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A Dor de uma Despedida
Já é a décima vez que ligo para você só nesta madrugada. Escuto todos os toques até ouvir a sua voz na caixa eletrônica:
- Olá! Meu nome é Chloe, se você está ouvindo isso quer dizer que provavelmente não estou com o celular na mão. Deixe sua mensagem!
Meus olhos se fecham e um leve sorriso se faz no canto de meus lábios. Respiro fundo sentindo falta de sua voz rouca perto do meu ouvido, fazendo com o que o arrepio cortasse minha espinha. Passo minha língua em meus lábios secos e os comprimo, travando saliva para então tomar coragem pra lhe falar o que estou sentindo.
- Oi.. estou com saudades. Sinto falta do seu toque, seu beijo, seu cheiro, seu sorriso. Sinto falta de suas mensagens repetidas querendo chamar minha atenção apenas pra saber se estou bem. Sinto falta de você dizer que sou linda repentinamente. De você soltar um riso alegre quando fazia alguma piada e eu gargalhava. Sinto falta das nossas conversas ao telefone, que passávamos horas falando bobagens como se não tivéssemos nos visto o dia inteiro. Sinto falta de como meu coração acelerava quando sentia seu perfume perto de mim. Até das nossas discussões eu sinto falta.
Retiro momentaneamente o celular silencioso de meu ouvido, puxando meus joelhos contra o peito e olhando para a chuva silenciosa que cai do lado de fora. A noite está fria e aconchegante, poucos pingos caem do céu mas isso era o suficiente para se molhar.
- A noite está como você gosta. Com uma garoa fina, e fria. Mas não triste. Lembro de quando estávamos na sua casa e você me pediu pra ficar em silêncio, porque o som do gotejar das lágrimas de Deus estava soando para nossa cidade. Eu sempre lhe perguntava, se esse choro era de tristeza e você sempre me respondia com um sorriso no rosto: " Eu tenho certeza que algum anjinho foi morar com ele, Oliv." Eu sabia o que isso significava, mas achava fofo a maneira como você retratava a morte.
Sinto a dor fina e aguda atingir meu peito ao não receber resposta alguma. O silêncio que vem do meu celular, faz apenas me dar certeza de que nunca mais a teria. Sinto meus olhos lacrimejarem e nego com a cabeça, apoiando a mesma em minha janela fria.
- Estou me negando a chorar. Eu não posso Chloe. Queria tanto que você estivesse aqui, pra dizer que tudo vai ficar bem.
Um soluço se rompe da minha garganta, podendo se sentir a dor que até então estava silenciosa gritar dentro de meu peito. Da mesma forma que a chuva lá fora cai em desespero, minhas lágrimas acompanham a veracidade que as gotas caem no asfalto.
- Hoje faz um mês. Um mês desde que te vi pela última vez. Um mês desde que vi seu sorriso brilhar, desde que senti o macio de seus lábios. Você me prometeu que nunca me deixaria! Mesmo depois de tudo que te fiz, você segurou em minha mão e me disse que jamais iria me deixar. Mas você se foi Chloe, pra bem longe de mim.
Minha mente borbulha com o fervilhar de minhas lembranças com a garota supracitada. Sinto meu corpo formigar ansiando por seu toque, que ele nunca mais terá.
- Eu ainda não acredito. Parece que estou em um pesadelo sem fim e que a qualquer momento, é você quem vai me acordar e me apertar em seus braços para dizer que está tudo bem.
Novamente o soluço se rompe, me fazendo encolher em meus próprios braços em busca de proteção. Paro pra tentar me acalmar, acalmar essa dor da saudade me invadindo.
- Por que? Por que você me deixou?
O barulho da caixa eletrônica de faz presente, mostrando que o tempo necessário para falar havia acabado. E então, eu sinto meu coração dar um solavanco, mesmo que sua voz estivesse por uma caixa eletrônica ainda tinha esse efeito sobre mim. Afinal, essa era a única forma de ouvi -la.
- Pode deixar, que quando eu achar meu celular, escutarei toda sua mensagem. Tchau! Um beijo e um abraço de Chloe Köhler.
O celular despenca de minha mão, me fazendo soltar outro soluço desesperado ao mesmo tempo que o barulho se faz ao que ele se choca contra o chão. Um vento se faz presente fazendo com que eu me encolha com o frio repentino, desejando ainda mais sua presença ali para me aquecer.
Ergo minha cabeça apenas para ver uma fresta da outra janela aberta, me fazendo a contra gosto levantar para fecha-la. E é no exato momento que ela se encosta na Madeira rústica, que eu sinto seu cheiro. E como sempre, ele me arrepiou. E como se fosse o vento, eu ouvi sua voz ao longe ir embora sem me dar a oportunidade de te encostar ou ver.
- Eu te amo para toda eternidade, Oliv.
- Eu
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Eu queria poder te dizer que não me importo, que não te amo ou que não sinto ciúmes. Queria poder dizer que quero só sua amizade e que não crio esperanças. Queria dizer que você não me afeta, que meu corpo não reage a cada mensagem sua, que meu coração não acelera com um sorriso seu. Queria dizer que meu excesso de preocupação é normal. Queria dizer, que não sinto nada por você. Mas eu sei, e você sabe que não é assim. Eu te amo com cada célula do meu corpo. Se você pudesse ao menos sentir um terço do que sinto por ti, entenderia. E eu sei, que as chances disso ser recíproco é de um em um bilhão, eu só quero que saiba, que mesmo que eu tenha que passar por todas as tsunamis, todos os desastres, pra ter você; eu passaria sem pensar duas vezes.
- Eu.
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"Fecho meus olhos, deito a cabeça no encosto do sofá descendo meu corpo cada vez mais. Solto um grande suspiro de tristeza e passo a mão no rosto, sinto uma lágrima solitária escorrer pelo canto do meu olho e ignoro, como fiz todo esse tempo com você... E só agora tomei uma atitude, só agora tive coragem de dizer algo, de terminar tudo. Não aguentava mais fingir que nada acontecia, não aguentava meus amigos me olhando como se eu estivesse fazendo algo absurdo continuando com você.. Só que eu acreditava que você poderia mudar ou até mesmo me dizer a verdade só pra amenizar o sofrimento, mas não, eu que tive que te mostrar que eu sabia de tudo, que tive que acabar com tudo, e que tive que amenizar meu próprio sofrimento. Mas agora não importa, você não me importa mais."
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