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Seo Changbin, AK700.
𝙲𝚊𝚙í𝚝𝚞𝚕𝚘 𝚞𝚖: 𝙿𝚛𝚒𝚖𝚎𝚒𝚛𝚘 𝙴𝚗𝚌𝚘𝚗𝚝𝚛𝚘.
"Olá, meu nome é Changbin e sou o novo andróide enviado pela CyberLife." Sendo um dos andróides mais recentes criados pela CyberLife, o humanoide de cabelos escuros tinha um sistema pronto para reconhecer qualquer emoção no rosto dos humanos, especialmente aversões à sua presença, para que pudesse utilizar abordagens mais confortáveis, assim se adaptando ao que o ambiente lhe pedia. A expressão do outro rapaz não entregava totalmente o sentimento de desprazer, mas também não demonstrava contentamento por estar na presença de algo não vivo. A outra pessoa presente na sala, responsável pelo transporte do andróide até o local, suspirou pesadamente antes de começar a falar. "Olha, Chan... eu sei que não é o ideal, mas se você puder cooperar nisso... O Park Jinyoung que comprou." "Não é que eu seja contra..." O rapaz tomava cuidado ao falar, como se suas palavras pudessem ferir os sentimentos de Changbin. "Fazer música com um andróide...? De onde vai sair a inspiração? O sentimento?" Apesar de ter tentado falar o mais baixo possível, a audição aguçada de seus equipamentos tornou as palavras claras como o dia para o robô, automaticamente calculando a resposta mais agradável para o momento. "Fui programado para produzir, sem falhas, exatamente como me for pedido." Sua voz saía calma, mal soando como uma máquina. "O sentimento que meu sistema gravará para isso dependerá unicamente de você. Espero que possamos trabalhar bem juntos" Para complementar seu diálogo, o humanoide fez uma reverência, sorrindo de forma amigável ao retornar à sua posição normal. O rapaz trocou olhares com a moça mais uma vez, ela dando de ombros em resposta, murmurando que deixaria Chan lidar com o andróide por conta própria para que eles se dessem melhor antes de deixar a sala. Um pouco incerto de como continuar uma conversa com a máquina, Chan passou uma das mãos em seus cabelos ondulados, demonstrando todo seu cansaço com um movimento. O sistema ocular do andróide indicava sono irregular, má alimentação e uso excessivo de cafeína. Mas considerando que não fora contratado para advertir a saúde alheia, ao menos que lhe fosse requisitado, permaneceria quieto sobre qualquer assunto irrelevante à música. "Oh... uh... Changbin, existem muitos andróides que nem você por aí?" "Meu modelo, por enquanto, é único. Park Jinyoung foi o primeiro a conseguir, sou apenas um teste." Chan concordou com a cabeça, girando em sua cadeira para voltar à trabalhar na batida que estava criando um pouco antes da entrada do humanoide no estúdio. "Bem, pode vir, vamos começar agora mesmo."
𝙲𝚊𝚙í𝚝𝚞𝚕𝚘 𝙳𝚘𝚒𝚜: 𝙰 𝙼ú𝚜𝚒𝚌𝚊.
𝙰𝚕𝚐𝚞𝚖𝚊𝚜 𝚜𝚎𝚖𝚊𝚗𝚊𝚜 𝚊𝚙ó𝚜 𝚘 𝚙𝚛𝚒𝚖𝚎𝚒𝚛𝚘 𝚎𝚗𝚌𝚘𝚗𝚝𝚛𝚘. "Changbin, o que você acha de músicas românticas?" O andróide levantou o olhar para poder fitar a expressão alheia, adornando confusão em suas feições. "... perdão?" "Foi do nada, né? Foi mal." Ele riu enquanto girava na cadeira para poder encarar o humanoide igualmente. "Estive pensando em fazer algo mais romântico, mas só consigo pensar em coisas que as pessoas talvez não pensem em dedicar ao namorado ou namorada." Changbin ergueu as sobrancelhas, claramente confuso sobre onde Chan queria chegar. "Por exemplo...?" "Você acha que 'diga-me que vais me assombrar pra sempre' soa muito sombrio?" O andróide deveria se sentir indiferente ao assunto, tão pouco entendia sobre romance, mas a expressão esperançosa do rapaz junto de sua clara afeição por letras mais profundas e significativas trouxeram um sorriso aos lábios do robô. "Soa sombrio, porém permanece bonito. É isso que você anda ouvindo para se inspirar? Posso ouvir?"
Chan sorriu igualmente, movendo sua cadeira até alcançar onde o outro estava sentado, trazendo junto a si seu celular com a música que havia citado pronta para ser tocada. Foi assim que Changbin detectou, pela primeira vez, um problema em seu sistema quando pensou que gostaria que alguém dedicasse aquele tipo de música para si. Quem faria isso por um andróide? E, estranhamente, a única que lhe veio à mente foi Chan.
𝙲𝚊𝚙í𝚝𝚞𝚕𝚘 𝚃𝚛ê𝚜: 𝙰𝚙𝚊𝚛ê𝚗𝚌𝚒𝚊𝚜.
O andróide sempre chegava antes para abrir o estúdio, designado a deixar tudo arrumado e ordem, uma vez que os humanos pudessem ser estranhamente bagunceiros. Sendo assim, Changbin já estava o aguardando quando Chan chegou, sorrindo educadamente ao fazer uma reverência em cumprimento. "Bom dia, Chan. É bom vê-lo novamente" O humano sempre sorria de volta, lidando com o andróide como se ele fosse uma pessoa real. Não apenas retribuía os cumprimentos amigavelmente, como também agia exatamente da mesma forma que tratava qualquer outro amigo ou colega da empresa. "Bom dia, Changbin." Os olhos robóticos analisaram que as mãos alheias estavam vazias, aumentando seu sorriso ao que ficava pronto para mostrar ao rapaz que havia lhe trago seu café diário para ele, porém seu sistema o fez parar no meio do caminho.
𝐼𝓃𝓈𝓉𝒶𝒷𝒾𝓁𝒾𝒹𝒶𝒹𝑒 𝓃𝑜 𝓈𝑜𝒻𝓉𝓌𝒶𝓇𝑒. (̵̢̻̥̈͑̃̃̔̅̓̈́͘͝(̸̥̟̬̬͔͈̦̅͋ͅE̷̼̪̼̰̔͋̐͊̕r̸ ͋̋̈́̄̈́ ̬̞̽̄r̴̢̜̮̞̹̺̣̰̠̦̆͒̋ǫ̷̧̰̭̜̭͈͈́̀̽͛̋͐͆ ̴̛͇̼͎̙̀͂͆͊̀͒͠͝ņ̷̫̤̰͈̞̫̄̋̍̉̈́̇͠2̷̀ ͚͜7̷ ͙͉͆ ̱0̶͆͑̀͐̐̕ ̯̯͍͖̺͍ͅͅ)̵̹̻̪̹̪͖͕̱̈́̈̉)̶̤͎̬̯̇͐̎͘
Suas ações pararam abruptamente, como se o andróide fosse desligar naquele momento. Seus olhos piscaram algumas vezes antes de se voltarem ao humano, detectando preocupação e cautela em sua expressão. "Changbin? Você tá bem?" "Desculpe, estou sim." Sorriu tranquilamente, seu cenho desfranzindo-se ao que voltava a lhe mostrar o café. "Decidi trazer para você hoje, espero que goste." O produtor não parecia muito convencido de que tudo estava bem de verdade com o andróide, mas decidiu deixar o assunto de lado ao que agradecia sua boa ação. Logo sentou-se em uma das cadeiras enquanto bebericava a bebida quente, os olhos brilhando em realização e contentamento ao sentir o gosto familiar. "Oh! É um white mocha, como você sabia?" "Ter uma boa memória faz parte da minha programação" Respondeu simplista, vendo a expressão alheia tornar a ficar pensativa. Em seguida, curiosidade preencheu-lhe a feição. "Parando pra pensar nisso... por que você é do jeito que é, Changbin?" "Perdão... receio não ter entendido a pergunta. Poderia reformular?" "Sua aparência... quem decidiu que seria assim?" Changbin não entendia o propósito do questionamento ou como isso seria relevante para Chan de alguma forma, mas prosseguiu com sua explicação. "Minha aparência foi decidida após pesquisas responderem que tipo de pessoa deixava os humanos confortáveis." Esclareceu, prosseguindo após uma pausa. "Tanto que andróides deixaram de usar ternos e passaram a vestir roupas casuais para que pudessem parecer mais agradáveis aos olhos dos humanos." "Então seu rosto, estatura... Tudo foi decidido para ser agradável?" O andróide novamente se viu confuso pelo questionamento alheio, e por um momento quase se viu perguntando em voz alta se sua aparência incomodava seu parceiro de alguma forma.
𝐼𝓃𝓈𝓉𝒶𝒷𝒾𝓁𝒾𝒹𝒶𝒹𝑒 𝓃𝑜 𝓈𝑜𝒻𝓉𝓌𝒶𝓇𝑒. (̵̢̻̥̈͑̃̃̔̅̓̈́͘͝(̸̥̟̬̬͔͈̦̅͋ͅE̷̼̪̼̰̔͋̐͊̕r̸ ͋̋̈́̄̈́ ̬̞̽̄r̴̢̜̮̞̹̺̣̰̠̦̆͒̋ǫ̷̧̰̭̜̭͈͈́̀̽͛̋͐͆ ̴̛͇̼͎̙̀͂͆͊̀͒͠͝ņ̷̫̤̰͈̞̫̄̋̍̉̈́̇͠2̷̀ ͚͜80̶͆͑̀͐̐̕ ̯̯͍͖̺͍ͅͅ)̵̹̻̪̹̪͖͕̱̈́̈̉)̶̤͎̬̯̇͐̎͘
O aviso acabou o alertando antes mesmo de começar suas ações, porém sua parada brusca havia sendo perceptível novamente. Entre avisar Chan que seu sistema aparentava problemas ou cobrir a falha com sua pergunta, o andróide escolheu a segunda opção. "Minha aparência lhe incomoda de alguma forma?" Chan pareceu horrorizado com essa possibilidade no momento em que o humanoide finalizou sua pergunta, gesticulando rapidamente para impedir um mal-entendido.
"Não! Eu só estive... pensando..." Suas pausas eram mais longas que o comum, o sistema detectando hesitação em sua fala. "Eu posso fazer algo que me deu curiosidade?" "Sou seu andróide agora, não existem restrições" Explicou como se fosse óbvio, mas o outro ainda parecia focado em precisar de permissão de uma máquina. "Sim, Chan. Você pode." Deixando o café na mesa ao lado, Chan se levantou e caminhou até onde Changbin estava, ainda parecendo incerto sobre suas próprias ações. Antes que o andróide pudesse questionar o que havia de errado, os braços alheios lhe envolveram naquilo que os humanos chamavam de abraço, algo que presenciava ocorrer entre os amigos do estúdio que iam e vinham o tempo todo. Após buscar em sua memória como deveria ser realizado, o andróide correspondeu o ato ao repeti-lo da forma que havia aprendido, ouvindo um suspiro vindo do outro rapaz. Seu sistema estava apitando em sua cabeça algo que não havia sido programado para sentir ocorrendo, recomendando o desligamento da máquina o mais rápido possível. Mas Changbin estava distraído, esquecendo-se de suas próprias ordens automáticas. Tinha algo de errado com seu software, e apesar de ter conhecimento sobre, não estava preocupado em arrumá-lo agora. "Estive me perguntando o porquê você foi criado tão pequeno." Chan comentou em uma voz baixa. "Pelo lado positivo, você é do tamanho perfeito pra me abraçar."
𝐼𝓃𝓈𝓉𝒶𝒷𝒾𝓁𝒾𝒹𝒶𝒹𝑒 𝓃𝑜 𝓈𝑜𝒻𝓉𝓌𝒶𝓇𝑒. (̵̢̻̥̈͑̃̃̔̅̓̈́͘͝(̸̥̟̬̬͔͈̦̅͋ͅE̷̼̪̼̰̔͋̐͊̕r̸ ͋̋̈́̄̈́ ̬̞̽̄r̴̢̜̮̞̹̺̣̰̠̦̆͒̋ǫ̷̧̰̭̜̭͈͈́̀̽͛̋͐͆ ̴̛͇̼͎̙̀͂͆͊̀͒͠͝ņ̷̫̤̰͈̞̫̄̋̍̉̈́̇͠2̷̀ ͚͜90̶͆͑̀͐̐̕ ̯̯͍͖̺͍ͅͅ)̵̹̻̪̹̪͖͕̱̈́̈̉)̶̤͎̬̯̇͐̎͘
𝒜𝓉𝒾𝓋𝒶𝓃𝒹𝑜 𝒹𝑒𝓈𝓁𝒾𝑔𝒶𝓂𝑒𝓃𝓉𝑜...
𝙲𝚊𝚙í𝚝𝚞𝚕𝚘 𝚀𝚞𝚊𝚝𝚛𝚘: 𝙳𝚒𝚟𝚎𝚛𝚐𝚎𝚗𝚝𝚎.
Changbin deixou o prédio da CyberLife com sucesso, seu sistema funcionando normalmente e com suas memórias intactas. Estava com medo de sofrer um reset, mas felizmente a possibilidade havia sido descartada pelos seus superiores. O andróide repetiu para si mesmo, apenas para confirmação. Ele estava com medo. Não apenas medo, como também se sentia estranhamente vazio. Era algo irônico de se dizer como uma máquina, mas ter passado um dia inteiro longe de Chan havia o deixado estranho, como se algo estivesse faltando, uma própria peça sua. Era como se seu sistema tivesse um limitador emocional que impedia sua inteligência artificial de produzir outros sentimentos humanos além dos programados pelos seus superiores, como se a mera existência daquele humano em especial tivesse quebrado essa barreira. Não era apenas sistemático... Era real. Changbin estava sentindo aquilo que conhecia por saudade. Havia produzido diversas músicas que contavam histórias envolvendo tal sentimento, mas vivenciar o próprio era... Diferente. O andróide seguia o caminho que sabia até mesmo de olhos fechados, levando consigo algo para Chan se alimentar corretamente, imaginando que ele estaria no estúdio mesmo que fosse quase madrugada. O rapaz não descansava o suficiente, e isso era preocupante. "Acertei em cheio." Sussurrou para si mesmo ao ver o rapaz dormindo sobre a mesa, procurando por um cobertor por perto logo em seguida. Ao encontrar uma pequena manta, aproximou-se do humano para poder cobri-lo, deixando que uma de suas mãos passasse entre os fios de cabelo macios. Não entendia como poderia se sentir preocupado com o outro, até mesmo querer estar junto e poder cuidar dele. Eram coisas que não foram programadas no sistema dos andróides, mas a forma como Changbin se sentia era exatamente como via os humanos descreverem, portanto só podia explicar com a palavra usada para isso... Amor. Sua convivência com Chan, apesar de curta, foi intensa o suficiente para desestabilizar seu sistema pré-programado, o tornando cada vez mais capaz de pensar e sentir como um indivíduo normal. E isso era assustador. "Changbin...? É você...?" O andróide sorriu para a voz sonolenta que o chamava. "Hey... senti saudades. Posso pedir um abraço?"
As palavras saíram de sua boca automaticamente, como se não pudesse as conter para si. Ao perceber a forma com que havia externado seus pensamentos, tratou logo de se corrigir. "Desculpe, foi repentino-" Sua frase foi interrompida por um abraço apertado, cheio de preocupação e tanta saudade quanto o próprio Changbin sentia. O lado positivo de ser um andróide era reconhecer o quão verdadeiros os sentimentos alheios eram. "Meu Deus, eu achei que você não fosse voltar." Todavia, as palavras do humanoide pareceram fazer sentido quando Chan recobrou sua consciência totalmente, afastando-se dele apenas para observar seu rosto com surpresa e confusão — ainda que completamente atento a qualquer reação. "Changbin...?" A pergunta não precisou ser feita para ser entendida. E era estranho como, de alguma forma, eles sempre funcionassem assim. "Talvez... sua existência tenha me feito quebrar uma barreira." Sorriu tímido, como se confessasse o maior segredo do mundo. "Espero que esteja preparado para lidar com isso. Talvez eu peça muitos abraços." O sorriso que Chan abriu respondeu às dúvidas de Changbin no mesmo instante, ele podia ver o brilho nos olhos alheios, como se estivesse orgulhoso de seu feito, como se fosse assumir aquela "culpa" com todo o prazer do mundo. "Eu nunca negaria um abraço do meu Binnie." Ambos riram de forma bobas, apertando-se como se suas vidas dependessem disso, mesmo que tivessem passado apenas um dia longe um do outro. Era engraçado como, em tão pouco tempo, suas presenças tivessem se tornado absurdamente importantes um para o outro de uma forma puramente mútua. Observando o rosto alheio, tão lindo e tão perfeito, Changbin suspirou. Ah...
Sim, é amor.
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