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endofthelinx-blog · 6 years
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Resenha: Perdão, Leonard Peacock
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‘’Primeiro eles o ignoram, depois riem de você, em seguida lutam com você, e então você ganha.’’ 
Matthew Quick, autor de ‘O lado bom da vida’, tem um tato espetacular na maneira como consegue retratar as nuances dos comportamentos e peculiaridades de seus personagens, lhes atribuindo complexos verossímeis o suficiente para desenvolvermos uma afeição em particular por cada um deles. Com ‘Perdão, Leonard Peacock’, é claro, não foi diferente.
O livro é narrado em 1ª pessoa por Leonard Peacock, que logo nas primeiras linhas nos revela seu plano de matar um de seus colegas de classe e ex-melhor amigo até o final daquele dia, que descobrimos logo em seguida, ser também seu aniversário de 18 anos. Mas antes de finalmente entrar em ação, Leonard pretende presentear cinco das pessoas as quais ele julga terem sido pontos marcantes em sua vida. Com isso, partimos em sua jornada, e a cada encontro, passamos a compreender não só um pouco mais de sua personalidade como também a maneira como o relacionamento com os outros personagens interferiu em sua decisão.
Diferente do que eu havia imaginado, Leonard não inicia sua entrega de presentes a fim de culpá-los, mas sim como forma de camuflar um pedido desesperado de socorro para que alguém pudesse notá-lo e impedi-lo. Nesse ritmo, o personagem consegue sustentar a narração de temas delicados com um senso de humor e sarcasmo característicos de sua idade, fazendo reflexões bastantes sagazes que nos instigam a querer saber mais sobre ele.
O desenvolvimento do livro é conciso e bastante satisfatório. A trama nos oferece perguntas por meio da voz de Leonard e nos supre gradualmente com respostas em cenas narradas intensamente e diálogos bem construídos. Há ainda, a presença de cartas escritas sob a perspectiva de pessoas do futuro de Leonard, intercaladas entre os capítulos, que buscam lhe oferecer alguma esperança e suprir suas desilusões sobre a vida adulta, grande parte motivadas pelo fato de ter que viver sozinho na Filadélfia após a mudança de sua mãe para Nova York - onde construiu sua carreira como estilista.
A predileção por Leonard apresentada ao longo da história por histórias da Segunda Guerra Mundial e sua paixão pelos filmes de Humphrey Bogart – que compartilha, respectivamente, com o professor, Herman Silverman, e o amigo idoso, Walt, duas das pessoas as quais ele decide presentear – dá ao livro a personalidade que se espera de uma história narrada sob o ponto de vista de um adolescente.
O livro nos entrega um ápice emocionante e repleto de lições, retornando ao seu ritmo inicial logo em seguida, por fim, nos entregando um final bastante controverso e que pode causar certo desapontamento em alguns leitores, sendo um pouco confuso, porém bastante interpretativo. Queremos acreditar que as coisas para Leonard finalmente entrarão nos eixos e tentamos encontrar isso nas últimas linhas, que nos entregam o oposto da mudança que esperávamos, levando o personagem de volta aos mesmos problemas que culminaram seu colapso. Contudo, o sentimento desta vez é de superação, e o final de ‘Perdão Leonard Peacock’ nos faz crer que apesar de o cenário ao seu redor continuar o mesmo, Leonard, após tantos acontecimentos, está mais forte para encarar os problemas que lhe cercam.
No geral, ‘Perdão, Leonard Peacock’ cumpre com o que promete: É engraçado, enérgico, comovente e de tirar o fôlego, exatamente como a montanha russa da adolescência costuma ser.
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