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A VOZ DA VERDADE - Episódio #02
Saudações, moradores de Arcanum! Quem lhes fala é a Voz da Verdade, trazendo para vocês uma atualização sobre o que vem acontecendo na nossa bela cidade. Desde o primeiro episódio, tenho recebido mensagens de apoio daqueles que querem ter uma conversa franca sobre todas as mentiras que têm sido contadas para nós, assim como ameaças que eu tenho certeza de que partem de um certo governante que não deixa o seu trono de vidro para nada, nem mesmo para tentar nos enganar com uma melhor encenação de compaixão.
Estamos perto do aniversário de um mês da tragédia no Baile das Sombras, e depois de nos oferecer um pronunciamento raso, garantindo que os culpados seriam levados para a justiça, continuamos sem respostas oficiais, tendo que fingir normalidade diante do clima de insegurança que se espalha pela cidade. Aumentar a quantidade de soldados nas ruas deveria nos deixar mais tranquilos? Os mesmos soldados que não viram nada quando a caixa foi deixada na entrada do Sortilégio da Ganância, na noite mais importante da cidade?
Malachai Wheeler e Carter Montgomery mereciam que os seus colegas da Citadel tivessem maior cuidado, maior preocupação em fazer justiça por eles. Mas será que podemos mesmo culpar nossos soldados quando eles respondem a alguém que parece ter seus próprios interesses em jogo? É difícil acreditar que o Capitão Rosado esteja se esforçando para resolver esse terrível crime quando o seu histórico inclui investigações sobre a sua conduta que foram jogadas para debaixo do tapete sem qualquer explicação.
E por falar em encobrir rastros, quem leu a entrevista postada pelo Arauto do Outono com Nero Ravencroft? Inicialmente, me causou estranheza ler que ele não tinha crítica alguma para fazer à forma como as investigações têm sido conduzidas ou como Miguel tem se mantido recluso, mas me bastou vasculhar brevemente e achei a resposta. O jornal editou, e muito bem, algumas respostas do vencedor do concurso.
Repórter: Ver o Lúcifer na festa foi uma baita surpresa, não é mesmo? Pessoalmente, eu adorei a fantasia. Como é finalmente poder estar próximo ao seu pai novamente? Vocês já tiveram a oportunidade de conversar desde a chegada dele? Resposta Editada: Ele certamente não perderia a chance de ir à festa e se tornar o assunto da cidade, ele é extravagante assim, mas acho que é uma das coisas que mais gosto nele. Sobre sua outra pergunta, se já conversei com ele, digamos apenas que o cumprimentei e é isso. Não confunda relações familiares mundanas com as demoníacas, nós não fazemos almoço aos domingos e conversamos sobre as amenidades do trabalho na semana. Os milênios e o inferno tornam “filho” apenas um título. Resposta Original: Ele certamente não perderia a chance de ir à festa e se tornar o assunto da cidade, ele é extravagante assim, mas acho que é uma das coisas que mais gosto nele. E… [muda de posição na cadeira] é bom trazer um pouco de equilíbrio na balança moral da cidade, principalmente para criaturas das trevas já que Miguel era o único poder político em Arcanum. Lúcifer aqui não abre maior espaço para a democracia, afinal? Pois se o poder é centralizado na mão de um só, se torna uma espécie de absolutismo e… se importa se eu…? [acende um cigarro sem esperar resposta] sobre sua outra pergunta, se já conversei com ele, digamos apenas que o cumprimentei e é isso. Ele sabe da minha lealdade, não confunda relações familiares mundanas com as demoníacas, nós não fazemos almoço aos domingos e conversamos sobre as amenidades do trabalho na semana. Os milênios e o inferno tornam “filho” apenas um título.
O jornal ainda finalizou a sua matéria nos dizendo que Nero pedia para os moradores deixarem as suas diferenças de lado, pois a cidade precisa da nossa cooperação e ajuda, e “Miguel [...] é um só”. No entanto, ao ouvir o contexto, é possível notar que a sua mensagem final era muito diferente daquela que foi apresentada.
Nero: Até quando vão nos manter aprisionados nessa redoma, curvados aos caprichos daquele merda e sem qualquer coisa a dizer sobre que rumo as coisas tomam? Ao invés de tentarmos achar um culpado em nossos vizinhos, deveríamos estar deixando as diferenças de lado momentaneamente para assumir o controle da situação. Miguel é poderoso, mas ele é um só.
Entramos em contato com Nero para saber se ele tinha algum comentário à fazer, e ao contrário de Miguel, ele não nos decepcionou.
Eu deveria ter suspeitado que haveria censura por parte do Miguel. Ele sabe que seu poder está ameaçado pelo ocorrido na festa e não só por isso, pela chegada de Lúcifer também. Lúcifer aqui não abre maior espaço para a democracia, afinal? Ele trouxe um equilíbrio para a balança, deu uma nova perspectiva para criaturas das sombras e para aqueles que não concordam com o Absolutismo de Miguel. O poder está centralizado há centenas de anos nas mãos de um único líder e não há democracia nisso. Quando nós demônios almejamos um posto ou subir na hierarquia, nós tomamos esse poder até que outro mais poderoso ou mais forte tome nosso lugar. Até o inferno com suas próprias leis consegue ser menos ditador e imperialista do que Arcanum. Puta merda, nem o direito de ir embora as pessoas possuem, ou manter contato com o mundo externo e agora temos a censura. Mas ainda sobre os acontecimentos da festa, espero que os familiares das vítimas estejam sendo amparados. Alguns podem pensar que nós demônios não somos dotados de empatia, e realmente não somos na maior parte do tempo, mas algumas coisas são baixas demais. Seja lá quem foi que fez aquilo, além de desrespeitar um território neutro, acabaram com uma festa perfeitamente boa. E um ponto importante que vale ressaltar, é que isso aconteceu bem debaixo do nariz do “todo poderoso Miguel”. Quando estava cuidando dos meus círculos infernais, nada acontecia sem que eu soubesse, tinha total controle sobre o meu domínio e qualquer coisa de errado ou diferente que acontecesse, sei que o mesmo acontece com outras espécies, líderes de clãs, packs, cortes e seja lá lúcifer o que mais; o que nos leva a conclusão de quão péssimo líder ele é. Passar uma mensagem para Lúcifer? Por favor. Isso foi para causar histeria na cidade, abalar o poder. Provavelmente pode ser um golpe em breve, enquanto todos estão distraídos desconfiando uns dos outros. É a desarmonia entre as espécies que os tornam fortes, pois isso destrói qualquer senso de pertencimento que pudéssemos ter para tomar o real controle sobre não somente a cidade, mas nossas vidas. Até quando vão nos manter aprisionados nessa redoma, curvados aos caprichos daquele merda e sem qualquer coisa a dizer sobre que rumo as coisas tomam? Ao invés de tentarmos achar um culpado em nossos vizinhos, deveríamos estar deixando as diferenças de lado momentaneamente para assumir o controle da situação. Miguel é poderoso, mas ele é um só.
Antes de ir embora, gostaria de deixar um alerta. Soube, pelas minhas fontes, que Miguel teve algumas interações tensas com moradores da cidade que tentaram conversar com ele no Palácio de Vidro, e nos próximos dias, ele deve introduzir uma nova distração para ganhar pontos com a cidade. Aproveite os mimos que ele certamente vai lhes dar, mas não se deixe enganar, ele não quer o nosso bem.
Até a próxima transmissão com mais informações sobre o que eles não querem que você saiba.
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.FLASHBACK.
Sentiu a outra pessoa estremecer ao ter a mão tocada, a postura tensa e retirada e Nero foi rápido em soltá-la. Claro, a euforia ébrio que uma pista de dança fervilhando poderia causar, o fez não considerar que alguns poderia estar apenas passando, sem de fato estar querendo dançar. "Me desculpe" começou. "Te assustei? Não foi a intenção causar nenhuma tensão, acho que acabei me empolgando demais com a música", e esta era realmente alta, agitada e dançante, fazia um corpo quente de adrenalina querer aproveitar aquelas batidas animadas.
"Você perderia o coração de uma festa, a parte mais divertida. E talvez algumas novas amizades também" Sorriu brando, "Às vezes é algo bom dar oportunidade para coisas novas. Mas se não é o tipo de coisa que você aprecia, tem alguns bons lugares aqui para aproveitar a festa em poltronas confortáveis perto do bar." Apontou para o lugar que dizia, observando a pessoa de véu, que não sabia distinguir quem era.
Joshua estava tentando caminhar entre as pessoas que dançavam, ele gostava de música e dança, mas estava se incomodando com todas aquelas pessoas invadindo o seu espaço pessoal, talvez a mãe tenha sido superprotetora demais, mas foi por causa dela que Joshua passou a se incomodar com pessoas muito próximas dele ou que lhe tocasse sem permissão. E por mais que fosse muito acostumado a usar os sapatos de salto que tinha em closet, sentia seus pés doendo muito enquanto caminhava em direção a algum balcão ou um lugar em que pudesse se encostar e tirar aquela parte de sua fantasia.
Isso seria possível se não tivesse esbarrado em alguém, com o véu sobre o seu rosto e o corpo curvilíneo por debaixo daquele vestido justo, muito provavelmente a pessoa poderia se confundir facilmente, coisa no qual ele não se incomodava em nada. A surpresa foi o toque em sua mão, fazendo-o estremecer de leve, percebeu o olhar direcionado ao seu, já que o véu poderia mostrar bem o formato de seu rosto, ainda que não estivesse expondo-o completamente. “E o que acontece se eu ir embora sem dançar?”
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.FLASHBACK.
Acompanhou os passos de Estelle, com o mesmo furor que ela demonstrava, no compasso ritmado da música. Oportunidades de aproveitar noites como aquela não eram tão frequentes e precisava fazer jus a isso. Se até mesmo seu pai havia se rendido à comemoração, quem seria ele para não fazer o mesmo? -que iria fazer isso de qualquer forma, era mero detalhe-. Gargalhou com a observação astuta da loira, concordando. "Infelizmente o Baile é só uma vez ao ano, eu poderia ir num dessas todo mês." Declarou, acompanhando a coreografia improvisada da música animada, ainda que Nero estivesse levemente ébrio em uma troca ou outra. "Pra ser sincero, grande parte do trabalho não foi eu quem fiz, mas vou tomar a liberdade de ficar com os louros só pra mim." Sorriu ardiloso. "Só espero que no fim da festa nada seja roubado, quebrado ou destruído." E aquela era uma preocupação muito real.
desde a transformação, estelle não sentia mais o efeito do álcool em suas veias e esse era o motivo pelo qual aproveitava festas de outras formas. naquele momento, dançava como se o amanhã não existisse, trocando olhares e sorrisos com criaturas que possivelmente esqueceria da existência depois de algumas horas. não teve tempo de contestar quando sentiu o corpo de outra pessoa trombando com o seu, pois teve a mão segurada e um giro realizado em meio aos passos ritmados com a música. "não sei quem diz isso, mas não poderia concordar mais!" o tom era animado, bem humorado, contribuindo com a coreografia que partilhavam. "e devo te parabenizar pelo evento, também. é incontestável o fato de que você sabe como organizar festas."
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.FLASHBACK.
A garota loira era animada, e dançava de forma desajeitada, mas isso por alguma razão tornava aquilo ainda mais divertido. Uma festa era principalmente sobre isso, na opinião de Nero. Acompanhava a garota com a mesma animação, a incentivando e a acompanhando com palmas, assobios e passos engraçados. "Nossa, seria uma pena se eles tentassem me afogar. O mundo perderia toda a minha beleza ímpar" Gesticulou com humor. "Talvez você tenha me reconhecido pelo meu trabalho, eu sou investigador."
Vacilou por um intante com a a observação final da garota. Foi uma frase que normalmente acharia engraçado até a morte, e a abou por rir realmente, mas em seu âmago bateu de uma forma diferente, despertando lembranças e sentimentos que ele não queria e nem sabia lidar, que nem mesmo poderia ser capaz de começar a entender e desembaraçar suas nuances. Teve um sabor amargo, e toda aquela gama que pensamentos que o demônio estava tentando suprimir com álcool, tabaco e outros vícios quase emergiu, como um tubarão na água esperando o momento certo para abocanhar sua presa. "A concepção de mal pode ser muito abrangente, sabe? Às vezes as coisas são mais cinzentas." Esclareceu, e pareceu relaxado como sempre. "Para mim, não sou mal. E você?"
AQUELE ERA O TERCEIRO BAILE DE JUNO, mas ela ainda se sentia um pouco deslocada. nunca tinha colocado os pés no sortilégio anteriormente, então a sua primeira hora foi gasta olhando cada canto do lugar, se perguntando se todas as histórias que tinha ouvido falar sobre o estabelecimento era verdade. o sortilégio não parecia aquele lugar assustador que tinha criado na sua cabeça, era por isso que ela gostava de tirar as suas próprios conclusões antes de qualquer coisa. não demorou muito tempo para que ela encontrasse a pista de dança, se divertindo com outros membros da corte das conchas antes de fechar os olhos e se deixar perder no ritmo da música. quando seus olhos se abriram novamente, ela não mais enxergava as suas companhias, seu semblante logo se tornando desapontado. juno ia atrás deles quando se esbarrou em alguém, soltando uma risada quando o homem lhe rodopiou. ele logo descobriria que o que lhe sobrava em animação, lhe faltava em técnica. ❝ oh, eu não sabia dessa regra. ainda bem que você me salvou. ❞ ela disse levando o seu comentário à sério, afinal, ainda estava aprendendo todos os costumes cada vez que interagia com uma pessoa nova. ❝ o seu rosto me é familiar, mas acho que não nos conhecemos. a não ser que um dos meus animais tenha tentado te afogar. ❞ juno fez uma expressão de quem estava tentando acessar a sua memória, mas acabou desistindo. ❝ não. eles só fazem isso com quem tem intenções ruins, você não deve ser uma má pessoa. ❞ como ela chegou à essa conclusão tão rápido, ninguém seria capaz de responder.
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.FLASHBACK.
Percebeu que quem havia girado era Nahas e riu junto com ele pela grata coincidência. Pousou as mãos nos quadris do outro demônio e passou a guiá-lo em um balanço que acompanhava a música. "Que bom que essa regra, você não irá quebrar." Piscou ao provocá-lo, portando um sorriso que era tanto divertido quanto implicante, fazendo alusão ao histórico de Nahas. "O Baile das Sombras é um dos eventos mais aguardados, mas vez ou outra acontecem algumas comemorações interessantes. A cidade tem lá seu charme, apesar dos pesares..." Segredou a ele. E era verdade. Bem, poderia dizer meia dúzia de coisas sobre como as coisas estavam sendo conduzidas e sobre outros muitos fatos, mas... não desgostava dali.
Não soube ao certo quando tomou a consciência de que os dias eram menos tediosos ali, quem sabe se foi em uma daquelas noites sossegadas onde algum pobre diabo perdia todos os seus bens em uma mesa de jogo e atirava os dados no croupiê, ou quem sabe quando dava boas risadas com um de seus amigos sobre coisas como o culto 'lucilovers anônimos', que acabou por ser realmente sendo criado. "Não sabia que você havia vindo para cá. Quando chegou? Se soubesse teria preparado uma recepção melhor." Gracejou.
Como sempre, o objetivo principal de Nāḥāš era se divertir, e aquilo se intensificava em festas. Aquela era a primeira propriamente dita que participava em Arcanum, afinal as apresentações no Salão do Crepúsculo e no Oitavo Pecado não contavam, era trabalho (não que ele não se divertisse; ele sempre dava um jeito de se divertir). Naquele momento, porém, não tinha nenhuma preocupação com o mundo, nem mesmo a mais mínima, e por isso se afogava em álcool e o que mais encontrasse enquanto se jogava na pista de dança e se banhava nos olhares - fossem eles desejosos ou escandalizados - que eram lançados em sua direção.
Mal percebeu quando esbarrou em outro alguém na pista, mas abriu um sorriso quando sentiu a outra pessoa pegar em sua mão e rodá-lo na pista. Acabou soltando um riso com isso e se deixou ser levado para perto, analisando o rosto alheio e tombando a cabeça para o lado. "Não se preocupe, eu nunca saio de um baile sem dançar." Apoiou uma mão no ombro Nero e se deixou ser conduzido. "Todos os bailes de Halloween são incríveis como esse em Arcanum? É algo com que eu me acostumaria com facilidade."
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Entrevista exclusiva com Nero Ravencroft
Confira o que o vencedor do concurso de fantasias do Baile das Sombras tem a dizer sobre a festa, Arcanum e mais
Não é segredo para ninguém que Nero Ravencroft, investigador de fenômenos paranormais, deu o que falar no Baile das Sombras na noite de Halloween (31). Sua fantasia de Beetlejuice fez tanto sucesso que lhe rendeu o prêmio de melhor vestido no Baile das Sombras, posição bastante disputada após a população de Arcanum caprichar no visual para a comemoração mais esperada do ano.
Ravencroft nos concedeu uma entrevista exclusiva onde falou sobre tópicos como o Baile das Sombras, seu trabalho, a representação de sua classe no Pequeno Conselho, o convidado inusitado e ilustre que roubou a cena no baile, entre outros assuntos. Confira:
Repórter: Bem vindo ao Arauto, Nero! Espero que você esteja confortável. Se precisar de alguma coisa [pausa] Acho que podemos começar pelo motivo que te traz aqui, não é? Meus parabéns pela sua vitória no concurso de Fantasias! Como foi ser chamado ao palco naquela noite? Eu imagino que você tenha se esforçado no figurino, as fotos ficaram ótimas.
Nero: Agradeço as boas-vindas, e não se preocupe, não preciso de nada. Foi uma surpresa e tanto, confesso. Não esperava que fosse acabar vencendo, as fantasias estavam muito bonitas e me inscrevi mais pelo furor do clima festivo que por qualquer outra coisa. [risos] Quanto ao esforço, o que dizer? Gosto de esbanjar sempre que posso e modéstia à quem precisa disso, fico lindo em qualquer coisa que me proponho a vestir ou não.
Repórter: E que baita festa rolou no Sortilégio! Sei que foi a primeira vez de vários moradores no cassino e eles devem estar muito curiosos para fazer a segunda e terceira visitas! [risos] Você é um frequentador assíduo do lugar? Qual foi a sua parte favorita da festa no cassino e o que você acha que a diferenciou das outras?
Nero: Frequento às vezes quando me sinto especialmente inclinado a uma boa partida de pôquer ou quando desejo beber em um lugar mais sofisticado. Gostei muito da decoração, e por mais que o Sortilégio seja um antro artístico bastante opulento, a decoração da festa foi ímpar. O clima de terror hollywoodiano assentou bem com o cassino. Foi diferente porque possibilitou que todos pudessem se propor a conhecer um lugar diferente do habitual para muitos ali, inclusive os mais puristas, quebrando o estigma das más línguas de que o cassino é um lugar… negativo, coloquemos assim. Isso pode ter o colocado sob uma nova luz aos olhos de alguns. Sobre o momento favorito, acho que o show da banda e Lúcifer fantasiado de Ele subindo ao palco, estão empatados.
Repórter: Ver o Lúcifer na festa foi uma baita surpresa, não é mesmo? Pessoalmente, eu adorei a fantasia. Como é finalmente poder estar próximo ao seu pai novamente? Vocês já tiveram a oportunidade de conversar desde a chegada dele?
Nero: Ele certamente não perderia a chance de ir à festa e se tornar o assunto da cidade, ele é extravagante assim, mas acho que é uma das coisas que mais gosto nele. Sobre sua outra pergunta, se já conversei com ele, digamos apenas que o cumprimentei e é isso. Não confunda relações familiares mundanas com as demoníacas, nós não fazemos almoço aos domingos e conversamos sobre as amenidades do trabalho na semana. Os milênios e o inferno tornam “filho” apenas um título.
Repórter: Você se tornou bastante conhecido na cidade por seu trabalho como investigador paranormal. Como é o dia-a-dia do seu trabalho em uma cidade que é tão claramente supernatural? Isso torna o seu trabalho ainda mais difícil, por ter tanto a ver, ou mais fácil, já que as possíveis respostas para enigmas paranormais são mais expostas?
Nero: Torna mais fácil e mais difícil em proporções iguais. Fácil porque sempre tenho trabalho e eu adoro dinheiro. [risos] Mas também se torna difícil porque alguns casos podem sair de uma simples busca por um desaparecido para um culto criado por quem fugiu, que tem como propósito a tomada de poder. [sorri com diversão] Claro, isso não é real, mas acho que você conseguiu entender a referência. Isso é o que dá um certo charme ao trabalho, por isso talvez eu goste tanto: não dá pra saber o que você vai encontrar. Cada enigma é sempre uma surpresa.
Repórter: Como sabemos, Ba’al é o representante dos demônios no Pequeno Conselho. Qual é a sua opinião, como demônio, do trabalho dele em representar a sua espécie? Você tem uma boa relação com ele e com os outros demônios presentes na cidade?
Nero: Ba’al é meu amigo e não tenho e nunca tive nada contra ele. Incrivelmente, nos aproximamos mais aqui em Arcanum do que no inferno, e foi algo bom, saímos e nos divertimos juntos. Particularmente, tenho tanto a fazer com os casos que pego para investigar que fico grato que ele possa equilibrar seus afazeres para nos representar no conselho. Nossos interesses estão bem representados [risos]. Sobre os outros demônios, me dou bem com todos, a rejeição da maioria para lidar conosco nos tornou mais unidos também, acredito. Sem contar que tenho muito carisma, é difícil não gostar de mim [pisca].
Repórter: Agora, tenho que confessar que essa é uma pergunta que vários dos nossos leitores estão loucos para saber, principalmente depois de toda a atenção que você recebeu no Baile das Sombras com a sua fantasia incrível: como estão os assuntos do coração? Você está disponível para um relacionamento ou vou ter que decepcionar nossos leitores com uma negativa? [risos]
Nero: Bem… [traga o cigarro] estou disponível sim. Para ser franco gosto de flertar, mas tenho ficado tão ocupado que sobrou pouco tempo para de fato ter algo que se assemelhe a um relacionamento. Não sou particularmente bom com essa coisa de sentimentos, na maior parte do tempo costumo apenas classificar eles em “raiva”, “tédio” e o “resto”. [sorri] Sempre achei que essa coisa de relacionamento fosse invenção humana, um elo frágil e utópico destinado a acabar pelo egoísmo e monopólio das paixões, pelo tempo ou pelo fim da vida mortal. O que há demais nisso? Quando se vive tanto tempo quanto eu, esse tipo de coisa se torna frívola. Há para mim um grande prazer que vem do ouro, do hedonismo… Para que me apegar a uma existência além da minha? Entretanto, para não terminar essa entrevista com o mesmo sabor amargo do cigarro, [sorri de canto] se um dia eu descobrir o que há demais em romance, nesse dito “amor” e nesses relacionamentos humanos, conto para você.
Finalizamos a entrevista perguntando se Nero tem alguma mensagem para os nossos leitores fiéis e seus conterrâneos, e o nosso convidado não poupou as palavras, afirmando que "Miguel é poderoso, mas é um só", lembrando a todos os moradores de nossa bela cidade que aqueles que nos guiam precisam de nossa cooperação e ajuda, promovendo a ideia de "estar deixando as diferenças de lado". Bonito e inteligente, nossa combinação favorita.
Para mais informações de credibilidade sobre Arcanum, fique de olho no Arauto do Outono!
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𝐟𝐥𝐚𝐬𝐡𝐛𝐚𝐜𝐤
O demônio estava acostumado ao calor, entretanto, as sensações térmicas não o afetavam diretamente, apenas seu receptáculo; mas ainda assim, sentia a quentura da pista cheia e das bebidas que havia tomado. Sua fantasia permanecia intacta em alguns aspectos como o cabelo e a ilusão em sua face que substituía a maquiagem, mas o colarinho estava desfeito e a gravata frouxa em seu pescoço com a camisa para fora da calça listrada. O paletó havia escapado de ser vandalizado pois havia o deixado em sua mesa, por uma jogada de sorte ou azar.
O rapaz que havia esbarrado parecia estar caracterizado de Charada pelo que pode observar da fantasia já parcialmente desfeita. Por alguns momentos estudou a expressão do outro para garantir o consentimento para tirá-lo para dançar, e este veio com um sorriso curvo que lhe fez sorrir também. Charada apoiou as mãos em seus ombros e o demônio descansou as suas próprias nos quadris masculinos. "Dizem. As más línguas falam até que pode ser fatal." Gracejou. "Mas não se preocupe, posso fazer esse esforço homérico de dançar com você." Segredou em tom leve e divertido, dramatizando a frase apenas porque podia. Começou a guiar a dança em um balanço levemente ébrio junto ao outro rapaz, inundado pelo calor da pista, as batidas candenciadas, as luzes em borrões brilhantes e o cheiro de álcool e tabaco. Suas mãos mantinham-se firmemente nos quadris e cintura alheios, onde Nero buscava sincronizar o ritmo e os passos junto ao do moreno. "Aliás, qual é o seu nome, charada?"
* / a fantasia já estava parcialmente desfeita; a máscara estava no bolso junto com as luvas, o cajado tinha ficado em algum canto. só permanecia com o casaco porque não queria se desfazer por inteiro da identidade do personagem escolhido. tinha finalizado mais uma taça de champanhe antes de engajar na tarefa de atravessar a multidão. a intenção do tritão era ir para os jardins tomar um pouco de ar fresco por sentir a temperatura do corpo muito alta. fosse o calor humano ou a quantidade de álcool, as bochechas já estava coradas e o sorriso mais solto.
o esbarrão sobressaltou-o. logo ergueu os olhos escuros para a figura masculina se desculpando pelo ocorrido. ao ter a mão tomada daquela forma, a curiosidade estampou a expressão por um instante até perceber qual era a intenção. mais um daqueles sorrisos soltos curvou os cantos dos lábios como uma permissão para que ele fizesse o que queria. o gesto crescendo para uma risada divertida ao ser rodopiado e puxado para perto. " dizem, é? " o tom leve, as mãos subindo para se apoiarem nos ombros do outro. " bom, não quero arriscar ter a noite arruinada por isso. você vai me salvar e dançar comigo, então? "
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A fantasia da feérica não era algo que lhe vinha em mente imediatamente, mas parecia luminosa e suave com as plumas douradas e os tons em branco. Era uma caracterização bonita e de alguma forma parecia combinar com a energia mágica da mulher. Nero costumava sentir o cheiro de magia e da vibração energética das pessoas, e era uma coisa curiosa que não sabia necessariamente de onde tinha vindo ou se sempre estivera lá. Era a forma mais rápida de saber se alguém iria ou não para o inferno, se era uma alma corrompida ou não. O que conseguia absorver da loira era algo que combinava com a fantasia.
Inclinou a cabeça, devolvendo a mesma cortesia gentil que ela lhe oferecera. "Exatamente! Particularmente, para mim essa é uma das melhores coisas." Sabia que demônios em especial não costumavam ser bem vistos por outras criaturas, então apreciava a concessão que a feérica havia feito. A próxima música que iniciou era um pouco mais tranquila, e ao conduzir a mulher pousou as mãos em sua cintura, guiando-a em um balanço lento, apreciando a calmaria após tamanho furor. "Ainda não sei seu nome, aliás." Levantou uma das sobrancelhas de maneira humorada, erguendo-a brevemente em um giro para então fazê-la pousar graciosamente, as plumas dando a sensação de um breve voo repleto de suavidade. Os passos eram fluídos e Nero os guiava em um espaço que havia se aberto na pista de dança, visto que muitos haviam aproveitado a música mais lenta para descansar ou pegar uma bebida. "O que achou do baile até agora?"
adorava eventos, bailes em especial a encantavam, especialmente os tematicos em arcanum e, embora a fantasia de arwen não fossem das mais clássicas ou assustadoras, os tons de dourado das penas e o toque de brilho do corpo a faziam se sentir bem… luminosa interna e externamente. o corpo se movimentava com sutileza, no ritmo do som, a sensação era quase como flutuar.
o esbarrão, no entanto, a fez arregalar os olhos. arwen não era fã de criaturas infernais, na realidade, muitas vezes os evitava. ainda assim, sempre que acabava dando de cara com uma, era simpática. todos os cidadãos de arcanum tinham direito de serem bem tratados, certo? e todos estavam fazendo concessões para fazer aquela civilização funcionar. um sorriso gentil se abriu, assentindo com a cabeça ao convite indireto, deixando que a figura alheia conduzisse. — talvez seja pelo fato de nela conter boa parte da diversão. além disso, não conta como atividade física?
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Nero riu com a surpresa da feérica, endurecida pelo giro inesperado. Soltou a mão da loira e olhou-a com atenção, percebendo certa reticência. "É um dito humano sim, mas não se trata de nenhuma maldição ou má sorte. Está mais relacionado a aproveitar os momentos como esse, fazer as lembranças da festa serem memoráveis, sabe? Muita gente acha que a vida é só um porre mal curado, mas ela é uma sucessão de escolhas que está diretamente relacionado ao ponto de vista." Passado parte do efeito do álcool, notou que talvez pudesse estar sendo um pouco invasivo e se ajeitou levemente, medindo suas palavras, pois não sabia de que corte a outra era. "Por exemplo, você poderia escolher ficar empertigada a festa toda desejando ir embora, ou poderia tentar focar no presente e aproveitá-la, mesmo que seja algo diferente do seu cotidiano. Escolhas." Olhou-a com um um humorado. "Bem, eu sou Nero Ravencroft, investigador paranormal -e amante de arte nas horas vagas-, ao seu dispor." Curvou-se dramaticamente com um sorriso cortês, olhando-a. Optou por não revelar sua verdadeira identidade e nem sua espécie por um senso comum, gostava de permanecer desconhecido na maior parte das vezes, a menos que isso significasse negócios lucrativos ou excessões pontuais para manter seus negócios funcionando como deveriam funcionar. "E você senhorita?"
calisto não era uma dançarina tão boa--- em verdade, as aulas de salão funcionavam como repelente de sua atenção fragmentada e de interesses restritos, quando participava na juventude. não lhe interessava saber as mil posturas corporais ou a forma engessada de agir das mãos e pernas da corte feérica, e a dança humana, ainda que mais livre e menos regrada, para ela era igualmente desinteressante. ela cruzava a pista por ser estritamente necessário alcançar a saída--- pensou, inclusive, em tornar-se invisível, mas algo lhe dizia que aquilo tornaria as coisas mais difíceis para si. até que... alguém lhe tocou na mão e os passos cessaram por completo. a feérica analisou a figura que nunca havia posto os olhos até então com certa curiosidade, prateado brilhando em questionamento, completando a pirueta meio endurecida pela surpresa. "quem disse? nunca ouvi tal frase. é um dito humano? vou adquirir uma má sorte?" era engraçado que ela não percebia que aquele em sua frente se tratava de um demônio--- e um poderoso. caso contrário, já estaria a quilômetros de distância. lembrou-se dos dizeres de mallory, das indulgências necessárias para se divertir e cedeu. "uma dança. mas antes, quem é você?"
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A expressão relaxada e suave de Mammon fechou-se levemente ao perceber que era Asmodeus o pobre diabo que passava por si. Ele e seu ego que mal cabiam no mundo. "A intenção era dançar, não pegar alguém, Asmodeus. Mas não espero que você entenda a sutileza do que é flertar pelo simples prazer de fazê-lo, mesmo que isso não leve a nenhum fim". Pontuou, uma sobrancelha erguida junto a um olhar pouco impressionado ao sentir o aperto em sua mão.
Era capaz de ver nos olhos escuros como ele queria se mostrar superior, a luta interna por voltar aos jogos infernais. O aperto em sua mão e a atitude animosa, entretanto, era um desrespeito direto à ele e ao seu território. Havia uma vez desejado sair do inferno justamente por coisas como aquela, sobre como todos queriam se afunilar naquele buraco para serem capazes de pisar uns nos outros, na esperança de se tornarem superiores. Besteira, tudo aquilo. Entretanto, enojado ou não, ele ainda era um príncipe, e sendo ou não seu irmão, estando na terra ou não, ele lhe devia a mesma cortesia. "Obrigado por acabar com meu humor, você é ótimo nisso, Asmodeus. Mas saiba que seu pedestal não é maior que o meu. Esse é o Sortilégio da Ganância, não da luxúria, e você me deve respeito aqui. No mínimo retribuir minha hospitalidade com a mesma cortesia." Murmurou, olhando-o sóbrio. Aquilo fora a cereja do bolo de sua mais recente descoberta de uma versão de montanha russa emocional. Ótimo. Não estava com saco para aturar aquele jogo de 'quem é melhor eu ou você?'. Por Lúcifer, era uma fodida festa, e ele só queria esquecer sua pilha infindável de problemas e os cadernos de contabilidade lhe esperando. "Bom, se quiser apostar, vá em frente. Eu vou pegar uma bebida." Fez um leve aceno cortês com a cabeça e foi em busca de sua bebida no bar, para tentar recuperar ao menos um pouco de seu humor.
A fachada bêbada sumiu no fim daquele rodopio lento, olhos negros revirados com categoria de mestre. Com licença. Asmodeus ergueu a taça cheia até a boca, nenhuma gota derramada, provando que seu estado de espírito estava mais elevado que o teor alcoólico que consumia. "Você ainda consegue pegar alguém com isso? Está na hora de voltar a frequentar o Oitavo Pecado, maninho." A mão na dele ficou mais insistente, apertando os dedos com força. O príncipe estava quase cedendo aquele impulso de se provar superior, deixar o brilho aparecer na alma escura e mostrar- não, provar o porquê de Luxúria ser seu pecado. Rindo, mão solta para dar tapinhas fraternais no ombro alheio, ele se recompôs com fluidez e elegância. "Que tal nós irmos para a festa dos adultos e apostar em um joguinho melhor? Já pedi para deixarem minha maleta lá." Asmodeus previa alguma resistência, claro. Uma festa daquele tamanho numa propriedade em nome era coisa boa, mas... Eles eram superiores demais para ficar em tão efêmeras e revoltantes criaturas. O príncipe até deu mais uma olhada ao redor, descartando os amigos para avaliar possíveis presas, mas nada veio. "Vai, Mammon. Como nos velhos tempos. Quem tem a maior influência? E isso aqui sem parar."
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"E isso, senhores, é um 'all in'." Pronunciou o demônio enquanto soprava a fumaça de seu charuto e levava todas as suas fichas para o centro da mesa. Haviam alguns jogadores que pareciam muito confiantes em suas cartas, mas Nero sabia que não poderiam ganhar de seu Royal Flush. Nem precisara utilizar de nenhum tipo de artifício para conseguir aquela mão, e se o crupiê havia ou não roubado algumas cartas favoráveis para si, aí já não era problema dele. Aos poucos as combinações foram arriadas na mesa, e tinha um interessante straight flush, mas que certamente não era pareo. Seu sorriso diabólico foi cheio de dentes enquanto falia alguns ao tomar para si todas as fichas e notas promissórias. Bens, almas, economias... esforços de uma vida perdidos em alguns minutos. Nero quase se sentiu comovido com as expressões desoladas, se não estivesse tão feliz com sua própria pequena fortuna, mesmo que isso não fosse fazer nem mesmo uma pequena diferença em seus cofres. Entretanto, não era o dinheiro que lhe fazia lamber os lábios, era o poder. Não era isso, no fim das contas, que corrompia as almas?
Mas ao contrário de muitas outras vezes, aquela não foi diferente do que vinha acontecendo recentemente. O prazer momentâneo de conquistar e corromper vinha com um sentimento de inglória, de 'e agora?'. O ócio era como uma serpente em seus pés, se enredando em suas pernas e sempre lhe perseguindo pronta para dar o bote. Bebeu mais um dois drinques e circulou pelo salão, certificando-se de que tudo estava em ordem. Foi aí que seus olhos avistaram a figura inconfundível de Lucelia. Sorriu ladino, esquecendo-se do tédio e de seus outros pormenores estapafúrdios. Aproximou-se quase no mesmo momento para perto da mulher, e ao abrir a boca surpreendeu-se ao nem mesmo conseguir falar a graça que queria. Riu surpreso com o humor taciturno e a fala hostil, mas não realmente desprevenido pois sabia que a mulher era de personalidade reclusa, não realmente muito ligada a festas e bailes. O olhar da bruxa ao vê-lo, entretanto, lhe fez sorrir brando e genuíno, empoleirando-se ao seu lado, como sempre. "Estavam te importunando muito?" Perguntou casualmente, pegando uma taça de espumante de um garçom que passava. "Bem, você está linda de Mortícia, isso certamente iria acontecer visto que qualquer um iria querer ao menos uma dança com você." Que ele era uma das pessoas que queria uma dança, era um detalhe que deixou de fora. "Estive ocupado por um tempo, mas se soubesse que você viria teria vindo aqui antes." Olhou-a por um instante e então bebeu o espumante de uma vez, desaparecendo a taça com um aceno antes de se colocar na frente da bruxa e dramaticamente ajeitar seu paletó e fingir arrumar o cabelo, para inclinar-se em uma leve reverência e erguer uma mão junto do olhar. "Senhorita Mortícia, será que me daria a honra de uma dança?"
com: nero ravencroft, @showmeyourmonny
onde: no salão principal.
Não possuindo a arte de manter interações sociais por tempo demais, Lucelia se contentava em manter-se em um canto do salão. Atenta a cada movimento, jamais permitindo que outros se aproximassem demais. Fosse honesta, não sabia o real motivo de estar naquele baile quando preferia estar em sua casa – em seu próprio isolamento, onde ninguém a perturbaria por tanto tempo. Tão acostumada com a própria companhia, aquilo já não era mais algo que a incomodava tão facilmente, e até preferia assim. Se conhecia o suficiente para saber das próprias limitações, e um lugar abarrotado de gente havia ultrapassado esse limite há tempo demais. Havia recusado convites para dançar. Alguns, sequer dava atenção. Talvez fosse por esse motivo que constantemente era um ímã para pessoas desagradáveis e que não sabiam seu lugar. Apenas se deliciava da própria bebida, e quando ouviu passos em sua direção, o suspiro pesado foi quase inevitável. Não gostaria de lidar com mais pessoas em seu encalço, convidando-a para danças que ela não gostaria de participar. Acreditava que o melhor era ir embora, nos breves momentos que não era notada. “Antes que me pergunte, não.” Ela respondeu, com o tom de voz mais grosseiro que o habitual, para quem quer que houvesse tentado uma proximidade com ela. Embora possuísse uma presença familiar demais e mais do que poderia se lembrar. Arriscando olhar para o lado, havia agora uma postura de alívio. Não era alguém desagradável, pelo contrário. E havia se esquecido da enorme possibilidade de encontrar Nero quando o estabelecimento lhe pertencia. “Não sabia que era você.” Havia um pequeno sorriso em vê-lo, um que não havia direcionado para qualquer outro que ousasse lhe perturbar. “Na verdade, pensei que estaria ocupado demais essa noite para te encontrar.”
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Atravessou a multidão de corpos levemente cambaleante. O copo com uma bebida em tom avermelhado, entretanto, estava firme entre os dedos hábeis, salvo da turbulência da festa. Havia vagado de espaço em espaço, dançou até se fartar com conhecidos e desconhecidos, havia feito algumas apostas (ainda que fosse seu próprio cassino), dera um considerável prejuízo ao bar e se certificou de que tudo estava indo bem nos outros espaços. Sem brigas ou nenhuma peça de arte sendo furtada, se encontrou observando o desenrolar com repentina melancolia. Após o furor tudo parecia igual, ou quem sabe, terrivelmente diferente de um passado inglório.
Seus pés em sapatos caros lhe guiaram para o lado de fora, no extenso jardim que outrora fora símbolo de uma satisfação pessoal secreta. Encostou-se na parede ao lado de Abbadon, com um sorrisinho nos lábios como se dissesse mudamente que não era uma surpresa encontrá-lo ali. Os cabelos estavam um pouco bagunçados, a pele orvalhada e o olhar meio embriagado assim como seus movimentos preguiçosos. Abby, como sempre, era aquela figura de conforto infinito para si. Ali fora, tudo parecia cair sobre sua cabeça como um castelo de cartas e dados viciados. Suspirou cansado, pegando um cigarro sem pedir do bolso de Abby para acendê-lo, tragando a fumaça quente longamente, murmurando as palavras entre o sopro espiralado e cinzento. "Não foi exatamente uma surpresa encontrar você aqui." Sorriu brandamente, e não havia ali o humor esperto ou o curvar ladino, somente uma espécie de carinho fraternal que talvez parecesse errado na face um demônio. "A surpresa foi a crise existencial." Riu baixo, os olhos brilhando. Tragou mais uma vez, a ponta do cigarro queimando em brasa.
"Me fartei." Pontuou, talvez um pouco rápido demais. "Comi e bebi, dancei e apostei. Flertei por flertar e conversei com todos que pareceram dispostos a jogar conversa fora. E então, vi que era isso. Sempre é só isso." A voz diminuiu o timbre na última frase, o olhar se perdendo no céu noturno. "E então, me perguntei: deveria ser diferente?" Olhou para Abby por um instante, a guarda baixa antes de apoiar a cabeça em seu ombro. "E você? O que ocasionou essa crise existencial repentina na pessoa mais congestinada com sentimentos que conheço?" Gracejou observando o jardim de uma forma que não refletia seu humor taciturno.
ㅤ—ㅤㅤDonatello Abbandando is pressing charges against you, this is his open statement. You can also read his opening argument, here.
O cigarro foi acesso com seu isqueiro predileto — uma peça metalizada em forma de túmulo, fria ao toque e desgastada pelo tempo. O hábito de fumar fora esquecido por muitos anos, mas era apenas adequado que o recordasse em uma noite como aquela. Ele leva o cigarro aos lábios e a fumaça preenche os pulmões rapidamente; a sensação é familiar, segurar o ar no peito, um costume quase esquecido, mas ele continua até sentir o queimor pelo esforço em excesso e quando a expira, o faz com calma, na direção oposta à sua companhia. “Me perguntei o que faria ao sair do salão…” o olhar acompanhou a silhueta que ambas as sombras formavam no jardim, os olhos brilhantes como os de um felino à espreita. “Mas vir ao jardim para ter uma crise existencial no meio de uma festa é…”, hesitava, fingindo escolher as palavras, “anticlimático”. Pendia o cigarro num ângulo quase descontraído, enquanto voltava a observar a outra pessoa. “Mas, quem sabe, talvez esse nem seja isso…” Um meio sorriso se formou. “Considero-me intrigado, se quiser esclarecer o motivo da fuga”.
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ִ ࣪𖤐 𝑵𝒆𝒓𝒐 𝒂𝒔 Bᥱᥱtᥣᥱjᥙιᥴᥱ.ᐟ
O terno de listras preto e branco havia sido simetricamente cortado para vestir o príncipe com perfeição impecável. As botas de couro preto da prada (era isso que o diabo vestia mesmo, afinal) haviam sido escolhidas a dedo pelo demônio, e a bem da verdade, era visível seu deleite em cobrir-se de luxo e verter hedonismo. Maquiagem não era bem seu forte, mas sabia fazer uma magia convincente o suficiente para modificar sua aparência. O resultado na frente do espelho foi o que esperava, e o reflexo ganhou um sorrisinho atrevido e um comentário que era tâo indecente quanto narcicista antes que se fosse.
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× Open Starter no Baile das Sombras (closed)
A música alta embalava o corpo do demônio em meio a multidão. Já havia bebido um copo ou cinco de algum veneno especial do bar, e as batidas animadas pareciam no ponto certo para fazê-lo esquecer de todo o resto. Não poderia dizer que não gostava de uma boa festa, e uma na qual era o anfitrião era ainda melhor. Certamente, aquele não era um fato explícito para todos, mas o prazer de receber era todo seu. O Sortilégio era sempre exuberante mas aquela noite estava remetendo tempos imemoriais, e isso deixava Nero provando de um deleite ímpar.
Não era qualquer bebida que poderia lhe derrubar, e isso quase nunca era uma opção quando era colocada à sua disposição, afinal, precisava estar atento. Entretanto, excessões poderiam ser abertas pontualmente e essa era uma delas. MUSE feliz ou infelizmente era a pessoa na qual o príncipe acabou por esbarrar na pista cheia, e o sorriso levemente ébrio foi sinal o suficiente de que algo vinha por aí. Ainda no balanço sinuoso, Nero tomou a mão de muse e olhou por um momento como se pedisse permissão com o olhar, para rodopiar-lhe em seu próprio eixo e trazer para um pouco mais perto. "Dizem que não é bom ir a um baile e sair sem uma dança." Murmurou com a voz levemente arrastada e um sorriso espertinho.
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Oi pessoal, espero que estejam tendo uma semana iluminada!
Primeiro, gostaria de me desculpar pelo sumiço! Me mudei para uma casa nova, mudou minhas medicações e passei por período de adaptação e regulação de sono, e foram tantos acontecimentos que acabei me perdendo e deixando as interações e DMs meio de lado, mas não por querer. Quero muito interagir com o evento, amanhã terei Internet em casa e certamente irei voltar a atividade de antes. Gostaria de saber quem quer manter as interações antigas ou combinar outras, e também, para os mais novos que entraram quem gostaria de plots!
No mais é isso! Obrigado mods pela infinita paciência e compreensão!
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Achava interessante que algumas pessoas possuiam tanta paixão pelo que faziam. Nero nunca foi muito aficcionado ou interessado por coisas em específico, então para ele sempre era uma coisa curiosa. Apesar de gostar de arte, ele era um apreciador de coisas belas num geral. Era diferente de amar tanto fazer uma coisa que havia uma entrega quase passional para aquilo, uma dedicação velada à ponto de entrar em uma concentração tão profunda a ponto de se desligar. Claro, havia seu cassino, mas ele era apenas um meio para atingir os fins. Havia o trabalho 'oficial' de investigador para a maior parte dos moradores de Arcanum, mas este também não era movido por nada além de um objetivo, ainda que gostasse razoavelmente de procurar por pistas e decifrar enigmas. Era um demônio, então poderia dizer que suas paixões eram de cunho pecador? Bem, ele não regozijava de todos os pecados. Por exemplo, ele detestava avareza, não era especialmente irado com nada, também não era dos mais preguiçosos e nem exageradamente soberbo... Então não poderia ser isso também. Talvez essa natureza apaixonada dos humanos que os tornavam tão interessantes, o fato de que tudo se tornava um grande negócio mesmo que fosse supostamente algo simples. Uma viagem se tornava um recomeço e um retiro espiritual, uma música se tornava um símbolo e uma torrente de nostalgia que falava sobre algo importante em suas vidas ou um encontro com simples palavras que nunca eram esquecidas. Ou um conjunto de cores que se tornavam uma pintura e elas simbolizavam o inconsciente e a válvula de escape do pintor. Ou o que quer que fosse preciso, interpretada de mil maneiras diferentes e subjetivas. Gostava daquele fator, e talvez toda essa paixão humana que tornava o simples uma epopeia que tornasse-os peculiares e belos, tanto quanto eram cruéis e mesquinhos.
Eram nessas divagações que se perdia enquanto cortava ingredientes frescos. No fundo, quem sabe tivesse invejado aquelas coisas e por isso tinha decidido subir, sair do turbilhão para se assentar na efemeridade. Sorriu quando ouviu os passos de Nate. "Estou fazendo polpetone à parmegiana com fettuccine. Algo mais simples para evitar grandes catástrofes." Colocou o que havia terminado de cortar na panela para refogar, com pano de prato descansando em seu ombro. "Acho que até agora não teremos nenhum envenenamento. O que é bom, o próximo passo é que seja comestível. " Sorriu ladino, abrindo espaço para o loiro. "Certo. Você pode começar temperando a carne e depois recheando os polpetones com o queijo e as coisas que já estão separadas nos recipientes." Neles tinham tomates, salsa, alho poró, queijo e pimentões coloridos. Se era uma combinação boa ou não, iriam descobrir em breve. "Está se sentindo mais relaxado agora?" E a ideia era que o lobisomem descansasse um pouco após dias trabalhando, enquanto Nero terminava, mas sabia que não iria funcionar. Além disso, estarem fazendo algo tornava sua próxima pergunta mais casual do que era. "Aliás, tem algo te incomodando? Tenho tido essa sensação há um tempo... "
"tá bom. só não coloca fogo na minha cozinha." brincou enquanto sumia corredor adentro, suspirando ao entrar no banheiro e logo ser atingido pela luz pálida que deixava seu reflexo sujo e cansado ainda mais velho e estranho. depois disso, o banho de nathaniel tinha sido excepcionalmente longo. só após conseguir retirar todo o pó de mármore do rosto, dedos e cabelo o hawthorne conseguiu relaxar. deixou as gotas pressurizadas do chuveiro caírem em suas costas, nuca e face, lavando a tensão dos músculos pouco a pouco. quando nate era sugado em um espiral de criação, era difícil sair do estado de flow que quase sempre se tornava uma obsessão. de repente, o ar que respirava já não era tão mais importante do que conseguir transpassar o que pensava da mente para as mãos, e traduzir tudo aquilo o que sentia para um formato. ah, a arte..! aquela escultura na qual tão arduamente trabalhava era a última que faria para a exposição da temporada no estúdio da aurora. desde que tinha começado a criar, nathaniel passava por um caminho sinuoso de altos muito altos e baixos valosos. não que a sua vida anterior a arte fosse perfeita; na verdade, hoje se envergonhava de como tinha traçado seu início em arcanum. então, ser elogiado daquela forma por nero o fazia (muito) feliz, porque significava ter alcançado algo para além de si, e sem precisar mostrar com atos ou palavras a beleza e brutalidade do que poderia criar: o respeito de alguém que respeitava. pensou bastante sobre as palavras do amigo enquanto no banho, refletindo sobre a sua preocupação sobre trabalhar demais. de fato, estava se atolando em serviço só para não ter que existir para fora do estúdio. tinha amigos, mas nem todos eram tão próximos quanto nero. e mais do que nate gostaria de admitir, era difícil para ele viver sem uma alcateia. sentia-se mais debilitado do que um dia tinha se sentido, mais frágil, mais susceptível a cair nas ciladas da própria mente. quando se sentiu preparado para conseguir levar uma conversa sem que pensasse demais em tudo o que lhe afligia, desligou o chuveiro e se secou brevemente, amarrando a toalha por cima da cintura antes de sair do banheiro--- que àquela altura já estava todo enevoado. no quarto não se demorou. escolheu uma blusa fina de malha e uma calça de moletom, rapidamente voltando para a cozinha. o cheiro já estava ótimo, e o estômago respondeu antes que ele pudesse elogiar. "surf curse..." ele comentou, com uma risadinha. gostava do estilo musical de nero. aproximou-se para olhar por cima do ombro dele. "o que você tá fazendo aí? hmmmmm. não tá queimado. bom sinal." brincou, batendo a mão na outra. "certo, e agora? o que eu faço? me dê tarefas, ou vou ficar aqui te irritando até a comida ficar pronta."
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Por mim se vai à cidade dolente, Por mim se vai à eterna dor, Por mim se vai à perdida gente. Justiça moveu o meu alto criador, Que me fez com o divino poder, O saber supremo e o primeiro amor. Antes de mim coisa alguma foi criada Exceto coisas eternas, e eterna eu duro. Deixai toda esperança, vós que entrais! — Canto III, Inferno - A Divina Comédia.
triggers: sangue, gore, morte.
Haviam gritos ensurdecedores que ecoavam bruxuleantes por toda parte. Miasmas de relva morta cobriam todo o limbo, e dentro da caverna de entrada tinham marcas de unhas e sangue arranhando a superfície das pedras. Vazio e desesperança pareciam despedaçar cada parte da alma jovem de Mammon, alma esta que jamais havia sentido a pressão infernal sobre sua existência. Ao contrário do que diziam as más línguas, toda existência nasce neutra, em uma existência cinzenta de matéria, plasma e infinito. Algo profundo ressoava no princípio de um ser místico.
Era como se fizesse parte de um todo e depois fosse arrancado como um pedaço individual dessa comunhão, para se tornar corpóreo, tangível. Ainda que fosse considerado sua infância, ainda possuía uma percepção diferente, uma espécie de consciência de toda essa energia. Demônios vinham do turbilhão, mas era correto pressupor que uma criança de colo é maligna? Mammon possuía os mesmos olhos curiosos para todas as coisas. Certamente havia algo de diferente na forma como experienciava todas as coisas, sempre com um tom pungente de sarcasmo e morbidez, sempre com certos excessos. Todavia, até meados do que seria considerado uma infância para sua existência, ele não havia presenciado realmente o que era diabólico. Gostava de sua vida e de sua mãe. Gostava de estar entre seus irmãos e de não ter um propósito maior do que explorar e conhecer.
Até que certa vez alguém veio, lhe tirou de sua mãe enquanto mal conseguia compreender que tipo de lugar iria que ela não estaria, ou o por quê o desespero vertia em gritos roucos e inúteis que se tornavam agonia ao ver sua casa ao longe.
"Você não é o que eu esperava de você, Mammon." Foi a primeira coisa que ouviu do homem que lhe carregava, e por alguma razão quis gritar que não importava o que ele esperava, mas sabia que não era verdade. Sabia que haviam expectativas apocalípticas sobre seus ombros, expectativas que não se importava em querer cumprir quando tudo que queria era voltar para sua casa.
Não era justo. Se as existências mortais que falavam sobre o criador ser misericordioso, onde estava essa misericórdia enquanto Mammon era levado para o abismo? Foi a única vez que ele rezou. Enquanto as almas dos aflitos agarravam seus pés e lhe puxavam gritando e pedindo por ajuda, todos cobertos por piche e pela chuva de sangue e visceras. Sentiu açoites, dentes de ferro, lâminas e risadas. Um rio de fogo onde se afogavam em uma danação eterna sem jamais chegarem à margem, sem jamais conhecerem o descanso. Um deserto de areias escaldantes escalpelava quem saía do rio, afundando-os em braços fundos onde criaturas peçonhetas lhe devoravaram. Haviam cães infernais que garantiam que todos permanecessem em suas penitências. Criaturas vis se divertiam com o desespero, com os gritos, com o horror e a tortura. Bebiam cada gota do medo e da dor. Quando as almas pareciam achar que não haviam como sofrer mais que aquilo, elas descobriam que sim, havia, em forma de outros círculos infernais e toda a criatividade macabra que um demônio pode ter.
"Não há lugar para covardes aqui, e nem para os fracos." Pontuou o homem ao lhe atirar no esmo, onde uma orda passou a lhe puxar em busca de um pedaço, em busca de poder, e o poder infernal vinha de subjugar, brutalizar e estilhaçar existências inferiores. Cada alma corrompida pela lama haviam se tornado tão sujas quanto seus algozes. Não havia nenhum tipo de centelha de misericórdia, e ali ele entendeu porque haviam marcas de unhas e mãos ensaguentadas nas pedras. "Se for capaz de sair, venha me encontrar." E foi a última vez que o viu em muito tempo.
Aquele em cima não havia ouvido suas preces então, pensou enquanto chamava por Lili e por seus irmãos, enquanto o fogo de Flagentonte lambia sua carne e ossos e o fazia gritar até ficar sem voz. Só queria voltar pra casa. O pior de tudo, era que não sabia porque sofria, porque tinha que ser assim. Nunca havia cometido nenhum dos pecados que os condenados respondiam em pena. Sua sina apenas fora escolhida sem que pudesse ter qualquer coisa a dizer. Apenas sabia de suas obrigações, mas escolheu ignorar cada uma delas até o último momento, com esperança de que não precisasse atendê-las.
Ninguém veio. Ninguém. Por um tempo incontável, até que sua alma tornasse uma consciência mais madura, adulta, Mammon esperou, por qualquer um, até não esperar mais. Havia passado tanto tempo olhando para o abismo, que o abismo lhe olhou de volta. Entendeu perfeitamente porque o poder era a principal moeda. Sem ganância, não era possível subir e sem subir permaneceria na lama, sofrendo, agonizando, sendo alvo das zombarias e do horror doentio dos condenados e dos demônios. Ele precisava ser o pior deles. Não precisava ser salvo por ninguém, ele mesmo se salvaria. Já que não havia escolhido sua sina, a abraçaria.
A moeda foi observada por um longo tempo.
Não tinha mais medo, dizia pra si mesmo, o que era algo potencialmente problemático. Entretanto, aquilo... Aquela lembrança era o que mais profundo estava enterrado em seu peito. Aquela lembrança que possuía uma guinada de minutos, mudou toda a sua existência. Antes um espírito que apreciava e degustava a vida, para... Bem, para aquilo que tinha que ser. Para tudo o que ele era. Para ser o mais vil e desprezível que uma criatura poderia ser. Sorriu ironicamente, com mãos trêmulas ao alcançar seu cigarro. Foda-se. Já fazia tempo demais.
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