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talkscomet · 3 days ago
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Por Kim Lok Ho
Após sete meses de hiato, o boygroup B.Moon retorna com seu segundo mini-álbum, "Beyond Orbit", trazendo um frescor para o cenário do pop sul-coreano. O trio composto por Luha, Hyewoo e Gyumin participam ativamente da composição para dar cor a um projeto de 15 minutos que mescla influências do rock e eletrônico com letras que exploram o amor sob uma perspectiva mais intensa e sombria. Com cinco faixas que transitam entre o pop energético e ‘midtempo’ poderosos, o disco explora a euforia, o desejo e o vazio de forma ímpar. Eles se propuseram a ir além – e conseguiram – mergulhando em camadas mais profundas dos sentimentos que envolvem o amor e a paixão intensa, o que resulta em um trabalho coeso e emocionalmente impactante.
A introdução, "Beyond Orbit (Intro)", funciona como um prelúdio conceitual, estabelecendo o tom do álbum com a frase "We are going beyond orbit" enquanto prepara o ouvinte para explorar o álbum por completo. Apesar de curta, a abertura cumpre exatamente a sua função junto de sua produção, com toques de suspense, como se estivéssemos prestes a decolar para uma viagem através do universo do B.Moon.
A title track, "Overheating", é onde o álbum realmente ganha vida. Com uma batida eletrônica pulsante e guitarras distorcidas que remetem ao rock alternativo, a música captura a essência de um amor que consome. Carregada de frustração por uma atração incontrolável, o desejo incessante cantado pelo trio explode num refrão que pode soar agressivo à primeira impressão, mas que tem nesse impacto a estratégia perfeita para transmitir a intensidade desejada – cumprindo o papel de expressar o turbilhão de emoções que os jovens artistas podem estar sentindo durante a canção. É um dos destaques do disco e pode se tornar um viral instantâneo.
Enquanto "Overheating" queima com a raiva de uma paixão incandescente, "Prince" mergulha nas sombras de um amor não correspondido. A produção mais contida, com pianos que trazem uma melancolia e sintetizadores contemplativos, traz uma complexidade e um tom mais maduro para o EP através das letras – onde aqui o eu lírico se sente inseguro e diz não se arrepender de um amor, mesmo ele sendo tóxico, proibido e desproporcional entre as partes. A obsessão vista na faixa anterior se mantém aqui, mas de uma perspectiva futura e progressiva, perceptível em alguns versos da canção.
Em contrapartida, em "Better", o B.Moon explora o arrependimento e a esperança de redenção. Na produção que incorpora elementos de synthwave, a midtempo eletrônica parece retratar um relacionamento à beira do fim na mesma intensidade que teve seu início durante o storytelling do projeto. Com um tom nostálgico, o último apelo revela como o trio interpreta um personagem que sente-se preso ao passado, cantando sobre a possibilidade de não haver outra chance, mas também esperando um futuro melhor, diferente; com uma certa expectativa da quebra de um ciclo interessante de erros, recomeços e fragilidade. Outro dos pontos altos do disco.
Assim, o mini álbum se encerra com “The Sad Man”. A princípio, uma balada simplória com elementos de rock e música eletrônica mas que surpreende quem escuta o disco pela explosão repentina a partir de sua segunda metade. A música acompanha um homem que veio da Lua – como uma possível autorreferência – que luta contra seus dilemas internos e questiona-se sobre como sua história chegará ao fim enquanto se despede da narrativa trágica, mas que resiste com um certo encerramento otimista.
O mini álbum B.Moon é um projeto coeso que navega entre extremos emocionais, desde o desejo amoroso e seu sofrimento até o sentimento de deslocamento constante. As letras das músicas, intensas, contrastam com a produção, que equilibra rock e eletrônico com maestria, oferecendo uma base sólida para as letras carregadas de emoção supracitadas. Destaques como "Overheating" e "Better" mostram a versatilidade do grupo, enquanto "The Sad Man" confirma que o B.Moon sabe como criar narrativas impactantes, apesar da repetição de certos temas. No entanto, isso não diminui o impacto geral do projeto. O álbum é recomendável para quem busca música pop com emoção sem filtro, numa prova de que paixão e sofrimento são complementares.
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talkscomet · 21 days ago
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Por Kim Lok Ho
Depois de muita espera, o mais recente trabalho do BELLA, Cosmic Connection, seu quinto mini álbum, surge como uma jornada sonora que mescla um pop sofisticado com influências disco e eletrônica explorando, obviamente, a conexão cósmica como um processo de relações humanas. O sexteto vocal viaja por temas como amor e solidão de uma forma otimista ao longo de sete faixas: desde à envolvente "Strawberry Shortcake", que abre o álbum com uma atmosfera sedutora e madura, até ao pop meio experimental de "Orphan Stars". O disco apresenta uma narrativa musical coesa, ainda que com altos e baixos em sua execução – mas sem sair da órbita proposta –, na procura por um amor recíproco e especial.
O abre-alas do disco é o sofisticado pop vocal atmosférico “Strawberry Shortcake”, com influências disco e reverberações de EDM são um prelúdio do que pode ser esperado do projeto. Explorando uma dinâmica de atração, sedução e possessão num relacionamento amoroso, esse amor que é vicioso e explícito, sem desvios e escapatória, mostra uma maturidade que por vezes surpreende até mesmo o ouvinte mais assíduo do sexteto.
Se por um lado “Strawberry Shortcake” é uma faixa que representa a melhor fase do grupo, a ‘title track’ “Alien” não pode dizer o mesmo. Com uma sonoridade dance-pop promissora, com batidas pulsantes e camadas eletrônicas, a canção peca em prender a atenção e não passa a mensagem esperada como carro-chefe do tão esperado retorno do BELLA. Apesar disso, a letra da canção utiliza-se do termo “alienígena” de uma maneira inteligente, como uma metáfora para um relacionamento unilateral, enfatizando a incompatibilidade final desse amor que, antes familiar, agora é algo distante e impossível. Aqui torna-se possível o entendimento do porquê o disco chama-se “Cosmic Connection”, a imagem cósmica proposta durante os versos da canção transmitem essa procura por reciprocidade em meio à solidão e ao desespero de amar alguém.
Dando continuidade ao disco, a terceira faixa é a poderosa “Wish” – que acaba engolindo completamente a canção anterior dentro do álbum. No recente hit do grupo, incorporando uma base disco-retrô e vocais claros e melódicos, a letra sedutora e fantasiosa interage diretamente com quem a escuta, oferecendo-se para conceder vontades e convence a quem quer que seja a acreditar que é um momento mágico e a hora de realizar os seus desejos mais profundos. E ela cumpre exatamente esse papel.
Mantém-se a sonoridade influenciada pelo disco-retrô na nostálgica “Brighter Days”, que tem um arranjo orquestral num estilo "power innocent" que por vezes o BELLA traz em seus álbuns, também carregando consigo vocais mais densos e estáveis. A letra, num  tom otimista e encorajador, resume a sucessão de temáticas exploradas até aqui enquanto o sexteto canta sobre liberdade através da dança e da música, quase como num tom festivo para que seu coração convalesça com tempo de qualidade e muito amor envolvido. Funciona perfeitamente como faixa seguinte à uptempo “Wish”.
“Sunflower” é uma faixa ‘dreamy’, com a produção mais diferente até então, mas que não chega a destoar tanto das outras quatro faixas anteriores, utilizando-se de um dos subgêneros do synthpop para ser construída em torno uma letra magnética, cósmica e natural. O eu-lírico da canção narra uma atração inevitável e o seu jeito hipnotizante de conquista até que seja concebido o encontro tão aguardado entre os dois parceiros, quase que de uma forma mística, e essa sonoridade proporciona exatamente isso.
Parece que as faixas são construídas em blocos de dois, onde cada uma das canções de uma dupla combinam entre si, e “Electric Kiss” comprova essa teoria com a manutenção de uma estética sonora voltada para o futurismo e vocais um pouco sussurrados entre um instrumental inteiramente eletrônico e conceito fantasioso. A conexão cósmica, aqui torna-se praticamente física, com a força de um beijo como retratado na letra, onde esse amor energético e elétrico é quase sobrenatural (no sentido literal da palavra). Em adição, a performance vocal do BELLA nesta faixa fantasiosa e tecnológica, em especial, é mais atraente em relação às demais presentes no álbum, sendo facilmente uma das mais convincentes de sua discografia.
“Orphan Stars” é, sem dúvidas, a melhor surpresa do álbum – que parecia ter encontrado um ponto de inflexão, sem perspectivas de superar a terceira faixa (citada duas vezes ao longo da resenha). Com uma sonoridade mais experimental que as demais faixas listadas no álbum, o tom rítmico e sussurrado é mantido, mas a percussão somadas às linhas de baixo ao longo da canção são definitivamente cativantes, além de também incorporar influências do electropop. A última música do quinto mini álbum do grupo desde o início deixa claro a inconstância de uma vida, por vezes solitária, mas que com o afeto pode superar barreiras e atravessar até mesmo as fronteiras do cosmos. Emotiva e talvez um pouco filosófica, é o ponto final perfeito para um disco que ressalta a importância e a valorização de não estar sozinho neste (in)finito universo.
Em “Cosmic Connection”, o BELLA demonstra tanto sua maturidade artística quanto a capacidade de inovar dentro de sua identidade sonora, mesmo com algumas faixas que não atingem todo o potencial esperado. O álbum brilha durantes as faixas "Wish" e "Orphan Stars", combinando letras poéticas e fantasiosas, produção criativa e performances vocais que elevam a experiência de quem as escuta. Em conclusão, fica a sensação de um projeto que, apesar de desafios, é capaz de enviar-nos uma mensagem poderosa sobre amor, solidão e a eterna busca por conexão entre pessoas e seus sentimentos, por vezes tão complexos de assimilar.
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talkscomet · 2 months ago
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Por Meredith Watson
"Helter Skelter" é um álbum conceitual que mergulha nas dinâmicas tóxicas do amor, na luta por identidade e na oscilação entre submissão e revolução de seu eu-lírico muito bem construído ao longo de suas 10 faixas, numa duração confortável de 36 minutos. Cada música representa um estágio diferente de um relacionamento abusivo, desde a idealização até a destruição, passando pela libertação e, em alguns casos, uma nostalgia dolorosa. Nesse disco, Genevive traz influências do pop rock alternativo, com um toque estético e também influências sonoras diretamente dos anos 50 juntamente com sintetizadores que dão um toque de modernidade ao disco, numa convergência surpreendentemente satisfatória.
O disco é introduzido com  a deliciosa “Fear”, a voz empostada de maneira sexy por Genevive transpassa um toque de mistério que pode ser visto em filmes com detetives e investigações criminais, muito produzidos no século passado. Além disso, a artista canta sobre dependência emocional enquanto faz uma crítica à busca desesperada por validação de outras pessoas. Vulnerável e honesta, numa faixa de pouco mais de 2 minutos, a cantora grita desesperadamente ao ouvinte seu medo do abandono que, apesar de ser pessoal, pode ser identificável facilmente.
“Deadly Words” é uma parceria com Plastique Condessa que mergulha em consequências devastadoras de palavras num relacionamento tóxico e manipulador. Apesar da projeção das vozes numa produção distante aos nossos ouvidos, as duas artistas cantam uma letra carregada de raiva e desilusão sobre uma ferida que ainda doi e ainda está aberta. Já durante a segunda faixa é possível ver uma identidade sonora tomando forma, atrelada ao synthpop e ao rock alternativo.
Seguindo a sonoridade da faixa anterior, a interessante “STAB!” traz consigo os calorosos vocais de Stefan Lancaster, que complementam a canção de forma muito bonita. Acompanhada de um pré-refrão muito bem construído, a música retrata um cenário de traição de uma maneira curiosa: o eu-lírico já não se lamenta – como se fosse um empoderamento, reconhecendo a situação e recusando novos truques. O simbolismo violento, utilizando-se de facadas e sangue, para uma traição é perspicaz o suficiente para interpretação do que o que é cantado ser uma espécie de sobreaviso a respeito da relação em questão.
Chegando a um dos pontos altos do disco de Genevive, “Leave you on Hold” tem uma imersiva introdução, levando-nos a uma interpretação flutuação, mergulho e afundamento num vasto corpo d’água; tudo isso graças à um instrumental pop/rock muito bem produzido. Aqui, a cantora faz alusão a uma vingança passiva, deliberadamente prolongando o sofrimento de seu parceiro numa inversão de papeis, de forma em alguns versos até mesmo sombria: não há redenção ou crescimento, apenas retribuição calculada. Brutalmente eficaz e emocional em sua mensagem.
“Who Held The Gun?” é uma balada com elementos que remetem ao country, mas que surpreendentemente não perde o fio da meada dentro do álbum. Vocais reluzentes e um instrumental singelo ao fundo trazem uma aura especial. E se por um lado ela culpa seu parceiro e também se vinga, aqui a cantora compartilha dessa falha, se arrependendo e também se sentindo responsabilizada pelo resultado final desse relacionamento estilhaçado de modo que há uma oscilação entre questionar-se e acusar o “outro lado”. Inteligente e crua, a quinta faixa do “Helter Skelter” é uma reflexão sóbria (mas um pouco parcial) a respeito de responsabilidade e consequência. 
“Devil's Door” é mais uma música sobre um relacionamento tóxico e bagunçado, numa luta interna do eu-lírico sobre exploração, vício, redenção e recaída. Para diferenciar um pouco das faixas anteriores, a metáfora religiosa e sobrenatural em tom bíblico traz um refresco para a faixa. Não há nada de muito grandioso por detrás dessa canção.
Recuperando-se rapidamente, em “Release the Beast” o álbum volta ao pop/rock alternativo, de forma ainda mais incisiva – mas mantendo o tom do disco sem que fique desconexo – num grande feito enquanto canta sobre o tema central da canção. O eu-lírico é interpretado como quem há tanto tempo se segurou, agora não pode mais conter suas frustrações e ressentimentos. É mais um dos pontos altos do disco e que, de certa forma se conecta às primeira e terceira faixas do disco, numa espécie de começo, meio e fim.
“Babel” talvez seja a faixa mais pop do projeto. É uma música ‘midtempo’ curiosa, com uma interpretação especial feita por Genevieve, que enquanto sussurra em alguns trechos, traz um tom misterioso junto dos assobios ao fundo da faixa igualmente bem produzida. Em mais uma metáfora bíblica, mais inteligente dessa vez, a história da torre de Babel simboliza a queda do relacionamento e começo da incomunicabilidade inevitável entre duas pessoas, que finalmente são vistas como incompatíveis. É uma canção madura, sobre aceitar o colapso de um amor que tornou-se desamor, no fim das contas.
A nona faixa do álbum, “Golden Cage”, tem uma introdução muito bonita e seu refrão culminando em adlibs tornam a faixa muito mais dinâmica – já que o instrumental é um pouco linear, soando um pouco repetitiva no fim. Nela, Genevive reflete sobre relacionamentos opressivos disfarçados de proteção, como uma “virada de chave” após tanto tempo sendo manipulada, criticando o comodismo frente a uma liberdade reconquistada depois de muito lutar. Apesar da crítica feita à composição da canção, sua letra ultrapassa essa percepção fazendo com que nada atrapalhe a experiência tanto assim.
“Pangea” é a última música do disco. É uma balada emocional com instrumentos de corda e percussão muito presentes; novamente os adlibs são bonitos e trazem um condimento à canção, que é construída de modo que combine exatamente com o que a cantora canta nos versos da música. Junto da faixa anterior (e na maioria das demais faixas do álbum), nos leva para os anos 50 com um solo de guitarra excepcional. Genevive explora o amor perdido, a esperança além do tempo e a conexão que persiste mesmo após a separação. Assim como esse amor, embora Pangeia tenha se separado, até hoje se tem resquícios do que no passado foi um só – com uma certa possibilidade de reunião no futuro, mas não como era antigamente. Aqui, a cantora deixa o final em aberto de forma inteligente, fazendo o ouvinte se questionar: “Há volta? Vale a pena esperar tanto tempo por esse alguém, ou isso é apenas outra forma de solidão e punição?”.
Com letras profundas, conceito coeso, evolução narrativa,  o álbum não tem um final feliz – apenas diferentes formas de lidar com a dor. Liricamente, entre canções com letras pesadas e agressivas até passagens melancólicas e nostálgicas, por vezes o disco não fala sobre romance, e sim uma experiência completa de tudo o que aconteceu, revelando o processo de quem tenta escapar, e que muitas vezes falha – mas continua lutando. É cru, emocional e bem estruturado.
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talkscomet · 2 months ago
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Por Meredith Watson
O sétimo disco de Plastique Condessa é cru e simbólico, onde a limpeza é violência e a sujeira é resistência. Ela canta em cima de refrões obsessivos como se imitasse o condicionamento social que tanto critica ao longo de 12 faixas, que totalizam quase uma hora de duração. “Bleach City” tem como gêneros-chave o punk e o pop soviético (com elementos de crítica social) de modo que circunda sem parar sobre temas de opressão sistêmica e purificação violenta por parte desse mesmo sistema. O álbum utiliza água sanitária como metáfora central para um sistema que tenta "limpar" e “corroer” marginalizados, seja através de padrões sociais, religiosos ou políticos. 
A válida crítica à higienização cultural, onde a pureza é sinônimo de opressão, submissão e doença, mostra uma cantora afiada, expondo sua percepção a respeito de instituições sociais e seus mecanismos de controle. No entanto, é um álbum monótono de modo geral, com momentos cansativos, ruidosos e sombrios em excesso.
Com um instrumental típico do século passado do pop soviético, que por vezes chega a ser cômico, “Bleach City” é apresentada como abre-alas do álbum. Aqui, Plastique Condessa critica de forma metafórica a opressão e a padronização cultural imposta por uma sociedade que valoriza apenas o que é "puro" (representado pelo branco/água sanitária) de modo que toda a personalidade de uma pessoa é “lavada” para que se enquadre num padrão dominante. A cantora protesta contra a opressão ao individualismo de maneira inteligente.
“Run!” sucede a reflexiva faixa anterior, mantendo-se um pop com influências rock oitentistas e muito animada. No entanto, por trás da sonoridade, é exposta uma frustração sobre esses mesmos padrões supracitados de modo que se critica a ilusória e tão sonhada ascensão social na incessante busca por aceitação e corrida por aprovação que vem do topo da complexa pirâmide socioeconômica imposta por todo o mundo.
Em “Hamelin Flute”, uma produção pop com sintetizadores interessante, a crítica da vez é para o controle social e manipulação midiática num mundo digital – como o nosso –, na urgência de que todos precisam ser acordados para o que acontece. A metáfora que envolve o flautista de Hamelin diz respeito à sedução e posterior dominação das massas. Apesar desse encantamento perverso, não é uma música tão encantadora e a segunda metade dela é mais envolvente.
Sonoramente, “White Enough” combina com a faixa anterior, enquanto as duas primeiras faixas soam escolhas não tão inteligentes para começar um álbum. Definitivamente essa faixa é um dos pontos álbuns do disco, onde Condessa abertamente denuncia o racismo estrutural e a hierarquia racial persistente no mundo ocidental, além da crítica à falsa ideia de pureza racial e superioridade de pessoas brancas – evidenciando também que ninguém ficará livre da opressão ao nutrir essa retórica violenta.
Definitivamente um dos grandes momentos esperados no disco é a parceria com Agatha Melina em “Soft Bubonic Plague”: faixa com ótima introdução, se propondo a remeter à Idade Média e conseguindo. No entanto, seu início promissor não é capaz de esconder a monotonia presente ao longo dos 5 minutos – no final fica melhor, mas é uma colaboração de peso que poderia ser melhor aproveitada. Em mais uma música sobre a luta de classes, a metáfora da pandemia de peste bubônica representa uma revolta trabalhista inevitável e profética frente ao sistema vigente na maioria dos países capitalistas.
O álbum entra em queda livre com “Mateo 19:24”, deixando de ser uma canção, para ser recitada sobre um instrumental disruptivo. A música utiliza o versículo bíblico do título da canção, de forma genérica, para criticar a hipocrisia e a corrupção de instituições religiosas com foco na Igreja Católica e o modo como a espiritualidade verdadeira é corroída e se afasta do benefício moral ao se aproximar o humano e o divino. Apesar de parecer uma crítica inteligente, Plastique a faz de forma um tanto quanto generalista, já que diversas ordens religiosas católicas fazem exatamente o oposto – estamos no século XXI e não no século XV ou durante o período de estados papais. Mas sim, é um chamado à reflexão, questionando se a religião atual realmente representa os ensinamentos de Jesus ou se foi distorcida para servir ao poder. 
Depois de quase morrer, o álbum renasce com a sonoridade que iniciou o projeto, num arranjo bastante evidente para a chamada “Broken Opera”. O manifesto artístico critica a elitização da cultura e o fato de que autênticas tradições e estilos populares muitas vezes tornam-se marginalizadas pela alta sociedade num tom provocativo e energético.
Cantada totalmente em francês, “Épidémie De Danse” tem uma produção distinta, mas que continua a fazer sentido dentro do álbum. Mais uma vez, Plastique critica a alienação coletiva e a manipulação social e sua periculosidade, enquanto os verdadeiros e supostos controladores da sociedade permanecem intactos, como se o tratamento para a “doença” atualmente tivesse como foco os sintomas e não o agente causador – desta vez utilizando a nebulosa epidemia de dança de Estrasburgo, em 1518. Destaque para a guitarra e os ‘adlibs’ aqui.
“Стыдно Мечтать” (em russo, Stydno Mechtat'; “é uma pena sonhar”) possui uma belíssima introdução com as cordas, em mais um ritmo animado para falar sobre temas polêmicos – como na maioria do álbum. Cantando em russo e em inglês, a artista expressa a desesperança das camadas mais baixas da sociedade, que se veem obrigadas a desistir de seus anseios para que consigam sobreviver num mundo sem pretensão de mudanças, por mais que haja um sentimento adormecido de revolta e indignação.
A antepenúltima faixa do álbum é “Placebo”, ao lado de Brü, e aqui sim a parceria foi bem utilizada enquanto a voz da brasileira brilha em contraste com os vocais ácidos de Plastique. A música denuncia como as pessoas são levadas a acreditar em "curas" que as destroem, seja através de padrões que não podem ser alcançados numa vida, relacionamentos abusivos ou sistemas de exploração, dando um novo significado para a metáfora alvejante que envolve o álbum quando associada à pureza e limpeza. 
A partir desse ponto, os temas tornam-se repetitivos e com um certo tom de esvaziamento de pautas importantes, como se tudo fosse para a construção do disco e nada além disso. “Reality Takes a Seat” tem uma sonoridade imaginativa, sendo possível perceber que o álbum já está encaminhando-se para o seu fim. A música possui muitos instrumentos e essa superprodução traz um toque especial para ela ao longo dos 6 minutos de faixa, que fala novamente sobre a opressão sistêmica e como as minorias nunca vencerão se não houver resistência e rebeldia, num tom por vezes cínico.
Encerrando o álbum, “Dirty It, Black” já chega como uma das melhores produções dele, onde tudo brilha de forma excêntrica, mas bela ao mesmo tempo. Como não seria diferente, a música é outra tentativa de hino revoltoso contra a hipocrisia social vivida sob uma falsa sensação de ordem e controle. O refrão resume esse desejo de corromper tudo é “perfeito”, uma prova da presença de influências do punk industrial e gótico do início ao fim do projeto.
Por fim, “Bleach City” é um álbum brutal e necessário, utilizando de muitas metáforas para falar de problemas sociais intrínsecos do sistema e seus pontuais mecanismos de resistência, refletindo uma visão de mundo corrosiva e eugenista. Não é um disco que oferece esperança. Poderoso na mensagem, mas poderia explorar mais variações musicais para evitar a saturação.
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talkscomet · 2 months ago
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Por Clara Banderas
“Más Allá De La Luna” é um álbum de pouco menos de 30 minutos que nos transporta para um pouco mais adiante no interior do coração e do consciente de Sofía, enquanto ela explora gêneros latino-americanos como forma de admiração e amor à essa região do globo e também retrata opostos a todo momento entre as dez canções, como vício e cura, dor e superação – utilizando de metáforas viscerais para descrever emoções. Com parcerias de peso como Tieta, Brü, Plastique Condessa e Damien Hardwell, a tendência do projeto é ser refrescante e diverso, sem que destoe do álbum anterior e gêmeo, “Hasta Que Salga El Sol”.
O disco é aberto com uma cadência divertida, num merengue refrescante, intitulada “Si Nunca Te Hubiera Conocido”. A música reflete sobre um amor intenso e ambíguo, onde Sofía questiona como seria sua vida se nunca tivesse conhecido alguém, como se ela estivesse presa entre o desejo de superar essa paixão e a incapacidade de esquecê-la.
Em “Enamorarse Para Qué?” – primeiro ponto alto do projeto –, um hino inspirado na cumbia mexicana, país que abraçou a cantora no passado, sobre independência emocional, autoamor e a decisão de não repetir padrões dolorosos em um relacionamento. Apesar do ritmo animado e ‘uptempo’, a letra é crua e libertadora, em que ela exige mais – e, se não receber, prefere seguir sozinha. Não por egoísmo, mas por respeito a si mesma.
O álbum tem um revés para o Pop com influências de Trap em “Quieres”, onde Sofía arrisca até mesmo versos de rap, enquanto se afirma a si mesma como escritora de sua própria história, sem nenhum espaço para quem possa fazê-la mal. Ela não volta atrás, não importa quanta insistência haja.
Progressivamente numa mudança de ritmos mais tradicionais da América Latina para gêneros contemporâneos, o reggaeton “Dejalo Saber”, em parceria com a brasileira Tieta, tem uma atmosfera elusiva e carregada de vocais mágicos enquanto as duas cantam sobre um amor proibido, intenso e irresistível – uma relação que vai além de um simples caso passageiro, mas que, ao mesmo tempo, é "tão errado quanto certo". É definitivamente algo. E assim, seguindo a narrativa da canção anterior, “Agonía” é o que talvez faltava na outra faixa: fragilidade frente ao sentimento avassalador retratado e a emoção dos vocais que somente Sofía é capaz de trazer – sabendo que pode sofrer, mas insiste porque, junto desse amante, eles são melhores.
“OKI DOKI” é um reggaeton experimental e com influências da cultura japonesa e, apesar de retratar uma declaração ousada de liberdade sexual e afetiva – onde a artista assume o controle de uma relação não convencional –, talvez não tenha sido a melhor combinação feita por Sofía.
Retornando aos refrescantes gêneros latinos tradicionais, mas com toques de modernidade (Afrobeat, nesse caso), Juanes junta-se à hispano-mexicana em “Sol y Luna” numa ode romântica e sensual que compara o amor entre dois corpos e almas à dança cósmica do Sol e da Lua, intensa e que desafia a gravidade. É interessante o contraste das vozes dos artistas nessa faixa.
Seguindo o “bloco” de colaborações, na canção “Envenenado” é a vez de Sofía dividir as linhas e estrofes com Damien Hardwell, numa faixa Pop nebulosa com toques de reggaeton enquanto novamente traz a perspectiva de um relacionamento amoroso destrutivo onde ambos sabem que é mau, mas irresistível. Oscilando entre a culpa e o desejo, ficamos na curiosidade para saber até quando seus corpos resistirão a esse veneno.
Definitivamente outro dos pontos altos do CD, “Paradise” é um convite de Sofía à Bru, Tieta e Plastique Condessa para um manifesto de empoderamento feminino, misturando elementos de sedução, espiritualidade e revolução – e também mistura pop, reggaeton e funk brasileiro inesperadamente numa combinação interessante. É até irônico a canção fazer alusão ao paraíso quando temos uma de torre de Babel em miniatura aqui: ela é cantada em inglês, espanhol, francês e português.
“Hija de Maldición” é a última faixa do álbum e, entre uma produção pop, temos a base com trompetes e um violão intensos que auxiliam Sofía numa celebração de si contra críticas e julgamentos, que enfrenta ataques mas se recusa a ser derrotada. É uma boa música, finalizando o disco de forma positiva.
Apesar de ser um disco com a premissa de ser um Lado B, “Más Allá De La Luna” apresenta algumas dualidades contrastantes ao longo das dez faixas: dor e prazer, veneno e cura, força e fragilidade. Ao mesmo tempo, o álbum carrega consigo temas recorrentes e mensagens profundas que emergem da brilhante mente de Sofía, revelando um retrato rico sobre amor, poder, resistência e autoconhecimento.
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talkscomet · 3 months ago
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Por Clara Banderas
Em “e quem sabe de alguma coisa?” AWA nos apresenta à uma experiência convidativa a mergulhar em suas próprias memórias e sentimentos, explorando tanto a leveza quanto a densidade das relações humanas e suas consequências. Numa turbulência de sentimentos, a cantora-compositora brasileira celebra e reflete sobre sua identidade em dois extremos, o delicado e o áspero, entre o que nos conecta e o que nos faz sentir sozinhos. É pessoal, mas também é identificável.
O disco começa com a música “vaca profana”. Como uma musa, exaltando suas brasilidades frente à uma indústria competitiva, ela entrega ‘sua cara a tapa’. É uma abertura sensual que prepara o terreno para a exploração de um desejo e de sua autenticidade, carregando um empoderamento na medida certa. A ‘outro’ dessa faixa com vocalizações é como um deleite. E em “o calo”, ela continua sua indagação, criticando a hipocrisia da indústria musical, além da falta de espaço para artistas como ela – acompanhada de uma guitarra marcante e uma bateria cadenciando os versos de forma primorosa, refletindo sua capacidade de suficiência contra tudo e todos.
“a canção” parece ser só mais uma música que explora da metalinguagem, mas que ao passo que os segundos correm na minutagem, demonstra-se uma ode ao amor e ao autoconhecimento com uma instrumentalização fiel ao que a artista tem mostrado em seu projeto de artista. No fim, AWA destaca suas emoções e principais incertezas sobre si mesma.
Se alguém sentiu falta de músicas que abordam relações amorosas, “mesma história” é uma deliciosa canção de MPB com influências de rock, explorando um apelo emocional e sincero sobre decisões e escolhas erradas quando se trata também de seus parceiros. É uma forma interessante de falar sobre um tema tão popular. E assim como anteriormente, “coisas da cabeça” é outra faixa que se conecta com sua antecessora. É uma pausa reflexiva, quase filosófica, sobre uma relação que acabou não dando certo. O álbum vai nos preparando para essa música em questão, onde as letras são o ponto principal, o instrumental torna-se apenas um apoio e coadjuvante frente à voz firme da AWA.
Seguindo esse ritmo introspectivo, “tão lindo” não passa batido, enquanto a brasileira fala sobre solidão, autoconhecimento e, principalmente, sobre não abandonar sua identidade para agradar alguém. É honesta e reflexiva, mais uma vez, mas não de forma dolorosa, serve mais como uma oportunidade de se reconectar consigo mesma em meio a uma atmosfera melancólica e esperançosa.
A inesperada “please me bonito” é a primeira canção em língua inglesa da carreira de AWA. Uma balada sobre o amor, com toques de sonoridade do alternativo, onde ela canta sobre a intensidade do amor recíproco e intenso, uma conexão ansiada por certo tempo. A música tem um tom sonhador e melancólico, característico do álbum, sem que se destoe das demais faixas, e explora os temas supracitados.
O otimista e emocional encerramento fica a cargo de “novo início”, numa autocrítica como artista, passando uma mensagem clara para seu público: recomeçará dessa vez fiel a si mesma. AWA reflete sobre medos e anseios usando uma linguagem simples e direta, mais uma vez comprovando sua exímia capacidade de transformar sentimentos complexos em poesia.
O álbum “e quem sabe de alguma coisa?” abrange uma variedade de temas emocionais, como amor, solidão, desejo, dor e autoconhecimento. Cada uma das canções explora sentimentos e perspectivas de forma única, seja através de letras poéticas e introspectivas ou por meio de narrativas mais diretas. Juntas, AWA cria um panorama rico e diversificado do que sente e do que quer transmitir àquele que a ouve. A brasileira celebra a imperfeição e o poder de se reencontrar.
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talkscomet · 4 months ago
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Por Kim Lok Ho
“Ravenous Heart” é o primeiro álbum completo do grupo feminino RAVEN, onde o disco circunda as diversas facetas de um amor intenso, problemático e por vezes corrosivo – num ‘plot twist’ para a descoberta do verdadeiro problema dessa relação. Num pop com influências rock e com toques de eletrônico, as onze faixas passam rápido o suficiente para que você possa querer reproduzi-lo novamente.
O disco é nos introduzido com a deliciosa “Unnatural”, a faixa com elementos de rock num tom emocional e introspectivo nos apresenta ao projeto de forma promissora, enquanto o quinteto canta sobre um amor tóxico. E, assim, a atmosfera é inserida totalmente com a suntuosa “Into My Spell”, onde RAVEN aborda uma relação amorosa obscura, numa dinâmica de relações proibidas e excitante, abordando a situação com um toque de feitiçaria, numa produção pop com distorções de voz que chamam muito a atenção. Um dos pontos altos do álbum, que nos deixa entusiasmados.
Após duas canções com certo destaque, a fraca “Plague” foi a escolhida como ‘title track’ do álbum do grupo. Sustentada por uma batida eletrônica regular e por vezes tediosa, a canção tem seu destaque nas letras cantadas pelas membros, sendo fieis à temática do álbum, de forma mais evidente, subvertendo suas formas de amar à pragas que são elas mesmas, crescendo mais e mais a qualquer sinal de afeto. Em “The Garden of Misfortunes”, a nossa esperança floresce junto da manutenção da atmosfera intensa e nebulosa que a sequência de músicas nos faz sentir. A letra fala sobre reconhecer e aceitar sua essência pútrida, usando a metáfora de um jardim infértil e pestilento, para representar uma certa confiança pessoal. Outro dos pontos altos do disco.
Para quem sentiu falta do K-Pop em sua maior vitalidade entre um álbum sombrio, até o momento, “Claws” é a medida certa. Utilizando-se da comparação com um lobo com suas garras e um uivo incessante, a faixa tem influências tribais, assumindo o controle do próprio relacionamento incisivamente, enfrentando o que for necessário para se destacar como uma “fêmea alfa”. Assim se segue o disco com a segunda parte, se é que assim podemos classificar, “Savior”, que mantém algumas influências da faixa anterior associada à sua referência mitológica grega – sua produção por vezes deixa a canção amadora e a ponte com o violão dedilhado é a sua ‘salvação’, destaque para os vocais das cinco membros, aqui muito bem colocados. De certo modo, a música fala sobre a força interior e a capacidade de transformar a dor em algo belo e poderoso, mesmo que usado para o mal.
Em ““Drowning”, a influência disco é surpreendente num álbum com diversas faixas pop sombrias antecedendo-a. Sem dúvidas, é aqui que seus vocais mais brilham, com ad-libs também muito bem colocados enquanto cantam sobre um amor sombrio de maneira genial. A letra descreve uma entrega à pessoa amada, romanticamente, de maneira genuína e positiva, diferente do que tem sido apresentado em faixas anteriores, sem perder o fio da meada. E “Sweet Devil” conecta-se justamente neste ponto, mas que acaba passando batida entre todas as músicas antecessoras. É uma faixa com influências rock, emocional e que combina romantismo e incerteza.
A aura sombria retorna ao álbum, depois de três faixas, como se o disco renascesse, com um dos melhores desempenhos vocais do grupo em sua discografia ao som da doce e aterrorizante “Raven's Curse”. Num rock mais presente, a música fala sobre a atração por um amor que é perigoso e tóxico, mas que ainda assim é irresistível mesmo depois de um fim trágico.
O cargo de balada do álbum fica com “Idlewild”, com trechos de rap e hip-hop desregrados e desnecessários contando com cinco ídolos que sabem cantar muito bem. O refrão torna-se cativante por conta própria junto de sua produção que produz uma boa sensação ao ouvinte. A letra fala sobre superar momentos difíceis e aceitar a situação na qual se encontra, mesmo quando tudo parece estar ruim. É um lembrete de que, no final, tudo vai ficar bem. É nesse sentimento de expectativa que o disco se encerra com o instrumental “Farewell”: o que futuro reserva para o RAVEN? Esperamos descobrir isso em breve.
Cada música traz uma mensagem clara e coesa dentro do contexto sombrio incorporado pelo RAVEN para seu primeiro álbum regular, refletindo temas como superação, empoderamento, amor, dor e autoconhecimento. A diversidade de estilos e abordagens mostra a riqueza temática e emocional do grupo feminino.
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talkscomet · 4 months ago
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Por Kim Lok Ho
Nate retorna para o cenário musical global com o surpreendente álbum “n e v e r t h e l e s s”, seu primeiro disco regular. Transitando entre uma gama de gêneros musicais ao longo de onze faixas, o rapper explora (e escancara) uma batalha contra si mesmo enquanto também canta sobre relacionamentos, autodescoberta e reflexões sobre o passado, presente e futuro. 
O disco abre com a deliciosa “v o u s  m e  v o y e z”, com toques de bossa-nova, a faixa de R&B e de produção minimalista é a pedida perfeita para abordar sobre temas do passado no que diz respeito a relações interpessoais, de cunho amoroso ou fraterno, de forma introspectiva e saudosista. Nate torna-se capaz de transmitir suas emoções sem prolongar demais. E é na mesma sintonia que “u p   &   d o w n” é nos apresentada, com participação da ilustre Kim Hwa do grupo feminino RAVEN, fazendo uma transição perfeita entre trechos de rap e vocais doces enquanto cantam sobre um relacionamento, colocando seus anseios e expectativas para jogo, numa alusão à uma montanha-russa.
Em seguida, “b r e a t h e”, de maneira brusca quebra o que vinha sendo construído no início do álbum de Nate. Disruptiva e com uma letra profunda, característica do lo-fi hip-hop, sua sonoridade pode dividir opiniões e nos fazer questionar se a faixa poderia estar em outro momento do álbum, enquanto o rapper interpreta dois pontos de vista entre versos rápidos e dinâmicos.
“f e e l  s o m e t h i n g  g o o d” certamente seria uma melhor faixa para continuidade, ao menos sonoramente, do disco. Sabendo disso, podemos nos apegar mais à narrativa que está sendo construída ao longo do primeiro projeto regular do artista. E se a faixa anterior era direta e crua, a atual é aberta a viéses, ambígua e reflexiva – aqui, o ídolo trata de assuntos sérios sob um instrumental divertido. A influência de ritmos tropicais aqui torna-se escancarada, enquanto atrela-se ao hip-hop e a variedade de flows de rap que Nate é capaz de fazer. Certamente é um dos pontos altos do disco juntamente de “y o u  c a r e”, primeira balada de “n e v e r t h e l e s s”. Nate consegue trazer um R&B ‘catchy’, e ainda apresentar uma reviravolta, enquanto canta, ao fim da música. A faixa é introspectiva e melancólica, com uma produção que prioriza a sua expressão vocal.
“s a f e g u a r d” é diferente. Sem a presença aparente de Nate, inteiramente cantada por Zoe, membro do grupo eClipse, é um interlúdio misterioso que nos contextualiza para a segunda metade do álbum que está sendo reproduzido. Ainda assim, não nos prepara para a faixa “n e p t u n e”, que torna-se aberta para diversas interpretações se não nos é sabido o contexto da produção da canção. A música combina batidas suaves com letras introspectivas, sobre seu passado como membro de um grupo e a perspectiva atual como artista solo, num clima um tanto quanto espacial.
Em “h e a r t”, o rapper explora seus vocais por inteiro numa balada que, se não fosse pelo que é cantado, pela letra, passaria despercebida depois de várias faixas R&B. É confortável, levada por um piano, ele demonstra sua individualidade, como pessoa e artista, com uma sonoridade não tão surpreendente assim. Mas é uma prova de que Nate também sabe cantar.
Vale apontar que a ambientação do álbum nas faixas próximas ao final do álbum é bastante interessante. “p h y s i c a l” é uma das que possui a produção mais chamativa, enquanto o rapper finalmente parece fazer uma faixa sobre um amor que seja otimista, de forma madura. É pop eletrônico com uma batida pulsante, versos de rap e vocais energéticos, ressaltando sua versatilidade como artista solo.
A primeira vista, “c h e c k m a t e” e “e a t  y o  u  u p” estão em ordem inversa, já que a primeira citada é uma música com uma energia agressiva e batidas pesadas, até que analisamos, novamente, o contexto com as quais Nate as escreve e as encaixa dentro de seu álbum – a faixa pode ser estranha após uma série de canções R&B, ‘chill and relax’, enquanto ele explora um lado mais intenso e experimental de sua musicalidade (aqui onde “b r e a t h e” poderia ser colocada, talvez) – e pode ser concluído um conflito de duas partes de uma mesma pessoa. É por isso que a última faixa do álbum, a princípio, não tem tanta cara de encerramento, apesar de sua produção vibrante – faixa essa que nos surpreende com suas influências de rock mescladas ao hip-hop, entre trechos de rap e canto.
Nate, por meio de seu primeiro álbum regular, é capaz de representar o que a cena urbana coreana tem o melhor para oferecer, trazendo também a influência do K-pop para o projeto. A presença de faixas introspectivas contrasta com músicas mais energéticas, o que cria um equilíbrio entre emoção e energia. A riqueza de detalhes e contextualizações necessárias podem ser ótimas para amplificar a variabilidade e riqueza de detalhes na construção de um álbum, mas também pode ser uma pedra no sapato do artista, vale a avaliação.
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talkscomet · 4 months ago
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Por Clara Banderas
“PARA TODOS LOS AMANTES LES DESEO SUERTE” é o álbum de estreia da argentina EMÍ, destacando experiências pessoais de uma jovem no início da vida adulta. Como uma espécie de diário pop contemporâneo em espanhol, o breve projeto de nove faixas tem influências indie e elementos eletrônicos, atrelados a um rock animado, mas suave, e uma parceria de sucesso.
Abrindo este com “VERTE ARDER”, em parceria com a renomada cantora Sofía, essa é uma faixa que combina batidas eletrônicas com vocais melódicos das duas artistas, que adiciona uma camada de profundidade aos versos cantados. É uma faixa animada e nos deixa com astral elevado com ansiedade pelo que está a vir nas próximas canções, e é assim que “CORAZÓN HELADO” mescla pop/rock com batidas de música eletrônica de maneira excepcional como continuação da faixa anterior. Refletindo o processo de separação, dor e superação, o combo é com certeza um dos pontos altos do disco.
Em “nada está =”, a sensação que só um bom álbum nos proporciona permanece, enquanto acompanhamos o ponto de vista de EMÍ sobre tudo que tem vivido nos últimos anos sob uma batida pop/rock dos anos 2000 com letras diretas e uma produção minimalista que reforça a mensagem proposta por ela. E, não o bastante, em “los chicos ya lloran (game over)” ela teve a chance, e a aproveitou, de explorar de uma ótima maneira os estereótipos de gênero enquanto canta em cima de produção suave, com uma melodia cativante e que complementa a mensagem sobre desconstruir expectativas sociais e elevar o poder feminino sobre uma relação amoroso com histórico conflituoso.
“De Charco en Charco” consegue ser diferente, mas manter a coesão do disco intercalando batidas pop e também rock. A princípio, a mudança brusca de instrumentais pode não ser apreciada, algo que os vocais da argentina conseguem contornar com excelência e energia. O grande destaque da canção são os ad-libs muito bem colocados e as letras escritas como sinal de resiliência em meio à dor de um coração partido quando se é jovem e imaturo.
Se as faixas anteriores nos tiravam o fôlego, em “solo se que no se que” é um balde de água fria no que diz respeito à sua sonoridade. A canção intimista apoia-se em uma letra reflexiva, com pensamentos joviais bastante pertinentes, se analisarmos melhor.  Felizmente, EMÍ se redime com a dançante “el plan”, cantando sobre autoconfiança e empoderamento, temas bastante presentes em todo o disco.
“el silencio” é a carta aberta da cantora para dizer que está pronta para amar novamente. É a comprovação de que ela tem habilidade de criar atmosferas sonoras envolventes numa construção de narrativa interessante e progressiva entre elementos de pop mais presentes na mixagem rock. É fofa. 
“siempre” possui um início inesperado, em acapella, crua, que cresce bem tanto em sonoridade quanto em análise sensorial por quem a escuta pela primeira vez. O segundo refrão é o ponto principal da música, como uma história que continua e aborda paixão e desejo; a melodia reforça esse crescimento pessoal da artista. É uma ótima faixa para encerrar o disco.
Portanto, “PARA TODOS LOS AMANTES LES DESEO SUERTE” tem letras que exploram temas como amor, desilusão, empoderamento e introspecção. EMÍ se destaca como uma artista versátil, capaz de criar desde faixas dançantes até instrumentais melancólicos sem que se perca na essência proposta para o álbum como um todo, mantendo sua concisão. No geral, o disco é coeso em sua diversidade, refletindo diferentes facetas da jovem cantora e promissora pop.
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talkscomet · 4 months ago
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Por Cameron Lee
"whts ur fntsy?" é o segundo álbum de estúdio da cantora Leah, lançado repentinamente depois de um tempo considerável em reclusão. De acordo com a cantora, a premissa do disco é explorar o salão dos pensamentos e desejos mais íntimos da nossa mente. E é assim que chegamos à hipótese de que ela talvez esteja querendo nos contar que é uma pessoa neurodivergente. São quatorze faixas que juntas soam confusas, sem linearidade, e em conjunto, por vezes, se tornam maçantes – o que é peculiar dada a duração do disco que não passa de 40 minutos. Leia até o fim desta resenha e descubra se teve a mesma percepção que nós.
“PLLBX (whts ur fntsy)”, é de fato um bom início. Nela, Leah faz analogias com uma caixa de comprimidos que poderia ser capaz de alterar o que não nos satisfaz em nossos corpos de maneira emocionalmente carregada sobre elementos do pop alternativo enquanto aborda temas como saúde mental, dependência e luta pessoal. A impostação de sua voz aqui é, sem dúvidas, interessante.
A inesperada “Saturn (Interlude)” é nada mais que legal. Utilizando de uma referência astrológica ao sexto planeta do Sistema Solar, simbolizando grandeza, maturidade e transformação. É como se ocorresse um choque de realidade em sua cabeça durante uma imersão, quase etérea, que a faixa passa ao reproduzi-la.
A primeira quebra de expectativa que tivemos acontece em “Sympathize”. Poderia ser possível que sons de pop mais experimentais fossem trocados por um ritmo influenciado pelo tropical? Sim. Contudo, é uma canção contagiante que fala sobre o estabelecimento de limites em prol de seus princípios e prioridades pessoais. Para quem estaria supostamente perdida em suas reflexões, Leah aparece bastante decidida aqui e não está afim de perder seu tempo.
Retornando à sonoridade da canção que abre o disco, em “Numb” a cantora celebra a sua vida e as pequenas vitórias adquiridas nesse longo espaço de tempo, numa mistura de pop com elementos de funk no ponto ideal. O que não podemos dizer de “Time To Let It Go”, que já mostra uma Leah vingativa após um recente (ou não esquecido) trauma amoroso entre batidas disco e maiores ritmos de funk, mais encorpados, em que tenta nos cativar com seus sintetizadores e produção marcante. Talvez não tenha funcionado.
E se não houvesse sintetizadores o bastante, “whts ur fntsy?”, a faixa título do álbum, é um show à parte, definitivamente. Incorporando elementos de rock, ela canta sobre abusos de entorpecentes e como essas substâncias possuem propriedades de, em sua percepção, torná-la capaz do que quiser ser. É emocional, vulnerável e poética, enquanto também é melancólica e esperançosa. O ponto alto do disco.
Não há tanto o que falar de “far and well”, mas é uma boa faixa. Aqui a voz de Leah mostra um poder já de conhecimento geral sobre uma produção minimalista, cantando sobre seu relacionamento frustrado e suas desilusões, é percebido que ela tenta se enganar ao longo do álbum. Um ponto confuso, mas que se refletido o suficiente, torna-se até interessante para aproximar o ouvinte do que é apresentado. 
“wasteland” é, provavelmente, a balada mais interessante do álbum, onde a artista canta sobre a luta para superar atuais padrões destrutivos que adquiriu e seu desejo de voltar a ser como era antes. A produção é melancólica, com uma mistura de elementos eletrônicos e acústicos, criando uma atmosfera emocionalmente carregada.
O evitável aconteceu e  aqui a monotonia venceu. Assim, “children” é uma balada que começa perdida por ser incapaz de sustentar o que a faixa anterior construiu. Não é inovadora, tampouco revolucionária, mas aborda um ponto de vista que sai do clichê do desejo de voltar ao passado para tentar impedir problemas que surgirão no futuro e suas experiências enquanto mulher adulta. Seguida pelo interlúdio “growing pains (Interlude)”, onde finalmente, após tantas lamúrias, talvez aqui a história de sofrimento chegue ao fim, enquanto esperamos que Leah procure ajuda. Ela canta uma reflexão sobre mudanças e evolução pessoal, com um elogio para produção constante e moderna.
Enquanto ansiamos pelo retorno à vida do álbum, “Just Your Ego” é uma negação ao que fora entoado nos versos da quinta faixa, enquanto culpa o seu parceiro por ter ‘daddy issues’ em mais uma balada, misturando pop e elementos de folk – que deixa o fim da música até atraente ao ouvirmos ao fundo uma suave melodia de banjo.
“Overcasual” poderia então ser uma reconciliação nesse “relacionamento iô-iô”? Finalmente aqui Leah toma as rédeas do álbum mais uma vez, da mesma maneira que o seu eu lírico espera que retomem a situação de onde pararam, com maior responsabilidade agora. É uma música um tanto quanto sensual com singelos toques de R&B.
“The Breaker” cai no mesmo caso de “far and well” e talvez de “Sympathize”, é bem feita, mas em nada se relaciona sonoramente com a série de faixas anteriores enquanto canta mais uma vez sobre desilusões amorosas. Seria ela o verdadeiro problema? Sentimos, pela primeira vez, uma verdadeira desconexão com o restante do álbum, prestes ao seu fim. Pelo menos Leah continua cheia de personalidade.
O álbum não poderia terminar de forma mais aleatória com “Side Effects”, uma salada mista contendo pop, indie e elementos de funk. A instrumentação é vibrante. Não deixa de ser interessante; mas não é o suficiente, tendo em vista que ela bate na tecla de traumas e reprocessamentos mentais durante treze faixas seguidas. É otimista, mesmo quando tudo parece desmoronar – e realmente está.
No fim, em “whts ur fntsy?”, Leah se questiona sobre todos os seus problemas e anseios e também nos faz questionar se esse é realmente o ponto correto de abordá-los. É vulnerável e um pouco maçante – como deve ser conviver com esses pensamentos 365 dias por ano, 24 horas por dia e 7 dias da semana – num combinado de estilos pop, R&B, rock, indie e folk, e com letras na maior parte introspectivas e emocionais, mas também energéticas.
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talkscomet · 4 months ago
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Por Kim Lok Ho
Hina Maeda é conhecida por transitar por uma diversidade interessante de estilos musicais, com uma mistura de gêneros que vão desde o rock alternativo e experimental até o pop eletrônico e influências de música tradicional japonesa. Num dinamismo que transcorre entre pouco mais de 30 minutos, “ELECTRONIC SAMURAI” é o quarto álbum de estúdio da artista de ascendência nipônica, que também serve como sua estreia no mercado do Japão.
A abertura do disco é feita com a faixa “Seppuku”, onde Maeda canta ao longo dos versos sobre sua honra e reputação, em divergência, enquanto atravessa por J-Pop experimental, com influências de rock e eletrônico em pouco mais de 3 minutos. Ela é conhecida por sua estética sombria e atmosférica, misturando elementos de música tradicional japonesa com sons eletrônicos e vocais etéreos. "Seppuku" mostra a sua essência, mantendo essa vibe misteriosa e ritualística, com batidas pulsantes e letras que exploram temas místicos ou obscuros. E seguindo a mesma sintonia experimental, nos é apresentado “Suki Suki Daisuki”. Uma releitura clássica, trazida para o contexto atual de Hina que, no entanto, o começo parece discrepante e assusta, pra depois tornar-se interessante graças à versatilidade vocal da cantora, aliada ao synthwave, com toques de música eletrônica e retrô, além de toques de metal numa produção moderna.
Numa primeira quebra de sonoridade para o álbum, temos a Punk e Garage Rock “Tomino’s Hell”, que alinha-se com as faixas a serem comentadas também a seguir. É curiosa a forma como a artista expõe um eu lírico cru e pessoal, entre guitarras distorcidas, batidas rápidas e letras diretas, com uma vibe rebelde e contagiante até chegarmos ao primeiro ponto alto do álbum: “The Nowhere Girl”. Nela temos a oportunidade de analisar a individualidade de Maeda dando o ar da graça ao ouvinte pela primeira vez, trazendo para si o controle da narrativa das letras num conflito de identidade que pode, apesar disso, ser identificável com outras pessoas ao redor do mundo. A faixa possui uma sensualidade psicodélica, trazendo uma atmosfera introspectiva e expansiva, com guitarras reverberantes e vocais emotivos.
As faixas “She” e “BORDERLAND”, essa última com participação especial de X e Miroslava Tsukumo podem ser ligadas à relação entre como Hina Maeda é lida e como ela realmente aos olhos da indústria musical. Letras introspectivas e peculiares, às vezes melancólicas, com camadas densas de guitarra que nos envolve e nos convencem inesperadamente a estarmos de seu lado no final da história. A influência do rock industrial e eletrônico experimental japoneses brilham bastante nessas canções.
Numa transição interessante, com uma metáfora um tanto quanto curiosa e letra incomum, “Cockroach” é um pop experimental e eletrônico, que incorpora trechos de hip-hop numa produção ousada e com a vibe futurista que o álbum necessitava até aqui. Parece simples, mas é condizente com o que fora nos apresentado até então.
“Broken Hard Drive” é o segundo destaque do álbum, uma canção Hard/Pop rock onde a cantora confessa seus sentimentos à pessoa que tanto ama, demonstrando fragilidade e sinceridade num poderoso e técnico arquivo de 3 minutos de duração, com vocais marcantes e uma estrutura musical bem construída.
Repentinamente, chegamos ao fim do disco com as faixas “Electronic Inquisition ACT I”  e “Electronic Inquisition ACT II” – aqui ocorre a segunda quebra de sonoridade, mas também de expectativa. O primeiro ato volta para uma pegada experimental com um coro feroz por detrás dos vocais de Maeda que continua no segundo ato, trazendo a magia que complementa as letras que ela canta; vale ressaltar que o toque retrô ao fim da última música é uma grande e deleitosa surpresa.
Num J-Pop/Rock com um toque de eletrônica e produções experimentais, por vezes trazendo uma sonoridade nostálgica, explorando sons retrô e sintetizadores, “ELECTRONIC SAMURAI” mostra uma Hina Maeda bastante eclética com essa mistura vista em todo o disco. No fim das contas, as duas primeiras faixas soam, à primeira vista, fora da proposta do álbum. A variedade de estilos e atmosferas cria uma experiência auditiva dinâmica, indo de faixas sombrias e introspectivas a músicas animadas, por vezes dançantes. É uma ótima escolha para quem gosta de explorar diferentes vertentes da música contemporânea, e especialmente tenha um olhar aguçado para o que é produzido por artistas do extremo leste asiático.
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talkscomet · 4 months ago
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Por Clara Banderas
“Balalove”, é o primeiro álbum do cantor brasileiro Dudu. A princípio, a seleção de dez faixas é uma mistura vibrante e energética de estilos que transitam entre o funk brasileiro: remixes eletrônicos, batidas pop e uma pitada de humor e irreverência. Em toda a sua duração, pouco mais de 25 minutos, o disco tem um clima festivo, descontraído e dançante. As faixas trazem batidas pesadas, letras divertidas e, em alguns casos, uma abordagem típica do funk, explorando a cultura pop e suburbana do Rio de Janeiro. Se você quer curtir uma festa, animar o dia ou simplesmente se divertir com músicas que não devem ser levadas tão a sério, sugiro ele.
O registro começa com a canção “Sente a Pressão Neném”, com letras e batidas repetitivas, com uma falsa premissa de ser viciante – mas que acaba sendo enjoativa. Seus três minutos de duração poderiam facilmente ser partidos ao meio, o que serviria de ótima abertura para um disco promissor. 
Em “Are U Gonna Tell Her?”, com participação de Leah, felizmente “Balalove” traz tendências positivas: uma interessante mistura de pop cantado em inglês pela participação especial citada e o funkeiro, rimando em língua portuguesa. A batida é dançante e a letra traz também um toque de provocação.
Uma música eletrônica com toques de K-pop, trazendo uma batida mais moderna e um som tropical à faixa, que vai se tornando mais pesado e dançante à medida que se decorre a minutagem. A parceria com o grupo feminino Fornax em “Better Dreams” cai no mesmo problema da primeira, e um nível ‘menos pior’, já que fora escolhida como single oficial do projeto. Aqui temos o primeiro momento em que Dudu, dito como cantor, não canta em seu próprio álbum.
Vale antecipar que oitenta por cento do álbum é recheado com participações especiais de diversos artistas. Não seria diferente em “Calma Amiga [BALA//LOVEMIX]”, em que Nilah e Daya trazem o ar da graça à segunda canção sem vocais de Eduardo Oliveira (Dudu). Sonoramente, é uma faixa interessante, presumo que a proposta dela seja servir de interlúdio para o que nos espera a seguir nas pistas de dança: “Balinha de <3 [BALA//LOVEMIX]”, que segue o enredo cantado por Nilah e Daya, agora acompanhadas de Mc Prih, numa outra música divertida com a batida contagiante, mantendo os ânimos de quem escuta o disco pela primeira vez.
Chegando ao ponto alto de “Balalove”, a grandiosa “Descontrolada”, em que Daya e Mc Prih dão suporte à opalescente Brü – que diga-se de passagem é o grande brilho do disco – numa mixagem pesada, intensa e com batidas que remetem ao cyberpunk. A energia que vinha sendo acumulada durante quatro faixas por fim explode nessa música cantada pelas três artistas, que trouxeram perfeitamente o que o disco precisava: atitude e ousadia.
Dudu finalmente se propõe a fazer o que concluímos previamente, atuando como DJ e produtor em “Set do Dudu”, com participação especial de Crystal Venus. Fazer roupagens de funk brasileiro utilizando clássicos estrangeiros não é tarefa fácil, mas este em questão é bem-feito e traz uma nova vida à música original, adaptando-a ao clima do álbum. No entanto, sinto que seu local no disco deveria ser outro.
“Aquariano Nato” é a faixa mais destoante neste curto projeto musical do brasileiro. A letra é divertida, relacionando o signo da constelação de aquário no zodíaco com a personalidade e o estilo de vida do eu lírico. É aqui que o funk carioca é apresentado em sua essência.
Mc Prih faz duas outras aparições, em “P***** de Fuzil” e “Casa do Seu Zé”, em que os títulos já dizem tudo: duas músicas que são pura irreverência com toques de humor adulto, com letras simples e explícitas, e batidas que não deixam ninguém parado, misturando o eletrônico com funk. A experimentação nessas faixas, alinhada a não deverem ser levadas a sério, mostra uma inconstância que talvez seja uma das propostas de Dudu ao tentar apresentar o gênero brasileiro para o mundo.
“Balalove” é ideal para quem curte música alta, batidas pesadas e um clima descontraído e festivo. É uma mistura do funk brasileiro com remixes eletrônicos e pop, criando um repertório que não tem medo de ser ousado e descontraído, mas que poderia ter sido construído de maneiras melhores.
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talkscomet · 4 months ago
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comet: explore nossa Tripulação
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Novidades no universo da música: o "comet", será um veículo de mídia dedicado a análises profundas, críticas afiadas e coberturas exclusivas de álbuns e canções que estão movimentando o cenário musical. Com um olhar detalhista e uma abordagem que vai além do superficial, prometemos nos tornar uma referência para quem busca entender e explorar as nuances da música em todas as suas formas.
O projeto surge em um momento em que a indústria musical vive uma era de diversidade e inovação, com artistas experimentando novos sons, gêneros e formatos. O "comet" se propõe a ser um guia para os ouvintes, ajudando a decifrar tendências, destacar obras-primas e apontar caminhos para o que merece ser ouvido.
Com uma equipe de especialistas apaixonados por música, o "comet" trará resenhas detalhadas e listas temáticas, que irão desde clássicos atemporais até os lançamentos mais recentes. Conheça nossa tripulação:
Kim Lok Ho: Sul-coreano, 30, amante da música asiática. Acompanha vorazmente artistas de K-Pop e J-Pop.
Meredith Watson: Escocesa, 32, costuma se sentir como uma ovelha negra entre seus círculos sociais. Ouve gêneros musicais fora da curva e se recusa a escutar canções 'mainstream'.
Cameron Lee: Americano, 28, música Pop é com ele! Aspirante a produtor musical, Cameron sempre que pode explora as novidades dos principais artistas da América do Norte e Europa.
Clara Banderas: Hispano-peruana, 43, expoente dos gêneros latino-americanos. Se propõe a apreciar de ritmos urbanos, como Reggaeton e Funk, até os tradicionais, como Bossa-nova e Salsa.
O que esperar do "comet"?
Críticas honestas e embasadas de álbuns e singles;
Análises de tendências e movimentos musicais;
Cobertura de festivais, turnês e eventos;
Conteúdos exclusivos e interativos para os fãs de música.
O início dos trabalhos via "comet" está marcado para as próximas semanas, e a expectativa é que o veículo se torne um farol para quem busca se conectar com a música de forma mais profunda e significativa.
Prepare-se para embarcar nessa jornada musical. O "comet" está chegando para iluminar o caminho!
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