saschadeutscher - Tumblr blog

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— Nem começamos a correr ainda e você já está me ameaçando, Dae? Uau, não esperava isso de você — fingiu surpresa enquanto começava a se trocar e vestir o macacão. — Mas se quer jogar sujo, eu também posso fazer o seu joguinho, não esqueça que quando você começou, eu já estava nas categorias de Formula fazendo meus competidores comerem poeira e borracha — brincou, rindo do que o garoto lhe contava em seguida. — Pobres dos seus colegas de kart — comentou antes de enfim ajustar o macacão ao corpo. Sascha olhou para si mesmo, para ter certeza de que estava pronto, e então se aproximou do amigo, segurando a mão de Dae e a apertando. — Fechado. E que vença o melhor em jogar sujo — com um sorriso divertido, Sascha pegou o capacete e deixou que o rapaz o guiasse até a pista onde karts já estavam preparados para eles. Antes de entrar no seu, o alemão o analisou com cuidado, só para ter certeza de que não estava entrando em um com defeito, e então sentou-se, colocando o capacete. — Última chance de desistir, Kim — gritou para que o Dae o ouvisse, a viseira levantada para facilitar na saída do som de sua voz.

A risada que saiu era quase estranha, o fato de rir abertamente uma novidade para alguém tão composto. "Por favor, cuide bem de mim, hyung-nim." Juntou as mãos e se curvou, olhinhos comprimidos pelo sorriso. "Então não se ofenda se eu te jogar para fora do circuito, sabe como é um alívio dirigir sem medo de perder pontos? Os prêmios que eu ganhava quando era mais jovens iam quase inteiramente para cobrir os danos do carro, meu pai queria me estrangular!" Começou a contar da juventude enquanto o esperava se trocar, apoiado de lado no armário enquanto gesticulava. "Uma camisa? Igual aqueles fã clubes?" O Kim parou para pensar, dando de ombros. "Um jantar numa churrascaria e uma homenagem ao melhor corredor das pistas de kart." Estendeu a mão, aceitando o desafio.

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— ᴄʟᴏꜱᴇᴅ ꜱᴛᴀʀᴛᴇʀ // @dankandfurious — domingo, algumas horas antes do GP de Silverstone

Preocupado consigo e com seus resultados, Sascha falhara em das as boas-vindas ao novo piloto da McLaren, que desde sua estreia, no Brasil, vinha tendo ótimos resultados e se mostrando ser um ótimo piloto. Com o resultado da classificação para a Silverstone, Sascha decidiu que não poderia alongar muito mais a demora em seus cumprimentos ao novato, então o procurou pelo paddock logo após chegar ao circuito para o GP de Silverstone. — Hey, Dankan — o chamou ao vê-lo próximo às hospitalidades da McLaren. — Não consegui falar com você antes, mas quero te parabenizar pelos seus resultados, principalmente o pódio na Bélgica, e te dizer "seja bem-vindo" — falou, estendendo a mão enquanto um sorriso pequeno, porém simpático, aparecia em seus lábios. — Está em uma ótima posição de largada hoje, isso é muito bom, a McLaren acertou bastante no carro e nos pilotos esse ano, você e Dae são uma boa dupla — elogiou. — Está animado para hoje? Nervoso eu creio que não esteja.

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[Flashback]

— Charminho? — suas reclamações do dia anterior estavam longe de serem charme, estavam mais para preocupações, mas Sascha logo entendeu que Rosalía o estava provocando e sorriu, balançando a cabeça negativamente. — Compadecer não, mas me dar um pouco mais de atenção, sim. Se eu não tivesse reclamado, você não teria focado tanto quanto sei que focou na estratégia para a minha corrida, então de nada e obrigado — tentou retribuir a provocação, mas sua falta de prática naquele estilo de interação fizera tudo o que disse soar apenas como um elogio, o que não era um problema de fato, mas Sascha gostaria de poder soar como ela. — Eu poderia dizer o mesmo para você, mas, como disse, você tem razão, tenho que confiar mais que vocês vão ouvir o que estou dizendo e tomar as decisões certas — respondeu antes de envolvê-la com o braço livre no abraço iniciado por Alonso, tomando cuidado para não machucá-la com o troféu que segurava do outro lado de seu corpo. — Obrigado, não teria conseguido sem você e o time — disse, apertando-a um pouco mais contra seu peito antes de iniciar a separação de seus corpos. — Vai comemorar com o time quando sair daqui? Eles estão falando sobre ir a uma balada exclusiva na cidade, isso é algo que te interessaria?

A tensão nos ombros femininos dissipou-se parcialmente ao final da corrida, o ar escapando de seus pulmões em um suspiro aliviado ao livrar-se do fone. Apesar dos receios partilhados na noite anterior, Sascha havia demonstrado todo seu talento ao conduzir o carro com maestria pela pista, conquistando um espaço muito merecido no pódio. E, por um instante, ela permitiu-se acreditar que os rumores que circulavam o paddock eram apenas isso: rumores. O sorriso nos lábios rubros alargou-se ao identificar a aproximação masculina, seu olhar subindo do suntuoso troféu aos olhos claros do piloto. "Eu sabia que ontem você estava só fazendo charminho para eu me compadecer de você." A provocação acompanhar o tombar da cabeça com um sorrisinho. "Sim, você deveria me ouvir mais vezes, Deutscher." Ela lançou-lhe uma piscadela, minimizando a distância entre eles. "Parabéns, foi uma corrida esplêndida." Disse próximo a seu ouvido ao envolvê-lo em um abraço.

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Sascha o seguiu até os vestiários, onde tirou sua jaqueta para que pudesse vestir um dos macacões disponíveis por cima de suas roupas. — Eu não sabia disso, peço desculpas pela falta de atenção aos seus costumes. Da próxima vez, eu pago tudo e serei um orgulho para a Coréia cuidando do atleta favorito deles — falou, sorrindo, e embora soasse como brincadeira, Sascha realmente guardou aquele fato em sua mente para poder segui-lo numa próxima vez, que ele sabia que com certeza aconteceria, pois gostava do rapaz e de sua companhia. — Eu ficaria ofendido se me desse uma corrida fácil, Dae. Me dê seu melhor e eu farei o mesmo com você, que vença o mais rápido ou o que sair vivo da pista — brincou enquanto procurava por um macacão que coubesse em si. — Gosta de apostas, huh? — perguntou com um sorriso divertido nos lábios. — Que tal quem perder pagar a conta do jantar quando sairmos daqui? Ou prefere dinheiro? Pior, é do tipo que gosta de humilhação pública? Tipo usar uma fantasia ou uma camisa com os dizeres que o outro é o "maioral"?

Respirando fundo, não conseguiu não rir, abanando seu rosto para se acalmar. "Acho que me distraí no celular, fiquei tão absorto que esqueci que estava aqui." Apontou ao redor, guardando os fones de ouvido, guiando o caminho da recepção em direção aos vestiários, onde haviam uniformes básicos disponíveis para os visitantes. Por um dia da semana, a noite, o lugar todo estava praticamente vazio, com salvas para alguns funcionários e poucos frequentadores. "Na realidade, para sua sorte, já paguei todo o necessário para nós dois. Na Coréia, os mais velhos é quem cuidam dos mais novos, mas vou abrir uma excessão hoje. Privilégio de vencedor." Seu tom era o de um humor ácido mesmo que suas intenções não fossem a de provocá-lo, os olhos escuros brilhando com animação adolescente ao procurar por um capacete que o servisse melhor, como nos velhos tempos. "Sou um pouquinho competitivo, então não prometo uma corrida fácil pra você. O que acha de uma aposta, hyung?"

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— Claro, comente a vontade — falou, gesticulando com a mão para que ela seguisse em frente e comentasse o que quisesse. E quando ela o fez, Sascha assentiu. É claro que ele já havia imaginado que toda aquela situação poderia ser apenas uma distração, era o que esperava que fosse de fato, mas de todas as pessoas que poderiam ter sido acusadas para afetá-lo, Rosalía era a que ele menos esperava e por isso seu pé atrás com a estrategista era bem maior agora. — Estamos atentos, mas também não dá para ignorar a situação com ela, não com FIA a investigando. Precisamos dar atenção a ela e ao que acontece ao redor e além — justificou, dando de ombros. — É claro que dão risada, principalmente ele, estão por cima agora, mas esse esporte é traiçoeiro e eu não sou o único querendo uma chance de subir ao pódio — Sascha não falava apenas dele com seu comentário e achava que tinha sido claro nisso. O próprio parceiro de equipe de Sascha estava indo muito bem nas últimas corridas e tinha boas chances de conquistar uma vitória aquele fim de semana, se tudo corresse bem para ele. Isso sem contar todos os outros pilotos que estavam dando seu máximo e competindo bem com a Ferrari, como Daehyun e Alec. — Quem muito se orgulha, cai com mais rapidez do que subiu — comentou, dessa vez falando especificamente do piloto da Ferrari.

Os dedos de Audrey foram para seu rosto para tentar disfarçar o riso que ameaçava sair, para poupar o piloto de um desconcerto ainda maior. "Dias, semanas, temporadas ruins chegam para todos... Afinal, essas corridas não são somente pisar no acelerador, o que é uma sorte para você, imagina perder por causa disso?" Disse com a maior tranquilidade de quem não entendia a função de parafuso ali dentro, balançando os cabelos para longe do rosto. "Me permite um comentário sobre essa situação toda? Cortinas de fumaça como essas são lançadas o tempo todo. Quando se está muito perto da verdade, precisa-se de uma distração para fugir, igual o rabo de uma lagartixa." A britânica estremeceu com a comparação, agoniada, porém seus olhos tinham um brilho afiado, de quem queria dizer mais, mas não lhe cabia interferir. "Não estou tomando partido com Alonso, mas ficaria atenta a algo que pode acontecer além dela." Esticou sua mão e bateu gentilmente em seu ombro. Assim como todos ali dentro, Audrey procurava por rastros dos arruaceiros que finalmente traziam algum divertimento macabro para as pistas. "Pode ter certeza que vou transmitir sua mensagem a Declan e a Ziggy, e que somente um deles vai adorar ouvir isso. Sério, quase posso ouvir a risada dele aqui no pé do meu ouvido." Revirou seus olhos em divertimento.

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— Eu também espero — assentiu, sem ter muito o que acrescentar, já que a realidade era apenas aquela: só podia tentar e torcer pelo melhor.

Aproveitando que era Alec ao seu lado, Sascha decidiu mudar o assunto para um que vinha escutando pelo paddock, mas que não acreditara tanto assim, apesar de não serem pessoas aleatórias comentando sobre. — Ouvi dizer que está pensando em aposentadoria… Está indo tão bem nessa temporada, Alec, o plano é vencer e sair com a glória? Ou não são verdadeiros esses rumores?

Alec assentiu. A culpa por ter pegado uma boa colocação se tornou vergonha, nessa interação com Sascha. Gostava do alemão e era uma pena que a má sorte havia segurado em sua mão e não soltado mais.

❝Eu sei❞ disse, porque concordava com as palavras de Sascha. Por mais que quisesse que o loiro ficasse mais positivo e que realmente acreditasse que as pessoas sabiam do talendo de Sascha, Alec também sabia do famoso ditado daquele mundo em que viviam: "Você só é tão bom quanto a sua última corrida". As pessoas esqueciam rápido demais de seus feitos do passado, essa era a verdade. ❝Espero que isso mude logo para você. Merece mais troféus do que tem❞ E isso saia da boca de um Alexander cansado, que sempre viu Sascha como seu grande adversário, desde a época de kart.

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[Flashback]

— Tudo bem — disse, agradecido. — Eu preciso juntar minhas malas e alguns pertences que deixei no quarto, então eu me encontro com vocês no horário que me mandar, ok? — perguntou enquanto tirava a carteira do bolso para poder pagar por tudo que tinha bebido. Após sinalizar para o barman onde estava deixando as notas, Sascha se levantou e pôs uma mão no ombro de Spencer. — Obrigado outra vez, Mackay, de verdade — agradeceu novamente e então saiu, andando em direção ao elevador para poder ir até seu quarto.

[Fechado]

Spencer deu de ombros como se não tivesse outra opção naquele momento, realmente. Ele sabia que era uma situação complicada, mas ele esperava que Sascha estivesse mais explosivo e irritado do que quieto como estava. Era estranho vê-lo daquele jeito.

❝Claro❞ ele respondeu, quando Sascha perguntou se ela sério. De nada atrapalharia o trajeto e estavam com espaço sobrando, então Spencer não via problema nenhum naquilo. ❝Não se preocupe com isso, tá tudo bem. Vou avisar a Alli, então. Posso te mandar daqui a pouco o horário certinho que vamos sair. Allison sempre acaba atrasando as saídas, incrível❞

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[Flashback]

Tirava a balaclava quando braços o envolveram em um abraço apertado que Sascha demorou um segundo para retribuir, por ter sido pego de surpresa. Estava feliz por si, mas Ayla parecia mais feliz que ele, o que o fez rir e apertar os braços em torno dela por alguns segundos antes de se inclinar um pouco para trás, para poder vê-la, já que sabia que os abraços da turca só terminavam quando ela queria que acabassem. — Se eu contar, você vai tentar usá-los contra mim e eu não estou muito a fim de ter que me preocupar com você amanhã, Ayla, está perto demais para ser seguro — disse, apontando para a placa com o número 2 na frente do carro dela. A aproximação dos dois, no entanto, começou a chamar atenção dos fotógrafos e da transmissão oficial. Sascha olhou ao redor antes de, enfim, ele mesmo se afastar com sorriso menor nos lábios. — Mas você também foi incrível, por um momento achei que ia ser você na pole hoje. Acho que não precisa tanto assim saber meus segredos, deve ter os seus próprios. Só mantenha distância amanhã, eu não vou facilitar para você.

— flashback, após a qualifying da bélgica de 2022

A adrenalina pulsava nas veias femininas, acelerando seu coração a uma velocidade semelhante à do carro do qual acabara de sair. E o sorriso presente nos lábios rosados quando, enfim, livrou-se do capacete, era equiparável ao de alguém que havia acabado de conquistar a pole position - mesmo que seu lugar fosse aquele ao lado. Incapaz de conter a própria excitação, Ayla correu em direção a @saschadeutscher, não dando-lhe muito tempo de reação antes de envolvê-lo em um de seus famosos abraços apertados. “Aquela volta foi incrível! Você parecia estar flutuando, eu nem acredito que conseguiu passar pela curva Eau Rouge com tanta facilidade.” Seu tagarelar incessante teve início ao buscar as íris claras, aquelas que vinham se tornando cada vez mais próximas do que a morena considerava seu refúgio. “Me conte todos os segredos e eu prometo te dar uma corrida ainda mais emocionante amanhã.” Ela disse com um sorrisinho, não se preocupando em como a proximidade de ambos começava a atrair olhares.

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— Não acho que isso resolveria muita coisa, até porque esses momentos com a mídia, apesar de eu odiar, fazem parte do nosso trabalho. Mesmo que eu não fale com nenhum jornal ou TV, ainda preciso falar com os jornalistas oficiais da F1 e o assunto vai ser o mesmo enquanto esses ataques continuarem — respondeu à sugestão dela, que seria uma ótima solução se realmente pudesse usá-la, mas já havia aprendido há muito tempo que fugir dos jornalistas não era possível porque se eles não conseguiam o que queriam, inventavam suas próprias noticias e causavam rebuliço nas redes sociais com mentiras bem contadas. O que o ajudou ali, na verdade, foi o aperto de Ayla em sua mão, o que fez concentrar-se onde estava ao invés no que aconteceria no dia seguinte. Ela sempre fora boa em acalmar sua mente, independente da situação, e esse era um dos motivos para Sascha ter tanta estima pela amizade dos dois, mesmo depois de tudo e de tanto tempo. — Comer? — ele perguntou, sua face assumindo uma feição de estranhamento em relação a ideia de fazer algo tão normal quanto comer. Não lembrava a última vez que sentira fome ou vontade de comer qualquer coisa que fosse. — Consegue mesmo pensar em comer agora? Porque minha cabeça já está em amanhã, na corrida, nem lembrei que preciso comer. Nem sei o que comeria agora — respondeu, sem dizer sim ou não porque realmente não tinha pensado naquilo. Em sua cabeça, apenas iria para o hotel e tentaria descansar até o dia seguinte. — É um convite?

A morena mordiscou o lábio inferior. Não havia como negar, aquela estava longe de ser o melhor campeonato de ambos. “E tenho certeza que logo estaremos nessas posições novamente.” Ela exibiu um sorriso, meneando a cabeça. Independentemente de sabotagens, ninguém seria capaz de deixar Sascha afastado dos pódios por muito tempo. E no que dependesse dela, a Yildiz continuaria batalhando pelas posições da frente. A turca apertou levemente seus dedos, buscando trazer algum conforto, mesmo que mínimo. “Você deveria falar com sua PR. Eu acredito que continuar com as entrevistas não vai ajudar em muita coisa agora. E você merece um pouco de paz disso tudo. Pode justificar que está atrapalhando sua concentração, mesmo que eu saiba que nada consegue te abalar.” Ela deu um sorrisinho de lado, não escondendo o orgulho que sentia da concentração masculina. Caso indagada, Ayla não hesitaria em responder que o alemão era o piloto mais habilidoso da década, com uma disciplina e seriedade invejáveis — inteiramente oposto a ela que sempre buscara levar a vida com leveza. Eles sempre haviam sido polos opostos. Como dois lados de uma mesma moeda. E talvez fosse esse o problema, não? “Eu tenho certeza de que logo tudo se resolverá. Eles não vão permitir que um dos maiores esportes do mundo seja afetado dessa maneira, não por muito tempo.” A positividade alheia obrigava-lhe a acreditar naquilo, que tudo ficaria bem antes de algum acidente maior — um quase fatal. “Você… Quer sair para comer, talvez? Se distrair um pouco dessa loucura toda?”

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Sascha reconheceu a voz da mulher bem antes de compreender o que ela dizia. Seu olhar vago, então, focou em quem estava ao seu lado, Ayla finalmente tomando forma à sua frente quando antes era apenas um borrão. — Não, antigamente nós estávamos mais felizes com nossas posições — respondeu, dando de ombros, sem conseguir controlar o tom amargo em sua voz. Não queria parecer grosso com Ayla, nem com qualquer outra pessoa, ele só não tinha mais em si paciência para ser solícito em relação a tudo que estava acontecendo.

A aproximação dela, no entanto, o fez franzir o cenho e questionar a visão que estava passando para os outros se Ayla decidira que era uma boa opção confortá-lo daquela maneira, uma que apenas pouquíssimas pessoas podiam fazer e Yildiz sendo uma delas. Apesar de estranhar o contato em público, Sascha não se afastou nem separou suas mãos. — Gostaria de dizer que estou, mas você provavelmente pode ver que não. Só estou cansado de tudo isso e gostaria de não precisar constantemente dar entrevistas sobre tudo, principalmente sobre acontecimentos da Itália — embora a Red Bull tivesse decidido confiar em Rosalía e mantê-la, Sascha achava que toda a situação precisava ser muito bem investigada antes de assumirem uma posição de apoio total à estrategista.

Comemorar a décima posição no grid de largada quando seu companheiro de equipe demonstrava um desempenho excepcional poderia parecer um tanto patético, contudo, Ayla não pôde evitar sentir um pequeno alívio em se aproximar da zona de pontuação. Pela primeira vez em semanas ela sentia menos dificuldade em lidar com o carro, o que deveria significar que seus engenheiros estavam começando a acertar os ajustes. "Ao seu lado." Deixou escapar, evidenciando como havia procurado o nome do ex namorado em meio aos outros carros. "Just like old times, hum?" Ela soltou com um sorrisinho, mesmo que antes os dois fossem vistos disputando posições na primeira fileira. A morena mordiscou o lábio inferior, o olhar perdido na imensidão azul das íris do ex namorado. E aproveitando-se do tumulto que os últimos rumores haviam gerado, a Yildiz deu um passo a frente, permitindo que suas mãos se encontrassem por meio de uma carícia delicada, antes de entrelaçar seus dedos. "Eu sei que têm sido semanas...turbulentas. Queria saber como você está. Se está melhor."

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[Flashback]

A aproximação dela o fez franzir rapidamente o cenho, muito porque não era do tipo de fazer contato e porque gostava do próprio espaço, mas não se afastou. Ao invés de pensar no quão perto Rosalía estava, Sascha focou no que ela lhe dizia e isso o fez esquecer qualquer desconforto que pudesse vir a sentir. — Está me perguntando se eu acho que o problema do carro é sabotagem? — falou em volume bem baixo, apenas para a estrategista ouvir, e logo continuou: — Não acho que seja esse problema, o que sinto agora é mais ligado aos ajustes do carro. Eu sei do que ele é capaz, só não está completamente certo para como eu gosto de dirigir e isso acaba fazendo ele não responder da maneira que eu quero. Se fosse sabotagem, acho que eu estaria bem pior agora. E também me sinto seguro nele, é mais uma questão de velocidade mesmo que não estamos conseguindo atingir — completou sua explicação, mas então olhou brevemente ao redor antes de perguntar: — Acha que devemos nos preocupar com esses rumores? Digo, acha que isso pode ter relação com meu problema na classificação?

— flashback, depois da qualifying da austrália

O franzir do cenho feminino denunciava a confusão de seus pensamentos, à procura de alguma justificativa para a afirmação do loiro. A Alonso havia acompanhado as modificações no carro de perto, além de estudado minuciosamente os gráficos que mostravam seu desempenho e, mesmo assim, não achava uma razão para a dificuldade apresentada. E talvez fosse essa a razão de, subitamente, preocupar-se com os rumores que rondavam o paddock. "Sim, concordo." Ela disse lentamente, umedecendo os lábios antes de minimizar a distância entre eles. Rosalía não podia arriscar que fossem ouvidos, não sem que isso trouxesse repercussões significativamente negativas. "Sas, preciso que você me diga se... O que você pensa sobre o que tem sido falado nos bastidores. A respeito de... alterações." Usar o termo sabotagem parecia que tornaria aquilo real. "Você se sente confortável com a situação atual? E digo inclusive em questão de segurança, porque não estou disposta a arriscar e se você tiver qualquer receio eu preciso saber agora."

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— Era só uma questão de tempo até que conseguisse um pódio, Leo — disse, querendo demonstrar orgulho das habilidades do parceiro de equipe, mas seu rosto permanentemente fechado não acompanhava suas palavras, embora fossem verdadeiras. — A essa altura, minhas apostas estão em alguém que me odeia tanto quanto odeia a Formula 1 — o que dizia podia ser tanto considerado como brincadeira como sério por quem ouvia e Sascha não se incomodaria em se explicar, ele só queria poder correr de maneira justa novamente, o que não estava sendo possível com todos aqueles ataques no esporte. E queria também poder voltar a confiar em seu time, uma vez que as relações ali estavam abaladas desde Monza, principalmente com Rosalía. — Mas eu não tenho inimigos, pelo menos não que sejam do meu conhecimento — já tinha tentado pensar em quem poderia querer afetá-lo, mas ninguém vinha à sua mente. — Acha que é alguém de dentro ou de fora da categoria?

terceiro lugar, sua melhor colocação até ali, mas a felicidade dividia lugar com a preocupação com os incidentes que haviam acontecido até ali. parecia que a cada corrida as coisas pioravam, e se a mensagem fosse tomada a sério, era apenas o começo. "boa notícia, finalmente um pódio," começou em tom de brincadeira. "má notícia, alguém odeia muito fórmula 1 e tem muito tempo nas mãos." e dinheiro também. "minha aposta tá em algum piloto frustrado. alguém que nunca conseguiu chegar até o topo. o que você acha?"

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— ᴄʟᴏꜱᴇᴅ ꜱᴛᴀʀᴛᴇʀ // @rosalialonso — domingo, após cerimônia de pódio do GP da Austrália // flashback

Com o troféu de segundo lugar em mãos, Sascha deixou o pódio e seguiu em direção à hospitalidade da Red Bull. No caminho, colegas e jornalistas o cumprimentavam e parabenizavam, ao que o piloto agradecia e sorria, satisfeito. Não parou, no entanto, para conversar de verdade com nenhum, pois havia uma pessoa com a qual queria conversar antes de qualquer outra.

Rosalía o havia escutado reclamar do carro no dia anterior, Sascha não havia dito uma palavra positiva para ela sobre a classificação, mas ainda assim ela tinha tentado motivá-lo, então era mais do que justo que ela pudesse ser a primeira a ver de perto o resultado que haviam conquistado naquele dia. — Rosalía — a chamou assim que a viu e aproximou-se com um sorriso nos lábios. — Olhe só o que conseguimos juntos hoje — disse, estendendo o troféu para que ela segurasse. — Deveria ter te escutado ontem e reclamado menos, no fim você tinha razão.

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Terceiro. Sascha sequer lembrava a última vez que havia largado tão perto da pole, havia provavelmente sido no ano anterior. Ficava feliz pelo colega, que vinha tendo uma ótima temporada naquele ano, mas não podia se impedir de sentir uma pitada de inveja e não só de Alec, mas de todos que estavam indo bem e que não eram alvos de sabotagens sem sentido. — É uma boa posição, cara, parabéns — disse, mas Alec sabia muito bem daquilo, não era necessário ser dito, mas Sascha não queria deixá-lo sem resposta, então optou por parabenizar o piloto.

Ao ser consolado, Sascha suspirou. Sabia que o que ele dizia era verdade, mas também sabia o que todos estavam pensando sobre tudo aquilo e não que fosse o caso de Alec, mas muitos estavam se divertindo ao vê-lo sofrer, então era difícil se manter positivo sobre qualquer coisa. — Eu sei, mas existe uma quantidade pequena de vezes em que eles aceitam adversidades como motivo. Com o tempo, e com os resultados do meu parceiro, eles vão começar a olhar para mim e me cobrar. E eu não terei o que responder porque realmente não tenho culpa no que está acontecendo, simplesmente colocaram um alvo nas minhas costas e eu não consigo me livrar dele.

Não pode deixar de ouvir. Não havia muita coisa a se fazer agora que saíra da entrevista, então os olhos continuavam seguindo os outros pilotos em suas entrevistas, rindo de uma resposta e outra que saía. Alec havia combinado de esperar sua RP ali, mas ela ainda não havia voltado e parecia estar presa em algum canto resolvendo alguma coisa sobre a equipe. Enquanto esperava, Sascha se aproximou dele. Alec demorou alguns segundos para responder, terminando um gole de seu Monster antes disso. ❝Terceiro❞

Responder aquilo parecia quase pesado, quando a resposta era para Sascha. Alec quase se sentia culpado por estar numa posição melhor do que o alemão. ❝Olha...❞ Ele começou, os olhos escaneando a sua volta rapidamente antes de continuar. ❝Eles sabem que não é você. Sabem do seu potencial❞ tentou, mas era péssimo em palavras de consolo.

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Spencer tinha razão, o Sascha do ano anterior estaria totalmente insatisfeito com um sexto lugar como resultado, mas o daquele ano... Esse estaria tranquilamente dormindo em seu quarto de hotel naquele momento se tivesse terminado a corrida em sexto, e isso era mais do que prova o suficiente de quanto tudo estava afetando o alemão. — Bem, parece que virei o tipo de cara que comemoraria pequenas coisas — respondeu simplesmente, levando novamente o copo aos lábios.

Jato pessoal, claro, Sascha deveria ter adivinhado. Não havia maneira mais rápida de sair dos países por onde corriam do que aquela e em retrospecto, Sascha se arrependeu de não ter optado por aquela opção também. Mas não cometeria o mesmo erro para as próximas corridas, disso tinha certeza. — Está falando sério? — perguntou ao ser oferecido um assento no jato dos gêmeos. Sair dali era o que ele mais queria e não se importava para onde fosse. Sascha possuia um apartamento em Mônaco e apesar de querer muito ir para casa, para a Alemanha, ficar pelo principado não era uma opção assim tão ruim. — Isso já me ajudaria bastante, Spencer, obrigado. Nem sei como retribuir, então pode contar comigo para o que precisar. E prometo que ficarei no meu canto durante o voo para não atrapalhar o sossego de vocês.

Franziu o cenho, estranhando aquele Sascha que estava na sua frente. Com certeza era completamente diferente do Sascha dos anos anteriores, o que fez Spencer suspirar, principalmente quando ele comentou a posição de Spencer na classificação ❝Me admira ver você pensar assim. O Sascha que conheço saberia que um sexto lugar não é motivo de comemoração❞ mesmo que as coisas estivessem difíceis para Sascha, ainda mantinha sua opinião sobre o sexto lugar.

A pergunta sobre o voo o fez negar com a cabeça antes de começar a falar. Ele ponderou sozinho em sua mente se deveria fazer a oferta que passara a sua cabeça para Sascha, mesmo que não tivesse falado com sua gêmea antes disso. ❝É um jato pessoal❞ respondeu, esclarecendo as coisas, e poucos segundos depois resolveu fazer a oferta a ele. ❝Temos assentos o suficiente sobrando. Vamos para Mônaco em algumas horas, se quiser uma carona até lá. Tenho certeza que Allison não vai se importar❞

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Ao ser questionado, Sascha finalmente olhou para a pessoa ao seu lado e pode perceber que falava com a RP de Declan e Ziggy e não com um dos pilotos que andavam aos montes por ali. Seu resto assumiu um leve tom de vermelho, envergonhado pelo erro cometido, e a risada dela não ajudou a melhorar a situação para si. — Desculpa, eu não prestei atenção — se explicou, embora provavelmente estivesse óbvio o motivo de seu erro. — Está mais para ano difícil, se fosse apenas um dia, eu estaria me sentindo melhor e festejando por aí — comentou, sorrindo levemente para que as verdades que dizia passassem como algo cômico de alguma forma, pois não fazia muito seu tipo reclamar publicamente sobre qualquer coisa. — O time acredita que Alonso não teve nada a ver com o que houve na Itália, mas a FIA continua investigando tudo, então não temos muitas respostas — ao falar, Sascha deu de ombros. Falava de maneira geral para não revelar o que realmente pensava sobre tudo o que vinha acontecendo e possível envolvimento de Rosalía, até mesmo porque não tinha prova de nada para realmente externar o que pensava. — Não estou aceitando tragédia grega, muito menos brasileira, minha intenção é converter essa nona posição em pódio amanhã. Se tudo der certo, a Ferrari vai ter que se preocupar conosco finalmente.

Os olhos de Audrey podiam viajar a vontade entre os pilotos e manter conversas paralelas com outras RP das equipes, confiança plena em seus pilotos para lidarem com o que quer que surgisse nas entrevistas, tudo combinado de acordo com cada personalidade. Havia uma agitação incomum entre a Redbull e a inglesa, com aquela cocerinha atrás da orelha, estava sedenta por qualquer tipo de informação que pudesse ter. Por isso deslizava com suavidade por entre os grupos, até poder se aproximar mais e- "Largada? Oh não, querido!" Quase sem querer, acabou por rir levemente, balançando a mão antes de apontar para a prancheta nas mãos, símbolo do escudo amarelo com seu cavalo atrás. "Vocês correm nas pistas e eu nas notícias. Ou costumava, pelo menos. Dia difícil, eu imagino? Sinto muito pelo o que tem acontecido, na equipe..." Olhou o piloto de cima a baixo, cabeça deitando pro lado ao virar seu corpo inteiramente em sua direção. "...Como andam as investigações? Espero que nada assim aconteça novamente, seria uma tragédia grega. Ou brasileira, já que estamos nesse carnaval!"