Tumgik
#shissou word ii
mayura-chanz · 1 year
Text
Kagerou Daze VII — from the darkness — Shissou Word II
Tradução feita a partir da tradução em inglês da Yen Press.
Apoie o autor comprando a novel original.
[1] Wok: um tipo de panela, parecido com uma frigideira, só que um pouco mais funda.
____
De repente, minha mente se focou na luz do sol borrada do outro lado das minhas pálpebras. Abri meus olhos e pisquei algumas vezes, enquanto os sentidos do meu corpo, anteriormente dormindo, gradualmente se agitavam e despertavam. Aquele corpo, flutuando e balançando entre as ondas suaves do som, como um saco plástico transparente, lentamente recuperou seu peso, forçando-me a sentir a forma completa da minha forma enquanto permanecia afundada na cama.
— Ah cara, — eu disse, abaixando minhas sobrancelhas. — Eu queria poder dormir um pouco mais. — Mas já era muito tarde. Para começar, eu tinha sono leve. Em um estado como este, não tinha como fazer um retorno para aquele reino.
Resignada para o meu destino, tirei meus fones de ouvido. Minhas orelhas ficaram livres da pressão e gradualmente o fluxo sanguíneo voltou. Desligando a música, fiquei ali deitada enquanto meus tímpanos eram sacudidos por todos os “sons” que compunham o mundo real. Os sons odiosos, contundentes e pulsantes do mundo exterior.
Suspirei e apoiei meu corpo pesado. No espelho de corpo inteiro irremediavelmente ornamentado colocado na minha frente, eu podia ver uma cama de dossel igualmente extravagante refletida de volta. A pessoa de olhos turvos e de aparência desgastada sentada no meio olhou para a imagem.
— ...Dia.
A imagem da boca se moveu em conjunto com a minha.
Uma outra manhã odiosa começou.
Estendi os braços e olhei para a janela. A luz brilhante alegre da primavera estava abrindo caminho através das flores de corniso lá fora, exibindo um piscar constante. Ainda havia um frescor no ar, mas essa árvore sempre florescia cedo e dava sinais de que logo estaria em plena floração. As pétalas rosa-claras ondulantes trouxeram à mente o termo “flor delicada”.
Flor delicada. Sinceramente, eu gostava do jeito que as palavras soavam, mas eu sempre associei uma imagem negativa com a frase. No mínimo, me provocava um pouco de raiva.
*
O meu nome era “Tsubomi”. Era uma palavra que, em japonês, referia-se a um botão de flor que não floresceu. Eu perguntei uma vez para minha mãe por que ela usou uma palavra como essa para o meu nome. Acho que ela falou que era porque “é um sinal de todo o potencial que você tem—o potencial de se transformar em sua própria flor delicada”.
Eu acredito que uma garota normal pularia e gritaria: “Uau! Que nome tão fofo! Obrigada, Mãe!” E era assim como todo mundo reagia quando ouviam o meu nome. Cada um. Eles sempre diziam “Que nome lindo” ou algo assim.
Uma palavra que o mundo inteiro amava. Delicada e cheia de potencial.
— ...E o que diabos é tão delicado em você?
A imagem no espelho brilhou desafiadoramente com um clarão meio adormecido. Esta não era um botão de flor. Pelo contrário, era mais como algum tipo de erva daninha. Não tinha nada do nome Tsubomi que combinasse comigo. Toda vez que alguém me chamava assim, parecia como se estivessem sendo sarcásticos. Como “O que há de tão fofo e parecido com um botão em você, hein?”
Eu odiaria dizer isso para minha mãe, mas para ser franca, não havia muito sobre o nome que eu gostasse.
Enquanto minha mente se enchia de melancolia, pude ver pequenas e delicadas Tsubomi no espelho nublando o rosto dela em conjunto, a expressão tão fraca quanto uma lâmpada queimada. Decidi finalmente sair da cama.
Colocando os chinelos que tinha jogado para o lado na noite passada, comecei a caminhar em direção à porta. O lugar era totalmente climatizado—uma temperatura confortável, não muito quente. Andei pelo tapete, decorado com padrões simbólicos de um tipo e de outro, e quando estava quase chegando à porta, ouvi sons de batidas.
— Ee...?!
Eu instintivamente deixei um débil grito sair, um totalmente despreparado. Não estava quente no meu quarto, mas senti um suor desconfortável começar a se formar em todo o meu corpo.
Minha mente começou a correr. Diagnosticando mentalmente como lidar corretamente com a batida, eu imediatamente abri minha boca. E mantive aí. Ela permaneceu aberta... Mas não importa o que, eu simplesmente não conseguia fazer as palavras saírem.
— Você já está acordada, não está, Tsubomi? Se você já acordou, por que não me responde?
Era uma voz fria e retumbante do outro lado da porta, tão meticulosamente trabalhada quanto um obi de alta qualidade, e tinha força por trás dela. Eu congelei, como um sapo na frente de uma cobra.
Não havia dúvida. Era ela do outro lado. Eu tinha que dar as palavras corretas na resposta, ou... ou...
Mas quanto mais pensava, mais minha mente começava a ficar confusa. O tempo passou.
— ...Tudo bem, estou abrindo. — A voz disse secamente quando a porta se abriu. Lá estava minha irmã mais velha, Rin Kido, a dona da voz que me congelou. Seu cabelo, que tinha um pouco de vermelho nele, estava preso para trás, as costas retas enquanto ela estava ali. Tão cedo pela manhã, e ainda assim sua postura não revelava uma única fraqueza.
Rin em japonês pode significar “digno”, assim como “frio” e “amargo”, e acho que ninguém pode negar que tal nome não poderia ser mais adequado. Ela era boa em tudo: inteligente, bonita, ativa. Ninguém nesta nação tinha combinado o nome Rin melhor.
E aqui estava essa garota com um caso seríssimo de alguém com o cabelo de quem acabou de acordar, recém colocada no mesmo nível que as ervas daninhas, tentando fazer sua boca funcionar.
— Uhh.. hhmmm...bom, bom di...
Minha irmã suspirou com as sílabas quase incompreensíveis que pronunciei, franzindo a testa em uma demonstração de pena, presumo.
— Tsubomi, você sabe que não estou aqui para te assustar ou qualquer coisa do tipo, né?
Eu sei, claro. Eu sabia que ela não era o tipo de pessoa que vem me assustar e também sabia que aquele rosto gracioso dela estava olhando para mim. Mas mesmo assim eu simplesmente não conseguia conectar minha cabeça à minha boca. Não importa o motivo, eu simplesmente não conseguia dizer mais do que: “Sim. Sim, eu sei.”
Tumblr media
Rin aguçou ainda mais os olhos. — Ao ficar quieta assim, — ela rosnou, — você está agindo como uma grama na beira da estrada, Tsubomi.
Suas palavras me atingiram como uma facada. Meu corpo congelado gradualmente começou a tremer.
Era... difícil falar no geral. O médico disse que não havia nada de errado com minha cabeça ou com as cordas vocais ou outra coisa, e eu instintivamente já sabia. Se eu estivesse sozinha, no meu quarto, eu conseguia conversar sem largar mão. Era só quando eu estava tentando conversar com mais alguém que as palavras se esgotavam em mim.
Até recentemente eu poderia ainda lidar com isso. Se alguém me desejasse um bom dia, eu conseguia desejar um de volta. Dar respostas básicas de sim ou não, nunca teve qualquer tipo de problema.
A razão que isso ficou pior era bem simples. Um dia, no centro infantil em que minha mãe me levava, um menino começou a fazer gracinha com a minha fala. Isto foi o começo. Eu também achei que o que ele disse não era nada particularmente cruel ou abusivo. Os adultos acharam que não valia a pena insistir nisso, ordenando rapidamente que o menino se desculpasse para que todos pudessem deixar o assunto de lado.
Mas não importa quanto tempo passe, eu não pude deixar passar.
Até o momento, aquele momento, eu nunca havia considerado como soaria minha voz e as minhas escolhas de palavras. Como resultado, o significado por trás do que o menino disse veio como um golpe incrivelmente pesado. Ou seja, significa que, comparado a outras pessoas, tinha algo estranho comigo. No instante em que esse pensamento cruzou minha mente, foi como se alguém tivesse apagado todas as luzes na minha cabeça.
Voltando para aquele dia, quando o significado ficou claro, ignorei todos os adultos por perto e comecei a socar o menino. Isso acabou se tornando algo maior para eles. Minha mãe continuou se curvando em desculpas aos pais daquela criança pelas próximas idas depois.
*
Depois disso, comecei a evitar situações que envolvessem falar e, agora, eu sou tão tímida que não consigo nem mesmo comunicar palavras simples ou conceitos.
— ...Tudo bem. — Disse Rin, cruzando os braços no corredor enquanto ficava cada vez mais impaciente. — Está bem. — Então ela colocou os pés no quarto.
Ótimo. Eu fiz de novo. Se eu não responder nada para o que ela pergunta, não uma questão simples, bem, isso faria qualquer um ficar zangado. Baixei os olhos, incapaz de aguentar o esforço. As sombras das flores dos cornisos criavam padrões ondulantes no tapete. Mesmo sendo só a silhueta, elas estavam delicadas.
...Estava me deixando louca. Minha voz, meu nome, tudo.
Que tipo de expectativas a minha mãe tinha para o meu futuro? Ou talvez todos aqueles sonhos agora estavam focados na Rin, de mente perspicaz e obstinada.
Mas eu nunca saberia como ela realmente se sente... E, digo, mesmo que a mãe estivesse viva, eu não poderia dizer uma palavra sequer. Eu não consigo nem “perguntar” nada a ela.
Quantas palavras troquei com minha mãe desde aquele episódio—naquele apartamento apertado em que estávamos?
Não. Eu não mudei nada desde aquele dia. Vai ser assim para o resto da minha vida. Eu sei que vai. Não tem como eu me tornar uma flor delicada que a minha mãe gostaria.
Pensando nisso, no quão patética e inútil eu era, fez os cantos internos dos meus olhos começarem a esquentar.
Os pés da minha irmã se aproximaram, pisoteando nas silhuetas dos cornisos. Olhei para ela. Ela já tinha um braço no ar.
Estremeci e fechei os olhos, esperando um tapa. Mas a dor não foi registrada através da minha bochecha. Em vez disso, senti algo macio escovando meu cabelo desgrenhado de cima para baixo. Surpresa, de repente abri os olhos e olhei para Rin novamente. Ela não estava sorrindo, mas também não parecia estar com raiva. Ela estava apenas olhando para mim resolutamente.
O que era estranho era que ela estava me dando tapinhas na cabeça e definitivamente não estava me dando um tapa na bochecha. Talvez essa fosse uma nova forma de expressar raiva com a qual eu não estava familiarizada, mas de qualquer forma, esse comportamento era novo e confuso.
Então Rin separou lentamente os lábios e falou.
— Pão ou arroz? Qual você quer?
...Pão ou arroz? Eu era mais de arroz. Ele podia acompanhar muito mais variedades de comidas do que o pão e eu gostava do sabor. Mas por que ela está me perguntando isso agora? Para não ser muito precisa, o fluxo geral das coisas indicava que ela estava prestes a gritar a plenos pulmões algo como “Você vai ficar no seu quarto até me dizer por que você não está respondendo” ou algo assim. Eu entenderia se fosse isso. Mas por que ela está me perguntando sobre minha preferência...?
— Ah... — Exclamei alto. Uma ideia veio em mente. Ela nunca aparecia quando seria realmente útil, mas minha voz sempre encontrava uma saída quando eu me surpreendia com alguma coisa. Era tão cruel.
Rin não demonstrou nenhuma reação a ela. Ela olhou para mim, aparentemente esperando por uma resposta. Estremeci um pouco.
“Pão” ou “arroz” ...Ela deve ter estipulado que esses termos significassem algum tipo de punição. Isso explicaria muitas coisas. Eu tinha visto assassinos malucos em programas de TV oferecendo às suas vítimas uma escolha de mortes. E era muito fácil imaginar Rin como capaz de algo semelhante. Ela pode ter usado palavras inofensivas como “pão” e “arroz”, mas isso só tornou tudo ainda mais assustador.
Se fossem punições, era fácil imaginá-las como cruéis e/ou dolorosas. Minha imaginação começou a correr solta. O que significaria “pão”? Ela iria me ensanduichar com alguma coisa ou usar a torradeira como algum tipo de dispositivo de tortura? Era um pouco mais difícil descobrir o que era “arroz”, uma panela elétrica de arroz não parecia muito adequada para atormentar alguém fisicamente, mas mesmo assim, já me sentia aterrorizada.
Qual seria a melhor resposta para dar? Se eu dissesse algo como “Não quero nenhum dos dois”, ela responderia com um “Tudo bem, macarrão, então” ou algo assim—e depois, meu Deus, colocaria minha mão na água fervente, ou...?
Talvez seja melhor eu escolher pão então. Não, espera, arroz...
— Tsubomi?
— A...a...arroz, por favor!
Ser chamada pelo nome fez minha boca cuspir reflexivamente “arroz”. Em volume bastante alto, nada menos que isso. Alto o suficiente para assustar Rin um pouco, pelo que parece, mas fiquei ainda mais chocada. Pode muito bem ter sido o mais alto que já gritei desde que nasci.
O sangue começou a bombear com força em meu crânio. Eu tinha passado de um ato extremo de grosseria para outro. Estava tudo acabado. “Arroz” pode não ser mais suficiente para me punir. Eu estava começando a imaginar a possível introdução do arroz frito no cardápio. Fervido e deixado na wok[1] para ferver.
Enquanto minha mente se aproximava de caminhos cada vez mais ridículos, o olhar resoluto de Rin de repente se transformou em um sorriso. Eu não sabia por que isso aconteceu, mas, por mais inapropriado que fosse, peguei-me pensando: “Cara, ela é mesmo bonita”.
Rin deu alguns tapinhas na minha cabeça com a mão estendida, depois se abaixou, trazendo os olhos para os meus. — Tudo bem. — Ela disse. — Vou tentar preparar algo muito bom para você hoje. — Sua voz tinha todos os tons agudos que vinham por padrão, mas ainda trazia uma sensação calorosa que parecia permear minha pele.
Ah, o que eu tenho que fazer para começar a falar assim? Eu não pude deixar de admirá-la.
Depois de ouvir o que ela disse, minha irmã virou-se e saiu levemente. Fiquei ali em silêncio por um tempo, depois comecei a pirar novamente. Talvez “algo muito bom” significasse o nível da punição que estava reservado. Pouco mais passou pela minha cabeça enquanto me vestia e me dirigia para a mesa do café da manhã.
Mesmo durante a refeição, Rin agia como se estivesse nas nuvens. O trabalho do meu pai aparentemente estava indo bem, a ponto de conversarmos sobre como eles poderiam se expandir para novos negócios, então talvez fosse por isso que ela estava feliz.
Permaneci preparada para o abate durante o resto do dia, mas no final anoiteceu sem qualquer tipo de punição relacionada a arroz. Chutando meus chinelos, enfiei-me na cama e coloquei meus fones de ouvido. Foi só então que percebi que o arroz servido no café da manhã naquela manhã estava visivelmente mais saboroso do que o normal.
<<anterior — próximo>>  Índice — Novels
4 notes · View notes
fuyuyuu · 7 years
Text
[Romaji] Shissou Word/Never Lost Word
I made the romaji version to sing along with this awesome but difficult song, so I guess I may as well post it here~ 
I only post the Romaji version. The translation of it has already been wonderfully done by Milie here.
Shissou Word
Kagami no naka kara “ohayou, asa da ne” itsumo doori hyoujou wa saiaku gikochinai egao mo neguse mo shigusa mo nanimokamo iya ni naru naa rifujin da naa
tsutaetai koto nara hitonami ni aru kedo nani hitotsu mo kotoba ni kawaranai utsumuki kagen ni kyou mo kuchi komoru “aisatsu mo dekinai n da ne” “kawaisou”
niwa no hanamizuki wa kirei de tada urayamashikute miteita sore ni hikikaeta nara watashi wa hontou, dame na ko da kono mama inaku naretara
fushigi na koto ni kono sekai wa “futsuu na koto” ga muzukashikute kotoba hitotsu mo kaesenai no ga baka rashikutte naiteiru mekurumeku you na kanchigai o kurikaeshite kirai ni natta tsubomi no mama de kareteku mirai ni kotoba ga mitsukaranai kowagatta you na hen na kao nigechau kuse dame da, dame da hazukashikute kuchi o tsugumu hontou, iya ni naru naa
rin to saita koe de waraeru hito ga ite hana no you na kotoba o kawasu kagami no naka kara totan ni semeru koe “… watashi ni wa dekinai n da yo” “gomen ne”
sore wa e ni egaita you na sekai de tada urayamashikute miteita jama ni naranai you ni watashi wa watashi wa doushiyou nakushitai nakusenai aa
afuredashita jibun jishin wa hidoku mijime de kitanakutte dare ni mo shirarenai you ni tte heya no sumi de naiteiru “nakusanakute mo daijoubu” tte fui ni koe ga mimi ni todoita mahou mitai na hibiki ni nazedaka kotoba ga mitsukaranai kowagattenai de koe ni shiyou iitai koto “hanase, hanase” machigatta you na (naki)goe ga deta hontou, baka da yo naa
tadoritsuita no wa “mirai” de sou, iromeku you na sekai de otona ni natte yuku watashi wa kawaritsuzukete iku kawaranai omoi o daiji ni idaite iku
fushigi na koto ni kono sekai wa “omoidasu” no ga muzukashikute wasuretakunai kotoba o nakusanai you ni tsutaete iku itsuka dareka to kono sekai de warai aetara choudo ii naa sonna koto o kangaeru mirai ni riyuu ga mitsukari sou neguse, naoshite soto ni deyou kyou mo mata ichirin, haeru kagami no naka saita hana ni “ohayou” o kaeshitara
128 notes · View notes