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#rosadiabólica
warthrop28 · 1 year
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02. Uma arma incomum
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A Rainha... acordou? Aquela onda de eventos me deixou parado no mesmo local, ajoelhado perto de sua cama e incrédulo.
- Você é mudo? Perguntei quem é o senhor.
- E-Eu... sou apenas um velho súdito, eternamente leal ao reino e à Vossa Alteza. - ... Como conseguiu me salvar?. - Fiz um pequeno ritual de revitalização espiritual, mas não tinha certeza se funcionaria... Sinceramente, Vossa Alteza, sua condição é crítica. - ... Eu sei bem disso. E é um problema espiritual, como você suspeitou. No entanto, ninguém jamais conseguiu parar a maldição dessa forma, nem nos estágios iniciais. - Nem mesmo as santidades?. - Elas não podem fazer muito, visto que a origem de tudo isso foi um presente divino que transformou-se em castigo. - Minha nossa...
Comecei a entender os sinais que havia recebido; de alguma forma, a morte da Rainha deve ser evitada para que a visão não vire realidade. Mas... uma maldição espiritual não é algo simples de ser compreendido, e que na concepção da Igreja, é uma obra demoníaca irreversível. Talvez seja esse o motivo de terem me chamado, já que os médicos reais não tem esse conhecimento.
Agora mais calmo, me levantei e comecei a arrumar os materiais que havia usado no ritual. A Rainha observava tudo com certo desinteresse, com a mente em outro lugar. Uma batida gentil à porta interrompeu seus pensamentos.
- Pode entrar.
- Vossa Alteza, vim verificar seu estado de saúde - Disse o arcebispo, entrando no quarto.
- Parece que encontraram alguém competente para a função de médico. Mantenha-o aqui, se ainda acredita em mim.
- Mas o senhor... erm...
- Ilyan.
- ... Ilyan, não é formalmente médico, apenas um curandeiro. Os conselheiros não aceitarão-
- Diga aos conselheiros que não preciso de alguém certificado, apenas de alguém que sabe o que faz. E que não permitirei interferências nesse quesito.
- ... Como desejar, Vossa Alteza. - Dito isso, o arcebispo deixou o quarto enquanto as empregadas do castelo vinham organizar todo o cenário caótico que resultou da noite anterior.
- ... Vou precisar da sua ajuda, senhor Ilyan. Quero que freie essa maldição o máximo que conseguir, pelo menos até o momento que Abaddon resolver surgir.
- Abaddon? O próprio?
- Sim. Você deve tê-lo visto quando tocou no medalhão. Ele cobiça a destruição, seja do que for. Esse medalhão é uma herança de família, e contém uma parte da essência do mesmo. A missão da família real Gianni é monitorar Abaddon e proteger o reino de sua destruição.
- Céus... e-eu não sei se serei suficiente, Vossa Alteza...
- Só há uma forma de ter certeza. Mas não se preocupe, tudo o que precisa fazer é me acompanhar como um mero servo e realizar o ritual quando meu espírito enfraquecer. Ah, e evite ser assassinado, por favor.
- O-O quê?. Um pequeno sorriso surgiu no rosto da Rainha, que parecia relembrar uma memória ou piada engraçada.
- Não há só Abaddon para me preocupar... outros tipos de demônios também existem, inclusive dentro deste castelo. E eles virão atrás do senhor também.
- M-Mas eu não sei lutar, m-minha Rainha... Nem tenho idade para tal valentia...
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- Todos nós somos lutadores, senhor Ilyan, apenas as armas se diferem. O único que sabe quem é o senhor é o arcebispo Jonathan, mas ele está do meu lado. Discutiremos melhor sobre a maldição depois, primeiro preciso descansar e recuperar minha magia. Pedirei que preparem um aposento para o senhor próximo ao meu, e poucos servos terão conhecimento sobre sua existência.
- ... Entendido, Vossa Alteza. Irei me retirar.
Ao sair do quarto, parei em frente a um quadro que retratava o momento em que a família Gianni havia ganhado seus poderes milagrosos em meio à uma batalha épica contra demônios.
Pelo visto, a batalha ainda não terminou.
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warthrop28 · 1 year
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01. Um crepúsculo nublado
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Eu já havia tentado tudo. Ervas, infusões, gelo... mas nada conseguia acalmar a febre que torturava a rainha Emmanuelle. Há algumas horas, estava em casa quando o arcebispo e alguns guardas bateram à porta e disseram que precisavam urgentemente do melhor curandeiro da região. Não sei se realmente sou o melhor, mas os anos de experiência talvez ajudassem em algo - e a visita não parecia um mero pedido, mas sim uma requisição. Me arrumei rápido e parti em uma pequena carruagem rumo ao castelo onde a rainha reside. Agora aqui estou, com uma paciente ardendo em febre e tendo episódios de hematêmese e epistaxe, sem nenhum histórico de infecção ou ferimento mal tratado. A paciente era ninguém menos que a própria rainha Emmanuelle LeBlanc Gianni, cuja fama a rendeu o carinhoso apelido de "Rosa do diabo". Depois de um tempo, a minha ficha caiu. Não estavam procurando "o melhor curandeiro", mas sim um bode expiatório, visto que os médicos reais haviam sumido, deixando apenas algumas anotações inúteis para trás. Estavam com medo de levar a culpa pela eminente morte da rainha, visto que eram os responsáveis por mantê-la sadia e estável. Apesar do apelido, a Rainha era respeitada pelo povo por suas decisões implacáveis e dedicação exclusiva aos seus deveres como líder. Tudo que seus súditos precisavam era imediatamente concedido, muitas vezes contra o desejo dos nobres e do alto clero.
Você deve estar imaginando: "como ela conseguiu se manter viva em meio a poderosos inimigos?", e a resposta é mais simples do que parece. Ela se manteu viva, enquanto que os inimigos não podem dizer o mesmo. Emmanuelle os matava a sangue frio com seus incríveis poderes. Participava ativamente das guerras, traumatizando até os seus próprios homens com sua crueldade e sangue frio. Ninguém era páreo para ela e não havia interesse por parte dela de dividir o trono com outra pessoa. Como uma figura tão implacável podia estar em meus cuidados nesse momento? O que está causando isso?.
Já que não havia uma forma de sair daquela situação, decidi aceitar o desafio mortal de cuidar da pessoa mais perigosa do reino de Rubrum. Horas se passaram enquanto eu revezava entre cuidar da febre e cuidar de seu estômago. Recitei algumas preces antigas enquanto agradecia por estar sozinho - ou então seria acusado de bruxaria. Vendo que o quadro dela não parecia diminuir, resolvi apelar para o pouco de mágica que me restava. Devido à idade física, meu corpo não suportava rituais bem elaborados ou magias avançadas como as da Rainha, mas talvez conseguisse aliviar as péssimas condições fisiológicas da mesma. Busquei em minha bolsa pequenos cristais transparentes e os esfreguei em minhas mãos até sangrarem. O sangue os tornou vermelhos, e com eles preparei um chá que forcei a Rainha a tomar. Pude sentir minha energia vital deixando meu corpo e adentrando o líquido avermelhado. Depois de bebê-lo, a Rainha começou a tossir e se contorcer, e no meio desse evento consegui observar uma marca púrpura em seu pescoço que estava escondida pelo seu traje de dormir, assim como um colar com um medalhão de rubi. Aos poucos, a marca foi desaparecendo e a inquietação se dissipou. Agora parecia que a Rainha era apenas uma mulher a dormir, ao invés de uma paciente terminal. Era o momento ideal para estabilizá-la, então aproveitei para realizar os últimos tratamentos que possuía em mãos.
Quando terminei meu trabalho, extremamente fatigado porém aliviado, notei que o medalhão da Rainha brilhava em um tom escarlate bastante chamativo. Resolvi pegá-lo para analisar melhor, agora que o pior havia passado.
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Quando meu dedo encostou no amuleto, tive uma visão terrível, o presságio de um desastre.
Milhares de corpos preenchiam as ruas de Rubrum, transformando o chão em um verdadeiro rio de sangue. A noite cobria as informações mais obscuras do que estava acontecendo, junto com os demônios que corriam pelos becos. O medo enchia meu espírito de terror e o forçava a sucumbir àquela presença maligna que estava no centro da praça. Um ser com uma máscara observava tudo ser destruído, provavelmente sob seu comando. Percebo que não consegue me ver, e com isso aproveito para observá-lo mais de perto.
Não sei pelo quê você reinava, Emmanuelle. Protegendo até o fim uma coisa inexistente...
Com essas palavras, ele ergueu as mãos e invocou mais demônios, que saíam do chão em completo frenesi. Um deles surgiu embaixo dos meus pés, mas não tive tempo para gritar, pois nesse mesmo momento a visão terminou e eu estava de volta à realidade, de frente para a cama onde estava a Rainha Emmanuelle.
Não conseguia me mover devido ao choque do que havia acabado de ver. Apenas chorava incontrolavelmente. Foi nesse momento em que a Rainha começou a acordar, falando com uma voz suave e fraca:
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Quem... é você?
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