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#terradearuanda
terradearuanda · 3 years
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Interseccionalidade no movimento negro: luta da diversidade lgbtqia+
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A luta contra o racismo e homofobia se atravessam.
A presença negra nesses espaços é uma realidade bastante conhecida, como já adiantou um dos fundadores do Grupo Gay da Bahia. Agora, até que ponto a quantidade de pretos e pretas se traduz em protagonismo dentro dos movimentos de luta contra a homofobia? Há um ruído, uma constatação de afro-brasileiros sobre a dificuldade de emplacar pautas e debates que equilibrem a luta contra o racismo e discriminação por orientação sexual.
Ana, criadora do ‘Sapatão Amiga’, dá alguns exemplos ao falar sobre como os corpos de negros e negras são vistos por alguns membros da comunidade LGBTQI+.
"Eu não posso falar sobre as vivências dos homens negros GBTQIAP+, mas enquanto sapatão preta, sinto que essa hipersexualização nos corpos lésbicos negros aparece no sentido de retirar a nossa humanidade. Somos vistas como corpos animalizados onde as pessoas brancas querem buscar o prazer mas nunca nos enxergar como seres humanos que querem dar e receber afeto. A intelectual negra Lélia Gonzalez, em seu artigo ‘Racismo e Sexismo na Cultura do Brasil analisou os estereótipos que rondam as mulheres negras, ela identificou dois: a ‘mulata do samba” e ‘a mucama’, o racismo como ferramenta de manutenção do poder da branquitude, construiu esses estereótipos colocando mulheres negras sempre a serviço das vontades da branquitude: seja na parte da hiperssexualização ou de trabalhos domésticos. As lésbicas negras vem num outro ponto dessa narrativa porque dizemos não para relações afetivos-sexuais com homens cisgêneros. A partir disso, começa um enfrentamento para legitimar a nossa existência e desejo."
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Angela Davis fala em elo histórico entre luta antirracista e LGBT
Angela Davis, em artigo escrito no jornal Folha de São Paulo, reforçou o elo de ligação entre a luta dos negros e LGBTs. Segundo a escritora, ativista e professora da Universidade da Califórnia, “há um elo direto entre as lutas históricas por direitos civis para pessoas de ascendência africana nos EUA e as lutas contemporâneas por direitos civis para comunidades LGBTs. Isso significa que precisamos erguer a voz contra os esforços dos evangélicos negros que se recusam a reconhecer essas conexões”.
Luiz Mott destaca o pioneirismo do Grupo Gay da Bahia, que segundo ele percebeu desde cedo que a interseccionalidade era o caminho. O antropólogo, todavia, reconhece que, como adiantou Angela Davis, teve algumas falhas na conexão entre a luta contra o racismo e homofobia.
“Nós consideramos sim a importância do diálogo. Embora no início nunca tenhamos, reconheço isso com humildade e honestidade, considerado que a o combate à homofobia era impossível de ser feito sem o debate da luta contra o racismo”, pontua o fundador do Grupo Gay da Bahia.
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O racismo torna LGBTs mais vulneráveis ao preconceito e homofobia
O fundador do GGB destaca a criação ainda na década de 1990 do ‘Quimbanda Dudu’, de acordo com ele mais uma ponte em busca da interseccionalidade. “[O ‘Quimbanda Dudu’ foi criado] para fazer o levantamento da presença afro no movimento LGBT. Temos uma lista com quase uma centena de personagens históricos e contemporâneos. Pretendemos construir um diálogo com o movimento negro para erradicar a homofobia entre os negros e erradicar o racismo entre a população LGBT. Esse grupo, o ‘Quimbanda Dudu’, publicou seis boletins que conta toda a nossa história na luta contra a Aids”. Mott ressalta que a interseccionalidade era uma compreensão rara entre movimentos sociais do Brasil. “Nem o Movimento Negro achava que o combate à homofobia era fundamental na luta global contra o racismo”
Mott ressalta que a interseccionalidade era uma compreensão rara entre movimentos sociais do Brasil. “Nem o Movimento Negro achava que o combate à homofobia era fundamental na luta global contra o racismo”. É preciso respeitar a fala de Luiz Mott, importante figura de luta pela liberdade de orientação sexual e fundador há mais de 30 anos do Grupo Gay da Bahia. Ao mesmo tempo que se deve pontuar a insatisfação de muitas pessoas negras com o ambiente vivido dentro dos movimentos LGBTQI+.
“Dizer que todo um movimento é antirracista é uma generalização perigosa, acredito que seja melhor dizer que existem pessoas brancas LGBTQIAP+ que são antirracistas. Para mim foi importante porque pude mensurar as opressões que sempre me atingiram e eu nunca me deu conta, pontua Ana.
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“O Geledés, Fala Preta e outros, têm se manifestado favoravelmente ao que é defendido pelo movimento LGBTQI+“, diz Mott. Os ruídos estão presentes e cada vez mais expostos. A ideia de que a luta por diversidade abrange automaticamente todo o tipo de opressão está mais do que ultrapassada. A força das redes sociais e o crescente acesso ao ensino superior de pessoas pretas escancarou um abismo quando o papo é interseccionalidade. Afinal, o que significa ser branco e não hétero? E ser negro e ter uma orientação sexual diferente das hegemônicas?
Não se trata apenas de criticar ou fingir que tais debates não eram levantados por Lélia Gonzalez, Sueli Carneiro e a própria Angela Davis. Eram. E suas ideias ecoam na mente de jovens negros e negras que compreendem a máxima de que não há como viabilizar uma sociedade saudável sem lutar contra TODAS as opressões, inclusive o racismo e a homofobia. “O processo de desumanização é uma das ferramentas do racismo alinhado a LGBTQIAP+Fobia para aniquilar subjetividades que fogem da norma padrão: pessoas brancas- cisgêneras-heterossexuais. Além disso, uma vida ‘fora do armário” ainda não é uma possibilidade para muitas pessoas LGBTQIAP+ e quando estamos falando de corpos negros LGBTQIAP+ , o racismo também é uma ferramenta não apenas de impedir uma vida plena com as nossas sexualidade mas também de aniquilar nossas existências, seja pela morte física ou de nossas subjetividades”, sacramenta Ana Claudino.
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terradearuanda · 3 years
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Filmes e séries para entender a relação da comunidade negra com sua cultura e com o racismo: part I
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Moonlight: Sob a Luz do Luar (2016)
Em Moonlight: Sob a Luz do Luar, acompanhamos três momentos da vida de Chiron, Na infância, o pequeno Chiron cresce em um subúrbio barra-pesada em Miami, nos Estados Unidos. Em meio às ameaças de outros garotos e à negligência de uma mãe viciada, o garoto encontra no traficante Juan a figura paterna com quem passa a compartilhar a cumplicidade familiar que lhe falta em casa. Na adolescência, permanece como o alvo preferido do bullying de seus colegas de escola, enquanto descobre a sua (homo)sexualidade. No terceiro e último ato, já adulto, Chiron tenta se adaptar ao mundo bruto em que vive, mais por necessidade do que por inclinação ao delito.
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Afronta! (2017)
Dividido em 26 episódios, o seriado apresenta uma conversa sobre representatividade, autonomia e igualdade para que outras pessoas possam se reconhecer em cada fala.
AFRONTA! é um convite para músicos, bailarinos, atores, curadores de artes, DJs e diversos profissionais da arte e comunicação discutirem o protagonismo da população preta e pensar uma perspectiva afrofuturista de suas trajetórias e conquistas.
Os vídeos de 15 minutos trazem reflexões que contribuem para a compreensão mundial de como a população preta brasileira vem reinventando suas redes de apoio e gerando autonomia para desmitificar os esterótipos de uma estrutura racista.
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Cara gente branca (2017- )
As mais refinadas faculdades americanas podem representar uma enorme carga de estresss para seus alunos. Tensões sociais, a pressão acadêmica e o medo que vem com a chegada à idade adulta podem ser aterrorizantes. Pior que isso, só se você for um afro-americano, tendo que lidar com os alunos majoritariamente brancos e os estigmas associados a você pela sociedade.
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Café com Canela (2017)
Dirigido por Glenda Nicácio e Ary Rosa, Café com Canela é um filme de drama que retrata a história de Margarida. Após o falecimento de seu filho, ela se separa de seu marido e perde o contato com os amigos. No entanto, a história ganha um caminho diferente quando Margarida reencontra Violeta, uma de suas ex-alunas. A produção, lançada em 2017, foi o primeiro longa-metragem nacional de ficção dirigido por uma mulher negra a entrar em cartaz em 34 anos.
Após perder o filho, Margarida vive isolada da sociedade. Ela se separa do marido Paulo e perde o contato com os amigos e pessoas próximas, até Violeta bater na sua porta. Trata-se de uma ex-aluna de Margarida, que assume a missão de devolver um pouco de luz àquela pessoa que havia sido importante para ela na juventude.
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terradearuanda · 3 years
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Movimento negro: luta de mulheres pretas
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O Movimento Feminista não tinha uma abordagem interseccional e racial, não pautando, dessa forma, a dupla discriminação que as mulheres negras passam, tanto de gênero quanto de raça. Além disso, dentro do Movimento Negro, liderado por homens, não havia interesse em atuar nas lutas contra o sexismo.
Nesse contexto, tem início o Movimento de Mulheres Negras (MMN) e, como consequência, do Feminismo Negro no Brasil, que fez com que os demais movimentos começassem a entender sobre a importância dos recortes raciais e de gênero nas mobilizações de direitos humanos.
Assim, as importantes contribuições às organizações do MMN são: as experiências diárias, as lideranças comunitárias, o trabalho das escritoras, as manifestações das empregadas domésticas, a atuação de ativistas pela abolição da escravidão e pelos direitos civis e as manifestações de cantoras e compositoras de música popular.
As pautas do Movimento de Mulheres Negras se caracterizam por cinco temas fundamentais, os quais são:
Legado de uma história de luta;
Natureza interligada de gênero, raça e classe;
Combate aos estereótipos ou imagem de controle;
Atuação como mães, professoras e líderes comunitárias;
Política sexual.
E é dentro desses temas que se estabelece as premissas do Feminismo Negro Interseccional, vertente do movimento feminista que atua na redução das desigualdades por razões raciais e de gênero, as quais são pontos principais das condições econômicas e sociais de determinado grupo.
As ações sociais das mulheres negras
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As lideranças negras femininas em trabalhos sociais vêm crescendo, com foco na pauta de direitos humanos direcionada às especificidades das mulheres negras. Porém, muitas vezes, esses trabalhos sociais são renegados ao segundo plano pelos homens, inclusive os negros
O movimento feminista, que deveria destacar as diferentes formas de discriminação e preconceito vivenciadas pelas mulheres, por vezes considera que o sexismo supera o racismo e que todas passam pela mesma forma de opressão e subordinação perante os homens.
A filósofa, pesquisadora e ativista do feminismo negro Djamila Ribeiro sempre destaca a importância de ter um movimento que trate de forma específica dos preconceitos e discriminações que as mulheres negras passam. Para ela, existe uma sociedade na qual opera a supremacia branca e que o movimento feminista também acaba por fazer parte desse sistema.
A questão da não compreensão das especificidades das mulheres negras pelas ativistas das demais vertentes do feminismo ocorre desde tempos mais remotos e exemplos bem relevantes dessa situação foram a atuação das sufragistas e a luta pela emancipação financeira feminina na primeira onda do movimento feminista.
Com raras exceções, essas manifestações eram lideradas por mulheres brancas da classe média alta, as quais não pautavam as especificidades das mulheres negras, como as lutas contra o racismo e por melhores condições de trabalho, tanto no Brasil como em outros países. Faltou então, já nessa época, que todas as mulheres lutassem em conjunto, pois além do sufrágio e da independência feminina, as mulheres negras e a as mais pobres reivindicavam melhores condições de trabalho.
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Angela Davis, professora universitária e filosofa estadunidense, em sua obra Mulheres, raça e classe, afirma que as organizações de mulheres que lideraram o movimento sufragista nada faziam pela pauta das população negra. Dentro desse contexto, as mulheres negras não eram incluídas nessas organizações e nem mesmo suas denúncias contra o racismo e a discriminação de gênero eram acatadas.
Segundo Davis, as feministas brancas de classe média não se importavam sequer com a classe trabalhadora branca. Dessa forma, com as manifestações das chamadas mulheres vetadas, ocorreram as divisões de grupos feministas.
No contexto atual, essa disparidade continua. As ativistas do feminismo brancocêntrico (centrado nas experiências e vidas das mulheres brancas) ainda politizam as desigualdades apenas pelas questões de gênero, sem um olhar para cada grupo de mulheres em particular.
A luta de mulheres negras no Brasil atualmente
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O Feminismo Negro tem a experiência como base legítima para a construção do conhecimento, enfatizando o ângulo particular de visão do eu, da comunidade e da sociedade. Em sua construção há a necessidade de interpretações da realidade das mulheres negras por aquelas que a vivem no dia a dia e o reconhecimento de que a supressão ou aceitação condicional do conhecimento das mulheres negras está dentro de um contexto machista e racista.
A atuação e concretização da ideologia do Feminismo Negro parte da necessidade de contrapor a visão equivocada da sociedade de que a mulher negra tem uma marginalidade peculiar e estigmatizada a uma subordinação perante os demais indivíduos.
Também estimula um ponto de vista especial das mulheres negras, em uma visão distinta das ideologias do grupo dominante branco. Ressalta-se que a luta tem origem nas reflexões e nas ações políticas.
O atual feminismo negro se encontra atualmente no Brasil por meio de estudos e ações concretas em diferentes áreas de atuação. As mulheres negras se organizam em movimentos sociais, ONG’s e Conselhos por todo o país, mobilizando-se contra a prática do racismo e do sexismo como foco para a garantia de igualdade de direitos e de oportunidades. Como negras e mulheres, elas se capacitaram para não mais aceitar de forma normal a subordinação histórica e está tendo cada vez mais voz para mostrar e reivindicar contra o racismo estrutural da sociedade.
REFERÊNCIAS
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-33002012000200005
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40142003000300008&script=sci_arttext
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terradearuanda · 3 years
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Artistas da música
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terradearuanda · 3 years
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8. Tia Ciata (1854 - 1924) 
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Se hoje o mundo todo conhece o samba brasileiro, muito se deve à Hilária Batista de Almeida, nascida em Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo Baiano, migrando para o Rio de Janeiro quando tinha 22 anos de idade.
Tia Ciata, como ficou conhecida, era mãe de santo (Candomblé), quituteira, empreendedora, partideira e, posteriormente, Matriarca do Samba, por ter cedido a sua casa, no centro do Rio de Janeiro, para as rodas de samba, até então um ritmo proibido no país, que deram espaço ao surgimento de grandes nomes da música brasileira, como Pixinguinha.
Ganhava a vida vendendo quitutes, fazendo consultas em sua religião e organizando essas festas que tornaram-se tradicionalmente famosas na cidade. O primeiro samba de sucesso gravado no Brasil, em 1917, chamava-se "Pelo Telefone", e foi gravado na casa de Tia Ciata.
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terradearuanda · 3 years
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2. Aqualtune (c.1600-?)
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Nascida no Reino do Congo, Aqualtune era uma princesa que ocupou um importante papel na sua terra natal. Comandou um exército de 10 mil homens contra o Reino de Portugal defendendo seu território.
Derrotada, foi vendida como escrava e trazida para Alagoas. No engenho onde estava como escrava ficou sabendo da existência do Quilombo dos Palmares e fugiu para o local levando consigo vários companheiros.
Ali teria três filhos que se destacariam na luta contra a escravidão: Ganga Zumba e Gana, líderes no Quilombo dos Palmares; e Sabina, a mãe de Zumbi.
A causa da sua morte é incerta, mas seus feitos ajudaram a consolidar o Quilombo dos Palmares como refúgio dos escravos na colônia.
Apesar de ser pouco lembrada pelos livros de História, Aqualtune foi uma figura muito importante para a história da população negra durante o período colonial. Ela simbolizou liderança e luta dentro do sistema escravocrata e passou isso adiante através de seus herdeiros e de seu comando no quilombo.
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terradearuanda · 3 years
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Zumbi dos Palmares (1655-1695)
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Zumbi, também conhecido como Zumbi dos Palmares, foi um líder quilombola brasileiro, o último dos líderes do Quilombo dos Palmares, o maior dos quilombos do período colonial. Zumbi nasceu na então Capitania de Pernambuco, em região hoje pertencente ao município de União dos Palmares, no estado de Alagoas.
No Quilombo, que foi um verdadeiro centro de resistência escravocrata, chegaram a viver cerca de trinta mil negros que escaparam dos seus senhores.
Durante aproximadamente dezoito anos, Zumbi defendeu o seu Quilombo contra capitães que queriam destruir a comunidade e recuperar os escravos fugitivos que haviam perdido.
A morte de Zumbi foi trágica: denunciado por um dos companheiros, foi capturado, morto e degolado. A sua cabeça ficou exposta em praça pública para desencorajar outros escravos de se rebelarem.
O Dia da Consciência Negra - dia do assassinato brutal de Zumbi - é lembrado até os dias de hoje no Brasil.
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terradearuanda · 3 years
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População Negra e Covid-19
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"Com distanciamento do Estado, negros e negras são os que mais sentem o impacto do vírus"
Um olhar para a população em tempos de pandemia revela a alta taxa de letalidade que recai sobre os pobres e, com maior contundência, sobre as pessoas negras (pretos e pardos) e pobres. Essa realidade não pode ser compreendida como uma simples coincidência da relação entre pobreza e raça. Ela é fruto de uma perversidade histórica e estrutural ativamente produzida que, no contexto de exacerbação do neoliberalismo e da crise sanitária, revela a imbricação entre raça, pobreza, saúde pública e Estado.
Diversas organizações do Movimento Negro denunciam o descompromisso do Estado, dos órgãos de saúde e dos veículos da grande mídia em relação aos efeitos da pandemia do novo coronavírus sobre a população negra, e ajudam a comunidade negra a compreender os seus direitos em tempos de crise sanitária. Um grupo de 150 entidades representativas do movimento negro e de periferias do Brasil que compõem a Coalizão Negra por Direitos enviou uma carta ao ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, pedindo informações a respeito dos dados sobre etnia, raça, gênero e território de pessoas infectadas pelo novo coronavírus e mortas em decorrência da covid-19. Essa ação resultou na publicização oficial dos primeiros dados com recorte racial sobre a doença. Porém, os descaminhos e o autoritarismo do governo federal, que desconsidera a trágica situação da saúde pública brasileira levaram ao abandono da socialização de tais dados. Atualmente, se alguém quiser ter essas informações terá que ir direto aos Boletins Epidemiológicos e interpretar os dados.
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Foto: Bruno Kelly
Negras e negros estão entre o público mais exposto ao novo coronavírus devido a sua condição de pobreza, de desemprego, de trabalho informal, de residência em regiões periféricas, vilas e favelas sem saneamento básico, de precariedade de postos de trabalho e moradia. Eles também têm maior necessidade do uso dos serviços do SUS (Sistema Único de Saúde). Essa situação possui antecedentes históricos. Ela é consequência do racismo, das heranças colonialistas que privilegiam seus herdeiros em detrimentos de pessoas negras até hoje.
Também é a população negra e pobre aquela que apresenta maior dificuldade de acesso às medidas sanitárias, às informações adequadas, aos recursos financeiros para a compra de produtos de higienização, de garantia de uma vida saudável, com alimentação nutritiva que possa ajudá-la a adquirir imunidade não só à covid-19, mas também a outras doenças.
Como bem apontou Pedro Martins, em texto para a Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva), as doenças não são entidades democráticas. Diante da atual pandemia, a população negra, em sua diversidade, também é considerada como grupo de risco, obviamente com gradações internas, variando tanto por comorbidades que atingem negras e negros em maior número — caso da hipertensão e da diabetes e, principalmente, da anemia falciforme — ou mesmo pela letalidade social, motivada por questões históricas, políticas e sociais estruturantes de nossa sociedade.
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terradearuanda · 3 years
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10. Milton Santos (1926 - 2001)
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Milton Santos nasceu em 3 de maio de 1926, em Brotas de Macaúbas, na Bahia. Filho de dois professores primários, ele tornou-se um dos geógrafos negros mais conhecidos no mundo.
Sua formação, no entanto, não era em Geografia, e sim em Direito, pela Universidade Federal da Bahia (Ufba).
Santos foi o precursor da pesquisa geográfica na Bahia e, na década de 1990, tornou-se o único pesquisador brasileiro a ganhar o Prêmio Vautrin Lud, considerado o Nobel de Geografia. No mesmo período, ganhou um Prêmio Jabuti, o mais importante da literatura brasileira, pelo livro A Natureza do Espaço.
Após o golpe militar de 1964, o baiano foi perseguido e preso pelo regime, por ter sido representante da Casa Civil na Bahia durante o curto governo de Jânio Quadros. Com ajuda do consulado da França, conseguiu asilo político na Europa.
O geógrafo deu aulas e fundou laboratórios na França, na Inglaterra, na Nigéria, na Venezuela, no Peru, na Colômbia e no Canadá. Ele conseguiu retornar ao Brasil somente nos anos 1980.
Apelidado de "Cidadão do mundo", Milton Santos recebeu vinte títulos de Doutor Honoris Causa de universidades da América Latina e da Europa, publicou mais de 40 livros e mais de 300 artigos científicos. Morreu em 24 de junho de 2001.
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terradearuanda · 3 years
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9. Sueli Carneiro (1950)
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Uma das mulheres negras mais importantes da atualidade no Brasil, Sueli Carneiro nasceu em São Paulo, é doutora em filosofia pela Universidade de São Paulo e criadora do Geledés Instituto da Mulher Negra, um dos principais órgãos independentes de consciência racial no Brasil.
Autora de dois livros e artigos sobre raça, gênero e direitos humanos publicados no Brasil e no mundo, foi uma das pessoas responsáveis pela defesa constitucional da implantação de cotas raciais nas universidades brasileiras. Atualmente é referência do Movimento Negro nacional e nome incontornável no assunto nos campos políticos e acadêmicos.
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terradearuanda · 3 years
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3. Mãe Menininha do Gantois (1894-1986)
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Mãe Menininha foi iniciada nos rituais pela tia Pulquéria, sua antecessora. Quando assumiu a liderança do terreiro, escolhida pelos orixás, ainda não tinha 30 anos completos e, inicialmente, sua juventude não foi bem vista pelos adeptos mais antigos. Porém, com sua doçura, carisma e diplomacia, Mãe Menininha mudou esta situação.
Nos mais de 60 anos em que liderou o Terreiro do Gantois, como relações públicas de sua religião, sempre se mostrou disponível para explicar o candomblé a quem se interessasse. Além disso, sempre teve um ótimo relacionamento com governantes, artistas e intelectuais e também conquistou o respeito de líderes de outros terreiros e até de sacerdotes católicos.
Como ialorixá, ela enfrentou o preconceito que a sociedade tinha em relação aos adeptos do candomblé. Não havia liberdade de culto e os terreiros eram freqüentemente invadidos pela polícia, sofrendo muitas perseguições e violência.
Na década de 30, a Lei de Jogos e Costumes era mais tolerante ao candomblé, mas ainda assim as festas só podiam ser realizadas em determinados horários e mediante autorização por escrito. A situação só mudaria em 1976, quando o então governador da Bahia, Roberto Santos, sancionou um decreto liberando as casas de candomblé da obtenção de licença e do pagamento de taxas à delegacia de Jogos e Costumes.
Mãe Menininha do Gantois foi a ialorixá mais famosa do país. Sob seu comando, o Terreiro do Gantois logo se tornou um dos mais procurados e respeitados da Bahia. Para muitos pesquisadores, a popularidade e o reconhecimento que Mãe Menininha alcançou foram de fundamental importância para aumentar a aceitação do candomblé na sociedade.Casou-se com o advogado Álvaro McDowell de Oliveira, descendente de ingleses, e com ele teve duas filhas, Carmem e Cleusa, que a sucedeu no terreiro.
Mãe Menininha recebeu muitos títulos, homenagens e medalhas. Uma das que mais gostava era a dos Filhos de Gandhy, que a nomearam madrinha do afoxé. Em 1972, Dorival Caymmi compôs a famosa música Oração a Mãe Menininha, que trazia os versos: “A beleza do mundo, hein? Tá no Gantois./ E a mão da doçura, hein? Tá no Gantois./ O consolo da gente, ai. Tá no Gantois…/ Ai, minha mãe. Minha Mãe Menininha”.
Além dele, Jorge Amado, Antônio Carlos Magalhães, Vinícius de Moraes, Maria Bethânia e Caetano Veloso eram algumas das inúmeras personalidades que se aconselhavam com Mãe Menininha
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terradearuanda · 3 years
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7. Taís Araújo (1978)
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Taís Araújo é atriz e apresentadora, e se formou em jornalismo, apesar de nunca ter exercido a profissão. Sua estreia na televisão foi em 'Tocaia Grande', na Manchete em 1995, mas foi com 'Xica da Silva', no ano seguinte, que ela se tornou conhecida em todo o Brasil. Após o sucesso da novela, ela foi contratada pela Globo, onde foi a primeira protagonista negra de uma novela da emissora, com 'Da Cor do Pecado' (2004). Também estrelou 'Cobras e Lagartos', e foi a Helena de 'Viver a Vida'. Seu papel mais recente foi como a Vitória em 'Amor de Mãe'.
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terradearuanda · 3 years
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5. Conceição Evaristo (1946)
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A escritora e professora Conceição Evaristo é um dos maiores nomes da literatura brasileira contemporânea e é uma das grandes ativistas do movimento negro.
As suas publicações vão desde poemas, ensaios e até mesmo ficção. A moça teve uma origem dura - Conceição é filha de uma lavadeira e não teve contato com o pai, tendo sido criada pelo padrasto, que era pedreiro.
A escritora começou a trabalhar como empregada doméstica aos oito anos de idade. Formada em Letras, Conceição fez Mestrado e Doutorado e deu aulas em escolas e na Universidade. Em 2018 ganhou o Prêmio de Literatura do Governo de Minas Gerais.
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terradearuanda · 3 years
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A história é repleta de personalidades negras que foram importantes nas mais mais diversas áreas, apesar das adversidades. Firmando lideres e personalidades negras que fizeram história através de várias gerações. Políticos, cantores, atores, artistas, atletas, escritores, muitos foram os ativistas que ajudaram na luta pela inserção social dos negros.
Sobressaíram mesmo diante do preconceito racial e deixaram suas marcas na história, com legados que permanecem e merecem ser lembrados.
Para fortalecer a luta antirracista, reunimos 10 nomes de personalidades negras relevantes nacional e internacionalmente, com seu significado.
nós próximos posts... ✊🏿
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terradearuanda · 3 years
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Terra de Aruanda
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O presente blogger terra de aruanda é uma idealização concebida por Caio Cezar, Camille Luz e Sarah Santos. Com a ideia de gerar conteúdos sobre movimentos negros  e a sua interseccionalidade, compartilhando informações desse assunto tão persistente e plural na nossa sociedade.
Interseccionalidade é um conceito criado pela feminista negra Kimberley crenshaw em 1989, sendo uma conceituação do problema que busca capturar as consequências estruturais, dinâmicos entre dois ou mais eixos.  A interseccionalidade sustenta que as conceituações clássicas de opressão dentro da sociedade — tais como o racismo, o sexismo, o classismo, capacitismo, xenofobia, bifobia, homofobia e a transfobia e intolerâncias baseadas em crenças — não age independentemente uns dos outros mas que essas formas de opressão se inter-relacionam, criando um sistema de opressão que reflete o "cruzamento" de múltiplas formas de discriminação.
Esse projeto é uma colaboração supervisionada pela docente Marietta Bárbara do Instituto federal de educação, ciência e tecnologia de Valença.
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terradearuanda · 3 years
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6. Gilberto Gil (1942)
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Cantor, músico, instrumentista e ministro da cultura, Gilberto Gil foi importante de muitas formas para o Brasil.
A música entrou desde cedo na vida do artista - já com nove anos, Gil começou a estudar música na Academia Regina. Em 1963 conheceu outros jovens talentosos: Caetano Veloso, Maria Bethânia, Tom Zé e Gal Costa. Juntos, revolucionários, criaram o Movimento Tropicalista.
Gilberto Gil participou dos históricos Festivais da Canção e foi um contestador dentro da sua geração.
Com a ditadura, em 1969, foi obrigado a se exilar e só retornou ao Brasil em 1972.
Na política, Gil trabalhou como vereador na Câmara Municipal de Salvador (1989-1992) e em 2003 foi nomeado para Ministro da Cultura (2003-2008).
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