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#w.artemo!
ortegadorra · 1 year
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javier  despertou  um  de  seus  demônios  pessoais;  seu  espaço  de  conforto  já  não  era  confortável.  w. @artem-o​
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alguns  eventos  sociais  eram  cansativos  até  para  si  -  e  aquele  tinha  um  motivo  ainda  mais  particular.  javier  o  encabulava. 
comumente,  andar  pelos  corredores  e  salões  de  museus  o  faz  deslizar  para  o  melhor  da  solitude  -  gostava  de  arte,  e  gostava  de  vê-las  da  sua  forma,  no  seu  tempo,  com  somente  os  gritos  e  violência  que  aconteciam  em  sua  mente.  o  evento  em  um  museu  havia  lhe  sido  convidativo. . .  até  deparar-se  com  um  DJ  e  batidas  que  poderia  ser  ouvida  à  distâncias.  primeiro,  sorveu  com  espírito  aberto,  poderia  chamar  aquilo  tudo  como  uma  experiência,  mas  as  horas  não  passavam  no  mesmo  ritmo  frenético  da  música  que  já  se  tornava  ruído  em  sua  cabeça  e,  em  algum  momento,  sua  energia  havia  começado  a  ser  drenada.  mas  ortega  sabia  mais  que  procurar  e  apontar  culpados  inofensivos  e  inanimados.
faltava  ainda  uma  hora  para  as  dez  quando  ele,  ortega  gong-pujol,  usuário  da  virtude  da  paciência,  se  mantinha  se  segurando  no  único  fiozinho  que  sobrou  do  saco.  não,  não  era  a  música  porra  nenhuma;  não  era  um  de  seus  ambientes  favoritos  por  sua  silêncio  e  espaço  estando  abarrotado  de  pessoas  e  seus  sorrisos  diplomáticos  e  o  cheiro  de  salgadinhos  porra  nenhuma.  era  a  presença  de  um  fantasma  que  se  arrastava  entre  as  pessoas  como  se  não  tivesse  sido  elas  quem  o  matou.  aquilo  alcançava  as  suas  piores  vozes,  os  demônios  de  sua  orquestra  pessoal.  em  troca  de  ser  o  tipo  de  pessoa  que  as  outras  não  deveriam  confiar,  ortega  naturalmente  era  também  desconfiando.  
o  que  passava  na  mente  daqueles  que  olhavam  javior  caminhar  entre  esculturas  e  pinturas  de  forma  tão  mundana?  
uma  troca  de  olhares  acidental  por  ambas  as  partes  -  ou  assim  preferia  pensar  -  foi  o  que  o  levou  para  fora  do  salão;  para  o  caminho  que  levaria  à  outro  andar.  ortega  enfiou  o  dedo  por  dentro  do  turtleneck  e  puxou,  como  se  isso  fosse  ajudá-lo  engolir  seu  incômodo.  encontrou  em  uma  das  paredes  majestosas  um  painel  de  algum  material  metálico  bem  lustrado  e  brilhoso  -  usou-o  como  espelho  para  arrumar  as  vestes  e  recompor-se.  ali  também  enxergou  o  reflexo  de  outra  figura.  ortega  virou-se;  reconheceu-o.  e  até  ele  deslizou  sutilmente.  
—  veio  arriscar  as  exposições  de  sempre?  —  abordou-o  como  veludo.  ortega  olhou  ao  redor  como  se  pudesse  encontrar  mais  alguém.  não  que  esperasse  realmente  encontrar  alguém,  visto  que  mais  comum  assistia  artem  acompanhado  de  somente  sua  sombra  e  carinha  fechada.  —  está  aqui  para  a  própria  companhia  mesmo,  príncipe?
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