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diversoshorizontes · 10 months
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Diversos Horizontes: fase de entrevistas
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Uma pessoa privada de liberdade que desafiou a todos para concluir o ensino básico e prestar vestibular ainda dentro do sistema prisional: hoje é advogado reconhecido pela defesa dos direitos humanos de pessoas com menos recursos; uma doutora em comunicação pela USP, que precisou, aos dez anos de idade, realizar uma verdadeira campanha publicitária para conseguir continuar os estudos; uma senhora de 100 anos que foi proibida de se identificar como indígena quando criança; uma mulher negra que conseguiu superar o vício e a vida na rua para lutar pela guarda dos filhos: hoje luta pelo direito à moradia representando milhares de pessoas em Belo Horizonte; uma jovem jornalista moradora do Cabana, que criou seu próprio veículo de imprensa para conseguir dar voz à sua comunidade…
Essas são apenas algumas das 15 histórias que serão representadas e contadas no Diversos Horizontes, projeto realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura da Prefeitura de Belo Horizonte (Modalidade Fundo).
Com o objetivo de mostrar como belo-horizontinos gostariam de ser representados e combater estereótipos, as autoras do projeto – Ana Cláudia Vieira, Olga Campos e Marcela Menezes – estão realizando uma série de entrevistas para conhecer as histórias das 15 pessoas selecionadas por meio de edital. Cada história resultará em um cartão postal, composto de arte gráfica e miniconto. Cerca de 9 mil exemplares serão distribuídos em todas as regionais da cidade.  
“As histórias que encontramos combatem fortemente estereótipos, pois mostram que as pessoas comuns, que fazem belo-horizonte acontecer, têm vidas que em nada condizem com simples rótulos que recebem ao longo da vida. Assim, com nosso projeto, fazemos um convite a reflexão sobre o quanto a coisificação das pessoas é nociva e limitante. Estereótipos são limitantes e alimentam preconceitos”, avalia Olga Campos.
Na atual fase de desenvolvimento do projeto, todos os participantes estão tendo a oportunidade de apresentar suas narrativas de vida, falar sobre as lutas que enfrentam, que têm direitos como qualquer pessoa e não são as situações que vivenciam. 
“São narrativas pedagógicas. Assumem muitas vezes um ar leve e até bem-humorado. Mas não devem ser romantizadas, pois as dificuldades enfrentadas por essas pessoas não são exceções e ferem, muitas vezes, direitos básicos constitucionais”, avalia Ana Cláudia Vieira.
Leonardo Pena, um dos participantes-protagonistas, ilustra bem como os estereótipos podem ser prejudiciais em vários níveis. Estudante de estatística e representante estudantil,  precisou enfrentar nos primeiros semestres muito mais do que a dificuldade acadêmica e de logística, mas, também, o preconceito de que uma pessoa negra, vinda de escola pública e moradora de Ribeirão das Neves não daria conta de um curso como o de estatística. 
Logo nos primeiros meses, uma colega se ofereceu para ajudá-lo a entender algumas fórmulas, mas, quando se encontraram, veio o balde de água fria: “ela me recomendou que eu mudasse para um curso mais fácil, pois ‘uma pessoa igual a mim’ dificilmente conseguiria terminar o curso”, relembra o estudante.
“Ela disse isso numa biblioteca, com todas as pessoas ouvindo. Aquilo me doeu, mas eu não consegui falar nada. Depois disso, fiquei sem ir à aula alguns dias, até que consegui retornar.”, conta.
Conforme explicam as autoras do projeto, “o grande desafio é levar essas histórias para o formato artístico e literário, sem perder o impacto dessas realidades, vivenciadas não apenas pelos participantes, mas por milhares de pessoas.”
Os postais elaborados no Projeto Diversos Horizontes serão distribuídos até o final de setembro em todas as regionais da cidade, para que essas narrativas rompam barreiras e cheguem a diferentes pessoas. O desenvolvimento do projeto pode ser acompanhado nas redes sociais e também no site do projeto.
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