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astrologiasingular · 4 years
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Virgem, a sabedoria, Mabon, Obaluaê e o prelúdio da primavera
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Arte do tarot: Elisa Riemer - Foto: https://hysteria.etc.br/ler/a-militancia-poetica-e-o-taro-feminista-de-elisa-riemer/
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Era uma vez, na Grécia antiga, Deméter, a senhora dos campos, da fartura e da colheita. De seu namoro com Zeus, nasceu Perséfone, filha doce e inocente que - em uma de suas caminhadas pelos fartos bosques maternos - despertou a paixão doentia de Hades, o senhor do submundo dos mortos. Perséfone foi raptada pelo estranho e conduzida ao universo invertido, sendo induzida a comer  uma romã, fruta da sedução sagaz que selou o matrimônio dos dois antes que a moça pudesse recusar tal enlace. Deméter, desesperada pelo luto da filha perdida e sem opções por Hades ser uma divindade tão forte quanto ela e Zeus, fez a terra perecer. O frio e a esterilidade do campo se instauraram. Zeus, temendo pela prosperidade do mundo, interviu e propôs a Hades que Perséfone morasse seis meses no submundo e outro semestre inteiro ao lado da mãe, na superfície. Como não era interesse de Hades que o mundo secasse (ele não perderia suas preciosas romãs, ora), aceitou o trato e, assim, Perséfone organizou seu tempo sabiamente para conduzir verão e primavera enquanto estivesse ao lado da mãe (fartura do campos e colher de frutos) e protagonizar outono e inverno quando retornasse ao universo invertido. Em outras mitologias, Perséfone surge como Maria - a mãe de Jesus -, e Ísis, a deusa egípcia do amor. No zodíaco, o rapto de Perséfone origina Virgem, signo de Terra mutável e regido por Mercúrio, o planeta da versatilidade/comunicação.
Vigente de 23 de agosto até 22 de setembro, Virgem acontece durante Mabon, o Festival da Colheita ou Dia de Ação de Graças do paganismo, também conhecido como Equinócio de Outono no Hemisfério Norte (enquanto no Sul, temos a chegada da primavera). Equinócios são fenômenos em que, por 48 horas, dias e noites têm a mesma duração e, assim sendo, em termos mitológicos, a saída de Perséfone do mundo dos mortos durante uma estação (o outono, por exemplo) origina o início de outra (como a primavera) enquanto a moça retorna ao mundo verdejante de Deméter (para a colheita acontecer). Tamanha adaptabilidade traz na figura de Perséfone a essência virginiana: a organização.
Planejamento, praticidade, comprometimento, capricho e eficácia. Assim é o signo de Virgem. Metódico e estratégico, o virginiano sabe quando falar e calar. É discreto, sábio e concentrado. Sabe onde quer chegar e percorre tal caminho com honestidade. Delimita espaços e não invade a privacidade alheia. Tem a agilidade de seu regente, Mercúrio, para pensar analiticamente sobre o que deseja e comunicar tais buscas com as palavras certas. É estudioso, disciplinado, dedicado, divertido, trabalhador e tem aversão a excessos. Mantém  a harmonia entre o mundo exterior (a troca de ideias ou, em termos mitológicos, a primavera/verão de Deméter) e o mistério das emoções profundos (a meditação/contemplação e, ainda, o inverno da alma presente no submundo de Hades). Faz do equilíbrio energético um dever diário e, por esse motivo, não guarda lodo espiritual em si (não alimenta maus pensamentos e não se deixa envolver por pessoas tóxicas/de baixa vibração, embora não a julgue). Sabe como cruzar fronteiras sem invadir territórios. Calcula cada passo de sua jornada para jamais pisar em falso. Essa é a luz virginiana que, no Tarot de Marselha, surge representada na figura da Sacerdotisa (ou Papisa), arcano maior presente na carta de número 2. Introspectiva e avaliativa, a Sacerdotisa (cujo equivalente masculino é o Hierofante, arcano de Touro, primeiro representante de Terra) mantém a ordem do mundo (e dos desejos) por exercer sabedoria/parcimônia ao guardar os mistérios da vida. Até que o lado sombra de Virgem se manifeste, é claro.
Severo, crítico, dogmático, enfadonho, neurótico. Quando contrariado pelos imprevistos da vida, o virginiano se depara com seu maior desafio: a necessidade de improviso. O promoção profissional não ocorreu conforme o planejado? As pessoas não se comportaram de acordo com as regras de boa conduta aprovadas por Virgem? As relações mantidas contrariam o ritmo determinado pelo filho de Mercúrio? Uma enorme pane no sistema se instaura e Virgem passa a ser a pessoa mais chata que você já conheceu. Exigente, intolerante, inflexível e repetitivo, o virginiano se apega a traumas para não mais se arriscar - e, assim, se amargurar -, uma vez que o  roteiro de sua vida foi alterado e administrar isso não fazia parte dos planos. Eis um dos segredos guardados pela Sacerdotisa: o lado oculto - e imprevisível - da vida pede que, na medida certa, nossa lição seja aprender a flutuar no caos, assim como faz Peixes, signo de Água que dinamiza a polaridade virginiana (basicamente, um irradia luz na sombra do outro). Sonhar mais, não se engessar na disciplina, cicatrizar as feridas mentais e físicas e repor energias. Isso é não só a retomada da luz de Virgem, mas - ainda - a missão de cura de Obaluaê, orixá responsável pelos virginianos. Já que polaridades foram mencionadas, Obaluaê é a extremidade positiva/fase mais jovem de Omulú - divindade mencionada na postagem anterior - responsável não só pela regeneração, mas pela evolução do ser e pelo aumento de seu padrão vibratório (diminuído quando a sombra virginiana se manifesta). Perséfone, Mabon, Sacerdotisa e Obaluaê ensinando Virgem sobre alinhamento e proporcionalidade livres da aridez - ou enrijecimento  - dos afetos. Ordem demais causa canseira. Não gostar de bagunça é diferente de burocratizar a vivência de situações familiares, amorosas, profissionais e espirituais em sua plenitude. 
Mercúrio fazia o tempo passar depressa para Perséfone voltar à superfície e, ainda, para agilizar notícias da moça para Deméter, sua mãe saudosa. Mabon - no alvorecer da primavera - traz a colheita, a sabedoria e a cura, sendo tudo de propiciado pela dupla Sacerdotisa e Obaluaê. Nós aqui, no mundo presente, estamos resgatando a ancestralidade e olhando para o nosso interior. Todos nós temos Virgem em algum ponto de nosso mapa astral, oscilando entre luzes e sombras. Que nossa cesta de frutas esteja farta para que, entre um gomo e outro, seja de tangerina ou romã, o conhecimento se torne nosso alimento. Virgem é o estudioso metódico. Que a beleza de sua inteligência nos ilumine e elucide. 
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(Texto originalmente publicado no site astrologiasingular.com.br em julho/2020)
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