21.08.2020
“Percepção do espaço”
A segunda aula da disciplina contemplou discussões sobre a percepção do espaço junto as diversas leitura diante do que enxergamos. Elaborei o mapa mental tentando fazer ligações entre os pensamentos desenvolvidos e achei interessante também agrupar algumas imagens relacionadas aos temas que foram abordados. É interessante destacar que, desde a evolução da estética até as relações arquitetônicas, todas perpassam pelo conceito de belo, funcional, eficiente, e são eles que permeiam a nossa percepção e fazem com nossa visão de mundo evolua.
Nas fotos o MASP, Museu do Louvre, a Torre Eifel *todas de acervo pessoal) e uma imagem da edificação idealizada por Ricardo Bofills “Muralla Roja” na Espanha para ilustrar a gestalt.
Elementos de Linguagem - São Paulo Corporate Towers (vídeo)
https://www.youtube.com/watch?v=_QGucAwlXqE
Apresentando o edifício São Paulo Corporate Towers e sua análise estética, estrutural e funcional o vídeo é focado na sustentabilidade, que está presente tanto no terreno de implantação quanto no entorno. É interessante como a relação das duas torres cria algo dinâmico devido a forma com cantos arredondados, quase como um envelopamento que tem a "emenda do papel" na estrutura metálica projetada à frente, que se inclina do início ao fim do edifício.
As aulas abertas que aconteceram nos dias 23, 24 e 25 trouxeram importantes reflexões a respeito da teoria da arquitetura e urbanismo, tanto do ponto estrutural mas principalmente da relação estética e do entorno, como essa plasticidade pode ser entendida do ponto de vista do uso e da proposta, e das relações hierárquicas entre projeto e arquiteto e ainda com relação a interesses políticos.
Focando no terceiro dia de aulas abertas, a discussão a respeito do Fórum de Uberlândia e da Praça Sérgio Pacheco mostraram a complexidade do entendimento entre a relação do urbanismo e os edifícios construídos, além da plasticidade projetada e dos propósitos da espacialidade, por isso trouxe uma releitura do projeto de Ary Garcia Roza e Burle Marx para a Praça Sérgio Pacheco baseada no brutalismo presente no Fórum de Uberlândia com a utilização do concreto junto ao que foi exposto como “core” a parte mais íntima da cidade, seu centro, trazendo as cores vermelhas representando o órgão do corpo humano, o coração.
Como exemplo da aula do dia 18/09 sobre linguagem da arquitetura trouxe o edifício do Centro Pompidou em Paris, que por ser um dos únicos edifícios altos presentes naquela região da cidade cria relações com o entorno e desconstrói a ideia de que o início de um edifício é o térreo, mas ao inverter essa ordem a imagem da cidade ao redor fica muito mais forte e interiorizada.
A linguagem da arquitetura é muito complexa quanto ao seu conteúdo porque nós tratamos de sentidos que não são apenas visuais, misturam todos criando uma sinestesia que interpretamos como “sentir” o edifício. Nosso corpo é um sistema de sentidos que não podem ser percebidos individualmente, mesmo que se priorize um deles num espaço, os outros também estarão presentes, por isso sentir é mais fácil que explicar.
O mapa mental mostra os direcionamentos da aula e como foi desenvolver o pensamento que foi se expandindo conforme os 3 níveis da semiótica.
Como exemplo dessa percepção trouxe diversos exemplos de escadas, que resignificam o significado e o significante, seja pela volumetria, presença, cor e pelo conjunto como um todo.
Abordado em aula, o coletivismo na construção é como uma resposta ao ocorrido na construção de Brasília, onde o trabalhador coopera com a obra da comunidade que frequentará ou mesmo da sua residência, como é o caso de Vila Nova de Cachoeirinha.
Nas imagens temos:
1 - Imagem inicial do artigo "Trabalhador coletivo" e autonomia / Sérgio Ferro ;
2 - Mutirão União da Juta (ArchDaily Galeria de USINA 25 anos );
3 - Conjunto construído a partir do cooperativismo no Uruguai;
4 - Caderno de acompanhamento da construção da Igreja Divino Espírito Santo do Cerrado em Uberlândia;
5 - Projeto Escola da Fazenda Canuanã abordado por um grupo e muito pertinente nessa discussão por incluir a questão cultural e popular no projeto, e não poderia ser diferente num projeto para a comunidade. Interessante também um trecho de Gustavo Utrabo, um dos arquitetos que idealizaram o projeto “Acredito que tenham sido expertises que se somaram, no sentido que nosso olhar de arquitetos provém deste campo do conhecimento, que também envolve a cultura popular como o olhar da Lina Bo Bardi por exemplo, mas carrega uma bagagem construtiva.”
Acredito que todos os casos apresentados tem em comum esse aspecto de integrar quem vai construir, morar, frequentar o espaço construído.
Discutido na aula o documentário “Conterrâneos velhos de guerra” conta mais do que a ambição da construção da nova capital do Brasil, o derramamento de sangue dos operários da obra e o poder do dinheiro sobre a vida. Transcrito de um trecho do documentário, o poema escrito por um “candango” de 14 anos que fora preso e após sair da cadeia, morto, onde se traduz exatamente o sentimento diante da barbárie. Para mim Brasília só é sinal de progresso pelo projeto de construção totalmente planejado dentro de seus limites, mas sua construção junto aos seus ocupantes mostram o regresso do nosso país.
Reuni algumas imagens da construção de Brasília e fiz uma composição usando formas e o poema citado.
Como dica existe uma série do History Channel intitulada de “Mil Dias - A saga da construção de Brasília” e que embora tenha cenas fictícias reproduz com entrevistas e fatos o que ocorreu durante a construção.
Me recolheu muitas reflexões sobre a segregação social e racial enquanto assistia o documentário, separei um trecho marcante junto ao poema que um garoto de 14 anos que morava no assentamento próximo ao plano piloto de Brasília escreveu quando estava “preso”. O que mais me indigna é ver que as autoridades lidam com os fatos negando e acobertando mortes e condições precárias de trabalho, e acredito que na época da ditadura Brasília não foi uma única cidade construída com o sangue dos operários.
Na aula obteve o respeito da linguagem de Desenho, principalmente da Lina, uma arquiteta incrível que idealizou a Igreja do Espírito Santo do Cerrado em Uberlândia dentre diversos outros projetos incríveis.
Sendo assim fiz um mapa mental com os conceitos abordados em aula junto a reflexões minhas, além de uma ilustração e um colagem com algumas fotos autorais de quando visitei o local em 2017 baseado nos desenhos do projeto feitos por Lina. É muito interessante observar que ela desconstrói a igreja tradicional para construir baseada no seu entendimento e isso de certa forma aproxima o usuário daquele local, com algo menos rígido como as construções tradicionais de igrejas, onde as paredes são muito altas por exemplo.
“Cubos, cones, esferas, cilindros ou pirâmides anteriores como grandes formas primárias que a luz revelam sob um ângulo favorável; a imagem estas é distinta e tangível em nós e sem ambiguidade. É por essa razão que elas são formas belas, as formas mais belas "- Le Corbusier (p. 42)
"Como na arquitetura, lidamos tanto com massas sólidas como com superfícies espaciais vazias, é possível que uma forma regular esteja contida em uma forma irregular" (p. 46)
Após a leitura de “Forma, espaço e ordem” (Ching, 1999), escolhi o edifício da Universidade de Évora de Artes, o Polo dos Leões, onde estudei durante 2018/19. Para analisar uma composição selecionei formal o prédio onde mais tivas aulas durante esse período, o qual representa uma sinestesia de sentimentos; tentei explicar por meio das formas e esquemas a sua composição. Onde antes funcionava a Fábrica dos Leões, cerealista, hoje temos uma formação de um edifício muito industrial e moderno, com cinzas e brancos, metal e madeira.
Explicando o projeto temos três processos construtivos: [-] subtração Foram removidos os anexos que não faziam parte da construção original, assim como todas as construções provisórias no interior do edifício. A natureza espacial dos edifícios ficou clara.
[+] acréscimo
É construído um edifício que substitui os anexos, configurando novamente o pátio, com oficinas associado, refeitório e alpendre.
Outras infraestruturas foram adicionadas aos espaços existentes, que proporcionam as instalações obrigatórias ao ensino, e mobiliário extra.
[re] usar
o conhecimento crescente dos espaços antigos e sistemas industriais descobrimos algumas das estratégias de reaproveitamento na construção das escolas.
Em primeiro lugar estão como grandes coberturas que protegiam a plataforma de distribuição e outras zonas de carga e descarga, que dificilmente possível contrastar mais na sua delicada leveza com uma enorme massa das construções.
Reintroduzido, acolhe professores e alunos em vez de produtos e matérias-primas, construindo o ponto de encontro do conjunto escolar, delimita o pátio principal estabelecendo uma relação visual entre todos os espaços do conjunto, cujo espaço aberto central é um inesperado campo verde que faz lembrar campi universitários, até então tão distantes deste contexto. Este corpo conecta os diferentes elementos ao mesmo tempo que constrói o espaço Escola, um átrio amplo e alongado, uma espécie de espinha dorsal que permite que os corpos antes podem voltar a funcionar, tornando-se parte de uma única estrutura.
Na aula do dia 21/08 tratamos dos princípios da gestalt, por isso fiz uma seleção de projetos que tratam do tema e que me agradecer visualmente, a seguir os créditos de cada uma delas: