de mãos e o garoto foi arrastando Remus, os três iniciando uma dança típica. Logo Marlene, Mary e Peter apareceram e outras pessoas mais jovens se aproximaram e foram formando uma roda. Três garotas se juntaram e outros jovens sozinhos foram entrando na dança com elas, iniciando um grupo de dança ao lado dos três músicos.
O violinista acelera a música e o outros dois acompanham. As pessoas batiam palmas e os pés no ritmo e logo a praça foi parando, todos que passavam olhavam curiosos para o grupo de jovens que dançava.
Levantou-se uma salva de palmas para os músicos, eles faziam reverência emocionados.
“Sigam em frente!”, gritou marinheiros britânicos, expulsando as pessoas do aglomerado.
Os marotos correram para a próxima rua, sumindo entre os prédios.
“Esperem!”, berra James, ele para parecendo horrorizado.
“O quê?”, grita Mary.
“Somos cinco, estamos em cinco!”, grita James em pânico. “Onde está rabicho?”, ele olha para a rua onde saíram.
“Ah, eu disse todos juntos!”, Lily cerra os dentes e puxa James de volta. “Aquele rato vai ver só!”
Os marotos correm de volta para a multidão na praça, Remus é o primeiro a ver Peter – em pânico perto dos músicos -, ele guincha de alívio quando vê Remus.
“Rabicho, você devia ser as minhas costas!”, diz James, ele segura o garoto no minuto que se aproxima dele.
Peter o aperta como se não fosse soltá-lo, ficando ao lado do garoto o caminho inteiro até a parada do ônibus. Apenas Lily e Mary já subiram num ônibus londrino antes, alertando os amigos sobre as diferenças do ônibus bruxo.
Era confortável e eles adoraram o passeio, olhando Londres do andar de cima do ônibus, onde o sol tocava a pele como tintas de aquarela.
Mary pediu para mostrar a enorme ponte da torre de Londres. Eles chegaram na ponte e foram subindo com Mary os guiando, Marlene e Lily atrás do grupo com as varinhas na manga só por precaução. Eles subiram até estarem no ponto, onde sentaram lado a lado e olharam o rio Tâmisa.
O sol estava se pondo, o céu pintado em cores azul, laranja e vermelho.
James olhava para Lily como se pôr do sol nenhum pudesse se igualar a ela. Mary estava com os olhos fechados, sentindo a brisa no rosto. Marlene olhava o horizonte com um olhar sonhador e distante. Peter olhava o sol com as pupilas dilatadas.
Remus capturou todos esses momentos, sendo impelido pela beleza do pôr do sol e assistindo os últimos minutos, a câmera pendendo em volta do pescoço.
**
James voltou dirigindo no carro azul realeza, cantarolava a letra de Fleetwood Mac com Lily do lado.
Listen to the wind blow
Down comes the night
Running in the shadows
Damn your love, damn your lies
“Você se divertiu?”, perguntou James, ele queria soltar uma mão do volante e segurar a mão de Lily, mas ele receberia um
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reglupin · 3 months
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Resumo do capítulo: os marotos e as garotas fazem um acampamento no quintal dos Potter. Finalmente o grupo de heróis toma seu trem para ir à Hogwarts uma última vez.
Notas: Ninguém perguntou mas cada parte deste capítulo tem música e eu recomendo que leiam ouvindo. A ordem delas é: Rebel Rebel do David Bowie. Dreams de Fleetwood Mac. Can’t Buy Me Love dos Beatles.
Na cozinha da residência dos Potter, ouvia-se a algazarra de pessoas que se movimentavam à volta, gritos, gargalhadas e trechos de canções.
A atmosfera de excitação febril era extremamente contagiosa; Remus não conseguia parar de sorrir. Seus melhores amigos estavam fazendo o jantar e uma torta de amoras, cada um fazendo bagunça com sua função.
James e Lily estavam lá fora pegando amoras no bosque; Remus batia a massa; Peter lambia colheres; Mary lia a receita em voz alta repetidas vez. Dorcas e Lene arrumando a mesa no quintal.
A voz de Bowie ecoava pela cozinha, todos incapazes de ficar parado.
“You can't get enough, but enough ain't the test
You've got your transmission and your live wire
You got your cue line and a handful of ludes
You wanna be there when they count up the dudes.”
“Tudo pronto com a salada?”, perguntou Remus para Mary. Ele segurava um pote de massa enquanto a colher de pau enfeitiçada mexia freneticamente.
“Tudo certo, chefe!”, ela levanta o dedo em um joinha. Remus revira os olhos e sorri.
“Onde estão James e Lily?”, Peter perguntou olhando janela afora, um segundo depois os dois mencionados entram pela porta. James com o cabelo dez vezes mais despenteado, correndo na direção de Mary. Lily com o rosto sujo de amoras, sorriso rasgando o rosto.
“Mary, não deixe ela chegar perto de mim!”, pede James desesperado.
Mary se ergue como se recebesse uma missão de vida, mãos cobrindo James.
“Eu vou matar você!”, exclama Lily mas ela está sorrindo com todos os dentes.
“Matar Potter?”, repete Mary sorrindo também, saindo da frente de James e dando total espaço.
James parece indefeso, olhos arregalados e dedo apontando para Mary. “Você devia me defender!”
Mary ri. “Você não precisa”
Remus revira os olhos. “Sem sangue na minha cozinha”, diz, todos acenam concordando. “Certo, me dê suas amoras James”
James fica vermelho, ponta do pé batendo no assoalho.
“Aqui as minhas”, diz Lily entregando um cesto de amoras frescas. Remus recolhe deixando sobre a bancada. “James jogou as dele em mim até não sobrar nenhum”
Todos se viram para olhar James se encolher ao lado de Mary.
“Isso é sério?”, questiona Remus. “Quantos anos você tem, cara?”
“Pouco”, diz Mary.
Lily ri nasalada.
Remus respira fundo, ele cuida de muitas crianças.
“Vamos fazer essa torta e comer, estou faminto”, ele diz e logo todos se mexem para terminar a torta. Marlene e Dorcas aparecem e levam a comida com Lily e Peter, Mary e James preparam o fogo para assar carne como Mary sugeriu.
Remus aparece no quintal após colocar a torta para assar, barriga roncando ao sentir o cheiro de carne. Todos estão sentados na mesa de seis assentos, cadeira vazia na ponta.
“A torta vai ficar pronta em quarenta minutos”, diz Remus, suas mãos agarram a cadeira mas ele não senta. Certamente a cadeira da ponta pertence ao dono da casa.
“Olha, fizemos um ótimo trabalho”, diz Marlene para a mesa.
“Parecem ótimos”, diz Peter. “Podemos comer agora?”
James ri. “Tudo bem, Peter. Vamos, sente-se Moony”, ele indica a cadeira vaga. “Você é a razão dessa reunião.”
Remus senta com relutância.
“Reunião?”, repete Lily. “Por que estamos em reunião?”
“Devo começar?”, diz Peter. Garfo e faca em suas mãos.
“Hoje é seu aniversário, Remo?”, pergunta Dorcas.
“Eu sou de maio”, diz ele.
James se empertiga. “Não é isso! Quero dizer, estamos aqui porquê amanhã vamos para Hogwarts pela última vez. Merecemos uma reunião.”
“Moony organizou um belo jantar, e nós meros mortais ajudamos,” diz Mary. Todos riem com isso.
“Estamos aqui para comemorar nosso último dia de férias como estudantes, passamos por muita coisa nesses últimos anos mas sempre seguimos em frente”, diz James, ele olha para cada um de seus amigos. Seus marotos e suas garotas. “Somos uma família e não importa o que aconteça, sempre voltaremos para isso...”
“Para aquele que precisar de ajuda”, Lily continua o juramento.
“Para nos unir...”, diz Peter.
“Graças ao nosso ligamento mais precioso, Remus John Lupin”, James pisca para Remus.
Lily levanta sua taça. “Viva ao nosso Moony!”, exclama.
Todos levantam suas taças. “Viva ao nosso Moony!” gritam em uníssono.
Remus fica vermelho, ele não é acostumado com declarações. Seus amigos estão sorrindo, isso faz ele sorrir também. Todos conversam em harmonia, James e Marlene fazendo piadas e arrancando risadas. Lily e Mary lembram histórias do passado, Peter ouvindo atentamente.
Todos parecem felizes, inclusive Remus. Então ele sente um puxão no peito deixando ele sem equilíbrio.
Forte e potente, ele percebe.
Ele os ama, todos eles. Amor selvagem e verdadeiro.
James, Lily, Marlene, Mary, Dorcas e Peter.
Seus melhores amigos. Sua família.
Remus ficou sozinho por muitos anos, ferido e jogado num quarto com grades no sudeste de Londres.
Mas agora ele tem seu bando.
Eventualmente, Remus se levanta da cadeira. James e Mary batendo na mesa e Lene fazendo ecos com a voz.
“Obrigado”, ele diz e há tanta coisa oculta nessa palavra, tanta sinceridade. “Estou muito feliz e grato. Por favor, vamos comer”
“Oh-ho!”, grita Lily.
“É isso aí!”, exclama Mary.
Eles começam a se servir, gargalhadas e vozes preenchendo o lugar.
Remus não consegue esconder seu sorriso, sua mente implorando que isso nunca acabe.
Por favor, deixe ser assim para sempre.
Por favor, não queremos crescer.
Por favor, não deixe-os ir embora.
Por favor, não tire eles de mim.
**
O sol de outono era apenas uma pobre luz leitosa e esmaecida por trás das camadas de nuvens sobre a cidade estreita.
Remus sentia-se muito disposto, ele sempre fica inquieto quando está voltando para a escola. Isso pode soar nerd, mas Remus adora a escola, foi o primeiro lugar que ele sentiu que pertencia.
Logo depois veio a casa dos Potter.
Remus engasga com esse pensamento, disfarçando com uma tossida.
“Tudo bem, Moony?”, pergunta Peter, do outro lado da cama.
“Sim”, diz Remus. Ele começa a dobrar o lençol para ter algo a fazer com as mãos, Peter se distrai com os travesseiros. Os dois receberam a missão de apanhar tudo que for para dormir, como travesseiros e cobertores.
“Meninos!”, Mary entra no quarto. “Que tal se acamparmos?”, diz sugestiva.
Peter e Remus se olham por alguns segundos, então Remus olha para Mary.
“Não é por isso que estamos pegando os cobertores da casa?”, pergunta com um sorriso amarelo.
Mary ri como se Remus contasse uma piada muito boa, ela se joga na cadeira de estudos dele e cruza as pernas.
“Um acampamento na floresta dos Potter e sem usar magia”, diz ela.
Peter encara ela, travesseiro na frente do corpo. “Oh”, ele murmura. “Um acampamento trouxa?”, indaga.
“Exatamente”, Mary sorri de lado.
“James concordou com isso?”, perguntou Remus.
Mary riu e acenou, mãos buliçosas nos livros de Remus. “Oh sim, James foi o-“
“Eu não concordei em suspender a magia”, rosna James, passando pelo quarto. “As meninas exigiram isso então não vi problema em dizer sim”, explica e some antes de Mary retrucar.
James ficou preocupado com isso, visto que ele faz tudo com magia desde que atingiu sua maioridade. Aliás, inclusive as meninas pareciam preocupadas, ele acha que elas tinham esperança de James negar.
Obviamente, ele disse sim para Lily Evans.
“Então está bem”, murmurou Remus, pegando as coisas com Peter. “Vamos nessa”
James teve o encontro de sua vida, assim afirmou. Quando chegou de seu encontro com Lily do beco diagonal, tagarelou por duas horas sobre os lindos olhos verdes de Lily e quando não tinha mais nada sobre a garota que ele pudesse falar, começou a narrar seu encontro.
Fazer as coisas com as próprias mãos não é problema para Remus, mas é para Peter. O garoto segura os travesseiros como se nunca tivesse usado as mãos antes, tropeçando nos próprios pés a cada segundo. Remus lança um feitiço flutuante sem falar, tomando o cuidado para ninguém ver. Peter exala agradecido até chegarem na sala, muitos cobertores no sofá.
“Moony! Moony!”, James entra alarmado. Seu cabelo é uma bagunça enorme, como costuma ser sempre. “Eu fiz fogo, venham! Vamos começar!” ele arreganha um sorriso.
Remus pisca impressionado, Mary e Dorcas aparecem logo atrás com expressões iguais.
“Ele jogou papéis e uísque na fogueira, simplesmente nasceu fogo!”, diz Mary divertida.
“Uau. Bom, então vamos ver isso!”, diz Peter apanhando o maior número de travesseiros que seus braços curtos conseguem.
James continua no mesmo lugar enquanto todos saem aos pulos, gritando e rindo. Remus ficou parado com o lençol meio dobrado nas mãos, ele não consegue olhar para James mas sente seu cheiro.
Eventualmente, James fala. “Você está bem?”, sua voz é diferente da anterior. Animação se tornou preocupação.
Remus acena. “Sim”
Um ranger no chão faz Remus olhar para cima, James agora perto dele. Se um deles esticar o braço dá para tocar o outro.
“Vamos comemorar, Moony. Vamos dar uma despedida digna para nós, sim?”, James não espera realmente que Remus responda mas sorri quando recebe um resmungo concordando.
James se aproxima mais, toda sua essência preenchendo o espaço.
“Só quero que saiba”, ele diz firme olhando para Remus. “Eu sou fodidamente feliz por você estar aqui com a gente, por fazer parte das minhas melhores lembranças. Eu tenho muito orgulho de você, meu irmão.”
Remus tenta e falha não sentir nada com essas palavras, afinal são apenas palavras. Porém, essas palavras atravessam o peito dele como uma estaca de carvalho, reduzindo seu coração ao inexistente.
Lágrimas chegam de súbito, ele pisca várias vezes e sorri com tristeza. As palavras de James repassa por sua mente várias e várias vezes, a voz em sua cabeça sibila que ele não merece.
“Obrigado”, diz ele. Ele gostaria de fazer um discurso, expressar o quanto ele é grato. Nada será suficiente, ele pensa e se engana.
James o puxa para um abraço, seus braços quentes e musculosos ao redor de Remus, segurando-o. James é tão magnético, ele é calor e conforto.
Lupin só percebe o quanto precisava disso quando é afastado pelos ombros, seu corpo procurando inconsciente o calor de James. Tudo em sua vida foi uma injustiça, a mordida, o abandono paterno, a morte de sua mãe, a solidão no orfanato.
“Você não precisa agradecer”, diz James dando-lhe um beijo no alto da cabeça. “Vamos, meu pequeno aluado”, Remus permite que James o puxe para fora. “Não queremos ouvir um sermão de Lily”, diz sorridente.
Remus fica em alerta com isso. “Os lençóis”, diz. James olha para ele com um sorriso.
“Estão esperando nas barracas por nós”, diz balançando sua varinha entre os dedos.
“Você usou magia?”, pergunta incrédulo.
James abana com as mãos. “Não fui o único. Lily e Marlene estavam fazendo um feitiço na própria barraca para ficar maior, meu feitiço de invocação é inofensivo comparado ao delas.”
Remus quase ri. “Isso parece idéia de Lene”
James pega os cobertores no sofá. “Na verdade, foi Lily que fez tudo. Ela foi pega em flagrante por Lene e fez dela sua cúmplice.”
Agora Remus ri, ambos saindo da cozinha com as mãos cheia de coisas.
“Lene sempre foi muito ingênua.”
James concorda. “Ainda bem que Dorcas apareceu, ela é a mais durona entre nós”, eles passam pela porta da cozinha que leva ao quintal.
Tudo é uma bagunça.
Três barracas de tamanhos iguais, uma fogueira no meio. Lene e Dorcas parecem discutir entre elas, Lily ao redor tentando invocar a paz e Peter comendo um saco de minhocas doces.
“Quando você me disse que Dorcas apareceu e acabou com o plano de Lily, eu duvidei mas agora eu acredito”, diz Remus, ambos estão olhando para o grupo de amigos. “Você acha que elas vão lutar?”, pergunta preocupado.
James não pensa muito nisso. “Nha, estão apenas conversando sobre a melhor opção .”
“Bem, Dorcas é a pessoa mais corajosa que conheço”, diz Remus.
“Oh, sim. Estou até envergonhado com este fato”, ambos riem.
Quando Mary Macdonald vê os dois se aproximando, praticamente geme de alívio.
“Travesseiros, que bom! Agora posso tacar em Dorcas para fazer ela parar”, diz Mary pegando dois travesseiros de Remus.
“Então elas não vão tirar a barraca?”, pergunta James parecendo muito descontente.
Mary levanta o lado da boca. “Lily diz que a barraca é grande assim mesmo” os três ficam em silêncio com isso.
“Mas todos nós cabemos nela”, diz James exasperado.
Mary bufa uma risada. “Eu sei, é a porra da barraca mais grande que já vi”
James joga seus travesseiros dentro de uma barraca. Remus se ergue quando Dorcas levanta a voz, Lily ganha um metro com isso.
Todos ficam em silêncio, observando assustados a ruiva mudar de humor.
Remus vai até elas, ficando entre as duas, braços longos empurrando suavemente o peito de cada uma.
“O.que.porra.estão.fazendo?”, sibila. Ele olha para cada uma e volta com sua postura.“Lily, você disse nada de magia então nada de magia. Eu não quero ter uma dor de cabeça com o grito de vocês, podem ir lutar longe daqui.”
Lily pisca, surpresa com a dureza na voz de Remus.
“Tire sua barraca e vamos comer, estou faminto”, continua ele. Dorcas arregala os olhos, mãos pronta para caso precise.
Talvez seja a altura assustadora de Remus, ou talvez seja sua carranca quando está com fome. Não dá para saber o que faz Lily continuar em silêncio, no mesmo lugar enquanto Remus se afasta até Peter e seus sacos de comida. Eventualmente, Lily se move para tirar o feitiço de sua barraca.
Todos parecem pisar em ovos, olhando de relance uns para os outros. Ninguém ousando falar nada, agindo com naturalidade forçada.
Quando Remus devora cinco pães e esvazia dois sacos de pipoca doce, Peter que estava engasgado por segurar uma tosse, solta uma sequência de barulhos asmáticos. James ao seu lado, alisando suas costas e rindo.
“Quem quer uísque?”, berra Mary.
Remus é o primeiro a levantar o copo.
**
Eles deviam ter feito um acampamento sem magia há muito tempo, afinal é o maior barato. James sempre teve o hábito de acampar com a família quando iam visitar os parentes, ele adorava ajudar o pai e ser colocado para fazer fogueira bruxa.
Assistindo o fogo encantado crepitar enquanto sua mãe cantava músicas antigas de vilas e fadas artesãs.
“Rápido, você tem quatro pontos”, diz Lily.
“Eu vou apostar”, berra Remus. “Meu Deus, aposto todos os pontos”, ele agarra os cabelos e ri loucamente.
Lily arregala os olhos. “Oho, então tá”
James sorri, nada se compara com isso. Seus amigos bêbados e risonhos, jogando e dançando em volta da fogueira. Ele observa enquanto Remus joga os dados e para de respirar quando os números dois e dois caem iguais, um grito indignado queimando seu ouvido.
“Viva!” grita Remus, ao mesmo tempo que Lily grita, “Droga!”
Moony pega as seis moedas de Lily e joga no bolso, rindo de alegria. A ruiva se levanta, caçando moedas em sua bolsa para uma revanche. Peter fica encolhido ao lado de James, ele ficou vinte minutos esperando sua vez de jogar e ainda assim não parece irritado em ver que Lily vai roubar a partida dele.
Quando Lily volta com quatro moedas, Remus já está com as cartas embaralhadas. O fim do jogo é Remus ganhando, o jogo acaba com Lily revoltada acusando Remus de roubar.
Mary se aproxima e senta ao lado esquerdo de James, garrafa de uísque pela metade. “O que deu nela?”
James nega com a cabeça, porém Peter diz. “Remus ganhou dela no jogo de cartas e Lily está com dificuldades em aceitar isso”
A ruiva vira a cabeça para Peter, olhos insanos. “O que você disse?!”, sibila. Peter encolhe de tamanho, James batendo em suas costas amigável.
“Você precisa se acalmar Lily. Vamos jogar outra coisa, que tal?”, sugere James.
“Não quero jogar!”, resmunga.
“Tudo bem, não vamos jogar”, diz James, ele olha para seus amigos em busca de ajuda.
“Vamos sentar e beber”, diz Mary dando um grande gole na garrafa.
“E comer marshmallows”, enfatiza James. Lily parece sorrir. “Muito bem, venha cá camélia”, James puxa Lily para seus braços.
Eles começam uma conversa amigável, falam sobre música e sobre o passado. A nostalgia os carrega quando começam a lembrar, cada um falando de uma memória. Mary e Remus sentaram lado a lado, bebendo enquanto riam das lembranças de James.
Em pouco tempo, todos estavam largados e cheios, felizes e nostálgicos.
Lene e Dorcas estão dançando loucamente ao som de Fleetwood Mac, Remus puxa Mary para se juntar as duas. A garota pega uma nova garrafa, quadris imperativos acompanhando Remus em uma dança animada. Lene e Dorcas imitam os amigos e aos poucos até Peter está dançando.
Todos cantam a letra aos berros.
Thunder only happens when it's raining
Players only love you when they're playing
Women they will come and they will go
When the rain washes you clean, you'll know
James e Lily estavam mais afastados, a cabeça de Lily no colo de James.
“Eu comprei um livro pra você”, disse James. “O nome é a dama das camélias, achei que gostaria.”
Lily corou, ninguém nunca lhe deu essas reações. Ela sente raiva de James por dizer essas coisas e achar que não tem problema.
“Eu conto pra você o que achei”, murmura ela.
James abaixa a cabeça e seus óculos deslizam. “Estou contando com isso”, sorri.
“Está?”, sua voz falha.
“Sim, vou presentear você com livros para me contar sobre eles. Lê-los é tão sem graça”, James ri.
Lily quase o puxa pelo pescoço. Seus amigos estão dançando, bêbados e tontos. Lily fica parada, o coração batendo muito alto.
Ela deseja por um momento que James não diga essas coisas, o coração dela vai cair a qualquer momento. Mas enquanto James olha sorrindo para seus amigos, Lily pensa que se for para se apaixonar então que seja por James Potter.
“Será um prazer narrar tudo pra você”, diz Lily.
James olha para ela, os olhos brilhantes e o maldito sorriso com covinhas. Ele beija Lily na testa e ela fecha os olhos, o coração caindo.
“Dance comigo”, pede James num sussurro.
Lily balança a cabeça mas James já está de pé oferecendo-lhe a mão para levantar. Relutante, ela vai com James para perto da fogueira.
A floresta parecia vibrar com a alegria do grupo, cada um radiante. Não importava o que aconteceria depois de Hogwarts, eles teriam essas lembranças para sempre.
Os beatles começou a tocar, animado e contagiante. James foi puxado por Lily para o meio deles, todos formando um círculo desigual. A copa das árvores cantavam junto com John Lennon, palmas e palmas ecoando pelo lugar.
Peter dançava com Lene e Dorcas, Mary era girada por Remus e Lily dançava perto de James.
Era tudo tão certo.
Quatro jovens amigos dançando ao redor de uma fogueira, comemorando o último dia de férias como estudantes antes de se formarem.
“O álcool é a resposta!”, gritou Remus.
Mary riu loucamente, agarrando a garrafa e girando. “Viva ao álcool!”, ela gritou.
Lily riu, James estava olhando para ela. Ele sorriu e Lily corou, ela nunca ficaria habituada em ser olhada por James. Às vezes, parecia que ele podia ver coisas que ninguém mais podia, ele parecia apaixonado.
Nenhuma surpresa.
James cantou suavemente, olhos em Lily enquanto a garota gira no lugar.
Say you don't need no diamond rings
And I'll be satisfied
Tell me that you want the kind of things
That money just can't buy
I don't care too much for money
Money can't buy me love
“Mary!”, gritou Remus. Ambos caíram no chão, Mary tentando levantar de cima de Remus. Lene e Dorcas riram, Peter confuso se ria ou ajudava. Lily e James pararam para ver, James rindo loucamente do amigo bêbado e Lily dando-lhe uma cotovelada antes de ir ajudar.
A música continuou até a fogueira apagar.
**
Remus teve a sensação de que acabara de se deitar para dormir na barraca com Peter quando foi acordado por Lily.
“Hora de levantar, Remus, querido”, sussurrou ela, se afastando para acordar Peter.
Ainda estava escuro lá fora. Peter resmungou alguma coisa quando Lily o acordou.
“Já está na hora?”, exclamou Peter tonto de sono.
Os garotos se vestiram em silêncio, demasiados sonolentos para falar, depois, bocejando e se espreguiçando, os dois saíram da barraca rumo à casa.
Lily usou magia para fechar e dobrar as barracas, e o grupo deixou o acampamento o mais depressa que pôde, passando pelo bosque à porta da casa.
Remus bebeu muito uísque na noite passada, mais do que deveria.
“Bom dia!”, diz James. Ele parece jovem e sem ressaca, irritante, pensa Remus. “Lily fez poções para curar ressaca.” fala entregando um copo.
Remus segura emocionado. “Que Deus abençoe Lily Evans”, ele bebe tudo em um gole.
James ri, “Sim, abençoada seja”, ele batuca os dedos. Remus se dirige para o quarto.
O malão dele estava pronto com o seu material escolar e seus pertences mais preciosos – o mapa dos marotos, a caixa de cigarros e a tela encantada que o ajuda a ler, presente de Lily no quinto ano. Ele fecha a tábua no chão onde costuma esconder as caixas de cigarro, verificara duas vezes cada cantinho de seu quarto para ver se esquecera livros de feitiços ou penas, baixara da parede o calendário em que fizera a contagem regressiva para o dia primeiro de setembro, riscando cada dia que passava até a volta a Hogwarts.
Havia no ar uma inquestionável tristeza de fim de férias quando Remus entrou na cozinha. O café da manhã estava posto, Effie e James mexendo nas panelas. As meninas e Peter esperavam na mesa, rostos deprimentes e pálidos. Remus não parecia melhor que eles, vestia um jeans e uma camiseta; trocaria pelas vestes de escola no Expresso de Hogwarts.
A essa altura, Remus já estava acostumado a embarcar na plataforma nove e meia.
Era apenas uma questão de rumar diretamente para a barreira, aparentemente sólida, que dividia as plataformas nove e dez.
A única parte difícil era fazer isso discretamente de modo a não chamar a atenção dos trouxas. Fizeram isso em grupos; Remus, James e Peter foram os primeiros; eles se encostaram descontraidamente na barreira, conversando despreocupados e deslizaram de lado por ela e, ao fazerem isso, a plataforma nove e meia se materializou diante deles.
O Expresso de Hogwarts, uma reluzente locomotiva vermelha, já estava aguardando, soltando nuvens repolhudas de fumaça, através das quais os muitos alunos de Hogwarts e seus pais parados na plataforma pareciam fantasmas escuros.
Remus, James e Peter saíram em busca de lugares e logo estavam guardando a bagagem em uma cabine mais ou menos na metade do trem. Depois, eles tornaram a saltar para se despedir de Euphemia e Fleamont Potter.
“Talvez eu volte a ver vocês mais cedo do que pensam”, disse Fleamont, rindo, ao dar um abraço de despedida em James.
“Por quê?”, perguntou Peter interessado.
“Você verá”, respondeu Fleamont.
“É, eu até sinto vontade de estar estudando em Hogwarts este ano”, disse Euphemia, contemplando com um ar quase saudoso o trem.
“Por quê?”, perguntou Remus impaciente.
“Vocês vão ter um ano interessante”, comentou Fleamont, com os olhos cintilando. “Talvez eu até peça licença para ir dar uma espiada...”
“Uma espiada em quê?”, perguntou Lily. Ela e as garotas aparecem com capas escuras.
Mas nessa hora ouviram o apito e a Sra. Potter conduziu-os às portas do trem.
“Obrigada por nos convidar, Sra. Potter”, disse Lily, depois que embarcaram, fecharam a porta e se debruçaram na janela do corredor para falar com ela e o marido.
“É, obrigado por tudo, Sra. Potter”, disse Mary.
“Ah, me chame de Euphemia, queridas”, respondeu ela. “Eu os convidaria para o Natal, mas... bem, imagino que vocês vão querer ficar em Hogwarts, por causa... de uma coisa ou outra.”
“Mamãe!”, exclamou James. “Que é que vocês dois sabem que nós não sabemos?”
“Vocês vão descobrir hoje à noite”, disse Euphemia sorrindo. “Vai ser muito excitante, reparem bem, estou muito contente que tenham mudado as regras...”
“Que regras?”, perguntaram juntos.
“Oh, não vai adiantar, de qualquer forma”, disse ela falando com os botões.
“Tenho certeza de que o Prof. Dumbledore vai contar a vocês... agora, comportem-se? Ouviu bem Remus? E você James!”, disse Fleamont.
Os pistões assobiaram e o trem começou a andar.
“Conta para a gente o que vai acontecer em Hogwarts!”, berrou James pela janela, quando seus pais foram se distanciando rapidamente. “Que regras é que vão mudar?”
Mas Euphemia apenas sorriu e acenou. Antes que o trem tivesse virado a primeira curva, ela e Fleamont tinham desaparatado.
Os garotos e as garotas voltaram à cabine. Peter abriu o malão, tirou as vestes marrons e atirou-as por cima dos ombros.
“Psiu!”, sussurrou Mary de repente, levando o indicador aos lábios e apontando para a cabine ao lado. Todos prestaram atenção e ouviram uma voz conhecida que entrava pela porta aberta.
“... Dumbledore gosta muito de sangues ruins e Durmstrang não admite esse tipo de ralé. Durmstrang tem uma política muito mais certa que Hogwarts com relação às Artes das Trevas. Os alunos de lá até aprendem essa matéria, não é só essas bobagens de defesa que a gente aprende...”
Lily se levantou, foi pé ante pé até a porta da cabine e fechou-a para abafar a voz de Severus Snape.
“Então ele acha que Durmstrang teria sido melhor para ele, é?”, disse ela zangada. “Eu gostaria que ele tivesse ido para lá, aí não teríamos que aturá-lo.”
James puxou ela para seu colo. “Não ligue pra ele”, disse sussurrado então ele esfregou o nariz no dela como um cervo cuidando de seu filhote.
O silêncio mortal e olhares foi o suficiente para Lily e James levantarem os olhos.
“O quê, porra, você está no colo de James Potter?!”, exclama Mary.
Remus ergue uma sobrancelha. “Aconteceu alguma coisa no acampamento?”
Lily ganhou um forte rubor nas bochechas e James sorriu tão amplamente que Remus entendeu tudo no mesmo segundo.
Mary e os outros não ficaram satisfeitos, durante toda a viagem eles atacaram o casal de perguntas. Lily estava vermelha demais para falar qualquer coisa e James estabeleceu uma greve de silêncio.
Remus conseguiu terminar sua leitura quando o Expresso de Hogwarts começou finalmente a reduzir a velocidade até parar de todo na escuridão de breu da estação de Hogsmeade.
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reglupin · 3 months
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Resumo do capítulo: o torneio tribruxo.
Os garotos e as garotas passaram pelos portões, ladeados por estátuas de javalis alados, e as carruagens subiram o imponente caminho. Curvando-se para a janela, eles olhavam nostálgicos Hogwarts se aproximando, suas numerosas janelas iluminadas.
As pessoas que tinham tomado as carruagens anteriores já subiam correndo os degraus para entrar no castelo; James tomou a mão de Lily como de costume e todos saltaram da carruagem e correram escada acima. James entregou o livro de Lily que carregará durante a viagem, quando já estavam no cavernoso saguão de entrada iluminado por archotes, com sua magnífica escadaria de mármore.
O Salão Principal tinha o aspecto esplêndido de sempre, decorado para a festa de abertura do ano letivo. Pratos e taças de ouro refulgiam à luz de centenas e centenas de velas que flutuavam no ar sobre as mesas. As quatro mesas longas das Casas estavam cheias de alunos que falavam sem parar; no fundo do salão, os professores e outros funcionários sentavam-se a uma quinta mesa, de frente para os estudantes.
Estava muito mais frio ali.
“Olá, hey Jo!”, gritou James, acenando entusiasmado para uma garota de cabelos crespos e loiríssima. Todos seguiram James para sentar junto a ela, a garota sorriu tímida e acenou.
“Tomara que a seleção seja rápido, estou faminto”, disse Remus. Peter e Mary assentiram, começando um burburinho de reclamações.
A seleção dos novos alunos por Casas era realizada no início de cada ano letivo, é uma cerimônia muito importante porque, sua casa é sua família em Hogwarts. Você assiste as aulas com o restante dos alunos de sua casa, dorme no dormitório da casa e passa seu tempo livre na sala comunal.
As quatro casas chamam-se Grifinória, Lufa-Lufa, Corvinal e Sonserina. Cada casa tem sua história honrosa e cada uma produziu bruxas e bruxos extraordinários.
“Oi, Remus!”, chamou uma voz excitada e ofegante. Era Christopher Morgan, um grifinório apaixonado por Remus desde a quinta série.
“Hey, Como vai, Chris?”, cumprimentou Remus caloroso.
“Eu desenhei você nas férias!”, disse ele animado, passando uma folha com o rosto de Remus desenhado.
“Hum... que gentil”, disse Remus. Ele podia jurar que todos os seus amigos estão olhando, isso faz ele corar até o último fio de cabelo.
“Eu fiz vários, apenas para não me esquecer de como você parece, mas acredita que esqueci onde guardei”, continuou Chris, praticamente dando pulos na cadeira. “Mamãe vai achá-las, então não fique muito preocupado.”
“Hum... claro”, disse Remus. Ele não tinha muito o que dizer e tornou a se virar para seus amigos.
Todos -obviamente-, estavam olhando para ele com sobrancelhas erguidas e sorrisos zombeteiros.
“Se alguém fizer uma piada, essa será sua última”, disse Remus em voz afiada.
As palavras mal tinham saído de sua boca e as portas do Salão Principal se abriram e fez-se silêncio. A Professora Minerva encabeçava uma longa fila de alunos do primeiro ano até o centro do salão, colocando um banquinho de três pernas diante dos novos alunos e, em cima, um chapéu de bruxo, extremamente velho, sujo e remendado. Os garotos arregalaram os olhos. E todo o resto da escola também. Por um instante, fez-se silêncio. Em seguida um rasgo junto à aba se escancarou como uma boca, e o chapéu começou a cantar:
Há mil anos ou pouco mais,
Eu era recém-feito,
Viviam quatro bruxos de fama,
Cujos nomes todos ainda conhecem:
O valente Gryffindor das charnecas,
O bonito Ravenclaw das ravinas,
O meigo Hufflepuff das planícies,
O astuto Slytherin dos brejais.
Compartiam um desejo, um sonho,
Uma esperança, um plano ousado
De, juntos, educar jovens bruxos,
Assim começou a Escola de Hogwarts.
Cada um desses quatro fundadores
Formou sua própria casa, pois cada
Valorizava virtude vária
Nos jovens que pretendiam formar.
Para Gryffindor os valentes eram
Prezados acima de todo o resto;
Para Ravenclaw os mais inteligentes
Seriam sempre os superiores;
Para Hufflepuff, os aplicados eram
Os merecedores de admissão;
E Slytherin, mais sedento de poder,
Amava aqueles de grande ambição.
Enquanto vivos eles separaram
Do conjunto os seus favoritos
Mas como selecionar os melhores,
Quando um dia tivessem partido?
Foi Gryffindor que encontrou a solução
Tirando-me da própria cabeça
Depois me dotaram de cérebro
Para que por eles eu pudesse escolher!
Coloque-me entre suas orelhas,
Até hoje ainda não me enganei.
Darei uma olhada em sua cabeça
E direi qual a casa do seu coração!
Os aplausos ecoaram pelo Salão Principal quando o Chapéu Seletor terminou.
Remus não prestou atenção em nada depois disso.
**
Quando as sobremesas tinham sido destruídas, e as últimas migalhas desaparecidas dos pratos, Alvo Dumbledore se levantou. O burburinho das conversas que enchiam o salão cessou, de modo que somente se ouvia o uivo do vento.
“Então!”, exclamou Dumbledore, sorrindo para todos. “Agora que já comemos e molhamos também a garganta, preciso mais uma vez pedir sua atenção, para alguns avisos. Tenho o doloroso dever de informar que este ano não realizaremos a Copa de Quadribol entre as Casas.”
“Quê?”, disseram. James olhou para Marlene e Mary, suas companheiras no time de quadribol. Xingaram Dumbledore em silêncio, aparentemente espantadas demais para falar.
Dumbledore continuou. “Isto se deve a um evento que começará em outubro e irá prosseguir durante todo o ano letivo, mobilizando muita energia e muito tempo dos professores, mas eu tenho certeza de que vocês irão apreciá-lo imensamente. Tenho o grande prazer de anunciar que este ano em Hogwarts realizaremos o Torneio Tribruxo.
“O senhor está BRINCANDO!”, exclamou James em voz alta.
Quase todos riram e Dumbledore deu risadinhas de prazer.
“Não estou brincando, Sr. Potter”, disse ele, “Embora, agora que o senhor menciona, lembrei-me de uma piada que um amigo contou neste verão sobre um sabão...
A Profa Minerva pigarreou alto.
“Hum... mas talvez não seja hora... não... Bem, vejamos... Ah...”, murmurou Dumbledore, “Alguns de vocês talvez não saibam o que é esse torneio, de modo que espero que aqueles que já sabem me perdoem por dar uma breve explicação, e deixem sua atenção vagar livremente.”
Remus já sabia tudo sobre os jogos desde o quarto ano pois ganhará de Euphemia o diário de sua bisavó, ganhadora da décima segunda edição dos jogos.
O Torneio Tribruxo foi criado há uns setecentos anos, como uma competição amistosa entre as três maiores escolas europeias de bruxaria – Hogwarts, Beauxbatons e Durmstrang.
Um campeão é eleito para representar cada escola e os três campeões competiram em três tarefas mágicas. As escolas se revezaram para sediar o torneio a cada cinco anos, e todos concordaram que era uma excelente maneira de estabelecer laços entre os jovens bruxos e bruxas de diferentes nacionalidades.
A voz de Dumbledore viajou pelo Salão, “Os diretores de Beauxbatons e Durmstrang chegarão com a lista final dos competidores de suas escolas em outubro e a seleção dos três campeões será realizada no Dia das Bruxas. Um julgamento imparcial decidirá que alunos terão mérito para disputar a Taça Tribruxo, a glória de sua escola e o prêmio individual de mil galeões.”
“Somente os alunos que forem maiores, isto é, tiverem mais de dezessete anos, terão permissão de apresentar seus nomes à seleção. As delegações de Beauxbatons e de Durmstrang permanecerão conosco a maior parte deste ano letivo. Sei que estenderão as suas boas maneiras aos nossos visitantes estrangeiros enquanto estiverem conosco, e que darão o seu generoso apoio ao campeão de Hogwarts quando ele for escolhido. Isso é tudo, boa noite”, finalizou, saindo para falar com Minerva.
Ouviu-se um estardalhaço de cadeiras batendo e se arrastando quando os alunos se levantaram para sair como um enxame em direção às portas de entrada do Salão Principal.
**
Os marotos foram os primeiros a sair, se dirigiram à entrada da Torre da Grifinória, passando com a senha que mudava com frequência.
Um fogo crepitante aquecia a sala comunal circular, mobiliada com fofas poltronas e mesas. Remus quase gemeu de alívio, estava muito frio no salão mesmo com a capa.
“Estou dentro!”, gritaram todos em uníssono.
Bem, exceto Remus.
Seu silêncio não passou despercebido.
“Uh- Moony?”, falou James. Sentado no sofá com Lily no colo, “E você...?”
Remus negou veemente com a cabeça, “Nem pensar”, rosnou.
Lily arregalou os olhos, “Nós nunca rosnamos para você, Remus. Esperamos receber o mesmo”
Peter guinchou, depois tossiu com o biscoito na boca.
“Aliás, James está certo”, disse Evans.
“Eu não disse nada”, apressou-se James.
“Mas você quer que Remus tente entrar e eu também gostaria”, ela olhou para James depois para Remus, grandes orbes verdes sinceras, “De todos aqui, você é o mais capaz.”
Remus corou. Todos balançavam a cabeça concordando com Lily e tagarelando sobre o torneio.
Mary estava no chão de pernas cruzada. “Mil galeões!” murmurou.
Nesse momento, Jo entrou na sala comunal e James gritou seu nome. A garota se aproximou da turma, acenando para cada um.
“Animados para o torneio?”, perguntou sentando ao lado de Remus.
James sorriu para ela ao dizer: “Vamos todos tentar, você também Jo?”
“Oh, não... Papai jamais deixaria”, Jo afastou o cabelo do rosto.
“Podemos falar com ele!”, sorriu James.
Jo olhou desanimada, “Ele ficaria uma fera.”
“Vamos pensar em alguma coisa”, James empurrou ela com o ombro, “Você não respondeu minhas cartas no verão.”
Jo ficou vermelho escarlate com o assunto repentino, olhos em suas unhas rosadas.
“Papai ficou em Londres por duas semanas e Célia achou que precisava me distrair”, ela falava rápido, “M-mas eu li as cartas e tentei responder, eu s-só-“
“Eu sei, está tudo bem”, James tocou o joelho dela, “Vamos todos fazer algo legal juntos mais uma vez, e você irá conosco.”
Jo sorriu completamente anestesiada pela doçura de James. Logo, o garoto entrou numa discussão com os amigos.
“Podemos ficar famosos quando terminarmos a escola!”, gritou Marlene.
“É. Vamos, Moony”, adulou James.
“É, Vamos, Moony...”, repetiu Peter, mãos unidas.
“Não seja teimoso, vamos tentar todos juntos. Vai ser ótimo, sim?”, disse James.
Remus se levantou com raiva, “É melhor eu ir dormir agora”, ele resmungou.
As vozes de seus amigos chamando por ele foi cessada quando ele terminou de subir na escada em espiral para chegar ao próprio dormitório, que ficava situado no alto da Torre. As camas de colunas com cortinados vermelho-escuros estavam encostadas às paredes, cada uma com o malão do dono aos pés.
Remus vestiu o pijama e se enfiou em sua cama. Alguém – um elfo doméstico, com certeza – colocara esquentadores entre os lençóis. Remus se virou de barriga para cima, uma série de imagens fascinantes se formando em sua cabeça... ele não era um lobisomem e tornara-se campeão de Hogwarts... estava em pé nos jardins, os braços erguidos em triunfo diante de toda a escola, que o aplaudia e gritava... ele acabara de ganhar o Torneio Tribruxo...
Mas era tudo distante demais de sua realidade e com toda sinceridade, Remus entendia. Tão rápido morreu quanto nasceu, os pensamentos de Lupin foram cessados pelo cansaço.
Mesmo exausto, Remus não conseguiu dormir de modo algum. Gemendo internamente quando a luz da manhã invadiu as janelas horas depois.
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reglupin · 3 months
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Resumo do capítulo: marotos e pegadinha <3
Notas: Eu sei que ninguém perguntou MAS dog days are over de Florence+the machine é a trilha sonora do capítulo. Então se quiser uma experiência foda lendo isto, recomendo colocar na repetição.
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O humor de Remus estava significativamente melhor na manhã do primeiro dia de aula. Ele, James e Peter examinavam seus novos horários ao café da manhã.
“Hoje não é ruim...”, dizia James correndo o dedo pela coluna intitulada segunda-feira no seu horário. “Herbologia com a Lufa-Lufa e Astrologia com Corvinal.”
“Dois tempos de Adivinhação hoje à tarde” gemeu Remus, baixando os olhos.
“Você devia ter desistido como eu fiz, não é?, disse Lily, aparecendo de repente e agarrando James por trás.
James a vira com agilidade, puxando-a para seus braços e esfregando o nariz no pescoço dela.
“Certeza que eles se pegaram no acampamento”, Mary aparece, sentando ao lado de Remus.
“Bom dia. O que você tem hoje?”, pergunta Remus, ignorando o que ela disse.
“Herbologia agora”, bufa Mary. Ela coloca quantidades generosas de geleia em sua torrada.
“Eu também”, diz James. “Quer ir na casa de vidro fumar com os lufanos?”
“Por favor”, suspira Mary.
James assente, virando para olhar Lily. “E você, Camélia?”
Lily fica vermelha. “Aritmancia agora.”
“Então até mais tarde”, ele beija a bochecha dela e levanta. “Lembrem que hoje temos uma pegadinha. Meio dia, não esqueçam.”
“Essa. Foi. A. coisa. Mais. Linda. Que. Já. Ouvi. Na. Porra. Da. Vida.” Murmurou Lene, aparecendo com Dorcas.
“Porquê você não é como James?”, questionou Dorcas.
“Estou considerando largar você e namorar James”, bufou ela.
Dorcas ri alto, “Você não ousaria.”
“Você tem sorte de ele estar com Lily”, Lene empinou o nariz e saiu. Dorcas instantaneamente atrás dela.
Houve um repentino rumorejo acima deles e cem corujas entraram pelas janelas abertas, trazendo o correio da manhã. As corujas circularam sobre as mesas, procurando as pessoas a quem as cartas e pacotes eram endereçados. Uma corujona âmbar desceu até Remus e depositou uma carta em seu colo – do remetente Frank Longbottom.
Remus se vira lentamente para Lily, carta enfiada na mochila, “Então vocês vão fazer uma pegadinha. Quando eu ia saber?”, ele sabe que sua voz é dura.
“Eu vou te contar tudo mas não aqui, James acha que podemos ser ouvidos” ela morde sua torrada e limpa a boca. “Ele está muito ansioso com isso.”
“Vocês planejaram isso quando eu fui dormir?”, ele ergue uma sobrancelha.
Lily recua com isso.
“Não seja birrento”, agora ele recua. “Planejamos tudo, ele queria você lá. Nós queríamos você lá, é claro...”
Remus vira o pescoço, “Eu queria ficar sozinho.”
“Sim, todos entendemos isso.”, ela diz e solta sua torrada pela metade, “Jo está incluída.”
Remus pensa que ela vai sair mas Lily apenas levanta, esperando por ele. Peter agarra a torrada abandonada pela metade e caminha ao lado dos dois, separando-se ao cruzar o primeiro corredor.
**
Quando a sineta tocou para anunciar o início das aulas da tarde, Remus e Lily se dirigiram à Torre Norte. Entrando em um corredor vazio, deram com Severo Snape encostado na parede como se esperasse por eles.
“Então você está com James Potter?”, questionou ele, varinha girando na mão. “Quando você parou de odiá-lo?”
Lily estava apenas dois passos de Snape quando parou, Remus virou automático.
“Você tá viajando, Snivellus”, disse Remus puxando Lily. Ele está mais preocupado de que alguém os veja no corredor do que chegar atrasado.
Lily deu alguns passos antes de Severus continuar com escárnio. “Eu vi você e ele no café da manhã, me tirou o apetite. Obrigado por isso”
A ruiva vira o pescoço lentamente, rosto sem expressão. “De nada, Snivellus”, ela sibila.
Dessa vez, é Lily que puxa Remus para longe. As unhas de Lily aperta sua carne e Remus consegue sentir a mão trêmula dela, ele fica calado.
BANG.
Uma faísca por pouco acerta Remus, ele se abaixou ao sentir o cheiro do feitiço. Ele vira, vendo Lily lançar um feitiço ao seu lado.
“Expelliarmus”, a varinha de Snape voa para longe. “Petrificus Totalus”, ele cai imóvel no chão.
“Puta merda, temos que ir”, diz Remus com urgência. Lily vai dando passos para trás, olhos arregalados antes de disparar na frente dele, varinha abafando o som que seus sapatos fazem no chão de pedra.
“Não acredito que fiz aquilo”, diz Lily quando eles param. Ela tampa a boca com as duas mãos, voz abafada. “Nunca pensei que lançaria um feitiço nele.”
“Eu senti o cheiro do feitiço que ele lançou. O dele era muito pior, acredite” diz num riso sem humor. Lily empurra ele com os ombros, rindo também.
O já conhecido perfume doce que saía da lareira veio ao encontro das narinas dos dois quando eles chegaram ao topo da escada. Como sempre, as cortinas estavam fechadas; e a sala circular, banhada por uma fraca luz avermelhada projetada por várias lâmpadas cobertas por lenços e xales.
Remus e Lily caminharam entre as cadeiras e pufes forrados de chintz ocupados, e se sentaram à mesma mesinha redonda. Eles viram Jo -a amiga de James-, sentada atrás deles.
Uma mulher magra com enormes óculos que faziam seus olhos parecerem demasiado grandes para o rosto, saiu de trás de uma cortina roxa. Os numerosos colares e pulseiras habituais faiscavam em seu corpo às chamas da lareira.
Ela olhou para Remus ao passar e seus olhos ficaram maiores. “Cuidado, meu jovem”, disse ela tristemente a Remus. “Minha Visão Interior transpõe o seu rosto corajoso e chega dentro de sua alma perturbada. E lamento dizer que alguém próximo vai trair você e há tempos difíceis em seu futuro, ai de você... dificílimos... receio que a coisa que você teme realmente venha a acontecer... e talvez mais cedo do que pensa...”
Sua voz foi baixando até virar quase um sussurro. Lily revirou os olhos para Remus, que lhe retribuiu com um olhar impassível.
A Professora deixou os garotos, com um movimento ondulante, e se sentou na grande bergère diante da lareira, de frente para a turma.
“Está na hora de estudarmos as estrelas”, disse ela em alto tom. “Os movimentos dos planetas e os misteriosos portentos que eles revelam...”
Mas os pensamentos de Remus tinham se afastado. As chamas perfumadas sempre o deixavam sonolento e embotado, e os discursos desconexos da professora sobre adivinhação nunca conseguiam mantê-lo exatamente fascinado – embora não pudesse deixar de refletir sobre o que ela acabara de dizer: “Receio que a coisa que você teme realmente venha a acontecer...”
Ele não estava com medo de absolutamente nada naquele momento... bom, a não ser talvez o medo de ser escolhido como campeão de Hogwarts... mas o que sabia a professora? Remus já chegara à decisão havia muito tempo.
Ele não vai tentar ser um campeão.
**
Ao fim do dia, todos os marotos estavam em seus lugares para começar a pegadinha. O combinado era James ir primeiro com Mary e Lene quando o jantar fosse servido.
Bem, no momento, James estava tentando separar Mary e Lene das garras uma da outra.
“Garotas, hey. Garotas!”, ele balançava os braços para chamar atenção mas não recebia nada. Eles estavam em um corredor deserto no momento por ser hora do jantar, mas que geralmente tinha muito movimento. James arregalou os olhos quando ouviu a voz de Dumbledore ecoar de algum lugar. “Garotas, só temos dois minutos!” ele puxou Mary e jogou ela para trás, murmurando desculpas e fazendo o mesmo com Lene.
Marlene foi afastada até estar com as costas na parede, olhando para James com a mão no lábio cortado. Mary emitiu uma gargalhada e Lene tentou chuta-la, James entre elas impedindo de se tocarem.
Seus braços largos e fortes de atleta garantiam que elas ficassem longe o bastante, ele empurrou as duas suavemente deixando as mãos no ar como se tentasse acalmar uma fera. Olhou para cada uma, deslizando a varinha para a mão.
“Lily me ensinou um feitiço congelador duplo muito bom e eu não pensarei duas vezes antes de lançar em vocês”, disse grave.
Lene gemeu de dor, seu lábio estava inchado.
James olha para elas esperando alguma coisa, protesto ou xingamento. Porém, as duas olham para o chão com fervor. O mais ridículo é que James sequer sabe porque elas começaram a brigar.
Eles tem um minuto.
“Tudo bem?”, perguntou olhando para as duas. “Estamos bem agora, podemos ir?”, ele esperou.
Eles tem quarenta segundos.
Lene bufou e esticou a mão para Mary, a cacheada olhou-a com desgosto por dois segundos então esticou a mão, fazendo um toque de mãos.
“Vadia louca”, disse Mary, virando-se e pegando sua vassoura.
Lene riu. “Fazendo autocríticas, Macdonald?”, ela encostou-se na parede, vassoura ao lado.
Mary limpou uma mancha invisível da bochecha. “Estava elogiando, aliás que belo corte no lábio você ganhou”, ela ri quando Lene mostra os dentes novamente. “Aposto que Dorcas vai aprovar seu lábio inchado, quem sabe um beijinho?”
James continua com os braço esticados caso Lene tente avançar, mas tudo que a loura faz é subir em sua vassoura com um sorriso feroz.
“Vamos fazer isso”, sibila.
Mary e James pulam excitados, Potter sendo elétrico durante todo o momento. Eles se postam no lugar marcado, a porta do salão está fechada e o corredor vazio, de modo que eles precisam ser silenciosos e casuais.
“Estão prontas?”, ele sorri torto, covinha funda na bochecha.
Mary e Lene olham-se e sorriem, James levanta a varinha e lança o feitiço de desilusão nas duas.
“Certo, até logo”, ele sorri e as duas sobem alto no ar.
Quando o primeiro aluno dá sua primeira mordida, saboreando a comida e engolindo. Mary e Lene rompem as portas do salão de jantar montadas em suas vassouras, trazendo consigo uma chuva de fogos de artifício.
Há um segundo de confusão então gritos preenchem o lugar.
James rodopia formando um círculo no ar graciosamente, fogos estourando em glitter vermelho, dourado e azul.
PACK, TACK, POCK, BOOM!
Quatro tiros coloridos são jogados no ar por James, quando eles estouram glitter de cores diferentes explodem para todos os lados.
Todos os alunos se levantam desesperados, glitter caindo em suas roupas e comida.
Minerva McGonagall e Alvo Dumbledore levantam-se ao mesmo tempo, Minerva analisando como um gato e Alvo pedindo calma. Alguns professores tentavam puxar alunos para tirar-lhe o glitter e outros corriam desesperados com glitter em si.
James viu Slughorn rodando em círculos com Glitter na cara. Ele quase cai de sua vassoura de tanto rir, segurando-se com força para não cair.
BOOM, POCK, POCK!
Mary olhou encantada para seus fogos lançados, cada um estourando em rosa vermelho e verde.
“Vamos fugir!”, gritou Sarah Davidson, da lufa-lufa.
“Essa coisa gruda! Está brilhando em toda parte!” gritou Henry Spring, da sonserina.
“Por aqui, venham!”, disse Lisa Bolzier, da corvinal.
Várias pernas movem-se em conjunto, gritos e chuva de fogos por toda parte. James, Mary e Lene tremendo de tanto segurar o riso, quase caindo de suas vassouras.
No mesmo segundo, Lily pulou em seu lugar.
“Você acha que terá garotos bonitos para admirarmos?”, perguntou Jo, ela e Peter sentados no chão jogando palavras ao vento, Remus encostado na parede.
“Espero que sim”, disse Remus num sorriso.
“O sinal de James, é agora!”, disse Lily. Uma bola dourada passou acima deles, voando para longe. Ela posicionou seus amigos no corredor, varinhas unidas no ar.
Em uníssono, eles invocaram três cavalos alados, brancos como nuvens e do tamanho de alces.
Com galopadas silenciosas, os cavalos trotaram em direção ao salão e todas as crianças que corriam para fora congelaram na entrada com a figura das três criaturas enormes. Os gritos cessaram no segundo que os cavalos apareceram, um silêncio falso e mortal pairou no salão.
“Puta merda...”, disse Jude Schwab, da grifinória. A garota liderava os mais jovens na frente e apontou sua varinha trêmula para os três animais, empurrando seus colegas para trás.
Ignorando-os completamente, os três veados passaram correndo entre os alunos, levantando um coro de gritos e correria. Eles galopavam no salão como em um campo aberto, brilhando e fazendo sua glória. Então o primeiro levantou-se nas patas traseiras e explodiu em confetes azul e bronze.
“Bravo”, Lene bateu palmas, agarrando sua vassoura. James e Mary fizeram um high-five e voaram para fora, encontrando os outros no corredor atrás do salão.
Jo e Remus olhavam a situação através de uma janela circular. Remus sendo apoio de Lily, ele sorriu ao ver James e as duas garotas.
“Moony, você tinha que ter visto a cara deles. Me diga que você viu!” exclamou James cheio de alegria.
“Eu vi, aquilo foi desesperador!”, disse abafado. “O glitter vai sumir em trinta minutos”
“Temos pouco tempo para assistir o caos”, riu Mary.
James sorriu ao notar Jo. “Oioi! Você está realmente aqui”, ele abraçou ela com força. Ao notar Lily, seu rosto ficou franzido pois ela estava em cima dos ombros de Remus. “Oi! Desça de cima do Remus” esbravejou. Ele puxou Lily pelas pernas, deixando ela com as pernas em seu ombro, ela bateu em suas costas em protesto.
“Eu saio por minutos e você faz Remus de escada, lamentável.”
“Não consegui alcançar a janela”, Lily justificou-se.
“Moony disse sim quando ela pediu para subir nele”, disse Jo.
A voz de James suavizou, “Sim, porque é Moony!”, disse.
“Acho melhor não discutir”, disse Peter.
Remus solta um longo suspiro, alongando as costas. Mary arregalou os olhos quando o último veado levantou-se nas patas traseiras.
“Gente, vejam isso! Vai explodir o último!”, berrou, todos subiram rapidamente para ver. Exceto Remus, Jo e James, únicos com tamanho suficiente para ver pela janela redonda.
Dumbledore lançou um feitiço no animal, mas atravessou como uma nuvem, o veado mexeu o pescoço e explodiu.
Confetes vermelho e dourado tingiam as vestes azuis de Dumbledore e por um segundo todos olharam em silêncio e horrorizados para a imagem do diretor.
Então Dumbledore riu alto e grave, mãos em sua barriga.
O silêncio seguiu mortal. O peito do diretor foi se acalmando quando ele disse: “Essa certamente é minha pegadinha favorita.”
Remus e Peter correram para o salão comunal da grifinória. James, Mary, Lene, Jo e Lily correram para o salão de jantar, enfiando-se entre os alunos e sujando suas vestes de glitter, o feitiço de ilusão sumiu aos poucos.
Dumbledore saiu sem dizer uma palavra, Minerva em seu encalço dizendo palavras de conforto para os pequenos. Ela ordenou que os monitores levassem os alunos de suas respectivas casas para os dormitórios.
Ela viu James coberto de glitter brilhante azul e vermelho e abriu a boca como um peixe, correndo para fora onde Dumbledore sumirá pouco antes.
Escondido de todos, James e Mary fizeram um high-five. Devagar, todos saíram. Ele foi direto para seu quarto encontrando Remus e Peter em suas camas.
“Fizemos tudo certo”, disse James de sua cama. “Dumbledore achará que foi os marotos mas eu estava lá e Minerva me viu coberto de Glitter então acabarão suspeitando de Snivellus e seus capangas. Afinal não tinha nenhum glitter verde ou prata, e Snape não estava presente com seus amigos.”
“Será que eles vão ser proibidos de se escrever no torneio?”, disse Remus preocupado.
“Eles roubaram o jogo do ano passado e acertaram James com o balaço mesmo depois do jogo terminar, ele acordou uma semana depois! Estamos pegando leve com eles”, disse Peter numa voz fininha de rato.
“Ainda prefiro a adrenalina de ser pego”, disse James.
“Nesse caso, não teríamos a participação das meninas”, murmurou Peter.
“E essa pegadinha foi para encrencar a sonserina”, lembrou Remus.
“Sim, eu sei”, concordou James, jogando o pomo no ar várias vezes. “Faremos uma melhor e teremos o reconhecimento apropriado”
Remus gemeu. “Você é maluco”
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Eles estavam certo.
O plano seguiu como deduzido. No dia seguinte, todos murmuravam no café da manhã sobre a pegadinha que Snape e seus amigos fizeram.
Minerva e Dumbledore fizeram uma reunião com alguns professores e depois com monitores, procurando suspeitos e ausentes na hora do jantar.
Eles tinham Remus, Peter, Snape, Barty Jr, Moulciber, Evan, Regulus e Azriel.
Remus foi chamado até a sala do diretor, sendo questionado pelo próprio na presença de Minerva.
A sala de Dumbledore era iluminado por muitas velas e a decoração nunca mudava, Remus já esteve na sala dele muitas vezes para perceber.
Seguiu-se os minutos enquanto ele fazia várias perguntas para Lupin. Se ele sabia sobre a pegadinha, se ele guarda fogos de artifício em seu dormitório, onde ele estava na hora da pegadinha, se ele tinha alguém para provar que ele realmente estava fazendo o que disse.
No fim, Remus foi descartado ao dizer que foi para o quarto pois sentia-se cansado, Peter cuidando dele. Minerva questionou se era pela lua cheia recente e quando Remus não respondeu, ela levou ele de volta para seu dormitório.
Dumbledore interrogou na presença de Slughorn os seis sonserinos suspeitos.
Ao serem questionados individualmente, onde estavam e com quem. Os garotos negaram contar e disseram que tinham direitos para tal.
Claro, custou horas para Dumbledore tirar qualquer coisa deles. Eles não eram os autores da pegadinha e não falavam onde estavam durante a situação, fazendo com que o diretor de sua casa também suspeitasse deles.
Cada um acabou dando uma versão do que estava fazendo e tudo era tão suspeito que acabaram levando uma suspensão. Obviamente todos ficaram revoltados, porém eles pareciam tão culpados e desesperados em esconder alguma coisa que o diretor de sua casa finalizou que realmente eram os responsáveis pela pegadinha.
Slughorn sugeriu para Dumbledore que a punição fosse duas semanas com Filch na sala de arquivos das runas. Mesmo com os protestos insatisfeito dos garotos, Slughorn não tirou o castigo. Cada um dos garotos voltou para seu dormitório bufando de ódio, praguejando o diretor da escola e de sua casa.
Durante a noite, reclamavam entre si sobre a injustiça de receber detenção por algo que não fizeram.
Os outros alunos ficaram distantes dos garotos, até alguns sonserinos como Regulus Black e Evan Rosier. Esse afastamento deixou os garotos mais revoltados do que nunca e por vários dias ficaram isolados dos demais
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reglupin · 3 months
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Resumo do capítulo: Traição
Tw: descrição breve de um tapa (nada forte mas acontece)
Meados de 1977.
Eles estavam na casa de James, Remus e Peter dormindo em camas ao lado de Prongs. Eles pegavam o carro de Fleamont e iam até o centro enquanto ouviam changes no volume máximo, quando o carro estava indisponível eles apanhavam o ônibus trouxa e iam até o cinema mais próximo com as garotas.
Certo dia, eles escolheram terror e James ficou ao lado de Peter, segurando sua mão enquanto ele corria para ir ao banheiro vomitar todo o conteúdo do dia. Foi nojento e vergonhoso, mas James segurou sua mão até o final. Ele foi extremamente empático quando Peter pediu trêmulo para ir embora, indo chamar Remus para irem. James comprou um sorvete para ele se sentir melhor e deixou Peter dormir na cama com ele.
Peter só não contou para seus amigos que havia fingido para ganhar a atenção de James, o tipo de coisa que só pessoas tolas fazem. Peter frequentemente fazia loucuras para ter migalhas de atenção, ele lutava sem vergonha para ter os olhos de James sobre si.
Remus reparava na mudança de Peter e frequentemente falava com James, mas o garoto nunca levou a sério. Afinal, Peter falava sobre muitas garotas e James era perdidamente apaixonado por Lily Evans, muito mais naquele verão de 1977.
Eles ignoravam o que precisava de atenção e passavam tempos a fio ouvindo ziggy stardust no último volume, passeando por Londres e entrando em salas de cinema. Os piores filmes para dias tediosos, apenas para não resolverem seus sentimentos.
Isso apenas valia para Peter, que recuava e desvia o olhar sempre que James e Lily interagiam entre si. Mas apesar de sentir muitas coisas sobre James, Peter nunca falou sobre isso com ninguém e com o tempo adormeceu, como um vulcão cansado demais para estar ativado. Peter cansou de fazer absurdos para ter a atenção de James, quando Evans apenas respirava e James suspirava como uma moça dos filmes clichês.
No mesmo ano, Peter conheceu Azriel Doyle e os dois se encontravam escondidos. As festas continuavam, as idas ao cinema e o passeio por Londres com as músicas de Bowie tocando continuaram por todo o verão de 76. Assim como os sentimentos de Peter Pettigrew por James Potter.
Foi no quarto ano que ele percebeu que estava apaixonado por James. Eles estavam no meio de uma pegadinha, Remus estava escondido para avisar caso viesse alguém e Peter estava com James debaixo da capa de Invisibilidade. Eles estavam tão perto e James estava tão lindo, seu cabelo escuro e selvagem por todo lado.
Peter quase o beijou.
Três anos depois, James começou a namorar Lily Evans e Peter nunca conseguiu contar seus sentimentos. Ele sabe que não tem chances contra Evans e jamais tentaria lutar pelo amor de James, porquê ele sabe que James já o ama.
Não como ama Evans, mas é melhor um pouco de amor do que nada.
**
Duas horas antes do jantar, James está andando pelos corredores com Lily Evans ao lado, todos olhando para suas mãos unidas.
James não pode culpá-los, ele mesmo jamais pensou que esse dia chegaria.
Oh, por favor. Quem ele quer enganar?
James Potter sonha com este dia desde os onze anos, quando entrou no trem para Hogwarts e viu a linda garota de cabelos ruivos e rosto franzino.
Ele caminha olhando para ela.
“O que está olhando?”, ela pergunta eventualmente.
“Você é bonita e eu gosto de olhar pessoas bonitas”, ele diz da forma mais séria.
Lily ri e tudo se ilumina, “Idiota”, ela suspira.
James a puxa para seus braços, beijando todo o seu rosto, espalhando saliva nela como um cachorro. Lily grita e o afasta mas em seus lábios está o maior sorriso que James já viu.
“Idiota”, ela resmunga.
James ri. “Me beije e eu deixo você em paz”
Ela ergue uma sobrancelha.
“Eu só precisava fazer isso para ter paz? Poxa, devia ter feito no primeiro ano!”, exclama.
James solta uma gargalhada, abraçando ela como um urso carinhoso. Lily praticamente some em seus braços e quando ela o afasta, James lhe dá um demorado selinho.
“Hum-hum.”
Lily empurra James com toda a força, a boca brilhosa e vermelha. Ela olha na direção do som com olhos grandes e assustados, rezando para não ser Minerva e agradecendo por ser apenas Slughorn e Snape, o que não é bom mas também não é Minerva.
O professor de poções observa com sobrancelhas arqueadas e um olhar de compreensão, mas Snape encara com uma carranca.
James ri e coça a nuca.
“Sir, Slughorn. Perdoe se não pudermos conversar muito, temos que ir agora mesmo. Espero que tenha uma boa noite”, ele sorri simpático e pega a mão de Lily.
Antes que eles se afastem, Snape diz: “Pareciam ter tempo para fazer uma cena no corredor”, há frieza em sua voz. “Slughorn deve se lembrar das regras sobre beijos ou afetos em público, proibido pela vice diretora Minerva McGonagall.”
Slughorn sorri, “Oh, o corredor estava vazio antes de nós entrarmos. Deixemos esses jovens se divertir”, ele vai puxando a manga de Snape até os dois sumirem.
Lily olhou rapidamente para James e se surpreendeu ao ver seu rosto neutro.
Nenhum riso ou comentário.
James apenas pegou a mão dela e continuou o caminho.
**
Depois da pegadinha, Azriel parou de andar com seus amigos Sonserinos, assistia as aulas de herbologia e poções com Peter e comia no salão perto dos primeiranistas. Evan Rosier insistiu que Azriel tivesse a confiança de Peter então Azriel continuava falando com ele.
As coisas só pareciam sair de controle, ele se encontrou com Peter na torre de astronomia, rabicho levou doces e os dois passaram a noite conversando. O lado bom, é que Peter parecia igualmente afeiçoado e Azriel percebia aos poucos que falava com Peter não mais a pedido de Evan. Ele temia por suas novas razões.
Peter esperava contar para James, mas não sabia como, então ficava fechado sobre seus sentimentos, por Remus e James.
Os dois já tiveram essa conversa, certa noite no dormitório na primeira lua cheia de Remus, fazia pouco tempo que James e ele sabiam sobre Remus. Prongs estava louco procurando algo que ajudasse Remus, ele ficava horas na biblioteca estudando sobre lobisomens – sempre tão disposto para os amigos.
Peter nunca se sentiu tão impotente, afinal ele sempre foi um mediador, alguém que está ali apenas por estar, um pano de fundo. James era o protagonista, sempre foi assim. Não foi uma surpresa quando James descobriu como ajudar Remus, foi mais rápido do que pensavam.
Dois anos depois e James estava virando um veado no quarto deles, seus chifres tocando o teto da cama.
Peter não estragaria tudo contando sobre Remus para Azriel. Mas ele acabou contando, no último verão na torre de astronomia. Azriel o beijou e Peter acabou contando tudo.
Há muitas semanas, Peter tem ensaiado como pedirá desculpas para seus melhores amigos. Atualmente, a lista é apenas grande demais assim como o medo de Peter. Ele se acovardou e não contou sobre seus encontros com Doyle, fingiu para os amigos que não sabia sobre Jo quando Azriel contou tudo o que Snape planejava.
Peter sabe que seus amigos merecem saber, mas ele simplesmente não pode. Seu maior pesadelo é decepcionar James e quebrar a confiança de Remus.
Destruir as duas coisas que ele ganhou, rasgar sua sorte como papel. Há muito sobre o que falar e ele entende pouco. E principalmente há James.
James...
Como pôde fazer isso com ele? Peter se pergunta.
James está com ele há anos, sendo a melhor coisa que Peter já teve e um par de olhos azuis estraga isso? Não, ele mesmo fez isso e não foi por ninguém além dele mesmo.
“O que eu fiz?”, Peter sussurra para a parede.
James estava tentando convencer Remus a escrever seu nome como todo mundo, mas Remus estava relutante por causa da lua cheia. Ele não disse isso quando os três conversaram a noite inteira na cama de James mas o garoto sabia disso e contou para Peter.
Uma vez que James souber do que Peter fez, nunca mais confiará nele, seus olhos nunca mais vão sorrir ao serem direcionados para o garoto — ter a decepção de James é pior do que qualquer coisa.
Atualmente, Peter estava esperando Azriel na torre de astronomia antes mesmo do sol nascer. Estava um frio de quebrar ossos mas Peter esperou Azriel aparecer enquanto observava o céu ser iluminado.
Doyle parou no último degrau e chamou Peter com um sorriso sugestivo, Pettigrew levantou-se e seguiu o garoto até a macabra floresta proibida. Azriel segurou a mão de Peter até pararem entre as árvores.
“Preciso lhe dizer uma coisa”, disse Azriel, Peter imediatamente se preparou para o pior, “Eu gostaria de contar sobre nós para meus amigos.”
Peter reprimiu qualquer reação, demorando um ou dois minutos para responder.
“Para os sonserinos? Não, isso é ruim, eles vão fazer chantagem quando souberem de quem se trata”, a respiração de Peter falhou, “Se minha família souber!”
“Acalme-se, são meus amigos e não contarão para ninguém. Desejam até que tu entre para a gangue, querem conhecer-te”, Azriel sorriu.
Peter quase gritou, “Não, por Merlim! Isso é sério? São sonserinos.”
Azriel parou de sorrir bruscamente, se aproximando de Peter enquanto o mesmo se afastava.
“O que está insinuando?”, questionou Azriel.
“Eu não...”
“Pois bem, eu sou Sonserino senão reparou e se sente vergonha de mim acho melhor pararmos com os encontros”, Azriel virou de costas.
“Você não está pensando!”, gritou Peter sem poder se conter, “Se souberem que sou eu vão querer vingança ou vantagens, não posso fazer isso!”
Azriel franziu o cenho, “Acha que somos tão baixo? O que você pensa, que eu vou te jogar no covil das cobras?”, sibila. “Meu querido Pete”, Azriel toma a mão do loiro, “Quero que entre para o grupo, por favor.”
Peter mirou Azriel com atenção por um longo tempo, ele não é idiota. Rabicho convive com marotos e divide o quarto com dois deles por sete anos, qualquer um ficaria marcado com isso. Persuadi-lo é muito difícil, ele sente que essa é a intenção de Azriel.
“O que meus amigos vão pensar quando souberem?”, murmurou Peter, negando lentamente com seus olhos perdidos, “Não, não posso fazer isso.”
O loiro sentiu um aperto nas mãos, Azriel já não sorria e tinha em seus olhos um brilho fugaz nada amigável.
“Me solte, está me machucando!”, berrou Peter, um segundo depois, ele sentiu o rosto esquentar pelo tapa que Azriel desferiu em sua bochecha direita. Seus olhos aguaram rapidamente e ele tocou na pele lisa e quente, sentindo-se humilhado.
“Meu querido, me desculpe. Não foi minha intenção, me assustei com seus gritos”, Azriel tocou no rosto dele e Peter imediatamente se afastou, o Sonserino começou a chorar e se aproximou, “Por favor, Peter. Me perdoe, não foi minha intenção.”
“V-você...”, suspirou o loiro.
“Não, por favor!”, ele segurou Peter suavemente pelos ombros, como se Peter fosse quebrar em seus dedos, seus olhos enormes e azuis cintilavam para Peter como o céu em agosto.
Então, ele soprou sem fôlego: “Jamais, por favor. Eu te amo.”
Os olhos de Peter caíram para fora, incapaz de falar e de respirar, conforme tudo ia ficando escuro, Azriel beijou-lhe a testa.
“Eu jamais machucaria você, me desculpe. E-eu amo você, porquê eu não posso querer você comigo?”, ele encarou Peter magoado.
Ele estava tão perto, embriagando Peter com seus olhos estúpidos. Seus desejos era ter Azriel e ficar com ele, mas isso era impossível na situação que estava. Azriel estava disposto a colocar Peter em seu grupo, apresentar ele para seus amigos como amantes.
Queria dizer muito sobre os sentimentos de Azriel.
Afinal ele amava Peter, foi isso o que ele disse, Peter nunca teve isso e não desperdiçara sua chance. Ele hesitou um momento, como se fosse embora, mas, então, aproximou-se de Azriel e beijou-o rapidamente.
O sorriso do Sonserino era o mais belo de todos, ele tocou o rosto de Peter e deu-lhe um demorado selinho, “Vamos rápido, eles aguardam.”
A muitos metros do castelo, o vento gelado comprimia as árvores conforme os dois garotos adentravam mais e mais a floresta. As árvores, então, ficaram para trás e Azriel parou em campo aberto onde uma pequena caverna jazia, foram em direção a ela e ao entrar Peter viu muitos Sonserinos conhecidos.
“Peter Pettigrew, que surpresa!”, exclamou Crouch Jr.
Os rapazes se aproximaram e puxaram Peter para sentar numa mesa retangular com cadeiras duras.
“Eu sabia que viria, Pettigrew”, sibilou Severo Snape, aparecendo por detrás de uma enorme pedra comprida, as mãos dentro do capuz como um vampiro agourento.
Ele sentou na cabeceira da mesa e todos os outros se acomodaram, Azriel duas cadeiras de Peter.
“Ao nosso novo membro e ao lorde das Trevas”, brindou Snivellus, erguendo o copo e esvaziando-o em um gole.
Os outros o imitaram. Snape tornou a encher os copos.
Peter deixou escapar um som que poderia ser um soluço seco e cobriu o rosto com as mãos. Azriel descansou seu copo na mesa e tornou a se acomodar, as mãos nos braços da poltrona, encarando Peter.
“Talvez seja possível... obtermos nossa vingança”, disse Snape.
Peter se empertigou, o rosto branco como uma folha de papel, os olhos arregalados, “Azriel... ah, Azriel... você prometeu!”
“A reunião começa agora”, sentenciou Barty.
Peter largou o copo, que deslizou pelo tampo da mesa, ao mesmo tempo que, escorregando da cadeira e se ajoelhando aos pés de Azriel segurou suas mãos e levou-as aos lábios.
“Azriel!”, Peter foi puxado por Mulciber e foi jogado em sua cadeira.
“Agora, para jurar que fará tudo em seu alcance... Pettigrew, você jura? Você fará o Voto Perpétuo?”, disse Snape inabalável.
“O Voto Perpétuo?”, o rosto de Peter perdeu a cor, seu olhar vazio.
Edward, porém, soltou uma gargalhada.
Snape não olhou para Edward. Seus olhos negros estavam fixos nos olhos castanhos e perdidos de Peter. Todos os presentes levantaram suas varinhas e apontaram para Peter, o garoto recuou no assento e procurou o conforto de Azriel.
Ele também estava com sua varinha.
Desistindo de lutar contra quatro Sonserinos armados, Peter disse baixinho: “Certamente.”
“Esplêndido! Azriel será o avalista”, sentenciou Barty.
O queixo de Azriel caiu. Snape se esticou à frente de Peter. Diante do olhar assombrado de Azriel, eles uniram as mãos direitas. Ele se aproximou dos dois, e colocou a ponta da varinha sobre as mãos unidas.
Snape falou, “Você, Peter Pettigrew, será fiel com sua missão de escrever o nome de Remus Lupin no cálice?”
Houve um momento de silêncio. Com a varinha sobre as mãos unidas dos dois, Azriel observava de olhos arregalados.
“Sim”, jurou Peter.
Uma fina língua de fogo-vivo saiu da varinha e envolveu as mãos como um arame em brasa.
“E usará sua inscrição como segundo meio?”
A mão de Peter estremeceu, mas ele não o soltou.
“Sim.”
O rosto estarrecido de Azriel se avermelhou, refletindo o clarão da segunda língua de fogo que saiu da varinha, enrolou-se na outra e se fechou em torno das mãos, grossa como uma corda.
**
Todos sentiram James antes do garoto entrar no salão, ele estava sozinho e com os cabelos úmidos. Seu cheiro era forte e poderoso, como deuses se deliciando de ambrosia no templo de Zeus.
Antes que Peter levantasse e fosse embora, James já estava sentado à frente dele.
“Oi”, ele sorriu. “Você está bem? Faz dias que não o vejo, desculpe estar distante.”
Isso quase faz Peter confessar, se James soubesse... Peter jamais seria perdoado.
“Então, você está bem?”, perguntou novamente.
Peter deu de ombros e bufou uma resposta que James não ouviu.
Ultimamente, James só falava em Remus.
Remus não vai escrever seu nome no cálice, Remus não vai tentar ser campeão de Hogwarts, Remus é um lobisomem, Remus tinha uma nova cicatriz, Remus estava com dor. Remus, remus, remus...
No escuro do quarto, Peter ouvia tudo em silêncio. Às vezes, ele imaginava uma realidade onde ele se apaixona por uma linda garota ruiva de lábios finos e sardas claras sobre a pele. Ele pede a mão dela em casamento porquê não imagina uma vida onde ela não está, a cerimônia acontece em novembro e todos os seus amigos estão lá.
Mas quando Peter a beija seus lábios tem o gosto de James.
Porque a ruiva é Lily Evans, porque Peter deseja provar seus lábios apenas para sentir o vislumbre de James. Porque ele sabe que seria completamente normal se ele beijasse Lily, afinal, ela é uma garota.
Às vezes Peter não pensa direito, ele deriva até James e imagina coisas horríveis. Ele nunca conseguiu contar o que sente para James, preso em um globo de vidro. Peter nunca se importou, ele ouviu certa vez que um pouco de amor é melhor do que nada. E James o ama, como se ele fosse seu irmão. E isso basta, basta muito.
James continuou olhando para ele. “Bom, posso acompanhar você na aula de hoje?”
Peter sentia-se exausto, ele quase se ajoelhou e pediu perdão. Se ele soubesse o que Peter fez...
Ele não quer isso.
Ele não quer ser apaixonado por seu melhor amigo. Ele não quer trair a confiança de Remus e nem James.
“Claro”, murmura Peter.
James pega uma uva roxa e se inclina, seu cheiro drogando o garoto, “Você está bem, Wormtail?”
“Sim. Eu apenas esqueci minha pena no quarto, vejo você daqui a pouco?”, recua Peter.
James franze o cenho, mão na boca segurando a uva. Ele sorri e acena, “Claro, mas pare de perder suas penas Pete.”
O mais baixo dispara em direção a saída, dobrando vários corredores aleatórios até estar sozinho. Os dormitórios ficam do outro lado do castelo, se James for atrás dele vai perguntar onde ele esteve. Peter não se dá tempo de pensar nisso, ele desliza até sentar no chão de um corredor vazio e tenta obrigar sua mente a voltar para si.
James Potter é tão bonito pela manhã.
Com esse primeiro pensamento, Peter esconde o rosto entre os joelhos e começa a chorar
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reglupin · 3 months
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Resumo do capítulo: Damas, cavalheiros e amigos não binários. Eu vos apresento: Sirius Black.
Os dias passavam e os alunos andavam tontos carregando livros e mais livros, toda essa correria de aulas e deveres eram postas para todos acompanharem enquanto a rotina não mudasse para o torneio.
Após uma aula cansativa de defesa contra as artes das trevas, os marotos discutiam sobre os N.I.E.M.s -exames que os alunos do sétimo ano prestam para decidir qual melhor carreira seguir.
“Eu vou estar na linha de frente para impedir a guerra, eu até participei da reunião da ordem, na Páscoa”, dizia James. Em uma conversa conspiratória com os garotos.
Peter e Remus absorveram aquilo por alguns segundos (embora a guerra não fosse segredo para ninguém), era chocante saber que James participava de reuniões da ordem, sendo tão jovem. O ministério da magia não divulgava os sumiços e ataques repentinos contra mestiços e as mortes de trouxas, mas as notícias corriam por Hogwarts e todos sabiam que aos poucos bruxos das trevas tomavam conta do ministério.
“Minha família quer que eu entre para o ministério”, disse Peter, ele segurava a pena com tanta força que ela rangeu.
“Isso ajudaria na guerra, Pete. Você será muito importante para a ordem”, disse James. “E você, Moony?”
Remus encolheu os ombros, “Eu não pensei ainda”, disse.
A verdade é que Remus nunca imaginou sua vida depois de Hogwarts, seria um luxo se ele fosse livre. De qualquer forma, ninguém empregaria um lobisomem, ele sabia que sua vida seria sempre incerta -ele vagaria por lugares, procurando estabilidade e talvez conseguisse com os trouxas. Mas quem saberá? A guerra estava batendo na porta e até sangues puros como James não tinham certeza de muita coisa, então o que sobra para Remus?
Prongs segurou o ombro de Moony com firmeza, “Você saberá eventualmente, meu irmão.”
Remus assentiu e eles seguiram andando, porém quando chegaram ao saguão de entrada, viram-se impedidos de prosseguir pela aglomeração de alunos que havia ali, em torno de um grande aviso afixado ao pé da escadaria de mármore. Remus, o mais alto dos três, ficou nas pontas dos pés para ver por cima das cabeças à sua frente e ler o aviso.
TORNEIO TRIBRUXO
As delegações de Beauxbatons e Durmstrang chegarão às seis horas, sexta-feira, 30 de outubro. A programação do dia...
“Genial!”, exclamou Remus, “É feitiços a última aula de sexta-feira! Não teremos aula com a Corvinal!”
Os alunos deverão guardar as mochilas e livros em seus dormitórios e se reunir na entrada do castelo para receber os nossos hóspedes antes da Festa de Boas-Vindas...
“É daqui a uma semana!”, exclamou Marcel MacMillan da Sonserina, saindo da aglomeração, os olhos brilhando. “Será que Azriel sabe? Acho que vou avisar a ele...”
“Azriel?”, repetiu Peter, sem entender, enquanto Marcel saía apressado.
“Doyle”, disse James. “Ele irá inscrever-se no torneio”
“Eu sei quem é”, disse Peter, sentia o coração parar enquanto abriam caminho pelo ajuntamento de alunos para chegar à escadaria. Azriel não falou com ele desde o voto perpétuo, três dias atrás.
**
A afixação do aviso no saguão de entrada teve um efeito sensível nos moradores do castelo. Durante a semana seguinte, parecia haver um assunto nas conversas, onde quer que eles fossem: o Torneio Tribruxo. Os boatos voavam de um aluno para outro como um germe excepcionalmente contagioso: quem ia ser o campeão de Hogwarts, que é que o torneio exigia e como seriam os campeões de Beauxbatons e Durmstrang.
Remus notou, também, que o castelo estava sofrendo uma faxina mais do que rigorosa. Vários retratos encardidos tinham sido escovados, as janelas manchadas agora límpidas e tudo cheirava a jasmins. Os funcionários pareciam estranhamente tensos.
“Pettigrew, tenha a bondade de não revelar que você não consegue lançar um simples Feitiço de transformação diante de alguém de Durmstrang!”, vociferou a Profa Minerva ao fim de uma aula particularmente difícil, em que Pettigrew acidentalmente transplantara as próprias orelhas para um cacto. O garoto estava com a mente em outro mundo desde que ouvirá Marcel MacMillan falar de Azriel.
Quando as meninas desceram para o café na manhã do dia 30 de outubro, descobriram que o Salão Principal fora ornamentado durante a noite.
Grandes bandeiras de seda pendiam das paredes, cada uma representando uma casa de Hogwarts – a vermelha com um leão dourado da Grifinória, a azul com uma águia de bronze da Corvinal, a amarela com um texugo negro da Lufa-Lufa e a verde com uma serpente de prata da Sonserina. Por trás da mesa dos professores, a maior bandeira de todas tinha o brasão de Hogwarts: leão, águia, texugo e serpente unidos em torno de uma grande letra “H”.
Peter, Mary, Jo e Lene viram Remus e James à mesa da Grifinória. Mais uma vez, e muito anormalmente, os dois estavam sentados à parte dos demais e conversavam em voz baixa. Peter se encaminhou para os dois.
“Ele me contou, sim”, dizia James sombriamente a Remus. “Mas não tivemos tempo de conversar muito por causa de Slughorn, enfim, acho que ele vai evitar a gente até lá.”
“Quem é que está evitando vocês?”, perguntou Peter, sentando-se ao lado deles.
Antes que James respondesse, Lily Evans se aproximou e o garoto automaticamente se envolveu numa grande bolha com a ruiva.
“Vocês já tiveram alguma idéia para o Torneio Tribruxo?”, perguntou Mary, “Continuam pensando quando vão por os nomes?”
“Perguntei a McGonagall como é que os campeões são escolhidos, mas ela não quis dizer”, respondeu Lene com amargura.
“James quer que todos se inscrevam ao mesmo tempo, mas Moony não participará”, disse Peter, inocente.
As garotas olharam para Remus, o menino tentou não demonstrar desconforto.
“Fico imaginando quais vão ser as tarefas”, adicionou Peter, pensativo. “Sabe, aposto que poderíamos dar conta, James e eu já fizemos coisas perigosas antes...”
Ele parou de falar no momento que percebeu o que disse, até James olhava para ele com os olhos arregalados. Mary e Lene se inclinaram para ele, sobrancelhas erguidas.
“E que coisas são essas, Peter?”, perguntou Mary.
Ele abriu e fechou a boca várias vezes, sem saber o que dizer. Mary é esperta, se ele disser algo errado, ela vai descobrir segredos que não pertencem a ele. Peter já contou espontaneamente para Azriel sobre Remus.
“Ah, esquece”, ele sorriu amarelo. “Acho que jogar quadribol durante uma tempestade não é perigoso”
“Não, não mesmo”, disse Lene, soando desapontada.
Peter sacudiu a cabeça e se concentrou nos ovos mexidos, ficando em silêncio. Mary contemplou o teto, enfeitiçado para parecer ensolarado, Lene fingiu-se extremamente interessada no bacon que havia em seu prato.
James, no entanto, descansou os cotovelos na mesa e olhou para as colegas, “Escuta aqui, garotas, vocês já foram à cozinha?”
“Não, claro que não” respondeu Lily secamente. “É proibido alunos lá”
“Bom, isso nunca impediu os marotos”, piscou James, “Estive lá várias vezes para afanar comida. Faremos uma festa na sala comunal depois do jantar, todos estão convidados.”
“Eu já disse hoje que eu amo você?”, indagou Mary com um sorriso cintilante, “Abençoado seja, Potter. Estava precisando mesmo beber”
“Ao seu dispor, Macdonald”, disse ele com uma piscadela.
“O que vamos comemorar?”, perguntou Lily.
“Estaremos comemorando em nome de tudo”, disse James, dando um beijo melado em Lily.
“Ew, pare com isso”, a ruiva empertigou-se.
“Não seja difícil, Lily Evans. Eu fui feita para você, me deixe fazer o trabalho para o qual nasci”, disse ele beijando ela várias vezes no rosto.
“Pare com isso, Potter”, começou Lily, mas suas palavras seguintes foram abafadas pelo ruído de asas que vinha do alto anunciando a chegada das corujas com o correio.
Remus ergueu os olhos e, na mesma hora, avistou Briselda que voava em sua direção. Ele e James observaram a coruja, ansiosos, enquanto a ave batia as asas rapidamente para descer e pousar no ombro de James depois fechou-as e estendeu a perna. James desamarrou a carta e ofereceu a Briselda suas aparas de bacon, que ela comeu grata. Então, James leu a carta de Frank Longbottom, aos cochichos, para somente Remus ouvir:
Caros amigos, estou enviando uma nova carta para anunciar que eu e Alice decidimos nos casar. Nossa admissão para a corporação de aurores foi um enorme e belo sucesso, pensamos em nossos meses de sorte e sobre o quanto batalhamos desde Hogwarts e decidimos que nosso amor não pode esperar.
O convite de casamento está muito informal e eu peço mil desculpas por isso, Alice quer algo pequeno e sente falta das amigas. Eu, obviamente, sinto falta dos meus.
Vejo vocês no dia 1 de novembro, na Toca.
Frank e Alice Longbottom.
Remus enrolou a carta e olhou para James, este sorria tão amplamente que parecia receber a notícia de sua vida. Ele se virou bruscamente para os amigos, conversando entre si sobre o torneio tribruxo, a coruja pulou desconcertada até Remus.
“Obrigado, Briselda”, disse acariciando-a. Ela meteu o bico rapidamente no cálice de suco de laranja do garoto, depois tornou a levantar voo.
“Adivinhem quem vai se casar!”, exclamou James. Todos olharam para o garoto agitado e se curvaram com os cotovelos na mesa.
Mary tremeu um sorriso, “Não me diga que...”
**
Havia uma sensação de agradável expectativa no ar aquele dia. Ninguém prestou muita atenção às aulas, pois estavam bem mais interessados na chegada das comitivas de Beauxbatons e Durmstrang à noite; todos comentavam pelos corredores sobre os convidados.
Quando a sineta tocou mais cedo, os marotos subiram depressa para a Torre da Grifinória, largaram as mochilas e os livros, vestiram as capas e desceram correndo para o saguão de entrada.
Os diretores das Casas estavam organizando os alunos em filas.
“Potter, endireite o chapéu”, disse a Profa Minerva secamente a James. “Srta. Macdonald, tire essa coisa ridícula dos cabelos.”
Mary fez cara feia e retirou o lenço dos cabelos, James tirou o chapéu quando Minerva virou e rebolou para longe deixando seus cabelos selvagens e livres.
“Sigam-me, por favor”, mandou a professora. “Alunos da primeira série à frente, sem empurrar...”
Eles desceram os degraus da entrada e se enfileiraram diante do castelo. Fazia um fim de tarde frio e límpido; o crepúsculo vinha chegando devagarinho e uma lua nova e transparente já brilhava sobre a Floresta Proibida.
Remus, postado entre James e Peter na sétima fileira da frente para trás, viu Christopher Morgan decididamente trêmulo de expectativa entre os colegas da sexta série.
“Quase seis horas”, comentou Peter, verificando o relógio e depois espiando o caminho que levava aos portões, “Como é que vocês acham que eles vêm? De trem?”
“Duvido”, respondeu Remus.
“Vassouras?”, arriscou Peter, erguendo os olhos para o céu estrelado.
“Não vindo de tão longe...”, disse Lily, ao lado de James.
“Quem sabe aparatando”, aventurou Peter.
“Não se pode aparatar nos terrenos de Hogwarts”, falou Lily com impaciência.
Os marotos examinavam excitados e atentos os jardins cada vez mais escuros, mas nada se movia; tudo estava quieto e silencioso como sempre. Remus começava a sentir frio. Desejou que os visitantes chegassem logo... talvez os estudantes estrangeiros estivessem preparando uma entrada teatral... Lembrou-se do que Effie disse certa vez em seus habituais chá da tarde: “Os bruxos são sempre escandalosos, não resistimos à tentação”
E então Dumbledore falou em voz alta da última fileira, onde aguardava com os outros professores:
“Aha! A não ser que eu muito me engane, a delegação de Durmstrang está chegando!”
Remus prestou atenção; um barulho alto e estranho chegava até eles através da escuridão; um ronco abafado mesclado a um ruído de sucção, como se um imenso aspirador de pó estivesse se deslocando pelo leito de um rio. De sua posição, no alto dos gramados, de onde descortinavam a propriedade, eles tinham uma visão desimpedida da superfície escura e lisa da água – exceto que ela repentinamente deixara de ser lisa. Ocorria alguma perturbação no fundo do lago; grandes bolhas se formavam no centro, e suas ondas agora quebravam nas margens de terra – e então, bem no meio do lago, apareceu um rodamoinho, como se alguém tivesse retirado uma tampa gigantesca do seu leito...
Algo que parecia um pau comprido e preto começou a emergir lentamente do redemoinho, e então Remus avistou o velame. Lenta e imponentemente o navio saiu das águas, refulgindo ao luar. Tinha uma estranha aparência esquelética, como se tivesse ressuscitado de um naufrágio, e as luzes fracas e enevoadas que brilhavam nas escotilhas lembravam olhos fantasmagóricos.
Finalmente, com uma grande espalhação de água, o navio emergiu inteiramente, balançando nas águas turbulentas, e começou a deslizar para a margem. Alguns momentos depois, ouviram a âncora ser atirada na água rasa e o baque surdo de um pranchão ao ser baixado sobre a margem.
Havia gente desembarcando, os marotos viram silhuetas passarem pelas luzes das escotilhas. Os recém-chegados pareciam ter físicos semelhantes aos de Mulciber... mas então, quando subiram as encostas dos jardins e chegaram mais próximos à luz que saía do saguão de entrada, Remus viu que aquela aparência maciça se devia às capas de peles de fios longos e despenteados que estavam usando. Mas o homem que os conduzia ao castelo usava peles de um outro tipo; sedosas e prateadas como os seus cabelos.
“Dumbledore!”, cumprimentou ele cordialmente, ainda subindo a encosta. “Como vai, meu caro, como vai?”
“Excelente, obrigado, Prof. Karkaroff.”
O homem tinha uma voz ao mesmo tempo engraçada e untuosa; quando ele entrou no círculo de luz das portas do castelo, os garotos viram que era alto e magro como Dumbledore, mas seus cabelos brancos eram curtos, e a barbicha não escondia inteiramente o seu queixo fraco. Quando alcançou Dumbledore, apertou-lhe a mão com as suas duas.
“Maxime já chegou?”, perguntou o homem.
“Deve estar aqui a qualquer momento”, disse Dumbledore. “Gostaria de esperar aqui para recebê-la ou prefere entrar para se aquecer um pouco?”
“Agradeço, Dumbledore. Vou levar meus alunos, se não se importa... Venham”, disse secamente, guiando os alunos e o pessoal de Hogwarts se afastou para deixá-los subir os degraus de pedra.
“Você conseguiu ver algum garoto bonito?”, perguntou Jo, esticando-se por trás de Lene para falar com Mary.
“Eu vi muitos garotos, nenhum sequer aceitável”, respondeu Mary.
“Não estamos com sorte”, suspirou Jo.
“Calma, garotas. Estamos aqui para receber visitantes e não pelos garotos”, disse Lily.
Mary e Jo olharam para ela incertas.
“Você diz isso porque namora a porra do James Potter”, disse Mary. Lily corou, James estava atrás dela com os braços em volta de seu corpo.
Eles continuaram parados, agora tremendo um pouco de frio, à espera da delegação de Beauxbatons. A maioria das pessoas contemplava o céu, Jo tinha um binóculo.
“São eles!”, exclamou James.
“Onde?”, perguntaram muitos alunos, olhando em diferentes direções.
“Ali!”, gritou Marlene, apontando para o céu sobre a Floresta.
Alguma coisa grande, muito maior do que uma vassoura, voava em alta velocidade pelo céu azul-escuro em direção ao castelo e se tornava cada vez maior.
“É um dragão!”, gritou esganiçada uma aluna primeiranista da Sonserina, perdendo completamente a cabeça.
“Deixa de ser burra... é uma casa voadora!”, disse Dorcas Meadows.
O palpite de Dorcas estava mais próximo... quando a sombra gigantesca e escura sobrevoou as copas das árvores da Floresta Proibida e as luzes que brilhavam nas janelas do castelo a iluminaram, eles viram uma enorme carruagem azul-claro do tamanho de um casarão, que voava para eles, puxada por doze cavalos alados, cada um parecendo um elefante de tão grande.
As três primeiras fileiras de alunos recuaram quando a carruagem foi baixando para pousar a uma velocidade fantástica – então, com um baque estrondoso que fez Peter saltar para trás e pisar no pé de um aluno da lufa-lufa –, os cascos dos cavalos, maiores que pratos, bateram no chão. Um segundo mais tarde, a carruagem também pousou, balançando sobre as imensas rodas, enquanto os cavalos dourados agitavam as cabeçorras e reviravam os grandes olhos cor de fogo.
Remus só teve tempo de ver que a porta da carruagem tinha um brasão - duas varinhas cruzadas e de cada uma saíam três estrelas -, antes que ela se abrisse.
Um garoto de vestes azul-claro saltou da carruagem, curvado para a frente, mexeu por um momento em alguma coisa que havia no chão da carruagem e abriu uma escadinha de ouro. Em seguida, recuou respeitosamente.
Remus viu um sapato preto e lustroso sair de dentro da carruagem – um sapato do tamanho de um trenó de criança – acompanhado, quase imediatamente, pela maior mulher que ele já vira na vida. Seus cabelos estavam puxados para trás e presos em um coque na nuca. Vestia-se da cabeça aos pés de cetim negro e brilhavam numerosas opalas em seu pescoço e nos dedos grossos.
Dumbledore começou a aplaudir; os estudantes, acompanhando a deixa, prorromperam em palmas, muitos deles nas pontas dos pés, para poder ver melhor a mulher.
O rosto dela se descontraiu em um gracioso sorriso e ela se dirigiu a Dumbledore, estendendo a mão faiscante de anéis. O diretor, embora alto, mal precisou se curvar para beijar-lhe a mão.
“Minha cara Madame Maxime”, disse. “Bem-vinda a Hogwarts.”
“Dumbly-dorr”, disse Madame Maxime, com uma voz grave. “Esperro encontrrá-lo de boa saúde.”
“Excelente, obrigado”, respondeu Dumbledore.
“Meus alunos”, disse Madame Maxime, acenando descuidadamente uma de suas enormes mãos para trás.
Remus, cuja atenção estivera focalizada inteiramente em Madame Maxime, reparou, então, que uns doze garotos e garotas – todos, pelo físico, no fim da adolescência – haviam descido da carruagem e agora estavam parados ao lado de Madame Maxime. Todos tremiam de frio, o que não surpreendia, pois suas vestes eram feitas de finíssima seda e nenhum deles usava capa, - exceto um.
Foi então que Remus o viu – um garoto no círculo de luz projetado pelo saguão de entrada, jazia ao lado de um homem com expressões rígidas que lhe cochichou algo antes de deixá-lo sozinho. Estava parado como se o frio não o incomodasse, olhava ao redor fascinado, diferente de seus colegas que olhavam o castelo com expressões apreensivas. Estava de meio perfil para os observadores, as mãos enfiadas nos bolsos do sobretudo e os pés calçados em sapatos de verniz, como um verdadeiro britânico. Regulus Black se aproximou e abraçou o garoto como a um irmão, segurando seu corpo por cima dos ombros. Todos encararam interessados os dois conversando em outro idioma, apesar de Regulus parecer envergonhado com a atenção que recebia.
Com alguma surpresa, Remus constatou a perfeita beleza do garoto. O rosto pálido, fino, sereno, os cabelos ondulados negros como carvão que o emolduravam, a boca meiga, o nariz reto, a expressão de suave e divina dignidade — tudo isso lembrava esculturas gregas dos melhores tempos e, ao lado da pureza ideal das formas, tinha um encanto tão raro, tão pessoal que Remus julgava jamais ter visto, nem na natureza nem nas artes plásticas, alguma obra igualmente perfeita.
O que, fora isso, chamava-lhe a atenção era o contraste evidentemente proposital entre os princípios pedagógicos que norteavam os trajes e a educação geral dos estudantes. As garotas usavam vestidos de seda azul-claro e penteados lisos, energicamente colados às cabeças. Os garotos usavam vestes azul-claro e echarpes branco pérola. Era visível que a brandura e o carinho orientavam a vida do garoto. Haviam evitado desbastar com a tesoura a formosa cabeleira, os cachos caíam sobre a testa, as orelhas e a própria nuca. A camisa branca transparente se adelgaçavam mais para baixo do blazer azul-claro e as mangas fofas estreitavam os delicados pulsos – a cintura marcada conferia ao delgado corpo um quê de riqueza e luxo.
Um vento gelado fez Remus tremer, mas o outro garoto sequer piscou, seus cachos negros esvoaçavam ao sopro do vento leste que se levantara. Um brilho sedoso, esbranquiçado, pairava sobre a vastidão, passou preguiçosamente por seus olhos.
De repente, ele virou a cabeça e seus olhos encontraram os de Remus. Seus olhos acinzentados encararam Remus com curiosidade, ele falou algo para Regulus que fez-lhe olhar para Remus também. Todos que olhavam para os garotos viraram a cabeça em busca da razão de sua admiração – Remus corou furiosamente.
“Vamos”, disse Madame Maxime imperiosamente aos seus alunos, ficou claro quem era sua prioridade quando ela agarrou a mão do garoto. Ele tocou o ombro de Regulus antes de sair e como um verdadeiro lorde ele segurou a mão da mulher e todos os outros acompanharam atrás.
Ao passar por Remus seu olhar se demorou. Foi nesse segundo que ele sorriu, que lhe lançou um sorriso eloquente, íntimo, encantador, aberto, que só lentamente lhe descerrou os lábios. Era o sorrir de Narciso debruçado sobre o espelho d’água, aquele sorriso profundo, enfeitiçado, enlevado, com o qual estende os braços à imagem da própria beleza.
Remus sentiu o coração batendo com a força de mil cavalos. Ouviu-se ao redor suspiros apaixonados, Remus tirou seus olhos do garoto apenas para olhar ao redor.
Mary, James, Lene, Jo, Dorcas, Christopher, Lily, Peter e até Snape encaravam o garoto hipnotizados.
Quando ele procurou pelo belo menino, este já havia entrado na companhia da diretora e seus colegas
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reglupin · 3 months
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Resumo do capítulo: O cálice de fogo.
Notas: Há menção de uma música do Queen, We will rock you. Apenas dizendo!
tradução das frases em francês:
il faut qu'on parle=nós precisamos conversar
très bien=muito bem
Merci=obrigada
estou bem. ele me ajudou.
“Eu não acredito!”, exclamou James, em tom de espanto, quando os alunos de Hogwarts se enfileiraram pelos degraus atrás da delegação de Beauxbatons. “Ele é a segunda pessoa mais linda que já vi e estava com Regulus Black!”
“E quem seria a primeira?”, perguntou Peter, sabendo a resposta previsível do amigo.
“Minha Lily, obviamente”, respondeu James, beijando a bochecha de Lily.
“Nojentos”, disse Remus.
“Não seja ranzinza, Moony. Talvez seja você em breve”, James murmurou, “Eu vi o modo como aquele cara te olhou.”
Mary pulou entre eles, tirando o cabelo dos olhos, “E tinha como não ver? Ele sorriu para Remus. Vocês se conhecem?”
“Oh, você devia apresentar ele para a gente!” gritou James.
“Você está fora de jogo!”, Lily deu-lhe uma cotovelada, o garoto se dobrou sem ar.
“Camélia, será bom ter aliados”, disse James, ofegante.
“Eu nunca vi aquele garoto e aposto que ele pode dizer o mesmo de mim, não fiquem ansiosos”, avisou Remus.
Mary enfiou a língua entre os dentes, “Então você precisa se apresentar para ele”
“Ele estava com Regulus Black, notaram como se parecem?”, disse James.
“Regulus Black é o caçula da família Black, aquele é o irmão mais velho”, disse Peter, divagando em voz alta.
Todos olharam para Peter espantados.
“Rabicho, eu já falei que amo você?”, James bagunçou os cabelos do garoto. Peter corou.
“Muitas vezes”, respondeu e olhou surpreso para seus amigos, “Achei que todos soubessem disso?”
“Peter, meu bem”, disse Mary docemente, “Você viu como ele era lindo? Não cogitou que talvez estivéssemos ocupados babando em nossas vestes para sermos racionais!”
Quando eles atravessaram o saguão com os demais alunos de Hogwarts, a caminho do Salão Principal, Remus viu Regulus Black pulando nas pontas dos pés para conseguir alcançar o irmão. Várias garotas do sexto ano apalpavam freneticamente os cabelos enquanto cercavam o visitante.
“Francamente!”, exclamou Remus, ao passarem pelas garotas brigando para falar com o irmão de Regulus.
“Acho que é o lado francês que deixa ele tão atraente”, murmurou James, “O que você acha, camélia?”
“Concordo, franceses são muito atraentes”, respondeu Lily, eles se dirigiram à mesa da Grifinória e se sentaram.
Remus tomou o cuidado de se sentar de frente para a porta, porque o garoto e seus colegas de Beauxbatons ainda estavam parados ali, aparentemente sem saber onde se sentar.
Os alunos de Durmstrang tinham escolhido lugares à mesa da Sonserina. Corriam os olhos pelo Salão Principal com uma expressão vazia no rosto. Três deles ainda usavam capas de pele e seguravam grossos cajados.
“Eles são bem estranhos, como os homens das cavernas”, comentou Mary observando-os, “Por que não tiram as capas?”
“Talvez sejam peludos como os homens das cavernas?”, sugeriu Marlene. Mary segurou a risada, resultando em um espasmo de tosse.
“Posso sentar aqui?”, perguntou uma garota de Beauxbatons, piscando os olhos para James.
“Claro, há bastante espaço! Venham e sentem-se!”, disse ele.
A garota sentou à frente de James e ao lado de Peter, suas colegas de Beauxbatons se acomodaram à mesa da Grifinória também, mas Regulus Black se aproximou do irmão antes que ele fizesse o mesmo.
“Oh, droga”, resmungou Mary, fazendo beicinho.
Remus viu que Snape, Moulciber e Barty Jr pareciam cheios de si com isso. Enquanto ele observava Regulus indicar o lugar para o irmão, Barty se curvou para falar com o garoto e foi secamente ignorado.
“Parece que alguém ganhou um gelo”, riu Remus.
“Onde é que você acha que eles vão dormir? Poderíamos oferecer um lugar no nosso dormitório, Remus... eu não me importaria de dividir a minha cama”, disse James.
“Oi!”, exclamou Lily. Os alunos de Beauxbatons olharam curiosos para a garota.
Mary deu uma risadinha desdenhosa, “Eles irão para o meu quarto, Potter.”
As garotas de Beauxbatons olharam para Mary sem entender.
“Eles parecem bem mais felizes que o pessoal de Durmstrang”, disse Remus.
Os alunos de Beauxbatons olhavam para o teto escuro e estrelado com expressões curiosas; uns dois seguravam os pratos e taças de ouro e examinavam-nos, aparentemente impressionados.
Na mesa dos funcionários, Filch, o zelador, acrescentava cadeiras. Estava usando uma velha casaca mofada em homenagem à ocasião. Remus ficou surpreso de ver que ele acrescentara duas cadeiras de cada lado de Dumbledore.
“Por que Filch está colocando mais quatro cadeiras? Quem mais vem?”, indagou Remus.
“Eh?”, respondeu James, Mary e Jo em uníssono. Ainda olhavam com avidez para o garoto ao lado de Regulus Black.
Depois que todos os estudantes tinham entrado no salão e sentado às mesas das Casas, vieram os professores, que se dirigiram à mesa principal e se sentaram. Os últimos da fila foram o Prof. Dumbledore, o Prof. Karkaroff e Madame Maxime.
Quando a diretora apareceu, os alunos de Beauxbatons se levantaram imediatamente. Alçando as sobrancelhas, o irmão de Regulus empurrou a cadeira para trás e inclinou-se respeitosamente, enquanto Madame passava pela mesa da Sonserina para lhe cumprimentar. Ele curvou-se para beijar a mão da diretora, cujo rosto cuidadosamente preservado, porém um tanto lânguido, de nariz pontudo, esboçava um sorriso discreto. Tudo isso fora celebrado conspicuamente, com tão acentuada disciplina, solicitude e dignidade, que Remus sentiu-se singularmente comovido. Olhando por cima da cabeça dos Sonserinos, Madame dirigiu ao garoto algumas palavras em outro idioma, então seguiu com o olhar desconfiado para os demais Sonserinos.
Alguns alunos de Hogwarts riram. A delegação de Beauxbatons não pareceu se constranger nem um pouco e não tornou a se sentar até que Madame Maxime estivesse acomodada do lado esquerdo de Dumbledore. Este, porém, continuou em pé e o Salão Principal ficou silencioso.
“Boa-noite, senhoras e senhores, fantasmas e, muito especialmente, hóspedes”, disse Dumbledore sorrindo para os alunos estrangeiros, “Tenho o prazer de dar as boas-vindas a todos. Espero e confio que sua estada aqui seja confortável e prazerosa. O torneio será oficialmente aberto no fim do banquete”, disse, “Agora convido todos a comer, beber e se fazer em casa!”
Ele se sentou, Remus viu Karkaroff se curvar na mesma hora para a frente e iniciar uma conversa com o diretor.
As travessas diante deles se encheram de comida como de costume. Os elfos domésticos na cozinha pareciam ter se excedido; havia uma variedade de pratos à mesa que Remus jamais vira, inclusive alguns decididamente estrangeiros.
“Que é isso?”, indagou Mary, apontando uma grande travessa com uma espécie de ensopado de frutos do mar ao lado de um grande pudim de carne e rins.
“Bouillabaisse”, disse James.
“Para você também!”, respondeu Mary.
“É francesa”, explicou Remus rindo. “Comemos nas férias, o pai de James tem parentes no sul da França e visitamos no verão, é muito nojento.”
“Ele está certo”, disse James.
“Acredito”, retrucou Mary, servindo-se de chouriço de sangue.
De alguma forma o Salão Principal parecia muito mais cheio do que de costume, ainda que só houvesse umas vinte pessoas a mais ali; talvez porque os uniformes de cores diferentes se destacassem tão claramente contra o preto das vestes de Hogwarts. Agora que tinham despido os casacos, os alunos de Durmstrang deixavam ver que usavam vestes de um intenso vermelho-sangue.
“Com licença, vocês von querrer a bouillabaisse?”, eles ouviram. Era a garota de Beauxbatons que falará com James minutos atrás, finalmente retirara a echarpes branca. Uma longa cascata de cabelos louro-prateados caía quase até sua cintura. Tinha grandes olhos azul-profundos e dentes muito brancos e iguais.
Marlene ficou púrpura. Olhou para a garota, abriu a boca para responder, mas não saiu nada a não ser um fraco gargarejo.
“Pode levar”, respondeu James, empurrando a terrina para a garota.
“Vocês já se serrvirram?”
“Já”, disse Lily num suspiro irritado, “Estava excelente.”
A garota apanhou a terrina e levou-a cuidadosamente até o meio de suas amigas. Marlene continuou com os olhos grudados nela como se nunca tivesse visto uma garota na vida. James começou a rir. O som da risada pareceu sacudir Lene daquele transe.
“É uma veela!”, exclamou Lene, com a voz rouca.
“Claro que não!”, retrucou Lily mordazmente. “Não vejo mais ninguém olhando para ela de boca aberta!’
Não era verdade. Quando a garota se mexeu, muitas cabeças se viraram, e alguns pareciam ter ficado temporariamente sem fala, exatamente como Marlene.
“Estou dizendo, não é uma garota normal!”, disse Lene, curvando-se para um lado para poder continuar a vê-la sem ninguém na frente, “Não fazem garotas assim em Hogwarts!”
“Fazem garotas legais em Hogwarts”, respondeu James com os olhos em Lily.
A ruiva olhou para Marlene perigosamente, “Não se esqueça que você tem Dorcas”
“Quando vocês repuserem os olhos dentro das órbitas”, disse Remus com energia, “Poderão ver quem acaba de chegar.”
Todos olharam para a mesa dos funcionários. As duas cadeiras que estavam vazias acabavam de ser ocupadas. Alphard Black sentou-se do outro lado do Prof. Karkaroff enquanto o Sr. Ludo Bagman, ficou ao lado de Madame Maxime. Remus viu na mesa dos Sonserinos, Regulus e o irmão sentarem eretos como gatos.
“Que é que eles estão fazendo aqui?”, indagou Remus surpreso.
“Eles organizaram o Torneio Tribruxo, não foi”, disse Lily. “Imagino que quisessem vir assistir à abertura.”
Quando o segundo prato chegou, os garotos repararam que havia diversos pudins desconhecidos. Peter examinou um tipo esquisito de manjar branco mais atentamente, depois deslocou-o com cuidado alguns centímetros para a direita, de modo a deixá-lo bem visível para os convidados ao lado, mas a garota que lembrava uma veela parecia ter comido o suficiente e não veio apanhá-lo. Depois que os pratos de ouro foram limpos, Dumbledore se levantou mais uma vez.
Neste momento, uma agradável tensão pareceu invadir o salão. Remus sentiu um tremor de excitação só de imaginar o que viria a seguir. A algumas cadeiras de distância, Christopher e Michael Morgan se curvaram para a frente, observando Dumbledore com grande concentração.
“Chegou o momento”, disse Dumbledore, sorrindo para o mar de rostos erguidos, “O Torneio Tribruxo vai começar. Eu gostaria de dizer algumas palavras de explicação antes de mandar trazer o escrínio, apenas para esclarecer as regras que vigorarão este ano. Mas, primeiramente, gostaria de apresentar àqueles que ainda não os conhecem o Sr. Alphard Black, Chefe do Departamento de Cooperação Internacional em Magia”, houve educados aplausos. “E o Sr. Ludovico Bagman, Chefe do Departamento de Jogos e Esportes Mágicos.”
Houve uma rodada mais ruidosa de aplausos para Bagman do que para Black, talvez por sua fama de batedor ou simplesmente porque ele parecia muito mais simpático. Ele agradeceu com um aceno jovial enquanto Alphard Black acenava como um aristocrata.
“Nos últimos meses, o Sr. Bagman e o Sr. Black trabalharam incansavelmente na organização do Torneio Tribruxo”, continuou Dumbledore, “E se juntarão a mim, ao Prof. Karkaroff e à Madame Maxime na banca que julgará os esforços dos campeões.”
À menção da palavra “campeões”, a atenção dos estudantes pareceu se aguçar. Talvez Dumbledore tivesse notado essa repentina imobilidade, porque ele sorriu e disse:
“O escrínio, então, por favor, Sr. Filch.”
Filch, que andara rondando despercebido um extremo do salão, se aproximou então de Dumbledore, trazendo uma arca de madeira, incrustada de pedras preciosas. Tinha uma aparência extremamente antiga.
“As instruções para as tarefas que os campeões deverão enfrentar este ano já foram examinadas pelos Srs. Black e Bagman”, disse Dumbledore, enquanto Filch depositava a arca cuidadosamente na mesa à frente do diretor, “Eles tomaram as providências necessárias para cada desafio. Haverá três tarefas, espaçadas durante o ano letivo, que servirão para testar os campeões de diferentes maneiras... sua perícia em magia, sua coragem, seus poderes de dedução e, naturalmente, sua capacidade de enfrentar o perigo.”
A esta última palavra, o salão mergulhou num silêncio tão absoluto que ninguém parecia estar respirando.
“Como todos sabem, três campeões competem no torneio”, continuou Dumbledore calmamente. “Um de cada escola. Eles receberão notas por seu desempenho em cada uma das tarefas do torneio e aquele que tiver obtido o maior resultado no final da terceira tarefa ganhará a Taça Tribruxo. Os campeões serão escolhidos por um juiz imparcial... o Cálice de Fogo.”
Dumbledore puxou então sua varinha e deu três pancadas leves na tampa do escrínio. A tampa se abriu lentamente com um rangido. O bruxo enfiou a mão nele e tirou um grande cálice de madeira toscamente talhado. Teria sido considerado totalmente comum se não estivesse cheio até a borda com chamas branco-azuladas que pareciam dançar. O diretor fechou o escrínio e pousou cuidadosamente o cálice sobre a tampa, onde seria visível a todos no salão.
“Quem quiser se candidatar a campeão deve escrever seu nome e escola claramente em um pedaço de pergaminho e depositá-lo no cálice”, disse Dumbledore, “Os candidatos terão vinte e quatro horas para apresentar seus nomes. Amanhã à noite, Festa das Bruxas, o cálice devolverá o nome dos três que ele julgou mais dignos de representar suas escolas. O cálice será colocado no saguão de entrada hoje à noite, onde estará perfeitamente acessível a todos que queiram competir. Para garantir que nenhum aluno menor de idade ceda à tentação”, continuou Dumbledore, “traçarei uma linha etária em volta do Cálice de Fogo depois que ele for colocado no saguão. Ninguém com menos de dezessete anos conseguirá atravessar a linha.
“Puta merda!”, sibilou Jo.
“E, finalmente, gostaria de incutir nos que querem competir, que ninguém deve se inscrever neste torneio levianamente. Uma vez escolhido pelo Cálice de Fogo, o campeão ficará obrigado a prosseguir até o final do torneio. Colocar o nome no cálice é um ato contratual mágico. Não pode haver mudança de ideia, uma vez que a pessoa se torne campeã. Portanto, procurem se certificar de que estão preparados de corpo e alma para competir, antes de depositar seu nome no cálice. Agora, acho que já está na hora de irmos nos deitar. Boa-noite a todos.”
“Uma linha etária!”, exclamou Dawson, os olhos queimando enquanto atravessavam o salão rumo às portas que se abriam para o saguão de entrada.
“Bom, isso deve ser contornável com uma Poção para Envelhecer, não? E depois que o nome estiver no cálice, a gente vai ficar rindo, ele não vai saber dizer se você tem ou não dezessete anos!”, disse James e no mesmo segundo levou uma cotovelada de Lily.
“Você vai tentar entrar, não vai, James?”, perguntou Jo.
James apenas afirmou com a cabeça e andou atrás de Lily, a ruiva segurava sua mão.
“Onde está o irmão estrangeiro?”, perguntou Mary, que não estava ouvindo uma só palavra da conversa, e examinava a aglomeração de alunos, “Dumbledore não disse onde o pessoal de Beauxbatons vai dormir, disse?”
Sua pergunta foi respondida quase instantaneamente; os alunos estavam passando pela mesa da Grifinória naquele momento e Madame se apressava em chegar à eles. Regulus conversava com o irmão, gesticulando e parecendo chateado.
“Diretora, eu gostaria que meu irmão me acompanhasse até os dormitórios da Sonserina”, disse Regulus Black em Inglês. Madame Maxime olhou surpresa para Regulus e pousou o dedo gorducho nos lábios de modo pensativo.
“E por que motivor você precisar de alguém até os dormitórios?”, disse num embolado Inglês.
“il faut qu'on parle”, disse o irmão de Regulus, seus olhos eram convincentes e brilhantes, como um gato.
“très bien”, disse Madame e o garoto sorriu tão docemente que Remus sentiu o coração derreter. Madame virou e conduziu os outros alunos para fora, chegando à porta no mesmo momento que os marotos. Remus parou para deixá-la passar primeiro.
“Merci”, disse ela.
Pelo canto do olho, Remus viu que alguns Sonserinos olhavam furiosos para ele. Antes que algo começasse, James se aproximou desafiador até os Sonserinos atrás dos alunos de Beauxbatons. Regulus e o irmão ficaram no canto da parede, o mais alto mirava Remus cheio de curiosidade.
James pousou os olhos em Regulus Black, que o olhou de volta com olhos arregalados.
“Black, tudo certo?”, disse James, pequeno sorriso no rosto.
Regulus piscou, “Desculpe, er...”
“Isso não é necessário”, respondeu James com um sorriso frouxo, “Tenha uma boa noite.”
Regulus abriu a boca como um peixe, incapaz de responder, seu irmão ao lado apenas continuou olhando.
**
Como o dia seguinte era sábado, a maioria dos estudantes tomava o café da manhã mais tarde. Os marotos, porém, não foram os únicos a se levantarem muito mais cedo do que costumavam nos fins de semana(exceto James, que levantava antes do sol nascer para voar)
Quando desceram para o saguão, viram conhecidos andando por ali, alguns comendo torrada, outros examinando o Cálice de Fogo. A peça fora colocada no centro do saguão sobre o banquinho que era usado para o Chapéu Seletor. Uma fina linha dourada fora traçada no chão, formando um círculo de uns três metros de raio.
Hoje era o grande dia.
“Alguém já depositou o nome?”, perguntou James, ansioso, a uma lufana chamada Sophya Jones.
A garota arregalou os olhos verdes para James e praticamente saiu correndo.
“O que eu fiz?”, perguntou James à seus amigos.
Lily se aproximou, “Deve ser seu lado britânico.”
Remus riu, “Sim, britânicos são muito atraentes.”
James ergueu uma sobrancelha. “Oh, você não é o primeiro que diz isso”, disse divertido.
“Ei!”, Christopher Morgan se aproximou deles sorrindo simpático, “Todo o pessoal de Durmstrang escreveu o nome no cálice.”
“Viu alguém de Hogwarts?”, perguntou Remus.
“Não vi, não”, respondeu Chris.
“Aposto como tem gente que depositou ontem à noite depois que fomos todos dormir”, disse James.
“Você chama fazer uma festa de última hora para todos da Grifinória de dormir?”, perguntou Lily.
Alguém riu às costas de James. Ao se virar, ele viu Marlene, Dorcas e Jo Dawson correndo escada abaixo, as três pareciam excitadíssimas.
“Resolvido”, disse Jo num cochicho vitorioso a James, “Acabamos de tomá-la.”
“Quê?”, exclamou James.
“A Poção para Envelhecer, cabeça de bagre” disse Lene.
“Uma gota cada”, acrescentou Dorcas, esfregando as mãos de alegria, “Só precisamos envelhecer alguns meses.”
“Devemos um obrigado para Lily, sem você estaríamos assistindo como bobas. Muito obrigada, você é demais!”, disse Jo com um largo sorriso.
O pescoço de James estalou com a rapidez que ele girou para olhar a namorada.
“Você está andando demais com os marotos”, disse James em tom de aviso, “Eu esperava isso de Remus, mas de você? Estou completamente abismado.”
“Antes que você queira passar um sermão, Remus me ensinou essa tática no quinto ano”, disse Lily, cruzando os braços, “É totalmente seguro.”
James encarou Lily chocado.
“Pronto?”, perguntou Jo, tremendo de excitação, “Vamos, então, eu vou primeiro...”
Remus observou, pensativo, quando Jo tirou do bolso um pedaço de pergaminho com as palavras “Joseph Dawson – Hogwarts”. A garota foi direto à linha e parou ali, balançando-se nas pontas dos pés como um mergulhador se preparando para um salto de quinze metros. Depois, acompanhado pelo olhar de todos que estavam no saguão, ela respirou fundo e atravessou a linha.
Por uma fração de segundo, Remus achou que a coisa dera certo – Marlene certamente pensara o mesmo, porque soltou um berro de triunfo e correu atrás de Jo –, mas no momento seguinte, ouviram um chiado forte e as duas foram arremessadas para fora do círculo dourado, como bolas de golfe. Elas aterrissaram dolorosamente, a dez metros de distância no frio chão de pedra e, para piorar a situação, ouviram um forte estalo e brotaram nas duas longas barbas brancas e idênticas.
O saguão de entrada ecoou de risadas. Até Jo e Marlene se riram depois de se levantarem e dar uma boa olhada nos cabelos uma da outra.
“Eu avisei a vocês”, disse uma voz grave e risonha, ao que todos se viraram e deram com o Prof. Dumbledore saindo do Salão Principal. Ele examinou Jo e Lene com os olhos cintilando, “Sugiro que as duas procurem Pomfrey. Ela já está cuidando da Srta. Lohan da Corvinal e do Sr. Styles da Lufa-Lufa, que também resolveram envelhecer um pouquinho. Embora eu deva dizer que as barbas deles não são tão bonitas quanto as suas.”
Jo e Marlene seguiram para a ala hospitalar acompanhados por Dorcas, que rolava de rir, e os marotos foram às gargalhadas tomar o café da manhã.
A decoração no Salão Principal estava mudada essa manhã. Como era o Dia das Bruxas, uma nuvem de morcegos vivos esvoaçava pelo teto encantado, enquanto centenas de abóboras esculpidas riam-se em cada canto.
James, à frente dos outros, foi até os irmãos Morgan, que discutiam quais alunos de Hogwarts com dezessete anos ou mais estariam se inscrevendo.
“Corre um boato que Corin Lewis se levantou cedo e depositou o nome no cálice”, disse Michael para James, “Aquele grandalhão da Sonserina que parece uma preguiça.”
James, que jogara quadribol contra Corin, sacudiu a cabeça desgostoso, “Não podemos ter Lewis como campeão!”
“Todo o pessoal da Lufa-Lufa está falando em Cedrico Cullen”, disse Christopher com desprezo, “Eu não teria imaginado que ele fosse querer arriscar aquele belo físico.”
“Escutem!”, disse Remus de repente.
As pessoas estavam aplaudindo no saguão de entrada. Todos se viraram nas cadeiras e viram Mary Macdonald entrando no salão, sorrindo meio encabulada. Garota atraente, artilheira no time de quadribol da Grifinória.
Ela se aproximou dos amigos e sentou, “Bom, está feito! Depositei o meu nome!”
“Você está brincando!”, exclamou James, “Achei que ia escrever com a gente”
A garota corou suavemente, “Escute, James... O castelo está lotado nesse momento e eu quase não fui de tanta vergonha, imagine horas antes da festa!”
“Mas é para ser um evento!”, exclamou James.
“Nem todos nasceram para serem exibidos, meu bem”, disse Mary.
“Espero sinceramente que você seja escolhida, Mary!”, disse Remus.
“Moony?!”, exclamou James, mãos no peito. “Meu próprio irmão, me traindo na minha frente! Eu não posso aguentar!”
“Você vai sobreviver”, disse Remus.
Os alunos de Beauxbatons entraram no castelo, vindo dos jardins, entre eles o irmão de Regulus. O pessoal aglomerado à volta do cálice se afastou para deixá-los passar, observando-os ansiosos. Madame Maxime entrou atrás dos alunos e organizou-os em fila. Um a um eles atravessaram a linha etária e depositaram seus pedaços de pergaminho nas chamas branco-azuladas. A cada nome inscrito o fogo se avermelhava e faiscava por um breve instante.
Depois que os alunos de Beauxbatons se inscreveram, Madame Maxime levou-os de volta. Exceto o irmão de Regulus, o último aluno de Beauxbatons a colocar o nome.
A multidão aumentou ao redor do garoto quando ele deslizou o papel azul para dentro do cálice. Regulus tropeçou em cima de Remus enquanto passava apressado por trás das pessoas, o reflexo de Remus impediu o garoto de cair. Regulus tremia como um rato na chuva.
“Ei, você está bem?”, sussurrou Remus. Ele levou Regulus o mais longe possível da multidão.
“Oui–Sim. A multidão, i-isso er... Demais para mim”, os olhos de Regulus pareciam perdidos. Remus usou a mão livre para pegar um chocolate do suéter, mas sentiu um toque duro no ombro, ele virou e o viu.
O irmão de Regulus, belo e jovial, olhava para ele com as sobrancelhas erguidas. Seu rosto era ainda mais esplêndido visto de perto e Remus podia jurar que ele cheirava a sândalo.
“Reg”, disse ele com um forte sotaque, se aproximando do irmão.
Regulus levantou a mão trêmula, “Está tudo bem, je vais bien. Il m'a aidé.”
Por alguma razão, Remus sentiu-se nervoso. Ele percebeu que o garoto o olhava e tirou o chocolate do suéter, oferecendo para Regulus.
“Coma, vai se sentir melhor”, disse e se afastou.
“Merci”, disse o irmão de Regulus, a mão esticada para Remus, “Sou Sirius Black, irmão mais velho de Reggie.”
“Reggie?”, Remus sorriu de volta.
“Pela glória de Merlim, pare de me chamar assim perto das pessoas!”, sibilou Regulus.
Remus apertou a mão do garoto, “Sou Remus, Remus Lupin”.
“Oh, então você é o Lupin! Me falaram para ficar longe de você e de um tal Potter, é um prazer”, disse Sirius num risinho.
Remus olhou para Sirius, se sentiu estranho de repente, sem saber o que dizer.
“Moony!”, gritou Lily.
Remus corou, “Preciso ir.”
Sirius acenou, “Obrigado, Lupin. Por ajudar meu irmãozinho.”
“Não foi nada”, murmurou, saindo rapidamente de perto dos Black.
Lily pegou seu braço quando ele se aproximou, o salão estava lotado. Peter jogou o papel dentro do cálice seguido de Chris e Lily. James abria passagem entre a multidão, vestia um manto vermelho de rei com imagens de leões dourados e uma coroa de pérolas. Ele deixou cair o pergaminho para dentro do cálice de fogo e no mesmo segundo uma faísca azul crepitou, todos olharam impressionados o filé azul formar as letras JP.
“Oh, tão exibido”, riu Lily. James abraçou ela, dando-lhe um longo selinho e levantando um coro de palmas.
Remus viu que Sirius Black batia palmas também, mas Regulus Black andava em direção aos jardins.
**
Lá pelas cinco horas começou a escurecer e os marotos decidiram descer para a festa do Dia das Bruxas – e, o que era mais importante, para o anúncio de quem seriam os campeões das escolas.
McGonagall foi muito clara em impor capa para todos, porém Remus vestiu seu suéter favorito para sentir-se seguro.
A sala comunal da Grifinória estava um caos, garotos do quinto ano apostavam numa extremidade quem seria o campeão, uma vitrola em cima da janela tocava We will rock you, alunos do sétimo ano fumavam no alto dos quartos. As apostas em James e Mary subiam cada vez mais.
Os marotos foram abordados pelos colegas ao descer para a comunal, James falava simpático com todos eles, sentia-se muito bem quando era o foco de muitos. Ao subir na divisão dos quartos, James viu Lily Evans e quase caiu lá de cima. Ela estava linda, os cabelos ruivos com cachos nas pontas, suas sardas estavam mais apagadas pela maquiagem e seus lábios rubros sorriam para algo que Mary dizia. Sem lançar sequer um olhar aos colegas, James desceu pelas escadas e foi até a ruiva.
Quando Remus e os outros entraram, o salão iluminado por velas estava quase cheio. O Cálice de Fogo fora mudado de lugar; agora se encontrava diante da cadeira vazia de Dumbledore, à mesa dos professores. Jo e Marlene – novamente de cara lisa – pareciam ter aceitado o desapontamento muito bem.
“Espero que seja James”, disse Jo quando todos se sentaram.
“Vamos esperar e ver”, respondeu James. Ele virou o olhar, todos do salão imitando o gesto.
Sirius Black passava pela porta, estava esplêndido, usava um terno marrom com todos os botões fechados, um lenço em volta da camisa e o cabelo caindo pelo rosto.
James suspirou, a mão aberta no rosto, “Eu aspiro ser como Black. Você vê um homem muito atraente, o que você vai fazer? Iniciar uma conversa como um ser humano normal? Claro que não, vamos perguntar, em Latim, se ele quer ir para a cama com você.”
Mary balançou as sobrancelhas, “Quem irá até ele?”
“Nós vamos”, respondeu, levantando. A garota pareceu desconcertada mas foi atrás de James.
Lily se esticou até Remus, “Aposto cinco pratas que eles vão se dar mal.”
“Oh, com certeza eles vão”, riu Remus.
O grupo assistiu James e Mary abordarem Sirius a caminho da mesa da Sonserina.
“Olá, como está, Black?”, James acenou, Sirius sorriu, “Então, nós ainda não nos conhecemos e eu estive pensando...”
“Achamos você incrivelmente gostoso”, disse Mary, ela e James riram quando Sirius franziu o cenho.
“Ele está confuso agora!”, exclamou James.
“Pelo amor de cristo, ele não fala nosso idioma!”, exclamou Mary de volta, “É hilário!”
“Certo, pare”, advertiu James, se virando para Black totalmente incrédulo, “Queremos saber se você quer ir para a cama conosco.”
Ambos caíram na risada, Black parecia confuso por um segundo e então explodiu em gargalhadas.
“Bem, eu me sinto lisonjeado”, respondeu Black gentilmente, “Mas minha diretora não aprova alunos fora da carruagem depois das dez”, ele se virou e foi em direção a mesa dos Sonserinos.
Mary e James ficaram no mesmo lugar por longos minutos, observando Sirius falar algo para Regulus que o fez levantar e sentar-se a mesa da lufa-lufa.
Mary foi a primeira que quebrou o silêncio, “Pensei que ele não falasse nossa língua.”
James fez uma careta, “Sim, eu também pensei.”
Cobertos pela vergonha, os dois voltaram a mesa da Grifinória e sentaram em completo silêncio, ignorando as piadas que Remus e Lily faziam.
A Festa das Bruxas pareceu durar muito mais do que habitualmente. Talvez porque fosse o segundo banquete em dois dias, Remus sentiu que estava no céu com toda aquela comida preparada com extravagância. A julgar pelas constantes espichadas de pescoços, as expressões impacientes nos rostos, o desassossego de todos que se levantavam para ver se Dumbledore já acabara de comer, Remus sentia a impaciência dos outros crescendo.
Depois de muito tempo, os pratos voltaram ao estado de limpeza inicial; houve um aumento acentuado no volume dos ruídos no salão, que caiu quase instantaneamente quando Dumbledore se ergueu. A cada lado dele, o Prof. Karkaroff e Madame Maxime pareciam tão tensos e ansiosos quanto os demais. Ludo Bagman sorria e piscava para vários alunos. O Sr. Black, porém, parecia quase entediado.
“Bom, o Cálice de Fogo está quase pronto para decidir”, disse Dumbledore. “Estimo que só precise de mais um minuto. Agora, quando os nomes dos campeões forem chamados, eu pediria que eles viessem até este lado do salão, passassem diante da mesa dos professores e entrassem na câmara ao lado”, ele indicou a porta atrás da mesa, “Onde receberão as primeiras instruções.”
Dumbledore puxou a varinha e fez um gesto amplo; na mesma hora todas as velas, exceto as que estavam dentro das abóboras recortadas, se apagaram, mergulhando o salão na penumbra.
O Cálice de Fogo agora brilhava com mais intensidade do que qualquer outra coisa ali, a brancura azulada das chamas que faiscavam vivamente quase fazia os olhos doerem. Todos observavam à espera, alguns consultavam os relógios a todo momento.
“Por favor”, Mary cruzou os dedos ao lado de Remus.
As chamas dentro do Cálice de repente tornaram a se avermelhar, começaram a soltar faíscas. No momento seguinte, uma língua de fogo se ergueu no ar, e expeliu um pedaço de pergaminho chamuscado – o salão inteiro prendeu a respiração.
Dumbledore apanhou o pergaminho, de modo a poder lê-lo à luz das chamas que voltaram a ficar branco-azuladas.
“O campeão de Durmstrang”, leu ele em voz alta. “Será Naveen Marshall.”
Remus viu Naveen Marshall se levantar da mesa da Sonserina e se encaminhar com as costas curvas para Dumbledore; ele virou à direita, passou diante da mesa dos professores e desapareceu pela porta que levava à câmara vizinha.
Seguiu-se aplausos calorosos para o campeão ainda que todos olhassem de relance para Regulus e seu irmão à mesa dos lufanos. Aquilo era incomum, Regulus Black não era do tipo que se sentavam em outros mesas, mas seu irmão Sirius parecia ter problemas em sentar dois dias seguidos com Sonserinos.
Os aplausos e comentários morreram. Agora todas as atenções tornaram a se concentrar no Cálice de Fogo, que, segundos depois, tornou a se avermelhar. Um segundo pedaço de pergaminho voou de dentro dele, lançado pelas chamas.
“O campeão de Beauxbatons é Sirius Black!”, exclamou Dumbledore.
Uma tempestade de aplausos e vivas percorreu o salão, cada um dos alunos de Beauxbatons ficou de pé, gritando e sapateando, alunos de Hogwarts também se juntaram a comemoração.
“É ele, James!”, riu Lily quando o garoto levantou-se graciosamente, sacudiu os cabelos negros para trás e passando com um enorme sorriso entre as mesas da Grifinória e da Lufa-Lufa. James e Mary se encolheram.
Os aplausos para Sirius foram tão longos que passou algum tempo após o garoto desaparecer na câmara vizinha, então todos fizeram um silêncio pesado de excitação que quase dava para sentir o gosto.
O campeão de Hogwarts era o próximo.
O Cálice de Fogo ficou mais uma vez vermelho; jorraram faíscas dele; a língua de fogo ergueu-se muito alto no ar e de sua ponta Dumbledore tirou o terceiro pedaço de pergaminho. Ergueu-o para a luz e seus olhos se arregalaram para o nome que viu escrito. Fez-se uma longa pausa, a qual o bruxo mirava o pergaminho em suas mãos e todos no salão fixaram o olhar em Dumbledore.
Ele pigarreou e olhou perdido ao seu redor.
“O campeão de Hogwarts”, anunciou ele. “É Remus Lupin!”
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reglupin · 3 months
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Resumo do capítulo: Os campeões.
Notas: Tradução das palavras em francês:
Petit Lion= leãozinho.
S'il vous plaît= Por favor.
Amourex=Amante.
À plus tard, mon amour=Vejo você mais tarde, meu amor.
Remus ficou sentado ali, consciente de que cada cabeça no Salão Principal se virara para ele. Sentia-se atordoado. Entorpecido. Sem dúvida estava sonhando. Não ouvira direito.
Uma chuva de aplausos lhe cobriu os ouvidos um zunido abafado, principalmente a mesa da Grifinória, como o de um bando de macacos enlouquecidos; alguns estudantes ficaram em pé para ter uma visão melhor de Remus, sentado ali, imóvel, em sua cadeira.
Na mesa principal, a Profa Minerva se levantara e passara pelo Prof. Karkaroff para cochichar urgentemente com o Prof. Dumbledore, que inclinara a cabeça para ela, franzindo ligeiramente a testa.
Remus se virou para James e Peter; mais além, viu toda a mesa da Grifinória aplaudindo-o de pé.
“Eu não coloquei meu nome”, disse Remus, alarmado.
Na mesa principal, o Prof. Dumbledore se aprumou, acenando a cabeça afirmativamente para a Profa Minerva.
“Você precisa ir Moony, vai dar tudo certo", murmurou James, dando um leve empurrão em Remus.
O garoto ficou de pé, saiu pelo espaço entre as mesas da Grifinória e da Lufa-Lufa. Teve a impressão de estar fazendo uma longuíssima caminhada; enquanto todos aplaudiam e gritavam sem parar, como se Hogwarts já tivesse ganhado o torneio tribruxo. Depois do que lhe pareceu uma hora, o garoto parou diante de Dumbledore.
“Bom... pela porta”, disse Dumbledore, sorrindo forçadamente.
Remus passou pela mesa dos professores, então pela porta e se viu em um aposento menor, com as paredes cobertas de retratos a óleo de bruxas e bruxos. Um belo fogo rugia na lareira em frente. Remus não deixou de ser o centro da atenção, pois rostos os retratos se viraram para olhá-lo quando ele entrou.
Naveen Marshall e Sirius Black estavam reunidos em torno da lareira. Pareciam estranhamente imponentes, recortados contra as chamas. Naveen, curvado e pensativo, apoiava-se no console da lareira, os olhos pregados em Sirius, que tagarelava e fazia gestos. Este virou a cabeça quando Remus entrou.
“Não... você não, deve ser um erro”, murmurou.
Sob o seu atordoamento e incredulidade, Remus sentiu uma crispação de raiva.
“Obviamente”, sibilou Remus.
“Ah, petit lion...”, suspirou Sirius, se aproximando.
Remus ficou parado, olhando Sirius de volta. Percebeu de repente como era definido; músculos marcavam suas roupas, seu braço era cheio de veías visíveis e azuis.
Houve um ruído de passos apressados atrás de Remus, Ludo Bagman entrou na sala, segurou o garoto pelo braço e levou-o até os outros.
“Extraordinário!”, murmurou, apertando o braço de Remus, “É surpreendente.”
A porta às costas deles se abriu e um grande grupo de pessoas entrou: o Prof. Dumbledore, seguido de perto pelo Prof. Karkaroff, Madame Maxime e a Profa McGonagall.
“Madame!”, chamou Sirius na mesma hora, indo ao encontro de sua diretora, “Está tudo bem?”
“Está tudo perfeitamente bem”, respondeu Dumbledore com os olhos voltados para Remus, que o encarou tentando perceber a expressão nos olhos do diretor por trás dos oclinhos de meia-lua. Ele viu preocupação, nítida e simples.
“Você depositou seu nome no Cálice de Fogo, Remus?”, perguntou Dumbledore num sussurro.
“Não”, respondeu Remus.
A porta fez um rangido e Alphard Black, chefe do departamento de Cooperação Internacional em Magia, entrou a passos lentos e parou próximo a Dumbledore.
“Precisamos conversar sobre certas condições de nossos campeões. Não concorda, Dumbledore?”, o tom de voz de Alphard estava abaixo de um sussurro.
Dumbledore baixou o rosto rapidamente mas Remus viu seus olhos tremerem. Por um segundo, o garoto ficou confuso, mas então a percepção de Alphard saber de sua licantropia lhe acertou em cheio no estômago, Sirius olhava para Remus o tempo todo. O que faria agora?
“Claro”, falou Dumbledore.
O Sr. Black encarou Dumbledore por alguns segundos antes de se virar para os outros presentes.
“Bem, as primeiras instruções antes de irmos, é simples”, anunciou Alphard. “A primeira tarefa destina-se a testar a bravura dos campeões”, disse ele, “Por isso não vamos lhes dizer qual é. A coragem diante do desconhecido é uma qualidade importante em um bruxo... muito importante...A primeira tarefa terá lugar, em vinte e oito de novembro, perante os demais estudantes e a banca de juízes. É proibido aos campeões pedirem aos seus professores, ou aceitarem deles, ajuda de qualquer tipo para realizar as tarefas do torneio. Receberão informações sobre a segunda tarefa quando a primeira estiver concluída. Por força da natureza árdua e demorada do torneio, os campeões estão dispensados dos exames do fim do ano letivo.”
O Sr. Black virou-se para encarar Dumbledore.
“Por enquanto, isso é tudo.”
“Um último drinque antes de nos recolhermos?”, perguntou Dumbledore com o mesmo sorriso forçado de antes.
O rosto de Alphard Black refletiu nas chamas da lareira, as mãos enfiadas no bolso da calça dava-lhe a impressão de estar entediado.
“Claro”, ele olhou ao redor com um sorriso de lado, “Vamos todos beber e conversar, sim?”
“Temo que os outros campeões não tenham idade, meu tio”, disse Sirius Black com o mesmo sorriso de lado que Alphard exibiu.
O homem riu gravemente e pegou Sirius pelo ombro, “Apenas os adultos estão incluso nessa, meu filho.”
“Bom”, disse Sirius, “Também sou adulto.”
“Madame, s'il vous plaît”, Alphard grunhiu, “Controle seu campeão.”
A mulher olhou duramente para Sirius, falando muito depressa em francês e saindo agitada do cômodo, Karkaroff e Minerva logo atrás. Sirius e Alphard se encararam em silêncio antes de rir, seguravam um ao outro pelo braço como dois amigos. O homem lhe falou brevemente palavras em francês, então Sirius o abraçou demoradamente.
“Remus, eu sugiro que acompanhe os outros campeões até a saída”, disse Dumbledore. E num segundo, ele e Alphard haviam sumido.
O Salão Principal estava deserto; as velas estavam pequenas, dando aos sorrisos serrilhados das abóboras um ar misterioso.
“Vamos jogar um contra o outro!”, disse Sirius com um sorrisinho, quando ambos passaram pelo salão.
“Acho que sim”, respondeu Remus. Na realidade ele não conseguiu pensar no que dizer. Dentro de sua cabeça estava uma desordem total, como se o seu cérebro tivesse sido saqueado.
“Então... como você vai realizar a primeira missão, lobisomem?”, sussurrou Sirius, os dois caminhavam lado a lado com Naveen mais a frente.
“C-como você–...”
“Como sei que você é um lobisomem?”, o rosto de Sirius estava iluminado por archotes, “Você não é o único lobisomem no mundo, há muitos de você na França.”
“Pare de dizer-...”
“Lobisomem? Oh, eu não sabia que isso era um palavrão”, riu Sirius, “Sabe, eles são livres de cicatrizes e eu consigo diferenciá-los a distância. É muito presunçoso de sua parte achar que eu não reconheceria você”, murmurou.
“Você vai me entregar?, indagou Remus, erguendo os olhos para Black.
Sirius riu, o som passou pelo peito de Remus como um banho de gelo. Naveen já estava atravessando o jardim em direção ao barco de Durmstrang. Os dois estavam sozinho no corredor vazio.
“Eu não pretendo entregar você para ninguém, amoureux”, Sirius encostou-se na parede oposta à Remus, “Meu tio está falando com Dumbledore neste momento para discutir como você fará o torneio sem haver acidentes, ou seja, queremos ajudar.”
Remus olhou ao redor, “Por que?”
“Bem, ser amigo pode ser muito vantajoso para nós”, respondeu Black, como se fosse óbvio.
Remus cruzou os braços, encarando o belíssimo garoto, “Amigos?”
“Sim, meu tio quer isso, e eu também.”
Dessa vez, Remus riu.
“Bem, tudo bem. Eu apenas–“
“Não aja como se estivéssemos fazendo-lhe um favor”, declarou Sirius. Ele alisou os cabelos para trás e sorriu, “À plus tard, mon amour!”
Remus piscou e os dois estavam à frente da passagem da sala comunal, Sirius voltou todo o caminho de volta. Remus ficou parado escutando os sapatos de Sirius baterem no chão de pedra, sentindo o ventre quente. Porque estava sentindo isso?
O estardalhaço que feriu os ouvidos de Remus quando o retrato girou quase o derrubou de costas. A próxima coisa de que teve consciência foi que estava sendo arrastado para dentro do quarto por uns doze pares de mãos, diante dos alunos da Grifinória em peso, que gritavam, aplaudiam e assobiavam. Seguiu-se então um silêncio profundo e Remus percebeu que a porta fora fechada.
“Devia ter nos avisado de que tinha se inscrito!”, berrou Mary, parecia meio aborrecida e meio impressionada.
“Quando decidiu isso?”, rugiu Lily
“Não decidi", disse Remus, “Não sei como foi que isso aconteceu.”
Lily, Mary, Marlene, Peter, Jo e Dorcas olharam para Remus em completo silêncio.
“Você não escreveu seu nome no cálice? Mas ele cuspiu seu nome, como é possível?”, divagou Jo.
James se levantou da cama e contornou o espaço entre Remus e os amigos, “É óbvio! Malditos Sonserinos sempre querendo vingança.”
“O quê? Acha que foi os Sonserinos?”, sibilou Dorcas, levantando de seu lugar na cama de James.
“Não é óbvio?!” cuspiu James.
“Precisamos falar com Dumbledore, agora!”, disse Mary.
“Ele sabe que eu não coloquei meu nome”, disse Remus, em voz baixa.
“E o que ele disse?”, perguntou James.
Remus levantou os olhos para o amigo, então os baixou. James chutou sua vassoura ao lado da cama e puxou a varinha do casaco.
“Por favor, James!”, exclamou Lily, “Não podemos agir sem provas.
“Para o inferno todos eles!”, gritou James.
“Então você planeja atacar todos os Sonserinos? Precisamos pensar primeiro, não sabemos quem foi!”, gritou Lily de volta.
“Não mesmo?”, perguntou James em voz baixa, perto de Lily, “Para mim é muito simples, Lily. Alguém depositou o nome de Remus naquele cálice sabendo de sua licantropia e eu tenho certeza que foi Snivellus”, cuspiu James, “Ele e aquela teoria obsessiva dele de para onde Remus vai uma vez por mês são provas o suficiente para mim.”
“Eu sei, mas James-“, Lily pausou, “Uh, porque eles fariam isso com Remus? Não temos idéia.”
James encarou Lily com a calmaria de um oceano durante a madrugada, ondas leves e submissas, vagueando pela imensidão.
“Alguém está com a esperança de que Remus morra!”, disse James, de modo frio e sinistro, olhando os amigos.
Seguiu-se um silêncio extremamente tenso às suas palavras.
“Prongs, cara... que coisa para você dizer!”, disse Peter, muito ansioso.
Mas James não deu ouvidos, abriu a porta e o som de Bowie chegou até Remus. Lily puxou sua varinha, saindo em seguida.
Remus pulou em seu lugar, “Estão dando uma festa?”
“Chamamos as quatro casas para uma festa de última hora”, disse Mary, voz cansada.
“Pessoas de Durmstrang e Beauxbatons”, disse Jo.
Remus então percebeu que Dorcas estava com a bandeira da Grifinória enrolada em volta do corpo como uma capa, Lene usava dentes falsos de vampiro e Jo estava com os cabelos pintados de tinta brilhante. A última coisa que Remus queria era estar em uma festa e para seu grande alívio, seus amigos ficaram no quarto com ele, cada uma deitado em uma cama aleatória. Mary, Jo, Dorcas e Lene na cama de James, Remus na própria, o mesmo de Peter.
“Você quer que a gente saia, Moony?”, disse Peter.
“James ainda não voltou”, foi o que Remus respondeu.
Mary estava deitada de barriga para baixo e jogava cartas com Dorcas. Lene estava com a cabeça de Dorcas no colo e Jo fazia tranças em Lene. As garotas conversavam casualmente apenas para tentar acalmar Remus, mas a atenção do garoto estava em Peter roendo as unhas nervosamente.
James não voltou para o quarto naquela noite.
**
A festa no salão comunal da Grifinória foi um sucesso, todos os alunos das três escolas foram convidados para o maior evento pós seleção dos campeões do torneio Tribruxo. Até os monitores estavam dançando e bebendo, usando dentes de vampiros ou rabos de lobisomem. Havia uísque de fogo e rum de alga no ponche e nas gelatinas, alguns alunos fumavam cigarros no canto da sala.
Remus desceu rapidamente atrás de James, a festa estava em seu ápice e muito mais cheia desde a última vez que esteve ali sendo arrastado por seus amigos.
O teto estava encantado com estrelas que brilhavam em vermelho, azul e roxo. Havia comidas de todo tipo na mesa retangular perto da janela(provavelmente afanadas da cozinha), o teto tinha serpentinas de diversas cores e música alta chacoalhava as paredes.
James se encontrou com Remus no meio da multidão, mexia a corpo devagar e usava um rabo de lobisomem.
“Acabei de saber algo muito valioso sobre os Sonserinos", disse James, Remus começou a dançar para disfarçar a proximidade. “Black estava conversando sobre o verão quando deixou escapar que havia saído do grupo dos Sonserinos por serem radicais.”
Remus arregalou os olhos, sentindo o coração bater muito rápido, “Acha que foi eles?”
“Regulus falou que os Sonserinos insistiram para ele participar da vingança da pegadinha.”
“Eles sabem sobre a pegadinha?”, Remus estava surpreso.
“Alguém contou para Azriel. Black não sabe quem é porque deixou de andar com eles”, James dançou perto de Remus e Lily observava de longe, em completo choque. “Os Sonserinos gostam de vingança, fizeram isso porque sabiam que não atingiria apenas você. Tentaram intimidar Regulus e acabaram marcados pela família Black.
“Ele é um dos sagrados vinte e oito...”, murmurou Remus, virando para falar próximo ao ouvido de James.
“O único sangue puro da Sonserina que está fora. Parece que a família Black tem poder e isso intimida os outros.”
“Eles temem Regulus Black?”, perguntou Remus.
“Eles temem todos os Black, não reparou como andam pisando em ovos perto deles?”
Remus olhou para onde Sirius estava, acompanhado do irmão e outros rapazes da Grifinória. Reparou que Sirius o olhava de volta, não apenas ele mas todos os presentes olhavam chocados para Remus e James dançando muito próximos. Lily estava num extremo encarando perplexa os dois garotos, a música alta abafou as palmas dos presentes e rapidamente o meio da sala foi preenchida por animados e dançantes alunos.
“Céus, que vergonha...”, disse Remus, quando ele e James saíram do centro.
“Está tudo bem, Moony. Foi bom dançar com você”, sorriu James.
“Cale a boca", gemeu Remus, “Minha vida está destruída.”
James sentiu dor ao olhar para Remus, “Vai ficar tudo bem, vamos falar com Dumbledore ok?”
“Não adiantará! O cálice é um contrato mágico que ninguém pode quebrar, não se sabe o que pode acontecer se eu não for aos jogos e eu não tô afim de descobrir”, disse.
James ficou em silêncio, encarando Remus fechar os olhos com força, era extremamente difícil para ele ser impotente, sua missão de vida era ajudar. Nada era pior do que assistir seus amigos queimando.
“Então eu o ajudarei nas tarefas”, murmurou James, “Sempre juntos, certo?”
Remus sentiu os olhos queimando, ele assentiu e abraçou James, apesar de sentir que não havia como aquilo dar certo.
“Faremos juntos”, decretou Remus.
Little Richard estourava na vitrola, disco após disco, levando os alunos a dançarem Tutti Fruitt e depois Long Tall Sally ou See you Later Alligator do Bill Haley, fazendo com que fossem ouvidos em quase toda Hogwarts.
“Tudo bem, Remus Lupin”, sorriu James, os óculos deslizando para a ponta do nariz, “Vamos descobrir mais sobre como não deixar você morrer.”
Remus se virou com um copo de rum na mão.
“Sabe, você falando assim me deixa mais calmo”, respondeu com ironia.
James riu e saiu da comunal, estava com a capa da Invisibilidade pendurada no cinto da calça. Sentindo-se dispensado, Remus deixou seu copo na mão de alguém e guiou-se para os dormitórios. Ele imediatamente sentiu alguém subindo as escadas atrás de si.
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