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#metodoarcografico
claudianunesdmad · 7 months
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GATILHO
INTRODUÇÃO
O método a/r/cográfico, um processo de investigação criativa, contempla várias etapas. Neste relatório irei abordar a segunda etapa do método, o gatilho. Todas as etapas são dinâmicas e se relacionam entre si, são interativas, no entanto só em conjunto podem fazer sentido. As partes por si só não têm significado. As partes adquirem significado no todo e têm como função compreender todo o processo que o artista até chegar à obra final.
Alves da Veiga (2019), autor do método a/c/cográfico, considera que todo projeto artístico tem um gatilho, um evento interno (de uma perspectiva neuropsicológica) ou externo (impulsionado por estímulos externos), ou uma combinação de ambos. O gatilho promove conexões entre inspiração e razão, canaliza-as e impulsiona o artista à criação.
O gatilho nem sempre pode ser imediatamente reconhecido como tal, pois o seu papel é manifestar inspiração(ões) adormecida(s), energizar e impulsionar o potencial criativo do artista, para produzir intenção. O gatilho só pode se tornar aparente em retrospecto, após a pesquisa e a reverberação ocorrerem. Um gatilho pode ser potencializado pela motivação, tornando-o mais ou menos impactante (Alves da Veiga, 2019).
Um dos vários gatilhos que esta investigação tem é, por exemplo, um gatilho que tem a ver com um evento interno motivado por um evento externo. Ou seja, foi a sensação de bem-estar tornada consciente enquanto estava no jardim da minha casa de campo. Uma série de sensações promovidas pelos sentidos tornaram essa sensação ainda mais consciente e que fez emergir o questionamento de como seria não poder sentir esse bem-estar transmitido pelo contato pela natureza. 
Este questionamento suscitou algumas hipóteses de investigação e direcionou o caminho da investigação para a questão do bem-estar.
Um outro gatilho teve a ver com um momento em que depois de um dia agitado, uma semana cheia de desafios, resolvi tomar mais um banho de imersão. É um pouco habitual durante o inverno. Bem sei que a poupança de água é fundamental. Sei que não sou a única que pessoa a contornar a situação desta forma. Ouvi há bem pouco tempo uma escritora dizer que faz o mesmo. Utiliza a água dos banhos para regar as plantas. Como é esperado tenho uma série de plantas e faço exatamente o mesmo que esta escritora. Reciclo a água para as plantas. Mas passando à frente da água e das plantas. Aquele banho em específico fez-me sentir de forma tão especial o silêncio. O silêncio sempre foi um elemento importante na minha vida, sempre fez parte dos meus dias, das minhas preferências. Comecei a valorizá-lo mais do que nunca. Mas aquele evento em específico fez-me pensar que a possibilidade de poder privilegiar o silêncio no artefacto que irei criar poderia ser muito importante para o meu projeto. O participante poder escolher entre três possibilidades, o som do ambiente onde se encontra, o som da natureza ou simplesmente o silêncio. 
Acrescentando outro gatilho que surgiu depois e que teve a ver com um evento externo. Ouvi o áudio de uma poetisa a declamar o seu poema. Era um poema sobre a vida, a nossa vida e que me remeteu para este projeto, para este artefacto. 
Neste preciso momento, o voltar a ouvir esta poesia, fiquei com vontade de a utilizar no artefacto em loop. Ou seja, o utilizador poderá ter a possibilidade de utilizar estes quatro áudios.
CONCLUSÃO
Os gatilhos são eventos impulsionadores, que fazem avançar o artista na direção certa. A direcção certa é a direcção que conduz o artista a um determinado caminho. 
Neste caso, os gatilhos da questão do bem-estar e da questão do som/silêncio ou da poesia, são contributos à investigação e para dirigir o artista à sua criação.
Alves da Veiga, P. (2019). A/r/cography - Art, Research and Communication. In Proceedings of Arthech 2019, 9th, International Conference on Digital and Interactive Arts, Braga, Portugal. DOI: 10.1145/3359852.3359859
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