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talkscomet · 5 days ago
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Por Meredith Watson
O sétimo disco de Plastique Condessa é cru e simbólico, onde a limpeza é violência e a sujeira é resistência. Ela canta em cima de refrões obsessivos como se imitasse o condicionamento social que tanto critica ao longo de 12 faixas, que totalizam quase uma hora de duração. “Bleach City” tem como gêneros-chave o punk e o pop soviético (com elementos de crítica social) de modo que circunda sem parar sobre temas de opressão sistêmica e purificação violenta por parte desse mesmo sistema. O álbum utiliza água sanitária como metáfora central para um sistema que tenta "limpar" e “corroer” marginalizados, seja através de padrões sociais, religiosos ou políticos. 
A válida crítica à higienização cultural, onde a pureza é sinônimo de opressão, submissão e doença, mostra uma cantora afiada, expondo sua percepção a respeito de instituições sociais e seus mecanismos de controle. No entanto, é um álbum monótono de modo geral, com momentos cansativos, ruidosos e sombrios em excesso.
Com um instrumental típico do século passado do pop soviético, que por vezes chega a ser cômico, “Bleach City” é apresentada como abre-alas do álbum. Aqui, Plastique Condessa critica de forma metafórica a opressão e a padronização cultural imposta por uma sociedade que valoriza apenas o que é "puro" (representado pelo branco/água sanitária) de modo que toda a personalidade de uma pessoa é “lavada” para que se enquadre num padrão dominante. A cantora protesta contra a opressão ao individualismo de maneira inteligente.
“Run!” sucede a reflexiva faixa anterior, mantendo-se um pop com influências rock oitentistas e muito animada. No entanto, por trás da sonoridade, é exposta uma frustração sobre esses mesmos padrões supracitados de modo que se critica a ilusória e tão sonhada ascensão social na incessante busca por aceitação e corrida por aprovação que vem do topo da complexa pirâmide socioeconômica imposta por todo o mundo.
Em “Hamelin Flute”, uma produção pop com sintetizadores interessante, a crítica da vez é para o controle social e manipulação midiática num mundo digital – como o nosso –, na urgência de que todos precisam ser acordados para o que acontece. A metáfora que envolve o flautista de Hamelin diz respeito à sedução e posterior dominação das massas. Apesar desse encantamento perverso, não é uma música tão encantadora e a segunda metade dela é mais envolvente.
Sonoramente, “White Enough” combina com a faixa anterior, enquanto as duas primeiras faixas soam escolhas não tão inteligentes para começar um álbum. Definitivamente essa faixa é um dos pontos álbuns do disco, onde Condessa abertamente denuncia o racismo estrutural e a hierarquia racial persistente no mundo ocidental, além da crítica à falsa ideia de pureza racial e superioridade de pessoas brancas – evidenciando também que ninguém ficará livre da opressão ao nutrir essa retórica violenta.
Definitivamente um dos grandes momentos esperados no disco é a parceria com Agatha Melina em “Soft Bubonic Plague”: faixa com ótima introdução, se propondo a remeter à Idade Média e conseguindo. No entanto, seu início promissor não é capaz de esconder a monotonia presente ao longo dos 5 minutos – no final fica melhor, mas é uma colaboração de peso que poderia ser melhor aproveitada. Em mais uma música sobre a luta de classes, a metáfora da pandemia de peste bubônica representa uma revolta trabalhista inevitável e profética frente ao sistema vigente na maioria dos países capitalistas.
O álbum entra em queda livre com “Mateo 19:24”, deixando de ser uma canção, para ser recitada sobre um instrumental disruptivo. A música utiliza o versículo bíblico do título da canção, de forma genérica, para criticar a hipocrisia e a corrupção de instituições religiosas com foco na Igreja Católica e o modo como a espiritualidade verdadeira é corroída e se afasta do benefício moral ao se aproximar o humano e o divino. Apesar de parecer uma crítica inteligente, Plastique a faz de forma um tanto quanto generalista, já que diversas ordens religiosas católicas fazem exatamente o oposto – estamos no século XXI e não no século XV ou durante o período de estados papais. Mas sim, é um chamado à reflexão, questionando se a religião atual realmente representa os ensinamentos de Jesus ou se foi distorcida para servir ao poder. 
Depois de quase morrer, o álbum renasce com a sonoridade que iniciou o projeto, num arranjo bastante evidente para a chamada “Broken Opera”. O manifesto artístico critica a elitização da cultura e o fato de que autênticas tradições e estilos populares muitas vezes tornam-se marginalizadas pela alta sociedade num tom provocativo e energético.
Cantada totalmente em francês, “Épidémie De Danse” tem uma produção distinta, mas que continua a fazer sentido dentro do álbum. Mais uma vez, Plastique critica a alienação coletiva e a manipulação social e sua periculosidade, enquanto os verdadeiros e supostos controladores da sociedade permanecem intactos, como se o tratamento para a “doença” atualmente tivesse como foco os sintomas e não o agente causador – desta vez utilizando a nebulosa epidemia de dança de Estrasburgo, em 1518. Destaque para a guitarra e os ‘adlibs’ aqui.
“Стыдно Мечтать” (em russo, Stydno Mechtat'; “é uma pena sonhar”) possui uma belíssima introdução com as cordas, em mais um ritmo animado para falar sobre temas polêmicos – como na maioria do álbum. Cantando em russo e em inglês, a artista expressa a desesperança das camadas mais baixas da sociedade, que se veem obrigadas a desistir de seus anseios para que consigam sobreviver num mundo sem pretensão de mudanças, por mais que haja um sentimento adormecido de revolta e indignação.
A antepenúltima faixa do álbum é “Placebo”, ao lado de Brü, e aqui sim a parceria foi bem utilizada enquanto a voz da brasileira brilha em contraste com os vocais ácidos de Plastique. A música denuncia como as pessoas são levadas a acreditar em "curas" que as destroem, seja através de padrões que não podem ser alcançados numa vida, relacionamentos abusivos ou sistemas de exploração, dando um novo significado para a metáfora alvejante que envolve o álbum quando associada à pureza e limpeza. 
A partir desse ponto, os temas tornam-se repetitivos e com um certo tom de esvaziamento de pautas importantes, como se tudo fosse para a construção do disco e nada além disso. “Reality Takes a Seat” tem uma sonoridade imaginativa, sendo possível perceber que o álbum já está encaminhando-se para o seu fim. A música possui muitos instrumentos e essa superprodução traz um toque especial para ela ao longo dos 6 minutos de faixa, que fala novamente sobre a opressão sistêmica e como as minorias nunca vencerão se não houver resistência e rebeldia, num tom por vezes cínico.
Encerrando o álbum, “Dirty It, Black” já chega como uma das melhores produções dele, onde tudo brilha de forma excêntrica, mas bela ao mesmo tempo. Como não seria diferente, a música é outra tentativa de hino revoltoso contra a hipocrisia social vivida sob uma falsa sensação de ordem e controle. O refrão resume esse desejo de corromper tudo é “perfeito”, uma prova da presença de influências do punk industrial e gótico do início ao fim do projeto.
Por fim, “Bleach City” é um álbum brutal e necessário, utilizando de muitas metáforas para falar de problemas sociais intrínsecos do sistema e seus pontuais mecanismos de resistência, refletindo uma visão de mundo corrosiva e eugenista. Não é um disco que oferece esperança. Poderoso na mensagem, mas poderia explorar mais variações musicais para evitar a saturação.
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talkscomet · 19 days ago
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Por Clara Banderas
“Más Allá De La Luna” é um álbum de pouco menos de 30 minutos que nos transporta para um pouco mais adiante no interior do coração e do consciente de Sofía, enquanto ela explora gêneros latino-americanos como forma de admiração e amor à essa região do globo e também retrata opostos a todo momento entre as dez canções, como vício e cura, dor e superação – utilizando de metáforas viscerais para descrever emoções. Com parcerias de peso como Tieta, Brü, Plastique Condessa e Damien Hardwell, a tendência do projeto é ser refrescante e diverso, sem que destoe do álbum anterior e gêmeo, “Hasta Que Salga El Sol”.
O disco é aberto com uma cadência divertida, num merengue refrescante, intitulada “Si Nunca Te Hubiera Conocido”. A música reflete sobre um amor intenso e ambíguo, onde Sofía questiona como seria sua vida se nunca tivesse conhecido alguém, como se ela estivesse presa entre o desejo de superar essa paixão e a incapacidade de esquecê-la.
Em “Enamorarse Para Qué?” – primeiro ponto alto do projeto –, um hino inspirado na cumbia mexicana, país que abraçou a cantora no passado, sobre independência emocional, autoamor e a decisão de não repetir padrões dolorosos em um relacionamento. Apesar do ritmo animado e ‘uptempo’, a letra é crua e libertadora, em que ela exige mais – e, se não receber, prefere seguir sozinha. Não por egoísmo, mas por respeito a si mesma.
O álbum tem um revés para o Pop com influências de Trap em “Quieres”, onde Sofía arrisca até mesmo versos de rap, enquanto se afirma a si mesma como escritora de sua própria história, sem nenhum espaço para quem possa fazê-la mal. Ela não volta atrás, não importa quanta insistência haja.
Progressivamente numa mudança de ritmos mais tradicionais da América Latina para gêneros contemporâneos, o reggaeton “Dejalo Saber”, em parceria com a brasileira Tieta, tem uma atmosfera elusiva e carregada de vocais mágicos enquanto as duas cantam sobre um amor proibido, intenso e irresistível – uma relação que vai além de um simples caso passageiro, mas que, ao mesmo tempo, é "tão errado quanto certo". É definitivamente algo. E assim, seguindo a narrativa da canção anterior, “Agonía” é o que talvez faltava na outra faixa: fragilidade frente ao sentimento avassalador retratado e a emoção dos vocais que somente Sofía é capaz de trazer – sabendo que pode sofrer, mas insiste porque, junto desse amante, eles são melhores.
“OKI DOKI” é um reggaeton experimental e com influências da cultura japonesa e, apesar de retratar uma declaração ousada de liberdade sexual e afetiva – onde a artista assume o controle de uma relação não convencional –, talvez não tenha sido a melhor combinação feita por Sofía.
Retornando aos refrescantes gêneros latinos tradicionais, mas com toques de modernidade (Afrobeat, nesse caso), Juanes junta-se à hispano-mexicana em “Sol y Luna” numa ode romântica e sensual que compara o amor entre dois corpos e almas à dança cósmica do Sol e da Lua, intensa e que desafia a gravidade. É interessante o contraste das vozes dos artistas nessa faixa.
Seguindo o “bloco” de colaborações, na canção “Envenenado” é a vez de Sofía dividir as linhas e estrofes com Damien Hardwell, numa faixa Pop nebulosa com toques de reggaeton enquanto novamente traz a perspectiva de um relacionamento amoroso destrutivo onde ambos sabem que é mau, mas irresistível. Oscilando entre a culpa e o desejo, ficamos na curiosidade para saber até quando seus corpos resistirão a esse veneno.
Definitivamente outro dos pontos altos do CD, “Paradise” é um convite de Sofía à Bru, Tieta e Plastique Condessa para um manifesto de empoderamento feminino, misturando elementos de sedução, espiritualidade e revolução – e também mistura pop, reggaeton e funk brasileiro inesperadamente numa combinação interessante. É até irônico a canção fazer alusão ao paraíso quando temos uma de torre de Babel em miniatura aqui: ela é cantada em inglês, espanhol, francês e português.
“Hija de Maldición” é a última faixa do álbum e, entre uma produção pop, temos a base com trompetes e um violão intensos que auxiliam Sofía numa celebração de si contra críticas e julgamentos, que enfrenta ataques mas se recusa a ser derrotada. É uma boa música, finalizando o disco de forma positiva.
Apesar de ser um disco com a premissa de ser um Lado B, “Más Allá De La Luna” apresenta algumas dualidades contrastantes ao longo das dez faixas: dor e prazer, veneno e cura, força e fragilidade. Ao mesmo tempo, o álbum carrega consigo temas recorrentes e mensagens profundas que emergem da brilhante mente de Sofía, revelando um retrato rico sobre amor, poder, resistência e autoconhecimento.
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talkscomet · 2 months ago
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Por Clara Banderas
Em “e quem sabe de alguma coisa?” AWA nos apresenta à uma experiência convidativa a mergulhar em suas próprias memórias e sentimentos, explorando tanto a leveza quanto a densidade das relações humanas e suas consequências. Numa turbulência de sentimentos, a cantora-compositora brasileira celebra e reflete sobre sua identidade em dois extremos, o delicado e o áspero, entre o que nos conecta e o que nos faz sentir sozinhos. É pessoal, mas também é identificável.
O disco começa com a música “vaca profana”. Como uma musa, exaltando suas brasilidades frente à uma indústria competitiva, ela entrega ‘sua cara a tapa’. É uma abertura sensual que prepara o terreno para a exploração de um desejo e de sua autenticidade, carregando um empoderamento na medida certa. A ‘outro’ dessa faixa com vocalizações é como um deleite. E em “o calo”, ela continua sua indagação, criticando a hipocrisia da indústria musical, além da falta de espaço para artistas como ela – acompanhada de uma guitarra marcante e uma bateria cadenciando os versos de forma primorosa, refletindo sua capacidade de suficiência contra tudo e todos.
“a canção” parece ser só mais uma música que explora da metalinguagem, mas que ao passo que os segundos correm na minutagem, demonstra-se uma ode ao amor e ao autoconhecimento com uma instrumentalização fiel ao que a artista tem mostrado em seu projeto de artista. No fim, AWA destaca suas emoções e principais incertezas sobre si mesma.
Se alguém sentiu falta de músicas que abordam relações amorosas, “mesma história” é uma deliciosa canção de MPB com influências de rock, explorando um apelo emocional e sincero sobre decisões e escolhas erradas quando se trata também de seus parceiros. É uma forma interessante de falar sobre um tema tão popular. E assim como anteriormente, “coisas da cabeça” é outra faixa que se conecta com sua antecessora. É uma pausa reflexiva, quase filosófica, sobre uma relação que acabou não dando certo. O álbum vai nos preparando para essa música em questão, onde as letras são o ponto principal, o instrumental torna-se apenas um apoio e coadjuvante frente à voz firme da AWA.
Seguindo esse ritmo introspectivo, “tão lindo” não passa batido, enquanto a brasileira fala sobre solidão, autoconhecimento e, principalmente, sobre não abandonar sua identidade para agradar alguém. É honesta e reflexiva, mais uma vez, mas não de forma dolorosa, serve mais como uma oportunidade de se reconectar consigo mesma em meio a uma atmosfera melancólica e esperançosa.
A inesperada “please me bonito” é a primeira canção em língua inglesa da carreira de AWA. Uma balada sobre o amor, com toques de sonoridade do alternativo, onde ela canta sobre a intensidade do amor recíproco e intenso, uma conexão ansiada por certo tempo. A música tem um tom sonhador e melancólico, característico do álbum, sem que se destoe das demais faixas, e explora os temas supracitados.
O otimista e emocional encerramento fica a cargo de “novo início”, numa autocrítica como artista, passando uma mensagem clara para seu público: recomeçará dessa vez fiel a si mesma. AWA reflete sobre medos e anseios usando uma linguagem simples e direta, mais uma vez comprovando sua exímia capacidade de transformar sentimentos complexos em poesia.
O álbum “e quem sabe de alguma coisa?” abrange uma variedade de temas emocionais, como amor, solidão, desejo, dor e autoconhecimento. Cada uma das canções explora sentimentos e perspectivas de forma única, seja através de letras poéticas e introspectivas ou por meio de narrativas mais diretas. Juntas, AWA cria um panorama rico e diversificado do que sente e do que quer transmitir àquele que a ouve. A brasileira celebra a imperfeição e o poder de se reencontrar.
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talkscomet · 2 months ago
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Por Kim Lok Ho
“Ravenous Heart” é o primeiro álbum completo do grupo feminino RAVEN, onde o disco circunda as diversas facetas de um amor intenso, problemático e por vezes corrosivo – num ‘plot twist’ para a descoberta do verdadeiro problema dessa relação. Num pop com influências rock e com toques de eletrônico, as onze faixas passam rápido o suficiente para que você possa querer reproduzi-lo novamente.
O disco é nos introduzido com a deliciosa “Unnatural”, a faixa com elementos de rock num tom emocional e introspectivo nos apresenta ao projeto de forma promissora, enquanto o quinteto canta sobre um amor tóxico. E, assim, a atmosfera é inserida totalmente com a suntuosa “Into My Spell”, onde RAVEN aborda uma relação amorosa obscura, numa dinâmica de relações proibidas e excitante, abordando a situação com um toque de feitiçaria, numa produção pop com distorções de voz que chamam muito a atenção. Um dos pontos altos do álbum, que nos deixa entusiasmados.
Após duas canções com certo destaque, a fraca “Plague” foi a escolhida como ‘title track’ do álbum do grupo. Sustentada por uma batida eletrônica regular e por vezes tediosa, a canção tem seu destaque nas letras cantadas pelas membros, sendo fieis à temática do álbum, de forma mais evidente, subvertendo suas formas de amar à pragas que são elas mesmas, crescendo mais e mais a qualquer sinal de afeto. Em “The Garden of Misfortunes”, a nossa esperança floresce junto da manutenção da atmosfera intensa e nebulosa que a sequência de músicas nos faz sentir. A letra fala sobre reconhecer e aceitar sua essência pútrida, usando a metáfora de um jardim infértil e pestilento, para representar uma certa confiança pessoal. Outro dos pontos altos do disco.
Para quem sentiu falta do K-Pop em sua maior vitalidade entre um álbum sombrio, até o momento, “Claws” é a medida certa. Utilizando-se da comparação com um lobo com suas garras e um uivo incessante, a faixa tem influências tribais, assumindo o controle do próprio relacionamento incisivamente, enfrentando o que for necessário para se destacar como uma “fêmea alfa”. Assim se segue o disco com a segunda parte, se é que assim podemos classificar, “Savior”, que mantém algumas influências da faixa anterior associada à sua referência mitológica grega – sua produção por vezes deixa a canção amadora e a ponte com o violão dedilhado é a sua ‘salvação’, destaque para os vocais das cinco membros, aqui muito bem colocados. De certo modo, a música fala sobre a força interior e a capacidade de transformar a dor em algo belo e poderoso, mesmo que usado para o mal.
Em ““Drowning”, a influência disco é surpreendente num álbum com diversas faixas pop sombrias antecedendo-a. Sem dúvidas, é aqui que seus vocais mais brilham, com ad-libs também muito bem colocados enquanto cantam sobre um amor sombrio de maneira genial. A letra descreve uma entrega à pessoa amada, romanticamente, de maneira genuína e positiva, diferente do que tem sido apresentado em faixas anteriores, sem perder o fio da meada. E “Sweet Devil” conecta-se justamente neste ponto, mas que acaba passando batida entre todas as músicas antecessoras. É uma faixa com influências rock, emocional e que combina romantismo e incerteza.
A aura sombria retorna ao álbum, depois de três faixas, como se o disco renascesse, com um dos melhores desempenhos vocais do grupo em sua discografia ao som da doce e aterrorizante “Raven's Curse”. Num rock mais presente, a música fala sobre a atração por um amor que é perigoso e tóxico, mas que ainda assim é irresistível mesmo depois de um fim trágico.
O cargo de balada do álbum fica com “Idlewild”, com trechos de rap e hip-hop desregrados e desnecessários contando com cinco ídolos que sabem cantar muito bem. O refrão torna-se cativante por conta própria junto de sua produção que produz uma boa sensação ao ouvinte. A letra fala sobre superar momentos difíceis e aceitar a situação na qual se encontra, mesmo quando tudo parece estar ruim. É um lembrete de que, no final, tudo vai ficar bem. É nesse sentimento de expectativa que o disco se encerra com o instrumental “Farewell”: o que futuro reserva para o RAVEN? Esperamos descobrir isso em breve.
Cada música traz uma mensagem clara e coesa dentro do contexto sombrio incorporado pelo RAVEN para seu primeiro álbum regular, refletindo temas como superação, empoderamento, amor, dor e autoconhecimento. A diversidade de estilos e abordagens mostra a riqueza temática e emocional do grupo feminino.
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talkscomet · 2 months ago
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Por Kim Lok Ho
Nate retorna para o cenário musical global com o surpreendente álbum “n e v e r t h e l e s s”, seu primeiro disco regular. Transitando entre uma gama de gêneros musicais ao longo de onze faixas, o rapper explora (e escancara) uma batalha contra si mesmo enquanto também canta sobre relacionamentos, autodescoberta e reflexões sobre o passado, presente e futuro. 
O disco abre com a deliciosa “v o u s  m e  v o y e z”, com toques de bossa-nova, a faixa de R&B e de produção minimalista é a pedida perfeita para abordar sobre temas do passado no que diz respeito a relações interpessoais, de cunho amoroso ou fraterno, de forma introspectiva e saudosista. Nate torna-se capaz de transmitir suas emoções sem prolongar demais. E é na mesma sintonia que “u p   &   d o w n” é nos apresentada, com participação da ilustre Kim Hwa do grupo feminino RAVEN, fazendo uma transição perfeita entre trechos de rap e vocais doces enquanto cantam sobre um relacionamento, colocando seus anseios e expectativas para jogo, numa alusão à uma montanha-russa.
Em seguida, “b r e a t h e”, de maneira brusca quebra o que vinha sendo construído no início do álbum de Nate. Disruptiva e com uma letra profunda, característica do lo-fi hip-hop, sua sonoridade pode dividir opiniões e nos fazer questionar se a faixa poderia estar em outro momento do álbum, enquanto o rapper interpreta dois pontos de vista entre versos rápidos e dinâmicos.
“f e e l  s o m e t h i n g  g o o d” certamente seria uma melhor faixa para continuidade, ao menos sonoramente, do disco. Sabendo disso, podemos nos apegar mais à narrativa que está sendo construída ao longo do primeiro projeto regular do artista. E se a faixa anterior era direta e crua, a atual é aberta a viéses, ambígua e reflexiva – aqui, o ídolo trata de assuntos sérios sob um instrumental divertido. A influência de ritmos tropicais aqui torna-se escancarada, enquanto atrela-se ao hip-hop e a variedade de flows de rap que Nate é capaz de fazer. Certamente é um dos pontos altos do disco juntamente de “y o u  c a r e”, primeira balada de “n e v e r t h e l e s s”. Nate consegue trazer um R&B ‘catchy’, e ainda apresentar uma reviravolta, enquanto canta, ao fim da música. A faixa é introspectiva e melancólica, com uma produção que prioriza a sua expressão vocal.
“s a f e g u a r d” é diferente. Sem a presença aparente de Nate, inteiramente cantada por Zoe, membro do grupo eClipse, é um interlúdio misterioso que nos contextualiza para a segunda metade do álbum que está sendo reproduzido. Ainda assim, não nos prepara para a faixa “n e p t u n e”, que torna-se aberta para diversas interpretações se não nos é sabido o contexto da produção da canção. A música combina batidas suaves com letras introspectivas, sobre seu passado como membro de um grupo e a perspectiva atual como artista solo, num clima um tanto quanto espacial.
Em “h e a r t”, o rapper explora seus vocais por inteiro numa balada que, se não fosse pelo que é cantado, pela letra, passaria despercebida depois de várias faixas R&B. É confortável, levada por um piano, ele demonstra sua individualidade, como pessoa e artista, com uma sonoridade não tão surpreendente assim. Mas é uma prova de que Nate também sabe cantar.
Vale apontar que a ambientação do álbum nas faixas próximas ao final do álbum é bastante interessante. “p h y s i c a l” é uma das que possui a produção mais chamativa, enquanto o rapper finalmente parece fazer uma faixa sobre um amor que seja otimista, de forma madura. É pop eletrônico com uma batida pulsante, versos de rap e vocais energéticos, ressaltando sua versatilidade como artista solo.
A primeira vista, “c h e c k m a t e” e “e a t  y o  u  u p” estão em ordem inversa, já que a primeira citada é uma música com uma energia agressiva e batidas pesadas, até que analisamos, novamente, o contexto com as quais Nate as escreve e as encaixa dentro de seu álbum – a faixa pode ser estranha após uma série de canções R&B, ‘chill and relax’, enquanto ele explora um lado mais intenso e experimental de sua musicalidade (aqui onde “b r e a t h e” poderia ser colocada, talvez) – e pode ser concluído um conflito de duas partes de uma mesma pessoa. É por isso que a última faixa do álbum, a princípio, não tem tanta cara de encerramento, apesar de sua produção vibrante – faixa essa que nos surpreende com suas influências de rock mescladas ao hip-hop, entre trechos de rap e canto.
Nate, por meio de seu primeiro álbum regular, é capaz de representar o que a cena urbana coreana tem o melhor para oferecer, trazendo também a influência do K-pop para o projeto. A presença de faixas introspectivas contrasta com músicas mais energéticas, o que cria um equilíbrio entre emoção e energia. A riqueza de detalhes e contextualizações necessárias podem ser ótimas para amplificar a variabilidade e riqueza de detalhes na construção de um álbum, mas também pode ser uma pedra no sapato do artista, vale a avaliação.
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talkscomet · 2 months ago
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Por Clara Banderas
“PARA TODOS LOS AMANTES LES DESEO SUERTE” é o álbum de estreia da argentina EMÍ, destacando experiências pessoais de uma jovem no início da vida adulta. Como uma espécie de diário pop contemporâneo em espanhol, o breve projeto de nove faixas tem influências indie e elementos eletrônicos, atrelados a um rock animado, mas suave, e uma parceria de sucesso.
Abrindo este com “VERTE ARDER”, em parceria com a renomada cantora Sofía, essa é uma faixa que combina batidas eletrônicas com vocais melódicos das duas artistas, que adiciona uma camada de profundidade aos versos cantados. É uma faixa animada e nos deixa com astral elevado com ansiedade pelo que está a vir nas próximas canções, e é assim que “CORAZÓN HELADO” mescla pop/rock com batidas de música eletrônica de maneira excepcional como continuação da faixa anterior. Refletindo o processo de separação, dor e superação, o combo é com certeza um dos pontos altos do disco.
Em “nada está =”, a sensação que só um bom álbum nos proporciona permanece, enquanto acompanhamos o ponto de vista de EMÍ sobre tudo que tem vivido nos últimos anos sob uma batida pop/rock dos anos 2000 com letras diretas e uma produção minimalista que reforça a mensagem proposta por ela. E, não o bastante, em “los chicos ya lloran (game over)” ela teve a chance, e a aproveitou, de explorar de uma ótima maneira os estereótipos de gênero enquanto canta em cima de produção suave, com uma melodia cativante e que complementa a mensagem sobre desconstruir expectativas sociais e elevar o poder feminino sobre uma relação amoroso com histórico conflituoso.
“De Charco en Charco” consegue ser diferente, mas manter a coesão do disco intercalando batidas pop e também rock. A princípio, a mudança brusca de instrumentais pode não ser apreciada, algo que os vocais da argentina conseguem contornar com excelência e energia. O grande destaque da canção são os ad-libs muito bem colocados e as letras escritas como sinal de resiliência em meio à dor de um coração partido quando se é jovem e imaturo.
Se as faixas anteriores nos tiravam o fôlego, em “solo se que no se que” é um balde de água fria no que diz respeito à sua sonoridade. A canção intimista apoia-se em uma letra reflexiva, com pensamentos joviais bastante pertinentes, se analisarmos melhor.  Felizmente, EMÍ se redime com a dançante “el plan”, cantando sobre autoconfiança e empoderamento, temas bastante presentes em todo o disco.
“el silencio” é a carta aberta da cantora para dizer que está pronta para amar novamente. É a comprovação de que ela tem habilidade de criar atmosferas sonoras envolventes numa construção de narrativa interessante e progressiva entre elementos de pop mais presentes na mixagem rock. É fofa. 
“siempre” possui um início inesperado, em acapella, crua, que cresce bem tanto em sonoridade quanto em análise sensorial por quem a escuta pela primeira vez. O segundo refrão é o ponto principal da música, como uma história que continua e aborda paixão e desejo; a melodia reforça esse crescimento pessoal da artista. É uma ótima faixa para encerrar o disco.
Portanto, “PARA TODOS LOS AMANTES LES DESEO SUERTE” tem letras que exploram temas como amor, desilusão, empoderamento e introspecção. EMÍ se destaca como uma artista versátil, capaz de criar desde faixas dançantes até instrumentais melancólicos sem que se perca na essência proposta para o álbum como um todo, mantendo sua concisão. No geral, o disco é coeso em sua diversidade, refletindo diferentes facetas da jovem cantora e promissora pop.
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talkscomet · 2 months ago
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Por Cameron Lee
"whts ur fntsy?" é o segundo álbum de estúdio da cantora Leah, lançado repentinamente depois de um tempo considerável em reclusão. De acordo com a cantora, a premissa do disco é explorar o salão dos pensamentos e desejos mais íntimos da nossa mente. E é assim que chegamos à hipótese de que ela talvez esteja querendo nos contar que é uma pessoa neurodivergente. São quatorze faixas que juntas soam confusas, sem linearidade, e em conjunto, por vezes, se tornam maçantes – o que é peculiar dada a duração do disco que não passa de 40 minutos. Leia até o fim desta resenha e descubra se teve a mesma percepção que nós.
“PLLBX (whts ur fntsy)”, é de fato um bom início. Nela, Leah faz analogias com uma caixa de comprimidos que poderia ser capaz de alterar o que não nos satisfaz em nossos corpos de maneira emocionalmente carregada sobre elementos do pop alternativo enquanto aborda temas como saúde mental, dependência e luta pessoal. A impostação de sua voz aqui é, sem dúvidas, interessante.
A inesperada “Saturn (Interlude)” é nada mais que legal. Utilizando de uma referência astrológica ao sexto planeta do Sistema Solar, simbolizando grandeza, maturidade e transformação. É como se ocorresse um choque de realidade em sua cabeça durante uma imersão, quase etérea, que a faixa passa ao reproduzi-la.
A primeira quebra de expectativa que tivemos acontece em “Sympathize”. Poderia ser possível que sons de pop mais experimentais fossem trocados por um ritmo influenciado pelo tropical? Sim. Contudo, é uma canção contagiante que fala sobre o estabelecimento de limites em prol de seus princípios e prioridades pessoais. Para quem estaria supostamente perdida em suas reflexões, Leah aparece bastante decidida aqui e não está afim de perder seu tempo.
Retornando à sonoridade da canção que abre o disco, em “Numb” a cantora celebra a sua vida e as pequenas vitórias adquiridas nesse longo espaço de tempo, numa mistura de pop com elementos de funk no ponto ideal. O que não podemos dizer de “Time To Let It Go”, que já mostra uma Leah vingativa após um recente (ou não esquecido) trauma amoroso entre batidas disco e maiores ritmos de funk, mais encorpados, em que tenta nos cativar com seus sintetizadores e produção marcante. Talvez não tenha funcionado.
E se não houvesse sintetizadores o bastante, “whts ur fntsy?”, a faixa título do álbum, é um show à parte, definitivamente. Incorporando elementos de rock, ela canta sobre abusos de entorpecentes e como essas subst��ncias possuem propriedades de, em sua percepção, torná-la capaz do que quiser ser. É emocional, vulnerável e poética, enquanto também é melancólica e esperançosa. O ponto alto do disco.
Não há tanto o que falar de “far and well”, mas é uma boa faixa. Aqui a voz de Leah mostra um poder já de conhecimento geral sobre uma produção minimalista, cantando sobre seu relacionamento frustrado e suas desilusões, é percebido que ela tenta se enganar ao longo do álbum. Um ponto confuso, mas que se refletido o suficiente, torna-se até interessante para aproximar o ouvinte do que é apresentado. 
“wasteland” é, provavelmente, a balada mais interessante do álbum, onde a artista canta sobre a luta para superar atuais padrões destrutivos que adquiriu e seu desejo de voltar a ser como era antes. A produção é melancólica, com uma mistura de elementos eletrônicos e acústicos, criando uma atmosfera emocionalmente carregada.
O evitável aconteceu e  aqui a monotonia venceu. Assim, “children” é uma balada que começa perdida por ser incapaz de sustentar o que a faixa anterior construiu. Não é inovadora, tampouco revolucionária, mas aborda um ponto de vista que sai do clichê do desejo de voltar ao passado para tentar impedir problemas que surgirão no futuro e suas experiências enquanto mulher adulta. Seguida pelo interlúdio “growing pains (Interlude)”, onde finalmente, após tantas lamúrias, talvez aqui a história de sofrimento chegue ao fim, enquanto esperamos que Leah procure ajuda. Ela canta uma reflexão sobre mudanças e evolução pessoal, com um elogio para produção constante e moderna.
Enquanto ansiamos pelo retorno à vida do álbum, “Just Your Ego” é uma negação ao que fora entoado nos versos da quinta faixa, enquanto culpa o seu parceiro por ter ‘daddy issues’ em mais uma balada, misturando pop e elementos de folk – que deixa o fim da música até atraente ao ouvirmos ao fundo uma suave melodia de banjo.
“Overcasual” poderia então ser uma reconciliação nesse “relacionamento iô-iô”? Finalmente aqui Leah toma as rédeas do álbum mais uma vez, da mesma maneira que o seu eu lírico espera que retomem a situação de onde pararam, com maior responsabilidade agora. É uma música um tanto quanto sensual com singelos toques de R&B.
“The Breaker” cai no mesmo caso de “far and well” e talvez de “Sympathize”, é bem feita, mas em nada se relaciona sonoramente com a série de faixas anteriores enquanto canta mais uma vez sobre desilusões amorosas. Seria ela o verdadeiro problema? Sentimos, pela primeira vez, uma verdadeira desconexão com o restante do álbum, prestes ao seu fim. Pelo menos Leah continua cheia de personalidade.
O álbum não poderia terminar de forma mais aleatória com “Side Effects”, uma salada mista contendo pop, indie e elementos de funk. A instrumentação é vibrante. Não deixa de ser interessante; mas não é o suficiente, tendo em vista que ela bate na tecla de traumas e reprocessamentos mentais durante treze faixas seguidas. É otimista, mesmo quando tudo parece desmoronar – e realmente está.
No fim, em “whts ur fntsy?”, Leah se questiona sobre todos os seus problemas e anseios e também nos faz questionar se esse é realmente o ponto correto de abordá-los. É vulnerável e um pouco maçante – como deve ser conviver com esses pensamentos 365 dias por ano, 24 horas por dia e 7 dias da semana – num combinado de estilos pop, R&B, rock, indie e folk, e com letras na maior parte introspectivas e emocionais, mas também energéticas.
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talkscomet · 2 months ago
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Por Kim Lok Ho
Hina Maeda é conhecida por transitar por uma diversidade interessante de estilos musicais, com uma mistura de gêneros que vão desde o rock alternativo e experimental até o pop eletrônico e influências de música tradicional japonesa. Num dinamismo que transcorre entre pouco mais de 30 minutos, “ELECTRONIC SAMURAI” é o quarto álbum de estúdio da artista de ascendência nipônica, que também serve como sua estreia no mercado do Japão.
A abertura do disco é feita com a faixa “Seppuku”, onde Maeda canta ao longo dos versos sobre sua honra e reputação, em divergência, enquanto atravessa por J-Pop experimental, com influências de rock e eletrônico em pouco mais de 3 minutos. Ela é conhecida por sua estética sombria e atmosférica, misturando elementos de música tradicional japonesa com sons eletrônicos e vocais etéreos. "Seppuku" mostra a sua essência, mantendo essa vibe misteriosa e ritualística, com batidas pulsantes e letras que exploram temas místicos ou obscuros. E seguindo a mesma sintonia experimental, nos é apresentado “Suki Suki Daisuki”. Uma releitura clássica, trazida para o contexto atual de Hina que, no entanto, o começo parece discrepante e assusta, pra depois tornar-se interessante graças à versatilidade vocal da cantora, aliada ao synthwave, com toques de música eletrônica e retrô, além de toques de metal numa produção moderna.
Numa primeira quebra de sonoridade para o álbum, temos a Punk e Garage Rock “Tomino’s Hell”, que alinha-se com as faixas a serem comentadas também a seguir. É curiosa a forma como a artista expõe um eu lírico cru e pessoal, entre guitarras distorcidas, batidas rápidas e letras diretas, com uma vibe rebelde e contagiante até chegarmos ao primeiro ponto alto do álbum: “The Nowhere Girl”. Nela temos a oportunidade de analisar a individualidade de Maeda dando o ar da graça ao ouvinte pela primeira vez, trazendo para si o controle da narrativa das letras num conflito de identidade que pode, apesar disso, ser identificável com outras pessoas ao redor do mundo. A faixa possui uma sensualidade psicodélica, trazendo uma atmosfera introspectiva e expansiva, com guitarras reverberantes e vocais emotivos.
As faixas “She” e “BORDERLAND”, essa última com participação especial de X e Miroslava Tsukumo podem ser ligadas à relação entre como Hina Maeda é lida e como ela realmente aos olhos da indústria musical. Letras introspectivas e peculiares, às vezes melancólicas, com camadas densas de guitarra que nos envolve e nos convencem inesperadamente a estarmos de seu lado no final da história. A influência do rock industrial e eletrônico experimental japoneses brilham bastante nessas canções.
Numa transição interessante, com uma metáfora um tanto quanto curiosa e letra incomum, “Cockroach” é um pop experimental e eletrônico, que incorpora trechos de hip-hop numa produção ousada e com a vibe futurista que o álbum necessitava até aqui. Parece simples, mas é condizente com o que fora nos apresentado até então.
“Broken Hard Drive” é o segundo destaque do álbum, uma canção Hard/Pop rock onde a cantora confessa seus sentimentos à pessoa que tanto ama, demonstrando fragilidade e sinceridade num poderoso e técnico arquivo de 3 minutos de duração, com vocais marcantes e uma estrutura musical bem construída.
Repentinamente, chegamos ao fim do disco com as faixas “Electronic Inquisition ACT I”  e “Electronic Inquisition ACT II” – aqui ocorre a segunda quebra de sonoridade, mas também de expectativa. O primeiro ato volta para uma pegada experimental com um coro feroz por detrás dos vocais de Maeda que continua no segundo ato, trazendo a magia que complementa as letras que ela canta; vale ressaltar que o toque retrô ao fim da última música é uma grande e deleitosa surpresa.
Num J-Pop/Rock com um toque de eletrônica e produções experimentais, por vezes trazendo uma sonoridade nostálgica, explorando sons retrô e sintetizadores, “ELECTRONIC SAMURAI” mostra uma Hina Maeda bastante eclética com essa mistura vista em todo o disco. No fim das contas, as duas primeiras faixas soam, à primeira vista, fora da proposta do álbum. A variedade de estilos e atmosferas cria uma experiência auditiva dinâmica, indo de faixas sombrias e introspectivas a músicas animadas, por vezes dançantes. É uma ótima escolha para quem gosta de explorar diferentes vertentes da música contemporânea, e especialmente tenha um olhar aguçado para o que é produzido por artistas do extremo leste asiático.
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talkscomet · 2 months ago
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Por Clara Banderas
“Balalove”, é o primeiro álbum do cantor brasileiro Dudu. A princípio, a seleção de dez faixas é uma mistura vibrante e energética de estilos que transitam entre o funk brasileiro: remixes eletrônicos, batidas pop e uma pitada de humor e irreverência. Em toda a sua duração, pouco mais de 25 minutos, o disco tem um clima festivo, descontraído e dançante. As faixas trazem batidas pesadas, letras divertidas e, em alguns casos, uma abordagem típica do funk, explorando a cultura pop e suburbana do Rio de Janeiro. Se você quer curtir uma festa, animar o dia ou simplesmente se divertir com músicas que não devem ser levadas tão a sério, sugiro ele.
O registro começa com a canção “Sente a Pressão Neném”, com letras e batidas repetitivas, com uma falsa premissa de ser viciante – mas que acaba sendo enjoativa. Seus três minutos de duração poderiam facilmente ser partidos ao meio, o que serviria de ótima abertura para um disco promissor. 
Em “Are U Gonna Tell Her?”, com participação de Leah, felizmente “Balalove” traz tendências positivas: uma interessante mistura de pop cantado em inglês pela participação especial citada e o funkeiro, rimando em língua portuguesa. A batida é dançante e a letra traz também um toque de provocação.
Uma música eletrônica com toques de K-pop, trazendo uma batida mais moderna e um som tropical à faixa, que vai se tornando mais pesado e dançante à medida que se decorre a minutagem. A parceria com o grupo feminino Fornax em “Better Dreams” cai no mesmo problema da primeira, e um nível ‘menos pior’, já que fora escolhida como single oficial do projeto. Aqui temos o primeiro momento em que Dudu, dito como cantor, não canta em seu próprio álbum.
Vale antecipar que oitenta por cento do álbum é recheado com participações especiais de diversos artistas. Não seria diferente em “Calma Amiga [BALA//LOVEMIX]”, em que Nilah e Daya trazem o ar da graça à segunda canção sem vocais de Eduardo Oliveira (Dudu). Sonoramente, é uma faixa interessante, presumo que a proposta dela seja servir de interlúdio para o que nos espera a seguir nas pistas de dança: “Balinha de <3 [BALA//LOVEMIX]”, que segue o enredo cantado por Nilah e Daya, agora acompanhadas de Mc Prih, numa outra música divertida com a batida contagiante, mantendo os ânimos de quem escuta o disco pela primeira vez.
Chegando ao ponto alto de “Balalove”, a grandiosa “Descontrolada”, em que Daya e Mc Prih dão suporte à opalescente Brü – que diga-se de passagem é o grande brilho do disco – numa mixagem pesada, intensa e com batidas que remetem ao cyberpunk. A energia que vinha sendo acumulada durante quatro faixas por fim explode nessa música cantada pelas três artistas, que trouxeram perfeitamente o que o disco precisava: atitude e ousadia.
Dudu finalmente se propõe a fazer o que concluímos previamente, atuando como DJ e produtor em “Set do Dudu”, com participação especial de Crystal Venus. Fazer roupagens de funk brasileiro utilizando clássicos estrangeiros não é tarefa fácil, mas este em questão é bem-feito e traz uma nova vida à música original, adaptando-a ao clima do álbum. No entanto, sinto que seu local no disco deveria ser outro.
“Aquariano Nato” é a faixa mais destoante neste curto projeto musical do brasileiro. A letra é divertida, relacionando o signo da constelação de aquário no zodíaco com a personalidade e o estilo de vida do eu lírico. É aqui que o funk carioca é apresentado em sua essência.
Mc Prih faz duas outras aparições, em “P***** de Fuzil” e “Casa do Seu Zé”, em que os títulos já dizem tudo: duas músicas que são pura irreverência com toques de humor adulto, com letras simples e explícitas, e batidas que não deixam ninguém parado, misturando o eletrônico com funk. A experimentação nessas faixas, alinhada a não deverem ser levadas a sério, mostra uma inconstância que talvez seja uma das propostas de Dudu ao tentar apresentar o gênero brasileiro para o mundo.
“Balalove” é ideal para quem curte música alta, batidas pesadas e um clima descontraído e festivo. É uma mistura do funk brasileiro com remixes eletrônicos e pop, criando um repertório que não tem medo de ser ousado e descontraído, mas que poderia ter sido construído de maneiras melhores.
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talkscomet · 2 months ago
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comet: explore nossa Tripulação
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Novidades no universo da música: o "comet", será um veículo de mídia dedicado a análises profundas, críticas afiadas e coberturas exclusivas de álbuns e canções que estão movimentando o cenário musical. Com um olhar detalhista e uma abordagem que vai além do superficial, prometemos nos tornar uma referência para quem busca entender e explorar as nuances da música em todas as suas formas.
O projeto surge em um momento em que a indústria musical vive uma era de diversidade e inovação, com artistas experimentando novos sons, gêneros e formatos. O "comet" se propõe a ser um guia para os ouvintes, ajudando a decifrar tendências, destacar obras-primas e apontar caminhos para o que merece ser ouvido.
Com uma equipe de especialistas apaixonados por música, o "comet" trará resenhas detalhadas e listas temáticas, que irão desde clássicos atemporais até os lançamentos mais recentes. Conheça nossa tripulação:
Kim Lok Ho: Sul-coreano, 30, amante da música asiática. Acompanha vorazmente artistas de K-Pop e J-Pop.
Meredith Watson: Escocesa, 32, costuma se sentir como uma ovelha negra entre seus círculos sociais. Ouve gêneros musicais fora da curva e se recusa a escutar canções 'mainstream'.
Cameron Lee: Americano, 28, música Pop é com ele! Aspirante a produtor musical, Cameron sempre que pode explora as novidades dos principais artistas da América do Norte e Europa.
Clara Banderas: Hispano-peruana, 43, expoente dos gêneros latino-americanos. Se propõe a apreciar de ritmos urbanos, como Reggaeton e Funk, até os tradicionais, como Bossa-nova e Salsa.
O que esperar do "comet"?
Críticas honestas e embasadas de álbuns e singles;
Análises de tendências e movimentos musicais;
Cobertura de festivais, turnês e eventos;
Conteúdos exclusivos e interativos para os fãs de música.
O início dos trabalhos via "comet" está marcado para as próximas semanas, e a expectativa é que o veículo se torne um farol para quem busca se conectar com a música de forma mais profunda e significativa.
Prepare-se para embarcar nessa jornada musical. O "comet" está chegando para iluminar o caminho!
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