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Vai devagar… Pensa duas, três, quatro, quantas vezes forem necessárias pra não fazer bobagem. Cuida do teu coração, cuidado com quem você deixa entrar. Espera o tempo passar. Acredita menos… As pessoas não são tão legais quanto aparentam ser. Quem acredita menos, sofre na mesma proporção. Até quando você achar que é verdade, desconfie um pouquinho. Faz bem não se entregar totalmente logo de cara. Se arrisca mais, por você. Tenha coragem para dizer tudo que tens aí guardado. Seja forte para conseguir se manter calada perante alguns. Muda de rumo. Quando te mandarem ir por lá, vai pelo outro caminho. Ou vai apenas, pelo caminho do teu coração. Se você não aguentar mais fingir… Chore. Depois que você acabar de chorar, vai sentir-se mais leve. E então vai levantar a cabeça, lavar o rosto, pôr uma roupa bonita no corpo, um sorriso escandalosamente lindo no rosto e dizer que chega, que você vai é ser feliz. Eu sei, é assim mesmo. E vai funcionar! Não diga “nunca”, nunca. Irônico, não? Mas não diga. Porque essa vida é incrivelmente engraçada. Mais uma coisa. Você não pode ter medo que as pessoas te machuquem, viu. Porque as pessoas vão te machucar de vez em quando, até mesmo aqueles que você mais confia e admira. Não vão fazer por mal, mas somente porque são humanos. Cometemos erros ridículos com pessoas maravilhosas. Faz parte. Não esquece que cada um é cada um. Somos diferentes. Graças a Deus, somos. Vive um dia por vez, sem pressa e sem querer ser mais rápida que o tempo. E por favor, vai ser feliz, que tu ainda tem muito por viver.

Caio Fernando Abreu

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Porque a vida segue. Mas o que foi bonito fica com toda a força. Mesmo que a gente tente apagar com outras coisas bonitas ou leves, certos momentos nem o tempo apaga. E a gente lembra. E já não dói mais. Mas dá saudade. Uma saudade que faz os olhos brilharem por alguns segundos e um sorriso escapar volta e meia, quando a cabeça insiste em trazer a tona, o que o coração vive tentando deixar pra trás.

Caio Fernando Abreu

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Não negue, sempre vai existir algo ausente dentro de você. Detalhes, rastros, pistas, planos, sonhos, futuros, lugares, imagens claras, lindas e fascinantes de uma felicidade passada. Tantas frases do livro da vida sem sentido que você teima em esconder. Você se fecha, se encarapuça dentro de um escudo de solidão com medo de sofrer. Não é desculpa, você já sofre, sempre vai existir alguém ausente, que é a mais presente dentro do seu coração.

 Ausências, Guilherme B.

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Você percebe que tem algo errado quando sorri ao pensar na pessoa, quando fala com ela todos os dias, quando pensa nela antes de dormir, quando acorda com uma necessidade de chama-la, quando ouve a voz dela e tudo fica bem, quando simplesmente você sorri vendo o sorriso dessa pessoa. E ai você percebe que é o errado que te faz feliz.

Guilherme B.

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Tomara que a gente não desista de ser quem é por nada nem ninguém deste mundo. Que a gente reconheça o poder do outro sem esquecer do nosso. Que as mentiras alheias não confundam as nossas verdades, mesmo que as mentiras e as verdades sejam impermanentes. Que friagem nenhuma seja capaz de encabular o nosso calor mais bonito. Que, mesmo quando estivermos doendo, não percamos de vista nem de sonho a ideia da alegria. Tomara que apesar dos apesares todos, a gente continue tendo valentia suficiente para não abrir mão de se sentir feliz. As coisas vão dar certo. Vai ter amor, vai ter fé, vai ter paz – se não tiver, a gente inventa.

Caio Fernando Abreu

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Olha, antes de partir eu tenho uma porção de coisas para dizer, dessas coisas assim que talvez eu diga costumeiramente mas que você nunca escuta ou presta atenção, sabe, dessas coisas tão difíceis de serem ditas que geralmente ficam caladas, escondidas, porque nunca se sabe como serão ouvidas, entendidas, ditas e respondidas, compreende? Se eu não disser agora talvez não diga nunca mais, talvez não, nunca mais serão ditas. Porque tanto eu, como você sentiremos uma falta enorme um do outro, mas não assumiremos, não nos sentiremos satisfeitos ao relembrar de tudo que vivemos, ou melhor, de tudo que existimos. Porque elas não foram vividas completamente, entende, porque as existimos apenas na nossa dimensão, não, não me entenda mal, mas é que de todas as coisas que vivi ou existi, até hoje, você foi a melhor e sempre será. Mas não tem como insistir em algo que o outro não tem coragem de viver, no mais fundo, mais profundo sentimento, você está acompanhando meu raciocínio? Realmente não sei o porquê achou que não daríamos mais certo e resolveu por colocar um fim em algo que nem tinha ao menos começado, existem coisas que ainda não pensei coisas que um dia talvez eu pense, eu, por exemplo, nunca pensei que houvesse um fim, depois de tantas coisas ditas, tantos eu te amo a toda hora, todo segundo, por mensagens, recados, sussurros e gritos. A nossa diferença é que você é capaz apenas de viver de superfícies, enquanto eu sou capaz de ir ao mais fundo, entende? Por isso eu quero dizer antes de partir que você cresceu em mim, no meu coração, na minha alma de um jeito completamente insuspeitável, esperava de você apenas coisas assim, simples, vindas do coração, coisas, enfim. Você me obrigou a abrir todas as portas do peito, e depois as janelas e pouco a pouco arrancar o telhado, derrubar paredes para que você entrasse, eu compreendi que você precisava de muito espaço, claro, por isso tomou conta de tudo, do meu ser até. Mas é triste, chegar ao fim e perceber que não poderei dizer e nem fazer mais nada, claro, é preciso que a gente tente de todas as maneiras, é o que eu sempre fiz e que sem querer estou fazendo. Sabe, eu me pergunto até que ponto você era aquilo que eu via ou apenas o que eu queria ver em você, queria saber até que ponto eu fiz em você uma projeção do que eu sentia, que no fundo, bem no fundo, talvez nem fosse suas, mas minhas, e pensava que amar fosse isso. Olha, pegue logo sua bagagem é bom evitar atrasos. Ah: sabe, entre duas pessoas essas coisas sempre devem ser ditas, eu estava querendo te dizer de como eu olhava no relógio, andava de lá para cá sem pensar em outra coisa, outra pessoa, só queria dizer como eu te esperava. Mas um dia destes descobri existindo, que foi o fato de você querer partir que me fez descobrir tantas coisas, não fique tentando descobrir sentidos ocultos por trás do que estou dizendo. Se vai mesmo partir, é bom você botar um casaco o caminho trilhado sozinho costuma ser frio, leve também um pouco de luz, é escuro, cuidado, muito cuidado, se cuida. Olha, eu ainda não disse tudo, precisaria de muito tempo para dizer todas as coisas que eu tinha pra dizer. Sabe, antes de você ir embora eu só queria te dizer que sempre esteve tudo definido aqui dentro.

Antes de partir, Guilherme B.

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Se me perguntarem como estou, eis a resposta: estou indo. Sem muita bagagem. Pesos desnecessários causam sempre dores desnecessárias. Esvaziei a mala, olhei no fundo dela, limpei, e estou indo preenchê-la com coisas novas. Sensações novas, situações novas, pessoas novas. Tudo novo.

Estou Indo...

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Quem é inteligente não ama. Precisa ser burro para viver intensamente uma relação. Só o burro entrega sua vida sem pensar nada em troca. Só o burro não está preocupado em agradar os outros. Mergulha direto, com vontade, desprezando a temperatura da água e dos olhos. O amor depende de uma reserva de ignorância. É começar uma história e acreditar que será para sempre. Se começar uma história duvidando, ela termina. Se começar uma história sabendo que um dia irá acabar, ela acaba no primeiro mês. Sou aquilo que você percebeu: sou burro. Maravilhosamente burro. Alegremente burro. Graças a Deus.

Fabrício Carpinejar

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Mais um dia que não sei se por sorte, por azar ou por castigo dei de pensar por algum tempo. Há cinco anos, ele estava apaixonado por ela. Perdidamente. O problema ou um dos problemas, porque havia outros, bem graves, quando se tem quinze ou vinte anos, cinco anos de paixão pode ser muito. Acontece que ele tinha vinte e três anos. Ela, cinco a menos. Estavam ambos em faixas opostas e ao mesmo tempo intermediária em que terminou cedo demais para algumas coisas, e tarde para a maioria das outras. E cinco anos pode ser muito (ou pouco também, vai saber) que afinal passou depressa como tudo tem de passar hoje, como sua falta tem que cessar hoje, como se a primavera não sucedesse o inverno, como se não devesse nunca ter te encontrado, ou você nunca deveria ter quebrado meu coração. Como agora é necessário acender todas as velas, pegar todas as cobertas, lençóis, edredons para afastar o frio, o medo e a vontade de te ver. O telefone existe, mas não chama. O silencio agora custa mais caro, e o preço está sujeito a oscilações. Voltam sempre cenas confusas na memória, imaginadas lá atrás que se misturam, sem cronologia, sem que eu consiga determinar o que teria vindo antes. Voltam principalmente duas cenas. A primeira o começo, a segunda o fim. Para quê tentar lembrar-me de como tudo começou? Você chegando abrindo as portas, deixando todas as janelas abertas, deixando entrar uma luz bem forte e clara aos poucos, tingindo a vida de azul, vermelho, verde fluorescente, branco e por fim preto que depois empalideceria, porque entardecia e você deveria partir. Jogar os cabelos para trás - uns cabelos dourados, que nem ouro e a luz de verão, virar as costas e ir. Deixara portas e janelas abertas, reduzindo as faíscas, bem na hora em que o sol sumiu e escuro ficou. Mais uma vez, você se foi, dizia coisas que ainda não entendia, até antes que as palavras perdessem o sentido, ou começassem a fazer sentido para mim, que seja. Na memória, tempos depois, tive a impressão que havia um silêncio pouco antes dela partir, logo após esse silêncio incerto é que ela se foi e foi ai que uma partícula fina de vidro ou agulha, espetava. O que parecia pétala era espinho que brotava aos poucos no quintal da vida. O coração bateu um pouco mais forte, aquele amor que traduzia felicidade e afeição que um dia tive ao alcance da mão, já foi. Se foi. Partiu. Levou consigo todo o meu sossego. Depois disso havia outras coisas que não conseguiria claramente explicar. O brilho desaparecendo, ofuscado por uma dor que você não seria capaz de compreender, talvez mais tarde, se houver tempo. Mas não há. De repente - ou não de repente, a noite chega mais uma vez aos pouquinhos, tão igual a todo dia que era como se fosse assim planejado, num piscar de olhos passou-se muito tempo. As memórias retorcidas, o coração descoordenava os movimentos, descontrolava a voz chamando seu nome. A saudade insistia em não me deixar. E ainda insiste. É sempre terrível pensar nas histórias do coração, escritas com tanta emoção sem ou com interrupções. Amor e perdão, então, são os únicos sentimentos capazes de atenuar a impiedosa saudade. O que parecia pétala era amor, e como já li em algum lugar que não me recordo, amor nunca acaba bem. Que por azar ou por castigo ei de lembrar por algum tempo.

O que parecia pétala, Guilherme B.

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Você vai sentir falta. Vai demorar eu sei, mas você sentirá. Você vai perceber quando acordar no meio da noite e não ter para quem ligar, vai sentir falta das conversas idiotas, dos apelidos ridículos e das risadas sem graça. Você vai sentir muita falta ainda, eu sei que vai. Vai se lembrar de que sempre teve alguém ali para você, do seu lado para tudo, para te ajudar e proteger. Vai se lembrar do quanto essa pessoa insistiu e deixou de sorrir só para ver um sorriso seu e nessa hora, você sentirá um vazio no dia, na noite, na semana e no mês. Aquele mesmo vazio que eu tanto dizia para você que sentia por causa da sua ausência e das suas novas escolhas, que nunca eram ficar ao meu lado. E é ai que você vai perceber o que deixou para trás só pelas aventuras que resolveu ter pelo caminho, aquele friozinho na barriga de fazer algo a mais e deixar os sentimentos de lado, agora o “friozinho” não é na barriga é no coração por perceber que jogou fora algo que não deveria. Você vai se lembrar das pessoas que passaram pela sua vida o quanto sorriu com elas, segurou as mãos, fez tudo o que precisava. Vai lembrar que deu seu carinho e sua atenção para essas pessoas, enquanto eu esperava pelo mínimo e sempre estive aqui. Você vai perceber que eu era importante quando não tiver quem perguntar como você está, não ter uma mensagem chata e repetitiva pela manhã, como: “Sonhei com você e foi lindo” ou um simples “Bom dia amor”. Simplesmente as pessoas não se importam com você como eu, e você vai perceber que não era para parecer bonitinho que eu sempre repetia que ninguém no mundo te amaria como eu. E se lembrará de quantas vezes eu disse que te amava e não tive resposta, e quando tudo isso acontecer você vai pensar em me procurar, me ligar ou dizer um oi só pela saudade que vai estar batendo forte no seu peito, só que não irá me encontrar, meu número não será mais o mesmo.

E é aí que você sentirá o gosto amargo do “tarde demais”, Guilherme B.

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Eu costumava ser algo pra você. Algo meio confuso, meio sem jeito, meio torto, mas acima de tudo, algo que você se importava. Hoje fico aqui com uma esperança inútil, de que você sinta minha falta como sinto a sua.

Guilherme B. 

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E quantas vezes busquei o amor? Quantas vezes tentei me unir a você no infinito de uma alma insegura, mesmo de tão longe, vagando por esse mundo ou um mundo qualquer. Quantas vezes não me contive e busquei o seu sorriso, mesmo que por alguns segundos de alguma maneira me sentir por perto, ao seu lado. Como se num estalar de dedos eu me fizesse inteiro diante de ti, foi quase amor a primeira vista, quase. Se era amor? Não era. Minha alma que antes já se fazia insegura, hoje é deserta, tenho uma lembrança embaraçada do que aconteceu, acabou. E quando acabou foi como se as janelas e portas se fechassem num dia de sol. Os sintomas anormais de uma inexistência que machucava, a carência, a saudade, a magoa se fizeram presentes. Os espaços vazios, os erros...Tudo ecoava de uma vez só...

Parecia um final de amor, mas amor meu amigo, não tem fim, Guilherme B.

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Ela? Bom, ela tem seis letras no primeiro nome, moça de sorrisos discretos e olhar misterioso como um brilho de estrela que você não sabe se é azul ou verde, ou até quem sabe, os dois ao mesmo tempo. Ela fala palavrão, é mandona, é marrenta, fria, sensível, imprevisível, ciumenta, orgulhosa. Ela tem uma sensibilidade de flor, um jeito extremamente encantador. Ela é intensa e tem um tom de doçura. Ela reflete a verdade e tem mania de sentir por completo. Ela tem aquele gosto doce de menina romântica e carente e ao mesmo tempo aquele gosto amargo de mulher moderna. A verdade é que ela tem a voz deliciosamente agradável, um jeito que acalma, mas ao mesmo tempo instiga, provoca. Ela é uma gata no corpo de leoa. É uma leoa com jeito de gata. Sabe dominar, sabe conversar, prende minha atenção sem precisar se esforçar, me faz acordar todos os dias só para amá-la e nunca precisou pedir para ser amada. Chegou no meu peito e tomou o que era seu e depois disso, meu amigo, não existe outro mundo, se não o mundo que ela me leva. Sempre me fez dela e deixou dúvida se era minha, me fazendo assim ter a eterna necessidade de conquista-la todos os dias. É mulher, é humana e magoa, maltrata, subestima e pisa forte quando quer. Enquanto componho canções, escrevo para ela, me faço um bobo. Um bobo apaixonado, sendo mais direto. Deveria deixa-la, mas antes que eu consiga sou impedido por um sentimento que vai além de qualquer outra coisa existente no mundo. Um tal amor por ela, um tal amor dela. Fez-se espécie em extinção, dona do meu coração, nasceu para ser livre.

Gata, leoa, mulher que sabe o que quer, Guilherme B.

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Algumas coisas não servem mais. Você sabe. Chega. Porque guardar roupa velha dentro da gaveta é como ocupar o coração com alguém que não lhe serve. Perda de espaço, tempo, paciência e sentimento. Tem tanta gente interessante por aí querendo entrar. Deixa. Deixa entrar: na vida, no coração, na cabeça.

Caio Fernando Abreu

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Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu.

Caio Fernando Abreu

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Nunca pensei em 'fim', não conseguiria pensar direito, talvez eu tenha pensado, não eu nunca pensei nisso, mas sempre guardei na cabeça para pensar depois, mais tarde, quando chegasse ao fim de verdade. Sempre pensei em manter o coração erguido, mesmo com todos os desequilíbrios. Mas dessa vez não teve jeito, você se desviou e eu cai novamente. Era tanto tempo e tanta história engraçada para contar, tanta coisa para acontecer, tantos sonhos e muita distância, muitos quilômetros, muita estrada. Lembro-me daquele lugar onde eu teria ido com todas as imaginações, um pouco de cima, de longe, de fora, porque não poderia ser verdade? Veríamos juntos, ficaríamos juntos, amaríamos juntos, mesmo que os outros não compreendessem nunca, porque nosso, digo, meu amor estava misturado com o céu transparente de fim de tarde, talvez não me perdoassem por tanto sonhar. Poderia andar de olhos fechados, em direções opostas das pessoas que passavam se estivesse com você. Sem medo, sem nenhum receio de tropeçar, porque saberia pelo toque de sua mão na minha que juntos estaríamos e que nada nos desviaria. O que fazer agora? Quando com sua partida descobri que amor de verdade quem tinha era eu, e era o que eu esperava de você. Mas me deixastes assim no meio do caminho a procurar inutilidades e faíscas de razão para poder continuar, sozinho. Achei que tínhamos começado uma história, uma só vida composta de dois corações dispostos a bater juntos, mesmo compasso, mesmo ritmo, mesma força e mesmo motivo, o amor. Não me lembraria de fim como me lembro agora, não lembraria naquele dia ou outro qualquer, por mim que pudéssemos avançar ou voltar mas que fosse juntos, mas você foi e não voltou, e não seria agora que voltaria, não saberia precisar de mim, do meu abraço, meu olhar, meu sorriso como sei precisar tanto de você, e como eu sei viu?! Não saberia enxergar que eram passos imprecisos, passos não definidos, formando sombras, indecisões que não desapareceriam mais tarde, ou em outros passos mais duros, mais suaves, mais pesados ou leves, não poderia saber que depois disso viria o fim como uma navalha interposta afiada entre dois objetos do destino colados, rasgando o que eu julgava inseparável. Pude perceber que de nada soube. De nada sei. Nem das marcas que seriam deixadas aqui dentro, enormes como um tapete estendido na sua frente. Sei que daríamos certo, se não tivesse nos detido por ali, se não tivesse calado o ruído da voz, o barulho do peito, o deslizar dos sentimentos. Foi quando pude abrir os olhos é que descobri inesperados olhares que vi sem o olhar, sentimento a se apoiar numa nuvem de duvidas de uma história que não aconteceu e que por não acontecer, nunca teve fim.

Nunca tem fim, Guilherme B.