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segredinhosblog · 4 months ago
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D,
há três anos não toco tua pele, não vejo seus olhos brilhando, que não escuto sua voz sem a interferência de um telefone, que não te abraço a procura de abrigo. E ainda assim, você ainda está comigo. Nas nossas trocas de mensagens, que em determinados momentos se tornaram/tornam diárias. Na forma como eu sempre penso em contar as coisas pra você primeiro, como se nada tivesse mudado. A maneira que eu lembro de você, que eu desejo compartilhar contigo cada vez que estou em algum lugar que eu considero especial. Nos meus pensamentos, em cada silêncio que eu sei que você entenderia. Você me lê nas entrelinhas, ainda me entende quando nem eu mesma consigo me explicar. Como posso então dizer que te perdi?
Mas, ao mesmo tempo, você não está aqui. Sinto falta de estar diante de você, de perceber as tuas pequenas expressões que nenhuma mensagem consegue traduzir. Sinto falta das tuas mãos segurando as minhas, do teu abraço que sempre foi meu lar. Sinto falta de estar do teu lado sem precisar de um motivo, sem precisar de uma tela nos separando (como nos velhos tempos de mais de dois mil quilômetros de distância). E é nesse espaço entre o que temos e o que nos falta que a minha saudade cresce. Há um vazio nisso que mensagem nenhuma consegue preencher. Há dias em que acho que a falta que sinto de você vai se tornar maior do que eu consigo suportar. Quando imagino sua risada e percebo que a última vez em que a ouvi de perto já está distante demais na minha memória. Quando tenho vontade de deitar minha cabeça no teu peito e lembro que tudo que eu tenho ao alcance é uma tela fria, que nunca vai poder devolver o calor que eu encontrava em você. A gente se tem, mas não se tem inteiro, não se tem o suficiente. E eu me pergunto se um dia isso vai deixar de doer.
Talvez estejamos presos em um meio termo impossível. Perto demais para sermos apenas uma lembrança, longe demais para sermos de novo o que já fomos. Seguimos um na vida do outro, mas como sombras do que poderíamos ter sido, como um eco constante de algo que ainda pulsa, mas não se materializa. Há noites em que releio nossas mensagens e me pergunto se você sente a mesma angústia, esse mesmo desejo de romper a barreira invisível que nos mantém separados. E eu não sei o que dói mais, aceitar que essa é a única forma de ainda te ter, ou desejar algo que talvez nunca aconteça. É por isso que continuo aqui te escrevendo, como se as minhas palavras pudessem encurtar o que quer que seja que nos separe. Como se de alguma forma, elas pudessem trazer você mais pra perto. Mas será que isso basta? Porque, para mim, há algo incompleto em existir apenas assim, do outro lado de uma tela, sem jamais cruzar a linha que nos separa do reencontro. Às vezes, me pergunto se, no fundo, estamos nos protegendo, se evitamos nos ver porque sabemos que, no instante em que estivermos frente a frente, tudo o que tentamos controlar pode desmoronar. Talvez seja mais fácil manter essa distância segura, onde podemos fingir que nada mudou, sem precisar encarar a verdade crua de tudo o que ainda sentimos. Mas, amor, até quando?
Porque a verdade é que ainda te espero. Espero o dia em que você não encontrará mais desculpas pra adiar o inevitável. E se esse dia nunca chegar, se seguirmos presos nesse quase, nessa proximidade incompleta, pelo menos você sempre saberá que mesmo com o passar dos anos, mesmo com a distância, uma parte de mim ainda é sua e sempre será.
tua Liss.
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segredinhosblog · 5 months ago
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D,
eu nunca fui alguém que segue a manada você sabe), portanto não vou escrever - ou tentar desejar - sobre te deixar em 2024. Eu estaria mentindo pra mim, pra você e pra qualquer outra pessoa que eventualmente possa ler o que te escrevo. Sempre que olho pro passado, minha vontade de te ter no presente só aumenta. Eu deveria estar tentando me convencer do contrário? Como eu posso genuinamente desejar não amar mais você, quando tudo que eu quero na verdade, é poder te amar sem precisar medir esforços? Se uma fada madrinha - ou o gênio da lâmpada - aparecesse agora querendo realizar meu maior desejo, a ideia de ser feliz não amando mais você nem me passaria pela cabeça, ela seria facilmente apagada pela ideia de poder passar uma vida inteira (como eu sempre imaginei) com você. E eu entendo que você não acredite em nada do que eu diga, porque pensando bem, a confiança que tínhamos um no outro era a coisa mais preciosa que nós carregávamos na nossa relação. Eu sempre confiei a minha vida nas suas mãos e você confiava a sua vida nas minhas, e eu simplesmente arruinei tudo. Como sempre faço. Eu estrago tudo. E a parte triste, é que se você buscar lá nas memórias que nós tentamos esconder no sótão das nossas cabeças, eu sempre disse que estragaria. Esse fantasma me assombra até hoje e se eu não consigo me perdoar pelo que eu fiz, como você poderia? Mas você consegue pelo menos entender minha agonia, minha negação? Eu ainda amo você, com todas as minhas força e admitir que nada disso é o suficiente mais - por minha causa - é assustador. Me dá vontade de gritar. Implorar. Me deixa te amar, mesmo que você não me ame mais, eu consigo amar por dois, por favor, me deixa te amar, mas amar de perto, de muito perto. Nada na minha vida é mais importante do que isso, amar você. Nada importa mais que você e o maior erro que eu cometi na vida foi achar o contrário. Eu rezo, para que um dia, você me deixe consertar. É tudo que me resta, acreditar que a vida se encarrega, que o destino se faz cumprir e que você e eu “somos pra ser”. Como eu sempre acreditei. Eu também acredito que o homem que um dia me amou acima de qualquer coisa, ainda está aí em algum e é pra ele que peço o que estou prestes a pedir; promete pra mim que ao menor sinal de fagulha do teu amor por mim, você vai se agarrar a ela? Por favor. Você promete? Eu ainda to aqui - after all this time, always and forever - e eu vou ficar, pelo tempo que for necessário, até você perceber que nosso amor permanece como sempre dissemos que ele era, maior do que qualquer coisa.
happy new year, love.
eu continuo aqui. depois de tantos;
Liss.
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segredinhosblog · 6 months ago
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D,
Merda! Eu não sei porque só consigo fazer isso - escrever - quando me direciono a você e tenho quase certeza que da última vez prometi nunca mais te escrever. Talvez seja meio igual ao seu lance do Chico Xavier, mas ao invés de receber cartas de quem já morreu eu escrevo pra quem já se foi, porque de certa forma a pessoa pra quem eu costumava escrever desde o início de tudo também já se foi. Aquele que primeiro foi meu melhor amigo e me compreendia como ninguém nunca mais chegou perto de compreender, e depois o amor da minha vida que por anos se sensibilizou com cada palavra que saía da minha boca ou dos meus dedos. Eu não tenho mais nenhum dos dois. Em contra partida ganhei um “desafeto” - jamais de minha parte - como presente daquilo que plantei e me vi obrigada a colher. Enfim, toda essa enrolação pra dizer que talvez você tenha razão, talvez todo mundo que faça parte ou tenha passado pela minha vida ficaria melhor se eu simplesmente deixasse de existir (soa até poético). Inclusive eu.
A sensação que tenho é de ter nadado contra a maré a vida inteira, e o que me pega é a dúvida eterna, existe sequer uma ilha? Sou constantemente assolada pelo pensamento, “por quanto tempo mais eu vou aguentar continuar nadando até que eu não aguente mais?”. Nesse caso, a distância percorrida fará alguma diferença? Porquê eu ainda insisto? Se eu já com certeza já perdi a fé na vida e ando perdendo até a “fé na morte”, aquela que eu costumava ter o suficiente pra me denominar “entusiasta do universo” no que se trata do que pode acontecer depois que a gente morre. Hoje, às vezes, me pego rezando para que não se tenha nada, que tudo que exista seja o inexistente. A graça nisso tudo - se é que se possa tirar alguma graça - é que essa também era a única “opção” que eu dizia antes pra quem quisesse ouvir, que eu me recusava a aceitar, mas pensando bem agora eu acho que realmente gosto da ideia de simplesmente não existir mais, de não precisar carregar mais o fardo de ser quem sou.
E eu sou um diagnóstico, passo 70% do meu tempo em depressão, me auto destruindo e 30% em estado de mania, destruindo aqueles que estão a minha volta e a minha vida, o que no final das contas é mais ou menos como me auto destruir. É exaustivo. Como sobreviver em meio a tantos remédios? Como sobreviver sem os remédios? O que sobra no meio disso? O que resta de mim? Do que eu sou feita? Eu realmente não sei. O que eu sei, é do quanto eu canso as pessoas - as que mais me amam - até que elas deixem de me amar. O que eu sei, é que eu sou uma bomba relógio, inclusive estatisticamente falando. O que eu sei, é que eu sinto - desesperadamente - falta de ser livre, inclusive do que sou agora. E eu não faço ideia do que fazer com tudo isso, se é que isso seja tudo. Eu não sei nem o que escrever no final dessa carta de merda.
de fato não existe mais uma Liss,
não existe ninguém e eu só permaneço te endereçando essas cartas por puro hábito.
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segredinhosblog · 9 months ago
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No alvorecer de um dia, você foi o meu raio de sol. Nas noites mais escuras, você foi a luz da lua. Talvez você não entenda o teor dessa mensagem, ela tem toques de saudade, que você não pode ver. Andarilha da vida, filha do mundo, olhos no além, me sinto tão perdida, aquém. Talvez nessa miragem, eu encontre a sua imagem e possa te ver pela última vez. Eu sei que você não entende o teor dessa mensagem, com toques de saudade, abro agora o coração. Fui andarilha dos sentimentos, indo e vindo com o vento, a brisa suave hoje me mostra a direção. Você foi o sol e a lua, e o teor dessa mensagem talvez te toque à flor da pele, a minha verdade.
@cartasparaviolet
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segredinhosblog · 9 months ago
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D,
O primeiro lugar que nos vimos pela primeira vez, foi em uma rodoviária. O segundo lugar que nos vimos novamente pela primeira vez, foi em um aeroporto. Se eu me concentrar, ainda consigo sentir a mesma emoção, o nervosismo, a timidez e a bagunça que essa mistura fazia no meu estômago e em todos os meus sentidos, em ambas as vezes. A última vez que nos vimos, se não me falha a memória, foi no bar que eu costumava frequentar de segunda a segunda, não consigo me lembrar de quase nada desse dia, mas lembro como me partiu o coração em mil pedaços. Eu tenho uma cicatriz na perna direita porque machuquei a perna minutos antes de te ver. Ou minutos depois (eu realmente não lembro de quase nada desse dia). Vira e mexe eu olho pra ela e lembro desse dia e de como me senti péssima pela maneira que você me tratou. E pensando bem, eu me senti péssima com a maneira como você me olhou. Todas as vezes. Depois de tudo. Também teve aquela vez na ponte. Poder olhar pra você e não conseguir - desvendar - reconhecer o seu olhar. Saber que tentar falar não faria nenhuma diferença e ter que simplesmente continuar seguindo meu caminho - contrário ao teu - como se a dois segundos antes meu coração não tivesse se partido em mil pedaços. Mais uma vez. Penso. Penso. Penso. Ou será que a última vez que realmente nos ~vimos~ foi quando você passou pela última vez na porta da casa que costumava ser nossa? Acho que você não me enxerga mais. Literalmente. Por isso não consegue perceber diferença em todas as vezes que te escrevi, dizendo que eu sempre falo a mesma coisa com palavras diferentes. Eu tô rindo exatamente agora porque essa foi uma das coisas mais absurdas que você me disse nos últimos tempos. E você me disse ~algumas~ coisas absurdas várias vezes. E eu sei que você deve tá pensando exatamente agora que eu também disse muitas coisas absurdas, muito mais do que você, mas a realidade é que essa carta é muito mais sobre mim do que sobre você. Do quanto eu precisei cavar fundo várias e várias vezes, pra me libertar do que me prendia na lama e por muitas vezes depois de passar horas cavando, ter que velar “pedaços” de mim. De ter que precisar me apegar a todas as vezes em que você me menosprezou, me tratou com desdém e enfiou os dedos bem no fundo das minhas feridas consciente do que estava fazendo, um certo toque de sadismo convenhamos. Precisei mesmo te amando, e não tendo conseguido te odiar até aqui, entender que eu também - sempre tive - tenho motivos pra te odiar. Muitos. Independente de como você se sinta com relação a mim, como eu reajo as minhas emoções e à coisas que só doeram em mim, não estão no seu controle. Digamos que eu consegui, finalmente odiar você, ou simplesmente não ligar. Foi um processo aterrorizante, mas extremamente necessário. Talvez eu tenha te enterrado no buraco imenso que precisei cavar pra conseguir sair do que me prendia a você. Antes da fênix renascer ela precisa queimar e virar cinzas, depois de todo esse longo processo, aí sim há vida novamente. E eu lembro como se fosse ontem do dia primeiro de setembro, quando senti LIBERDADE com todas as letras e a sonoridade que essa palavra belíssima carrega. Não sei te dizer o que mudou, mas algo mudou. Dentro de mim. Essa liberdade me consome de um jeito bom e faz com que eu me priorize como nunca me priorizei antes.
Você me pediu pra não falar com você no dia do seu aniversário e já antes disso, tudo desandou mais uma vez. Não se engane, foi uma aflição a cada dia que nascia e morria, pra nascer outro dia de novo, de novo e de novo. Acho que foi aí que começou pra valer o meu detox de você. Até que foi chegando cada vez mais perto. Duas madrugadas antes e por um triz eu não cedi ao desejo de escrever pra você. Até que chegou o dia 29 de agosto, e de repente não importava mais. E agora eu tô me perguntando até que ponto isso daqui que eu tô fazendo agora importa também. Nossa história foi linda, nessa vida e nas outras, pelo tempo que tinha que ser. E talvez ainda seja em outros universos, outras dimensões. Mas nesse planeta chamado terra, acabou. Precisa acabar. Eu finalmente tenho a força e a coragem necessárias pra enterrar doze anos de história. Doze anos em que eu nunca deixei de te amar por um segundo que fosse. Doze anos em que eu tentei arrancar meu coração do peito e te dar toda vez que te escrevia, ou em todas as outras coisas que eu fazia pensando em você em cada detalhe, pra ver se voce conseguia entender pelo menos um pouquinho de como amar você me consumia. Assim como tô fazendo agora. Só não faz mais sentido. E talvez nunca tenha feito. Acho que você nunca entendeu. São doze anos ué não voltam mais. Os tempos não serão os mesmos, e nós ainda menos. Já não somos. A ironia é que no meu processo de emergir em mim mesma, talvez eu tenha voltado doze anos atrás. Me sinto cada vez parecida com quem eu era sem as dezenas de interferências que vieram. Apenas eu, em minha mais pura essência. Desafiadora. Livre. A que existia antes de você cruzar o meu caminho e eu cruzar o seu caminho. E eu gosto cada dia mais dessa versão de mim mesma, e de fazer o que me agrada. Eu continuo não tendo desistido do amor, ainda acho que um dia ele vai olhar pra mim como eu sempre olhei pra ele e então não vai precisar ser/parecer uma luta. Eu sei que mereço alguém que não faça meu coração se quebrar em mil pedaços repetidas vezes enquanto finge que nunca me feriu. E eu confio nisso cada vez mais. É como se o universo sussurrasse nos meus ouvidos todo fim de tarde pra eu ter calma, mas algo vai acontecer quando eu menos esperar. Também penso que você mereça alguém melhor do que eu, alguém que seja exatamente como você imagina e deseja. Você tem razão em uma coisa, nós não nos fazemos bem e já faz algum tempo. Terminar essa carta com um “seja feliz” além de soar clichê seria brega e impessoal demais pra tudo que vivemos até aqui e que se encerra aqui. Viva a sua vida da melhor forma possível. Eu farei o mesmo.
nós não nos pertencemos mais,
Liss.
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segredinhosblog · 11 months ago
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Estou condenada a amar você. É a grande verdade, sem floreios ou meias palavras. Condenada a reviver constantemente um amor que já foi condenado pelas circunstâncias e enterrado pelo tempo. Pra você. Ainda assim, um caso perdido. Não existe palavra no mundo, textos, livros inteiros, capaz de mudar algo aí dentro de você. Acho que perdi meu dom de mexer contigo, ou você finge muito bem. Eu deveria odiar você. Você me odeia e qualquer coisa que eu pense diferente disso é invenção da minha cabeça. Se eu te odiasse, você seria ninguém pra mim. Eu odeio diferente de você. Você simplesmente deixaria de existir na minha mente de um minuto pra outro e eu nunca mais me perguntaria por onde você tem andando. Mas você insiste em continuar sendo a coisa mais preciosa que guardo em mim, comigo. E eu me pergunto com bastante frequência por onde você tem andando. Você é como saudade de domingo que ocupa a semana inteira. Hoje, eu pensei em você o dia inteiro. Obsessivamente. Ontem também. Muito mais do que eu gostaria de admitir. Dois anos, sete meses e sete dias de saudade. Tempo suficiente pra saber que uma das maiores mentiras universais já contada na história da humanidade, é que o tempo cura. Tem uma música da Maria Gadu que diz “sinto que o tempo da cura tornou a tristeza normal”. Eu sou a prova de que o tempo nada cura, só normaliza o que nunca deveria se tornar normal. Nada se curou por aqui. Sempre que me perco nos meus pensamentos, encontro você. Tendo motivo/razão ou não. Em cada lugar novo que eu vou, ou nos que passo rotineiramente, cada música que eu escuto, cada livro que leio, coisas que faço, tudo tem um pedacinho de você. Ainda assim nada parece suficiente pra mudar algo aí dentro de você. E a lembrança de que você não está mais aqui é persistente em me atormentar. O sentimento de impotência me consome. Nada esta ao meu alcance. Me pergunto, como o vazio pode doer tanto? Como pode o vazio parecer tão grande e assustador? Eu deveria esquecer você. A grande questão é, como? Você é uma eterna agonia que arde em mim, que tira a minha paz, meu equilíbrio. Um amor teimoso, amaldiçoado, que me devora lentamente de dentro pra fora. E ainda assim eu faria qualquer coisa pra me ver novamente através do castanho dos seus olhos.
voce ainda bagunça tudo aqui dentro de mim,
Liss.
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segredinhosblog · 11 months ago
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How do i say i miss you in a way that will make your heart ache as mine does?
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segredinhosblog · 11 months ago
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Existe um ditado que diz que não se entra duas vezes num mesmo rio, porque quando se entra no rio pela segunda vez, já se modificou o rio - as águas que nele passam - e a pessoa. Você sempre diz que mudei, que não sou mais a mesma, e provavelmente tem razão. Não somos mais os mesmos e jamais seremos. Nós dois e as quase oito bilhões de outras pessoas que existem no mundo. Tanta água já se passou no meu rio, as vezes enchente, as vezes seca. Eu não sou mais a mesma, mas o que eu realmente amei até aqui permaneceu. Você. O mar. Distintos um do outro e de qualquer coisa que seja. Únicos. O mar é um universo inteiro, existindo bem embaixo do nosso nariz, sua “maior parte” ainda inexplorada. Você também é um universo inteiro, que esteve diversas vezes diante dos meus olhos, que eu pude explorar minuciosamente mesmo que por tempo insuficiente. Fico pensando, até que ponto as águas que passaram no teu rio, tornaram as partes por onde já passei, hoje inexploradas por mim? É a “maior parte” ou ainda não? Quanto eu ainda conheço de você? As vezes sinto que muito, as vezes sinto que quase nada. Será que o que você realmente amou ainda permanece o mesmo? As vezes eu sinto que sim, as vezes eu sinto que não. Sei que pode parecer clichê, mas as vezes me pego pensando, quem é você quando ninguém tá te vendo e não tem ninguém além de você e a sua consciência? Você se permite pensar em mim? Você se permite sentir minha falta? Se permite pensar que talvez - e só talvez - você não me deteste tanto assim? No silêncio da madrugada eu me permito sentir. A dor, a saudade e a delícia de ter vivido esse amor, que pode ter se transformado em cinzas, mas as brasas - teimosas - ainda ardem em mim. Talvez você esteja errado. Talvez o universo continue conspirando a nosso favor, ao contrário do que você prefere pensar ultimamente. Todas essas indas e vindas de confuso propósito, os pensamentos, os sonhos, o cheiro e as brasas,eu a um passo de parecer uma doida completa ainda insistindo em “sabe-seláoque”. Sei que pode parecer loucura, mas gosto de pensar que isso ainda é o universo nos dando oi, ou talvez seja o que você tempos atrás chamou de "o poder do amor" (por mais cafona que isso soe), curando aos poucos, quase imperceptivelmente, fazendo o inajeitável se ajeitar. Você tá errado quando diz que o amor é reservado apenas para os adolescentes (e eu sei que você sabe). Me liga. Diz que tem saudade. Amar é pros que tem alma e coragem, D. E eu prefiro acreditar que nós dois ainda possuímos os dois.
Depois de uma cerveja e três baseados,
da sua Liss.
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segredinhosblog · 1 year ago
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D,
eu tô chapada. E eu sei exatamente o que você pensou assim que leu a primeira frase que eu escrevi, “e isso é porque ela disse que nem tava fumando direito”. Mea culpa! É sexta feira, são onze e quarenta e sete da noite, quarenta e oito agora, e o pulo do gato é: eu estava ansiosa no trabalho, doida pra vir embora logo e poder escrever pra você. Porque? Honestamente não sei, eu tô até com raiva de você. Mas tem esse livro que eu ando relendo que tá me dando nos nervos e me deixando ansiosa. One day, a história de Emma Morley e Dexter Mayhew. Inclusive, um dos meus livros de romance preferidos da adolescência. Eu só não sei exatamente aonde eu estava com a cabeça quando decidi que ele era um dos meus livros preferidos, quando atualmente ele é um livro que me causa extrema aflição a praticamente cada página. Ele é mais sobre frustração e desencontros do que sobre qualquer outra coisa. Os diálogos, a trama, o enredo, se desenvolvem mais sob a distância de Dexter e Emma. Basicamente deixa explícito como eles foram ficando cada vez mais distantes e suas vidas foram se desenvolvendo cada vez mais distantes uma da outra, enquanto ambos permaneciam de certa forma estacionados ao pensarem nas possibilidades do que poderia ter sido, e que *spoiler* demorou quase uma vida inteira pra ser. Porque? Eu não sei, talvez porque eles fossem burros? A verdade é que Emma Morley é uma chata e Dexter Mayhew é um babaca e não existe absolutamente nada de fascinante em nenhum deles, muito menos em suas vidas tediosas e desgovernadas. Pra quem olha desconfiado, talvez seja difícil até acreditar que eles realmente se amavam - por todo tempo - e fica fácil acreditar que Dexter recorreu a Emma por puro desespero de não saber mais o que fazer com a própria vida, quando já era quase tarde demais. Mas - e sempre tem um mas - o que deixa essa história tão triste que causa incômodo, é saber que eles realmente se amavam o tempo inteirinho e ainda assim não foi o suficiente pra curar a cegueira de ambos. Não sei se consigo explicar os gatilhos que esse livro me gera sem parecer pretensiosa, mas basicamente tenho medo que o mesmo aconteça com a gente. É o que sempre te pergunto, e se a nossa felicidade depender da gente juntos? É óbvio que a gente pode viver perfeitamente bem (entre muitas aspas) um sem o outro, dá pra seguir a ordem natural da vida, quem sabe até casar e ter filhos, mas nós seríamos realmente felizes? Será que vai chegar o momento em que eu vou simplesmente sumir da sua cabeça e você vai sumir da minha? O momento em que nunca mais, em nenhuma circunstância, você vai lembrar de mim e eu vou lembrar de você? O momento em que os nossos “e se?” vão deixar de ter o peso de uma tonelada?
O segundo gatilho que esse livro me desperta, tem a ver com a minha própria idealização tando da história, quanto dos personagens, e da dúvida que você levantou dia desses e ficou ressoando na minha cabeça, “E SE você se apaixonou por uma versão que criou de mim e não por uma que de fato tenha existido”? Assim como eu me apaixonei por uma versão de Emma e Dexter que aparentemente só existia na minha cabeça. Sabe D, essa Liss que você fala as vezes me causa estranhamento. Eu não quero te culpar, mas pensando sobre isso minutos atrás eu percebi que se um dia eu deixei de ser a Liss por quem você se apaixonou, foi porque eu quis ser cada vez mais essa Liss que você fala até hoje. Que quase nunca existiu e que quando existiu, acho que você já nem me amava mais - não tanto - justamente porque eu não era mais quem você amou, mas sim que você - na sua cabeça - gostaria de amar. Não sei se eu consegui me fazer entender perfeitamente, mas espero que sim. A Liss por quem você se apaixonou, a Liss que você amou, tinha a alma rebelde, era questionadora, provocadora e cheia de incoerências. E sabe o que eu acho? Que o que existia em mim de tão excepcional eram justamente as minhas incoerências, que eu nunca tentei esconder, pelo contrário, eu me fundia a elas. As vezes eu tenho a sensação de que você se esqueceu quem realmente é a Liss, que ela se perdeu no tempo pra você, nas suas idealizações. É uma pena. Talvez você realmente me odeie. Mas sabe mais o que a Liss também era muito? Teimosa. Eu sou mais teimosa que uma pedra e você sabe disso. E estupida. Convencida. Idiota. E ainda acredito cegamente no amor, no poder que ele tem de consertar o inconsertavel. Eu tenho medo, D. Tenho medo de ver a vida passar diante dos meus olhos e me deixar ser levada por pura covardia, pra me dar conta quase no fim dela de que eu deveria ter tentado mais uma vez.
eu não quero ser como Emma Morley, D
da sua Liss.
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segredinhosblog · 1 year ago
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D,
tenho receio de te dizer que as vezes concordo com você, as vezes também acho que morri. Pra mim também foi muito difícil lidar com o fato de que o que eu julgava ser a minha melhor qualidade (minha lealdade) seria não só aonde eu falharia, quanto também seria o motivo da minha “morte”, e pior, da nossa morte. Ainda tenho dificuldades em lidar com tudo até hoje. Por um tempo o mais fácil foi separar “ela” a pessoa que eu era, de “mim” a pessoa que arruinou tudo. Foi mais fácil me machucar assim. Até que eu finalmente enxerguei que essa “separação” só existia na minha cabeça e não digo que isso tornou as coisas mais fáceis de serem aceitas, porque não tornou. Tive que lidar com o peso de ter decepcionado imensamente “a pessoa que eu era” e depois, tive que entender que eu continuo sendo essa pessoa e que na verdade, eu decepcionei a mim mesma. E a você. O fardo de ter feito tudo que fiz, comigo, com você, com a gente, continua sendo meu, em todas as minhas partes e versões. Sempre foi eu, a mesma pessoa que eu era antes, a que continuo sendo e a que provavelmente serei pro resto da minha vida.
Entendo que pra você também seja mais fácil, ou menos doloroso, separar “ela” de mim, como se fôssemos dois seres que viveram no mesmo corpo, cada uma em uma época, como se fosse possível tal coisa. Entendo que é melhor do que acreditar ser possível que a pessoa que você mais ama no mundo possa ser capaz de fazer seu mundo ruir. Entendo que pareça melhor ideia dizer que eu nunca seria “ela” porque “ela” te entendia sem você precisar falar e eu nunca vou entender. Entendo que você não queira admitir que eu ainda consigo te entender, porque isso seria admitir que existe um vínculo entre eu - a pessoa que só te causou mal - e você. A questão é, eu te entendo. Perfeitamente. É mais fácil fazer o funeral, se entregar ao luto, aceitar e por fim jogar na conta do “nunca mais”. Foi o que eu passei uma vida fazendo. Eu entendo que seja mais fácil olhar pra “ela” como alguém que não existe mais - ou só existiu na sua cabeça - do que ter que encara-la (me encarar) e ver que ela foi sim responsável por tudo que foi bom, mas também foi responsável por tudo que foi ruim. A verdade dura, é que não importa a equação que você faça pra não ter que enxergar o óbvio, hora ou outra você vai precisar escolher, se no fim de tudo passa a odiar “ela” que parecia perfeita aos seus olhos e indigna de ser odiada, ou se aceita o fato de que por algum motivo você ainda ama a pessoa que disse odiar - pra sempre - até morrer. Porque nós somos exatamente a mesma pessoa, sem separação.
Ela sente sua falta. Todos os dias. Das mais diversas formas. Ela sente falta de cozinhar pra você e transformar um dia comum num dia extraordinário. Na hora de dormir, de procurar teu colo e encontrar. Ela sente falta de fazer “presentes” artesanais pra simbolizar o amor de vocês em datas especiais. Das rolhas de vinhos com datas colocadas num quadrinho. Dos churrascos nos dias de folga, ou das explorações gastronômicas em restaurantes que eram corajosos o suficiente pra estarem abertos numa segunda feira. Ela sente falta de como qualquer comida, lugar e até uma música, ficavam melhor na tua companhia. Da sua voz chamando o nome dela. Da voz dela chamando o seu nome. De se sentir segura porque seu abraço estava sempre ali a poucos passos. Ela também sente falta do teu cheiro. De sentir paz só por estar com você, mesmo que tudo lá fora fosse caos. E era quase sempre caos. Enquanto você sente falta dela, ela também sente a sua. E a maior das faltas, o mais agonizante pra ela, é saber que ainda é tudo muito perto de se alcançar de novo, mas ainda assim muito longe.
Aí você me pergunta, como eu sei de todas essas coisas? Bem, certamente não foi porque andei visitando cemitérios e nem falando com os mortos, muito menos participei de rituais em que matam bodes e bebem sangue de bicho. Eu sei, porque EU sinto sua falta. Todos os dias. Das mais diversas formas. Sinto falta de cozinhar pra você e transformar um dia comum num dia extraordinário. Sinto falta principalmente na hora de dormir, do teu colo. Sinto falta de fazer os “presentes” artesanais pensando em cada detalhe seu, pra simbolizar nosso amor, em datas especiais. Das rolhas de vinhos com datas num quadrinho que eu tenho até hoje. Dos churrascos com as melhores playlists nas nossas folgas, ou das explorações astronômicas - as vezes bem sucedidas e em sua maioria mal sucedidas - em restaurantes que eram corajosos o suficiente pra estarem abertos numa segunda feira. Sinto falta de como absolutamente qualquer coisa ficava melhor na sua companhia. Da sua voz chamando o meu nome. Da minha voz chamando o seu nome. De me sentir segura porque você estava sempre ali pra mim. Eu também sinto falta do seu cheiro. De sentir paz só por estar com você, mesmo quando tudo lá fora era caos. É quase sempre era caos. Eu também sinto sua falta, mais do que sinto todas as outras coisas, e sei que você também sente a minha. E é uma agonia dilacerante saber que mesmo tão perto de tudo ser alcançado de novo, você prefere se manter distante.
Ela te esperou muitas vezes.
Ela sempre acreditou em “nós”, mesmo quando ninguém mais acreditava. Nem você.
Eu? Ainda tô aqui, depois de três anos e todas as suas negações. De alguma forma ainda me agarrando em nós, mesmo quando você me faz duvidar - porque você é bom em me fazer duvidar - e consegue convencer a minha mente de que não existe mais nós. Ainda existe uma voz que sussurra nos meus ouvidos, um sentimento, uma inquietação, que me faz permanecer acreditando, mesmo que tudo isso a essa altura do campeonato pareça loucura. Isso seria algo que ela faria. E eu sigo fazendo, porque eu ainda sou eu, a tua liss, meio perdida no amargor da vida, mas continuo eu. Esperando você decidir se continua navegando sozinho na tempestade, ou se permite que eu ocupe um espacinho do teu lado no convés. Eu te entendo, D. Eu entendo que você queira se proteger do medo de ter companhia, pra hora ou outra, ter que voltar a navegar sozinho. Eu sei o quanto a imensidão de um mar agitado parece assustador quando se está sozinho. Mas eu te peço, na verdade eu te imploro, se deixa só por um minuto ouvir a voz que eu sei que também sussurra no seu ouvido.
Eu não poderia encerrar essa carta sem antes te pedir desculpas. Desculpa não ter sido a pessoa perfeita que você idealizou. Eu juro que tentei. Desculpa ter sido infiel, desleal. Eu sei que nunca será suficiente pra você, assim como não é pra mim, apenas pedir desculpas por ter machucado a pessoa mais importante no mundo pra mim e depois de tudo, ainda ter ignorado seus sentimentos, porque quando tudo aconteceu eu achei que tivesse achado a saída mais fácil pra não ter que lidar com toda a culpa. Ainda assim me desculpa, por ter sido fraca, por ter arruinado uma história de amor tão bonita como a nossa. Mas eu não sou uma impostora, eu continuo sendo a mesma pessoa que você amou. E talvez, e só talvez, a nossa história possa continuar sendo bonita. Porque eu continuo te amando. Como sempre amei. E porque eu percebi agora o quanto me faz falta escrever pra você, porque foi o que eu fiz durante nove anos da minha vida e passaria o resto dela tranquilamente te escrevendo as mais variadas cartas.
A vida é um mar de possibilidades, mas é uma baita tristeza não poder navegar com você.
da sua Liss,
que sempre te amou e continua te amando. vou te esperar pra sempre.
(essa não é uma carta datilografada).
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