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Texto condutor
A sua curiosidade advém do desconhecimento e da consequente necessidade de preencher esse espaço vazio nas gavetas de informação que criamos ao longo da nossa curta e viva existência.  Essa inevitabilidade do ser humano de querer conhecer e a inevitabilidade desse desejo estar a dissipar-se na crescente sociedade, uma sociedade esta que se evapora  e diluí nas facilidades de comunicação/ acesso a tudo,  não apenas questionando esses facilitismos pois, na sua vincada presença, de facto ‘facilitam’ e sem esse dominante muitas coisas deixariam de existir ou de pernoitar nas nossas vidas, Mas o que é real, é que está a dissipar muitos caminhos que seriam os corretos e os ideais, de uma maneira geral, e abstratizando as incoerências do individualismo humano.
A sociedade moderna não aceita aleanismos , não aceita a ‘anormalidade’, os riscos e os medos. Somos feitos para o percurso habitual e contudo divergente individualmente, e este individualismo é, ainda assim, um arquétipo do que poderíamos ter sido e não fomos, é um caminho paralelo, certinho e conformado com ‘o que tem de ser’, aceitamos um poder que não é o nosso. Aceitamos este apagar de personalidades. É um aumento constante de fantoches emocionais, de marionetas sociais.
Somos arquétipos de uma sociedade dita como livre. Somos falsos seres realmente vivos e vividos.                                                            Mas afinal o significa ser livre?
Livre - Adj. Pessoa que tem liberdade, que está liberta. Aquele que tem o direito de decidir por si próprio, que não é monopolizado. Indivíduo que não está ocupado, descomprometido, isento, dispensado.
Contudo  todos e quaisquer significados estão dependentes da sua, mais honesta ou absurda, interpretação. Pois dizer-se ‘livre’ e em ‘liberdade’ depende da razão de cada um, da sua própria interpretação das regras sociais, morais, ideológicas… Ainda que seguindo paradigmas considerados como humanamente universais, todo e qualquer conceito pode emergir nas mais abstratas distorções.
Se um ser é livre, pode fazer o que lhe convém? Pode criar regras no seu ‘mundo’ individual, deixando-o capaz de coexistir? Há regras ou limites?
A Liberdade enquanto valor humano, enquanto donos do nosso corpo e alma, de decidirmos entre bem e mal, entre escolhermos o nosso ‘caminho’, esse é nosso e não nos tiram mas, Liberdade enquanto valor social cria algo de controverso a vista de alguns núcleos da vida humana. Pois esta Liberdade social tem os seus limites e regras, não é um valor só por o ser, é algo que surge como congênito mas que, na sua relação directa com o outro, na interação social humana fica dependente da aceitação de certas normas sociais. Assim a nossa liberdade termina onde começa a liberdade do outro e tudo aquilo que, de alguma forma, ao ser realizado, mais consciente ou inconscientemente, possa interferir com a liberdade do outro, não é válido. A aceitação desses limites é o chamado Respeito. Ainda assim,  tudo isto são os pressupostos da sociedade, desta sociedade de primatas falantes, que de uma maneira genérica evoluíram na insignificância humana, somos um objecto de estudo eficazmente evolutivo, auto-dependente e, arrisco-me a dizer, altamente auto-destrutivo.
Liberdade. Em seu sentido mais geral, o termo liberdade designa o estado de ser livre ou de não estar sob o controle de outrem; de estar desimpedido, de não sofrer restrições nem imposições. Diz-se da faculdade que tem o ser humano de escolher ou de se decidir segundo o seu próprio parecer. A palavra liberdade tem um duplo conteúdo, que a língua inglesa distingue pelas palavras freedom e liberty. Freedom define o aspecto positivo interno da ação independente. É a liberdade moral. Liberty define o aspecto da ausência de coação exterior. ( BIROU, A. Dicionário de Ciências Sociais. 5. ed. Lisboa: Dom Quixote, 1982.)
Liberdade. Estado do ser que só obedece à sua vontade, independentemente de qualquer coerção externa (o homem livre é o contrário de um escravo). No sentido político, as liberdades referem-se aos diferentes campos (físico, de expressão, de consciência, de pensamento, religioso), nos quais o indivíduo não tem de sofrer o controle do Estado na medida em que respeita as leis. Por oposição à ignorância e às paixões, estado do ser que julga ou age com consciência com relação à verdade ou à razão, reduzindo desse modo por completo o que ele estima corresponder à sua própria natureza. No existencialismo, a liberdade é constituída da realidade humana imediata (segundo a fórmula de Sartre, o homem está "condenado a ser livre"). ( DUROZOI, G. e ROUSSEL, A. Dicionário de Filosofia. Tradução de Marina Appenzeller. Campinas, SP: Papirus, 1993. )
Todos estes ‘pressupostos’, tidos para a sociedade actual quase que óbvios para a nossa coexistência, tiveram se ser ‘esculpidos’ e embutidos nas sociedades ‘modernas’ antigas. Esta tão aclamada liberdade, embora inata ao ser humano enquanto valor individual, a nível social teve de ser batalhada e gerou muitos confrontos humanos, pois lá está, a aceitação e utilização humana da sua Liberdade, está diretamente ligada à sua própria interpretação das regras morais.
Falemos de  Liberdade de Expressão. A Liberdade Expressão é tida como um ‘direito fundamental do homem’ mas, mais uma vez caímos no poço dos princípios tidos como gerais e, sabendo das diferentes mutações humanas, dos seus diferentes estados de espírito, emoções e mesmo das próprias mentes, arriscamo-nos a cair num termo quase que abstrato. Caímos nas ambiguidades sociais. O termo Liberdade de Expressão permite a manifestação de opiniões, ideias e pensamentos, sem retaliação ou censura por parte de governos ou órgãos privados ou públicos. Mas e os seus limites? Regras? Assim como a própria Liberdade, a Liberdade de Expressão deve ser utilizada sem ultrapassar os demais direitos fundamentais de outros indivíduos, contudo como é que se reconhece esse limite? Quase que com uma linha imaginária e autónoma, a nossa própria educação delimita, ou assim deveria ser, aqueles que são os contornos deste, indubitavelmente discutível, termo. Os paradigmas sociais tidos como regras para a nossa co-existência enquanto seres autônomos mas interdependentes, as chamadas leis, são supostamente elegidas como pilares fundamentais nas sociedades. O Direito à Liberdade de expressão pressupõe a aceitação geral deste valor humano, mas depende também do livre-arbítrio de cada um. De uma forma geral foi transitando de época para época, com mais ou menos importância, e desenvolveu-se como base eclética da sociedade.
Mas até que ponto, a Liberdade de Expressão não se vem alienando dos propósitos tido como originais?
Neste dissolver de matérias, o que deveria ser tido como cúmplice não é aproveitado e até o oposto parece acontecer, surgem barreiras invisíveis e, quase que psicologicamente inderrubáveis, à nossa própria comunicação, ao nosso próprio diálogo. São invisíveis e geram mutações dos nosso próprios egos, genericamente espelhando o oposto do que somos ou contribuindo para tal. Como necessidade humana a comunicação, que ao mesmo tempo parece evoluir, encolhe na incomparável essência do ser, surge o recíproco dos contrários, em que ambos indubitavelmente afastam a voz, a nossa própria voz, da sua verdadeira função. O diálogo morre empurrado pelas suas próprias muletas, pelos seus próprios mecanismos auxiliares.
Neste contexto comunicacional, o conhecimento é a chave, conhece-se, comunica-se e conhece-se mais. O conhecimento humano é individual e divergente, cada mente, cada sentido, faz o seu próprio reconhecimento, faz a sua própria exploração. Cada um na sua unicidade compreende e vive cada experiência / contacto / informação de uma maneira única e diferente. A desmaterialização feita de cada coisa, por cada um, em maneiras pessoais, é a universalidade do conhecimento. Todos têm essa possibilidade, essa aptidão e quase que num mecanismo automático, cada ser desconstrói para conhecer e vivenciar determinado objecto.
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