Tumgik
sedness · 5 months
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No meio de um dia qualquer eu leria para você alguma frase boba que te escrevi mais cedo; prefiro tudo dito pela sua voz, mas te confessar o que sinto me faz parecer mais forte. Até implico com sua memória que carece de atenção aos detalhes que gritam em meu ouvido, mas te narraria cada cena com o capricho dos meus olhos que vivem para enxergar tudo em câmera lenta... só para te aproveitar mais um pouquinho. Realçaria a beleza que tem essa implicância que determinadamente é proposta por você sobre algo que finge ter desconhecimento, mas que ontem mesmo vivi contigo. Veria graça na sua distração, e não me chatearia por suas mudanças súbitas de assunto. Não te alcançaria, tampouco; somos melhores do que isso. Habitaria nesse silêncio com você, apenas para rompê-lo com o som mudo do toque. Desejaria mais do que me permitiria expressar... apenas para ir embora com saudades; e sonharia com você todas as noites, só para que cada reencontro contigo trouxesse um gosto de deja vu.    - O velho realmente sabia das coisas...  - Babe... me desculpe, mas você não está tão certa sobre ele quanto imagina. - Aqueles poucos centímetros nos afastavam enquanto eu te relia o capítulo apontado. Você parecendo distante dentro do jeitinho único de se perder completamente em uma imagem. - Quero dizer... Ele não é certo. Tão certo quanto sua percepção identifica. - Você apenas gesticula em negativa, surpreendentemente silenciosa sobre algo que provavelmente despontaria num discurso se eu pressionasse mais. Apenas um pouquinho mais.  - Você acha? - Perguntou quase distraída, carregando a velha petulância a despeito de ser tão determinadamente ardilosa quanto era.  - Eu tenho certeza. - A fitava desprezando as próximas linhas da prosa, o semblante carregando a feição que tinha tudo para me denunciar; o risinho peçonhento arranhando o canto da boca, o olhar que queria lhe sorrir, mas em vez disso a desafiava.   - Hum... Diga algo que não e eu ficaria feliz em mudar de ideia.   - E como pretende fazer isso? - E então cerrei o livro em minhas mãos, a fitando como quem avalia as opções disponíveis, mas certo desde o primeiro instante da escolha.   - Ainda não sei, mas dou um jeito. - Seu corpo quase completamente submerso na banheira provocava pequenas ondulações nas espumas de sabão, seu sorriso se abria para algo que secretamente pensava e que àquela distância me era impossível acessar.  - Pois bem! Virei com uma lista então. Cada argumento seu que eu quebrar, tu me tira uma peça de roupa. - E está tão certo assim sobre ser convincente? Porque eu já estou pelada... Quer dizer que para esse joguinho ter alguma graça você precisa ser bem, beem persuasivo.   - “Por mínimo que seja o que um homem possua, sempre descobre que pode contentar-se ainda com menos.” - Suas sobrancelhas se unem sutilmente como se pegasse uma ideia pela metade.  - O que é isso? - Perguntou, enquanto eu me levantava do banquinho e me despia da regata, exigindo seus olhos com a mesma audácia autoritária que te faria, mais tarde, entender o porquê de jamais conseguir explicar a dualidade emocional que entraria em embate sobre os sentimentos por mim.  - É a primeira coisa que o velho está errado; como eu me contentaria com qualquer resultado que não me entregasse você? 
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sedness · 5 months
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Silencie seu orgulho e me escuta... apenas dessa vez. Finge que não sou interessante por te apresentar um lado que gosta em si mesma. Toca a minha pele porque te agrada o calor que emana do meu peito, e não porque meu abraço afasta seus calafrios. Olha nos meus olhos e diga o que vê, mas só depois de ignorar os tons nublados que pincelam o inverno do meu olhar. Pergunta-me por que me desagrada o verão, mas me encanta explorar o céu-azul da sua boca. Pense um pouco mais sobre o motivo de eu não querer te explicar meu mundo, minta quando descobrir que é muito mais interessante o universo descrito pela sua pupila. Compreenda meus silêncios que concordam com suas excessivas palavras e, por favor, continue a falar, mas só porque tudo o que toca seu paladar me soa como a coisa mais deliciosa que provei na vida. Quando o tempo do relógio disser que é tarde, entenda que ele provavelmente errou a hora; não existe um intervalo matemático para o cronômetro do coração, e um dia você descobre que o amor é sempre agora - a interminável retórica de um verbo conjugado no presente do indicativo. Relembre que eu nunca te olhei de cima, mas sua atenção me desafiava enquanto você se protegia de alguém que nunca teve a intenção de te machucar. Não demorei a entender seu medo de ser incompreendida, mas nunca decifrei sua necessidade de se explicar. Provavelmente o receio de nunca ser vista era o que te escondia entre tantas camadas reticentes e intenções distorcidas. Eu nunca quis mais ou menos do que recebia. Meu desejo sobre você era linear, uma linha reta não-montanhosa cujo percurso eu conhecia bem. Gostava do fogo com o qual suas ambições eram banhadas, do tom cálido que seu timbre se revestia em intensidade toda vez que se empolgava, e dos suaves, discretos e delicados gestos que me entregam, hoje, o gosto da saudade. Ensaiei algumas vezes a sensação do beijo que morreu na promessa. Senti o franzir das sobrancelhas denunciarem uma indignação desconhecida, e as bochechas corarem em rosa as covinhas que aliviam o semblante sempre abstraído quando me perdi tentando encontrar as borboletas que sambavam em mim toda vez que você chegava. Eu tenho que falar desse jeito porque é como você entende; usando um termo que faz sentido apenas para nós e dessa forma não preciso colocar como título o seu nome. Sempre vi muito movimento nas nuances de suas intenções, era claro que suas investidas não entregavam metade do que povoava sua mente tão desinibida, mas ainda assim, me pego curioso imaginando o que você pensava quando queria me tocar, mas se negava. Permiti que você me lesse, mas jamais considerei que possuísse uma solução para o meu caos, e tampouco temi que seus lábios não compreendessem meu idioma. Não existia algo que fosse seu que eu quisesse para mim, e mesmo assim, eu compartilharia contigo os mais preciosos segredos sobre a vida. Era louco... porque hoje tão cansado e talvez despreparado para a fome que se espera ter da vida, você fazia sentido para mim e mesmo sendo tão diferente, eu te via e te enxergava em detalhes que você despercebidamente me confiava. Veja... Eu nunca tentei te contornar. Nunca procurei, se por capricho ou ousadia, mistérios indecifráveis nas linhas que 
escreviam todas as coisas jamais declaradas. Você era isto! A sensação de um dia ensolarado temperado com ventos de frio intermitente, que não te faz refletir preocupações inventadas; se muita ou pouca roupa. Uma atmosfera perfeitamente construída para te convencer de que, sim, sempre haveria clima entre nós. Com você, as horas voavam como segundos, e me sentir menino não me acovardava com a sensação de me apresentar na inocência boba de uma criança, em vez disso, iluminava-me com as doces alegrias que coloriam a infância e a excitação sempre precoce demais e muito à vontade com planos que nunca passaram de ideias. Uma vez te disse que era fácil se apaixonar pelo potencial de coisas que “tinham tudo para dar certo”, mas com você nunca foi assim; tínhamos algo que dificilmente eu saberia dizer ser cedo ou tarde demais. Eu simplesmente desfrutava de cada coisa peculiarmente inusitada que em você parecia resgatar uma nova definição para o conceito de intimidade. Era confortável me reconhecer numa história que você narrava de um modo que nem me fazia sentir sábio ou mais experiente, apenas especial. Era gostoso o fato de pertencermos ao mesmo lugar. Eu não trocaria nenhum daqueles momentos em que me observei perdido no foco da presença que trocávamos por qualquer ideal de futuro juntos. Você é linda como a arte deve ser, e talvez por isso viva com a impressão de estar sendo perseguida por indefinições e mal-entendidos que jamais fariam jus à sua essência. Amei a estética do nosso encontro desenhar linhas que tinham tudo para ser destino. Você é fascinante.  
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sedness · 5 months
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- Hum... mas não sei se concordo com você. Além do mais... posso estar aqui e decidir ir embora num piscar de olhos e você jamais poderá fazer algo sobre isso. - Eu sorri, porque sua forma de assumir conclusões que sequer passaram por minha mente me divertia, afinal, e se eu pudesse? A consideração desenhou um traço fino na meia lua de meus lábios umedecidos, e sustentei seu olhar audaciosamente mais vaidoso que o meu. Seu ar pentelho e sempre provocativo fazia-me cúmplice dessas mesmas intenções desafiadoras, e por isso as sobrancelhas se ergueram como quem diz: Você acredita mesmo nisso? - Duvida? - Ela disse, forjando um duelo a partir de seu avanço felino, disfarçando o flerte na fingida tentação de resistir aos próprios impulsos. Seus passos a conduziram até mim, que acomodado sobre o sofá, afastei as costas do estofado precipitando sua chegada, e assim ela se encaixou em meu colo, os seios rasteiramente pressionando meu corpo, os braços cruzados ao redor do meu pescoço jamais fazendo menção para que eu me aproximasse, mas seu toque quente na pele que já ardia em antecipação me fazia quase verter em direção ao róseo de seu lábio orgulhosamente satisfeito e tão próximo ao meu. Senti seu peso ceder ao passo em que arrastava o quadril para frente, esfregando-se em mim a ponto de me roubar um suspiro ingrato por sua natureza involuntária; Sentada em meu colo, ela sabia que me possuía e que dessa forma arrancaria, inclusive, o que nem quisesse de mim. Desvencilhando os braços, ela usou a palma para me fazer encostar outra vez contra o móvel, empurrando-me pelos ombros apenas para massageá-los em seguida, logo contornando a extensão dos músculos que delineavam o peitoral. - Cuidado com essa confiança... - Minha voz apesar de baixa e rouca era também brincalhona e saía em tom de advertência. Minhas mãos faziam o caminho de suas coxas até o quadril, acompanhando a letargia de seu galgar manhoso quando ela seguia o caminho suntuoso das palmas ao despontá-las sobre meu abdômen, começando a brincar com meus sentidos ao me percorrer em círculos. - Às vezes nem demora e você percebe que o que quer mesmo é... ficar. - A essa altura ela mordia o próprio lábio inferior cobiçando evitar um sorriso que a derrotaria, mas o olhar desejoso se mesclava ao dulçor típico do afeto; aquele jeito que só os olhos são capazes de confessar quando se ama. Meneou a cabeça sutilmente em negativa, quase que ingenuamente desacreditada de algo que preferiu me esconder, mas que eu suspeitava se tratar da mesma descrença sonhadora que me fazia questionar se aquilo (nós) era mesmo real, e em contra partida, eu um pouco mais tolo, permitia um sorrisinho no canto da boca já muito consciente de que o amor é aquilo que se joga para perder. - Ah, é? E quanto tempo leva? - Infiltrando as mãos através da barra da minha camiseta, seus dedos acariciavam distraidamente a pele sob o tecido e a sensação de seu afago perturbava a lucidez de meu raciocínio. - Às vezes uma tarde inteira... - Eu disse, erguendo-me lentamente em sua direção enquanto eu a puxava contra mim. - Outras vezes... já no primeiro segundo.
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sedness · 5 months
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Perdoe minha presunção... sei que tenho muito disso, por isso te escrevo sem nunca escrever para você e me iludo com a percepção vadia de que você se interessaria por essas palavras. Veja... Hoje não falo a partir do saber. É a voz de um coração meio calado que te alcança, porque sigo com a impressão de que já vi demais de tantas coisas, e ainda assim, nada se compara com a sua chegada; aquilo confortavelmente inusitado e inesperadamente encantador. Ando me flagrando maravilhado com a raridade da nossa conexão, porque em poucos dias estava ridiculamente afeiçoado a você. Adorava te ouvir (as cenas eternizadas dos nossos diálogos enormes ainda me despertam sorrisos bem camaradas) e passar o dia contigo batia qualquer programação luxuosa. A sua presença me abraçava. Não nascemos de um vínculo ferido, mesmo porque tudo sobre você emanava força, mas são engraçadas as recordações que hoje me tocam como acordes e vibro na mesma sintonia daquela noite em que fui notado por você. Queria conversar contigo sobre essas coisas, e outras. Queria entender, queria te perguntar... O que é que você tem que me tocou tão honestamente? Que eu até queria ser bom, mas estava tudo bem ser meio errado. Que você era ótima, mas todas suas imperfeições não me eram misteriosas. Suspeito até da minha sincera admiração por tudo a seu respeito. Sua grandeza tampouco me assustava, e indo contra qualquer expectativa (porque eu estava sendo dolorosamente genuíno)... nas suas palavras, o grande era eu. Por algum motivo a dominância era importante para você que de modo algum quis ser pequena comigo. Se é que existe um fio que estreita nossos destinos, mais uma vez o meu me levou a você... Impulsionado por um estranho ímpeto de força: Lá você estava. Sem minha intenção sequer ser sobre ti, sem nem te procurar ou estar à procura de qualquer coisa... Está ficando difícil acreditar que o universo não conversa comigo, e nem é porque trago qualidades suas para personagens que invento em diálogos que nem chego a escrever, mas porque com você era real, tão real que virou uma referência entre tantos "quases" que vieram depois de você... aquilo que parece que vai "clicar", mas nem faz cócegas. Sei que li o livro que indiquei para lermos e a narrativa parecia caçoar de mim. (Porque ela fica com ele e eu sofro com o protagonista o alívio de um primeiro amor abnegador.) Por algum tempo essa falta; a de permanecer onde eu deveria estar; que é nesse lugar em que meu coração se perdeu e para onde minha mente viaja quando acha que poderia amar outra vez.
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sedness · 5 months
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Eu te amo, e é por isso que eu devo partir. Porque vivo assombrado pela sua falta que quando me encontra sozinho, consola-me com o afago desse mesmo desatino que me distancia de você; eu repito a dor de te lembrar porque te esquecer acabaria comigo. Respiro esse ar que sequer parece vida, insistente no pecado de não trazer seu cheiro para mim. Eu toco tudo que não é você e estranho a essência da minha pele que rejeita se aliviar de qualquer ternura que não me aproxima da sua. Caminho solitário por um destino que te prevê ao meu lado, cada passo no assoalho divagando ao som de uma música que nada canta senão o que falhei em te declarar... ou meus momentos preferidos contigo. Penso em você nas noites mal dormidas. Nas que durmo bem... mais ainda. Te conheço sem te conhecer, sei das suas entrelinhas que preservam meu nome. Me sirvo de mais cerveja que dissimula a embriaguez pelo sabor da sua boca. Eu devo partir porque apenas posso imaginar... ser envolvido nesse abraço que encaixa seu corpo dentro do meu, imortalizando em uma carícia um milhão de silêncios que custam a calar no corpo o que eu confessaria melhor sem roupa; me aprofundar no outono de seus olhos castanhos e me perder dentro de casa. Fazer-me malditamente refém e eternamente interessado por cada palavra que sai da sua boca. Existo na maldição desse amor que me convence ser melhor contigo, quando com qualquer outra me sinto desacompanhado. Por um segundo que eu descobriria ser eterno, anseio receber o pior castigo, ter meu peito rasgado e ser completamente consumido pelo vicioso ciclo dessa dor. Me abasteço dessas possibilidades que me vestem como exigências, e me custa digerir o amargor da realidade sem você; Ardo em esperança, me percebendo ser absorvido por esse fogo e me surpreendo, perdido, no incêndio de seu silêncio perturbador. Seus olhos são meu reflexo, e é por isso que preciso ir... Cada vez me reconheço mais em sua bagunça. Anseio tanto quanto temo... me acostumar com qualquer ideia de nós e a possibilidade de minha vontade ter inventado a sua. Me adoeço dessa necessidade e para todos os sintomas a emergência é de você. Apenas preciso ir... Pois me castiga entender que isso nem faz sentido, mas que também não interrompe o meu querer... e antes que seja tarde demais até para dizer adeus só pelo sabor de te reencontrar meio que despercebida, mais tarde, enquanto carrego metade da nossa história escrita num idioma que apenas minha pele na sua traduziria. Repito baixo que preciso ir, porque em voz alta confesso que eu te amo enquanto me perturbo com a possibilidade de você ouvir... Eu preciso ir... Uma súplica presa na garganta, enganado pelo delírio dessa fuga imaginária que falha ao esconder que o caminho entre o coração e a boca só me entrega você.
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