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snakesonmyheart · 8 years
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Filme do amor ❤️
MATE-ME POR FAVOR
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Para além da óbvia menção à morte no título de seu longa de estreia, Anita Rocha da Silveira, ainda não contente, enfatiza e intensifica o mesmo ao acrescentar um “por favor” que de uma forma certeira revela tudo a respeito da sua anti-heroína e de seu desesperado desejo em concretizar e materializar uma certa fixação que a persegue.  
A sequência inicial do filme acompanha a trajetória de uma adolescente bêbada, e aparentemente perdida, que perambula pela paisagem asséptica e deserta da Barra da Tijuca - bairro carioca famoso pela sua arquitetura de concreto e prédios de classe média alta, que durante todo o filme é milimetricamente explorado, desde as suas largas vias de asfalto, até viadutos, estações de BRT e condomínios fantasmagoricamente inabitados - até começar a ser perseguida e encurralada em um terreno semi-abandonado onde acaba por encontrar um fatídico desfecho. É a partir de sua morte - a primeira de um série de outras - que a protagonista Bia e suas amigas (todas absurdamente ótimas em seus papéis, com destaque para a principal Valentina Herszage) iniciam uma jornada de obsessão e auto-conhecimento que segue por caminhos misteriosos e jamais previsíveis. Acompanha-se, assim, o cotidiano das jovens, principalmente em seu habitat escolar, onde se desenvolvem pequenos e rotineiros enredos, mas todos quase sempre ligados ao eminente “perigo” que pode acometer qualquer uma delas. Anita constrói a tensão aos poucos, de forma gradativa, a partir de cada novo caso de assassinato. Os adultos não aparecem fisicamente, tendo suas participações diminuídas, como na voz de uma diretora de escola prestes a anunciar algo, ou no telefonema de uma mãe que não tem sua voz revelada. Essa ausência adulta confere um tom de fábula ainda maior a trama, onde os espaços públicos são praticamente habitados apenas pelos jovens. A urgência adolescente de Bia em se localizar neste ambiente a faz reagir de forma visceral em todas as situações por ela enfrentadas. Seja no seu complexo trato com as amigas; seja na falta da mãe, ou na constante presença do irmão. São elementos que compõem e fazem seu universo funcionar à sua peculiar maneira. O namorado infantil e evangélico surge como um corpo onde ela pode exercitar essa necessidade física de se relacionar com as coisas. É uma metáfora lindamente colocada por tratar de uma fase da vida onde o desconhecido surge como algo a ser rompido e apressadamente ultrapassado. A ânsia pela vida se dá pela morte. E o contraste complexo entre sexo, que tem no seu cerne a razão pulsante de ser, e a morte, que igualmente evoca essa energia vital para tentativa de sua compreensão, é explorado com inventividade nas imagens estratégica e fotograficamente (João Atala) iluminadas em um pseudo neon-realismo azul e roxo.
O filme ainda abarca e abraça vários gêneros, que incluem terror, suspense, comédia, drama e até musical, em uma escolha ousada da realizadora que consegue administrar todos de uma maneira extremamente harmônica. As referências artísticas - e aqui não apenas cinematográficas, mas literárias e jornalísticas - transbordam, desde as literais, como a clássica frase do filme E.T, de Steven Spielberg, “ET. Phone. Home”, até uma reconstrução de uma festa adolescente que homenageia não só visual mas também narrativamente o Carrie, de Brian de Palma. O sentimento de nostalgia e memória assombra a rotina das amigas por meio de relatos de sonhos e histórias contadas por uma delas, usando o recurso da narração para explorar e costurar uma miscelânea de ícones mórbidos - o esqueleto na sala de biologia, por exemplo - que dialogam diretamente com a morte. E é por meio dessa ferramenta do casos narrados que a diretora lança mão de dois símbolos completamente distintos, mas tematicamente próximos e pertinentes. Primeiro ao colocar um poema do simbolista Augusto dos Anjos, que todo adolescente deve lembrar dos tempos de aulas de literatura; “beijo amigo, é a véspera do escarro. A mão que afaga é a mesma que apedreja”. E em seguida, através da história verídica e chocante da atriz Daniela Perez, assassinada brutalmente - na mesma Barra contemporânea onde se desenrola o filme - no final dos anos 80, onde se situa uma época passada, quando quase nenhum prédio se erguia ali, e o mato “tomava conta” de tudo. Soma-se a tudo isso o uso de clássicos da música funk, em uma contextualização muito própria do Rio de Janeiro e da força que esse estilo musical exerce na cidade.
É estimulante ver uma produção nacional tão bem orquestrada e resolvida por uma cineasta jovem e talentosa em seu apenas primeiro longa. Mate-me é todo costurado com um estofo sentimental imenso, onde se apresenta uma trama sobre meninas/mulheres e seus mais complexos e sinceros anseios. Através de um protagonismo exuberante, suas falas e corpos se permitem às mais diversas transformações que implica a fase adolescente em um tom direto, honesto e forte. É um raro caso onde se encontram de um jeito lindamente enriquecedor personagens multidimensionais, narrativa intrigante e direção inspiradora.
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snakesonmyheart · 8 years
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snakesonmyheart · 8 years
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snakesonmyheart · 8 years
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snakesonmyheart · 8 years
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Just go straight to death... #eatless #losewight #dontdrink #dieanyway #gostraighttodeath #placas #naparede #naparededosoutros
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snakesonmyheart · 8 years
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Ah Capaldão... ❤❤❤ #doctorwhobrasil #doctorwho #petercapaldi #capaldão #12thdoctor #bestdoctor #melhordoutor #sonicsunglasses #theeyebrows
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snakesonmyheart · 8 years
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snakesonmyheart · 8 years
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Deadpool sequel anybody? :P
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snakesonmyheart · 8 years
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Deadpool was the shit. That is all. 
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snakesonmyheart · 8 years
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snakesonmyheart · 8 years
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snakesonmyheart · 8 years
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Kkkk
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snakesonmyheart · 8 years
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O que é isso gente
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snakesonmyheart · 8 years
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Nhooooooom
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snakesonmyheart · 8 years
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when the writers start ruining your favorite character with bad writing
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snakesonmyheart · 8 years
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88th Academy Awards Nominees
BEST ANIMATED SHORT FILM
Bear Story – Pato Escala Pierart and Gabriel Osorio Vargas
Prologue – Imogen Sutton and Richard Williams
Sanjay’s Super Team – Nicole Paradis Grindle and Sanjay Patel
We Can’t Live Without Cosmos – Konstantin Bronzit
World of Tomorrow – Don Hertzfeldt
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snakesonmyheart · 8 years
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I will forever love the Buffy the Vampire Slayer episode “Once More, With Feeling”. It fills me with joy and a need to sing my fucking heart out. Aaaaah! I just love it so much. All of the songs are wonderful!
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