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Como tudo comecou

Uma curiosidade imensa e alguns documentos antigos do meu avo que minha mae me mandou. Era tudo o que tinha. Quando uma amiga libanesa me convidou para ir ao Libano tentar descobrir mais sobre meu avo, e tentar achar a cidade onde ele morou, eu nao pensei duas vezes. Fiz as malas e me mandei para Beirute para uma aventura inesquecivel por quatro dias, com  amigos ‘locais’ que me levaram para varios lugares incriveis, inclusive - e principalmente - a cidade que meu avo nasceu. Familia Nasser amada, essa viajem foi dedicada a voces - curtam as fotos e os videos, pensei muito em todos voces la. Foi muito emocionante ser a primeira Nasser da familia a pisar o solo Libanes. Tentei trazer um pouquinho de la pra voces, aproveitem!

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Chegada em Beirute

E tudo muito familiar. Se nao fossem as placas em arabe, dava pra dizer que era o galeao.

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Biblos - uma cidades mais antigas do mundo, construida a 6000 anos ac. Fica a 100km de Beirute e e uma graca.

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Bkassine - terra do Vovo

Hoje e o grande dia, vamos visitar a cidadezinha onde o vovo Nasser nasceu. Tinhamos planejado ir la logo no primeiro dia, sexta feira, mas a mae da Raja - minha amiga- disse que tinhamos que deixar pra ir no Sabado a tarde, porque e a hora que as pessoas voltam de Beirute para suas cidades entao teriamos mais chances de encontrar pessoas la e perguntar. Pronto, sem questionar, fizemos como a mama arabe estava mandando - e nao deu outra, ela estava certissima! Fiquei eu pensando com meus botoes: mas como vai isso? Vamos chegar em praca publica e perguntar se conheceem Jose Nasser - ou melhor,Youssef Nasser (o nome libanes do vovo)? E foi mais ou menos isso mesmo que aconteceu - bem ao estilo libanes!

Bom, pra comecar Bkassine (se pronuncia Bkeesine - o ‘b’ mudo e um ‘e’ alongado) e uma vilazinha no topo de uma montanha, escondida numa floresta de pinho - uma area de protecao ambiental. E tudo verde, nao tem um predio, ou concreto, so aquela micra cidadezinha, com casas antigas contruidas em pedra, e uma comunidade de gente feliz e amigavel - um sonho.

E muito raro no Libano hoje um lugar como esse. A guerra acabou com muitas cidades, que nunca mais se recuperaram, e outras a expansao urbanistica nao plajenada transformou muito da area verde do pais em uma selva de concerto. Mas Bkassine ficou protegida disso tudo. Minha amiga e a mae dela, que sao libanesas, disseran que Bkassine e uma das vilas mais bonitas que elas ja visitaram. Meu coracao sorriu - poderia ter sido qualquer outro lugar, poderia ter sido umas das milhares de vilazinhas destruidas que passei na estrada. Mas essa era especial, e linda. Pois bem, e exatamente de onde viemos.

Na estradinha subindo pra Bsassine - e linda a vista daqui. E tudo floresta, tudo muito verde.

Chegando em Bkassine - entrada da vila:

Bom, chegando na cidadezinha, paramos no unico mercadinho que tinha - bem pequeno. Perguntamos ao senhor simpatico no caixa, que era o dono da loja, se ele conhecia a Marian (a  irma do vovo Nasser que nao veio para o Brasil) ou alguns dos meus bisavos - Habib ou Zariff Abdala Nasser.

O senhor simpatico tambem se chamava Youssef Nasr - nome identico ao do vovo - e era parte da nossa familia, so que mais longe. Na verdade quase todo mundo em Bkassine e parte da familia Nasr, que e a segunda maior familia da vila - e a grafia correta do nosso sobrenome e ‘Nasr’, com um ‘s’ so e sem ‘e’ (muito provavelmente quando o vovo chegou ao Brasil, Nasr virou Nasser porque seria mais facil de pronunciar em Portugues).

No video, voces podem ver o nosso encontro com ele - minha amiga Raja traduzindo do arabe para o ingles - uma zona!

Bom, Youssef conheceu e conviveu com a nossa tia avo Marian. Ele disse que ela viveu ate uns 90 anos e morreu a cerca de 25 anos atras. Ela teve tres filhos: Joseph, Diana e Rosette. Joseph morreu mas seus filhos estavam vivos  - um mora na Franca, um em Abu Dhabi e o outro mora em Beirute e volta pra casa todo fim de semana - o nome dele e Habib. Quando ele estava terminando de me contrar isso, vemos um carro entrando a vila e advinha quem esta diringindo o carro? Isso mesmo, Habib - o primo! Parecia um filme, toda sequencia de episodios dava certo. Correram as arabes - minha amiga e a mae dela - para o carro escoltar Habib e contrar toda a historia pra ele!

Encontrando Habib…. nao conseguia para de rir, estava achando tudo muito surreal, mal conseguia falar direito…

O primo perguntou se tinhamos visitado a Igreja nova da vila, muito bonita, mas como estava trancada nao tinhamos conseguido entrar, falei para ele.  Mais que rapidamente Habib pega a chave da Igreja e nos da um tour completo - coisas de filme! O primo tem chave da Igreja!

Depois ele mostrou onde era a casa antiga, onde o vovo nasceu e viveu. A casa velha foi destruida por um terremoto, mas eles construiram a casa nova, onde Tia Marian morou no  fim da vida, bem em frente. A vista e linda, no alto da montanha - 900m acima do nivel do mar. Muita natureza! Habib tem uns 40 e poucos anos, trabalha num banco em Beirute e fala ingles, entao pudemos conversar bastante.

O primo tambem me deu uma foto antiga da Tia Marian com tres netos - Habib, o primo que eu conheci, e o menorzinho, na direita.

Terminamos o dia tomando cafe na casa do Youssef Nasr, o senhorzinho simpatico do mercadinho. Ele nos mostrou o livro antigo do censo da cidade, e para nossa surpresa, tem os nomes da vovo Nicia e de sete dos filhos, escrito em arabe e registrados em Bkassine (nos registros faltava a Tia Aia e a Tia Isa, que eu acho que ja eram casadas quando a vovo Nicia registrou os filhos com o consuldo libanes no Rio).

Foto dos dois: Habib e Youssef na rua Nasr

As duas Igrejas de Bsassine - a nova, que visitamos com o primo, e a antiga, bem pequeninha na entrada da cidade, onde provavelmente o vovo Nasser foi batizado.

As casas de Bkassine sao todas assim, de pedra, uma graca.

O nosso velho amigo Youssef me chamou na varanda da casa dele e me mostrou as oliveiras la embaixo - falou para eu tirar uma foto porque elas pertenciam ao meu bisavo. Essa foi a hora que meus olhos encheream de agua - sempre adorei oliveira, pra mim e a arvore mais bonita e tenho uma obsessao por azeitona, principalemnte as verdes, grandes - devoro um pote inteiro em minutos. Nessa hora entendi de onde vinha meu gosto pelas azeitonas. Esta tudo conectado.

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Beirute - Hamra, seaside, downtown and Mar Mikhael

Beirute e o maximo - uma cidade de contrastes, que a gente ve o impacto da guerra em cada esquina - furos de bala ainda nas paredes dos predios e muitos destes predios permanecem destruidos. E uma cidade que pulsa, tudo acontece ao mesmo tempo ja, os carros nao param no sinal vermelho e os pedrestes tambem nao! Tem pobreza, tem riqueza, tem caos e beleza. As pessoas sao super amigaveis e a comida e maravilhosa. O Libano e mutio pequeno, sao 200KM de norte a sul e somente 47 Km de leste a oeste. Beirute fica a oeste, na beira do mar, e qualquer lugar bem longe ja na fronteira com a  Siria, ou com Israel fica apenas a alguns 100km de Beirute. 

Um pouquinho de Beirute pra voces:

Hamra - onde minha amiga estava morando. E um bairro bem central, tem varias lojas e restaurantes. E tambem onde fica a melhor universidade do pais: a Universidade Americana de Beirute. Me senti em casa passeando pelas ruas de Hamra.

Downtown - essa parte era o centro da cidade antiga, antes de ser completamente destruida na guerra. Predios antigos lindos, com varandinhas, e cafes na rua num estilo frances deram a fama de ‘Paris do oriente medio’ a Beirute. Agora, eles recontruiram os predios, mas nao tem o mesmo charme, virou meio que uma cidade fantasma. A Mesquita de la (foto abaixo) e gigantesca e linda.

Esse predio queimado aqui embaixo era uma cinema, que foi completamente destruido na guerra e hoje virou um dos edificios simbolo de Beirute.

Mar Mikhael - talvez minha parte favorita da cidade. Mar Mikhael e uma especie de Santa Tereza, no Rio, com predinhos antigos e coloridos, onde os artistas tomaram conta. Tem varias galerias de arte legais, pequenas, low profile, varios bares e restaurantes transados, musica, e um clima super bacana. Fiquei la me perdendo nas vielas, passei horas e horas la e poderia passar tantas mais.

Beira do mar - a av Atlantica libanesa

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Anjar - a cidade foi construida no inicio do seculo 8, suas ruinas sao patrimonio historico mundial. E impressionante a nocao de planejamento que os povos antigos tinham, de arquitetura e drenagem. A cidade so foi descoberta por arqueologos em 1940, e as escavacoes ainda nao terminaram - estao paralisadas por falta de verba, mas ainda ha bastante coisa pra ser descoberta. Anjar fica quase na borda com a Siria, estavamos a 2 Km da borda nesse dia (aquela montanha atraz de mim na foto ja e na Syria). Nosso guia disse que a borda estava aberta para Damascus naquele dia, a capital da Siria, varias carros cruzando a fronteira e a vida seguindo normal, apesar de tudo.

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A orgia alimentar

O almoco com a familia libanesa - um capitulo a parte! E tudo ma-ra-vi-lho-so!

Eu, Raja, mama e Fida (prima da Raja)

Limonada libanesa, a melhor da vida! com hortela...

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O vinho do Bekaa Valley

O Libano tem vinhos maravilhosos, principlamente na regiao do vale Bekaa, onde a maioria das viniculas e situada. Fomos visitar o Chateau Ksara, a mais antiga e tradicional das viniculas libanesas. Ja tinha experimentado o vinho tinto deles em Londres. Aqui tive a oportunidade de provar varias outros, eles tem vinhos de sobremesa deliciosos e Rose tambem. A vinicula e uma raridade - o lugar que os vinhos ficam e uma caverna natural, descoberta pelos monges, com ventilacao natural, o maximo! Comprei 6 garrafas - so nao comprei mais porque nao cabia na mala!

Raja e Jana, minha fofinha