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The Random Diary
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Quotes and Notes and Etc.
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the-random-diary · 7 years ago
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Diário de Leitura #15 - Jane Austen #1
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‘Yes or no?’. Edmund Blair Leighton (1890). Óleo sobre tela.
“Tornava-se agora absolutamente necessário interrompê-lo.
- O senhor está se precipitando - gritou Elizabeth. - Esquece que eu ainda não lhe dei uma resposta. É o que vou fazer, sem mais perda de tempo: aceite os meus agradecimentos pela honra que está me dando. Creia que eu o aprecio devidamente, mas é-me impossível fazer outra coisa senão recusar.
- Não é preciso que me ensine - replicou Mr. Collins, com um largo gesto da mão - que as moças costumam rejeitar as propostas do homem que secretamente tencionam a aceitar, da primeira vez em que são feitas; e que às vezes até esta recusa se repete duas ou três vezes. Portanto, não estou absolutamente desencorajado pelo que acabou de dizer e espero dentro em breve reconduzi-la ao altar.
- Digo-lhe sinceramente - exclamou Elizabeth - que a sua esperança me parece extraordinária depois da minha declaração. Asseguro-lhe que não sou dessas moças, se é que existem, que cometem a ousadia de arriscar a sua felicidade confiando nas possibilidades de um segundo pedido. Minha recusa é perfeitamente séria. O senhor não me poderia tornar feliz. E estou convencida de que sou a última mulher do mundo capaz de fazê-lo feliz. Creio até que se a sua amiga Lady Catherine me conhecesse, ela me acharia sob todos esses aspectos malqualificada para essa situação.
[...]
- Quando eu tiver a honra de lhe falar pela segunda vez neste assunto, espero receber uma resposta mais favorável. Longe de mim, no entanto, acusá-la de crueldade neste momento, pois sei que é um costume do seu sexo rejeitar as primeiras propostas de um homem. E penso que me deu agora todos os encorajamentos compatíveis com a verdadeira delicadeza do caráter feminino.
- Realmente, Mr. Collins - gritou Elizabeth, com vivacidade -, o senhor me surpreende. Se o que eu lhe disse até agora pode lhe parecer um encorajamento, não sei de que maneira lhe exprimir minha recusa de maneira a torná-la convincente.
- Peço licença, minha encantadora prima, para aceitar a sua recusa apenas como uma questão de palavras. Minhas razões para acreditar nisto, são em suma as seguintes: não me parece que a minha mão seja indigna da sua pessoa, nem tampouco a situação que posso oferecer-lhe. Minha posição na vida, minhas relações com a família de Bourgh e meu parentesco com a sua, são circunstâncias que falam altamente em meu favor. E além disso a minha prima devia tomar em consideração também que, apesar dos seus muitos atrativos, não é certo que outra proposta de casamento lhe seja feita. O seu dote é infelizmente tão pequeno, que provavelmente contrabalançaria os efeitos de sua beleza e das suas qualidades. Devo portanto concluir que, ao me rejeitar, não está falando seriamente e prefiro atribuir a sua recusa ao desejo de aumentar o meu amor, deixando-me na incerteza, de acordo com os costumes habituais das mulheres elegantes.
- Asseguro-lhe que não tenho quaisquer pretensões a esta espécie de elegância, que consiste em torturar e atormentar um homem respeitável. Prefiro que me dê a honra de acreditar na minha sinceridade. Repito os meus agradecimentos pela grande honra que me deu, mas é-me inteiramente impossível aceitá-lo. Todos os meus sentimentos o impedem. Posso falar mais claramente: não me considere uma mulher elegante, que tem a intenção de atormentá-lo, mas uma criatura racional, falando a verdade do coração.
- A minha prima é um encanto! - exclamou ele, com um ar de desajeitada galanteria. - Estou persuadido de que, depois de sancionadas pela autoridade expressa de seus excelentes pais, minhas propostas não poderão deixar de se tornar aceitáveis.
Contra uma tal perseverança na vontade de se iludir, Elizabeth nada poderia fazer. Imediatamente se levantou e saiu, determinada, caso ele persistisse em considerar as suas repetidas recusas como suaves encorajamentos, a apelar para o pai, cuja recusa podia ser decisiva e cuja atitude Mr. Collins não poderia tomar como afetação e artifício de mulher elegante.”
Orgulho e Preconceito. Nova Fronteira, 2018.
Este foi o ano em que finalmente pude ler uma obra de Jane Austen. Posso dizer que tinha até então um certo preconceito literário pelo tipo de romance escrito pela autora, mas confesso que me surpreendi com a maneira como uma jovem inglesa, em seus poucos mais de vinte anos, representava seu cotidiano e práticas sociais literariamente, somando a isso um tom de ironia e crítica sobretudo acerca do papel feminino. O trecho acima foi lido com uma certa perplexidade. Nada realmente mudou no comportamento masculino em resposta as negações femininas.
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the-random-diary · 7 years ago
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Diário de Leitura #14 - Raduan Nassar #2
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via @lukeaustinphoto on Instagram 
“[...] “um epilético” eu berrava e soluçava dentro de mim, sabendo que atirava numa suprema aventura ao chão, descarnando as palmas, o jarro da minha velha identidade elaborado com o barro das minhas próprias mãos, e me lançando nesse chão de cacos, caído de boca num acesso louco eu fui gritando “você tem um irmão epilético, fique sabendo, volte agora pra casa e faça essa revelação, volte agora e você verá que as portas e janelas lá de casa hão de bater com essa ventania ao se fecharem e que vocês, homens da família, carregando a pesada caixa de ferramentas do pai, circundarão por fora a casa encapuçados, martelando e pregando com violência as tábuas em cruz contra as folhas das janelas, e que nossas irmãs de temperamento mediterrâneo e vestidas de negro hão de correr esvoaçantes pela casa em luto e será um coro de uivos, soluços e suspiros nessa dança familiar trancafiada e uma revoada de lenços pra cobrir os rostos e chorando e exaustas elas hão de amontoar-se num só canto e você grite cada vez mais alto ‘nosso irmão é um epilético, um convulso, um possesso’ e conte também que escolhi um quarto de pensão pros meus acessos e diga sempre ‘nós convivemos com ele e não sabíamos, sequer suspeitávamos alguma vez’ e vocês podem gritar num tempo só ‘ele nos enganou’ ‘ele nos enganou’ e gritem quanto quiserem, fartem-se nessa redescoberta, ainda que vocês não dêem conta da trama canhota que me enredou, e você pode como irmão mais velho lamentar num grito de desespero ‘é triste que ele tenha o nosso sangue’ grite, grite sempre ‘uma peste maldita tomou conta dele’ e grite ainda ‘que desgraça se abateu sobre nossa casa’ e pergunte em furor mas como quem puxa um terço ‘o que faz dele um diferente?’ e você ouvirá, comprimido assim num canto, o coro sombrio e rouco que essa massa amorfa te fará ‘traz o demônio no corpo’ e vá em frente e vá dizendo ‘ele tem os olhos tenebrosos’ e você há de ouvir ‘traz o demônio no corpo’ e continue engrolando as pedras desse bueiro e diga num assombro de susto e pavor ‘que crime hediondo ele cometeu!’ ‘traz o demônio no corpo’ e diga ainda ‘ele enxovalhou a família, nos condenou às chamas do vexame’ e você ouvirá sempre o mesmo som cavernoso e oco ‘traz o demônio no corpo’, ‘traz o demônio no corpo’ e em clamor, co e como quem blasfema, levantem os braços, ergam numa só voz aos céus ‘Ele nos abandonou, Ele nos abandonou’ [...]”
Lavoura Arcaica. Companhia das Letras, 2003, p.41-43.
O primeiro acesso de André durante a narrativa. Um violento desmascaramento de si e do seio familiar. De arrepiar.
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the-random-diary · 7 years ago
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Diário de Leitura #13 - Svetlana Aleksiévitch #3
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“young Polish woman makes a quick look in the mirror, Warsaw, 1944″ Via Vintage Everyday”
“Como a pátria nos recebeu? Não consigo contar sem soluços... Quarenta anos se passaram, e até hoje meu rosto queima. Os homens se calavam, mas as mulheres... Elsa gritavam para nós: ‘Sabemos o que vocês faziam lá! Comas b... jovens seduziam nossos homens. P... do front. Cadelas militares...’. Nos ofendiam de várias maneiras... O vocabulário russo é rico...
Às vezes, um rapaz me acompanhava do baile para casa e, de repente, eu me sentia mal, mal, o coração palpitava. Andava, andava e sentava em um monte de neve. ‘O que você tem?’ ‘Nada. Dancei demais.’ Mas eram minhas duas feridas. Era a guerra... E precisava aprender a ser carinhosa. Ser fraca e frágil, e os meus pés se alargaram de tanto usar botas - calçava quarenta. Não tinha o costume de ser abraçada. Estava acostumada a responder por mim mesma. Esperava por palavras ternas, mas não as entendia. Para mim, pareciam infantis. No front, entre os homens, falávamos palavrões pesados. Estava acostumada. Uma amiga me sugeriu, ela trabalhava na biblioteca: ‘Leia poemas. Leia Iessiênin’. 
Me casei rapidamente. Um ano depois. Com um engenheiro da nossa fábrica. Eu sonhava com o amor. Queria uma casa e uma família. Que a casa cheirasse a crianças pequenas. As primeiras fraldas eu cheirei, cheirei, não me cansava nunca. Cheiro de felicidade. Felicidade de mulher. Na guerra, não há cheiros femininos, são todos masculino. A guerra tem cheiro de homem.”
Klávdia S-va, francoatiradora
A guerra não tem rosto de mulher. Companhia das Letras, 2017, p. 304-305.
Apenas um dos vários relatos colhidos pela autora que mostram como a guerra provoca uma profunda marca nas sensibilidades.
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the-random-diary · 7 years ago
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Diário de Leitura #12 - Ray Bradbury #3
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via @julia.geiser
“ - Você pergunta: quando tudo começou, esse nosso trabalho, como surgiu, onde, quando? Bem, eu diria que ele realmente começou por volta de uma coisa chamada Guerra Civil, embora nosso livro de regras afirme que foi mais cedo. O fato é que não tivemos muito papel a desempenhar até a fotografia chegar à maioridade. Depois, veio o cinema, no início do século XX. O rádio. A televisão. As coisas começaram a possuir massa. 
Montag continuou sentado na cama, sem se mexer.
- E porque tinham massa, ficaram mais simples - disse Beatty. - Antigamente, os livros atraíam algumas pessoas, aqui, ali, por toda a parte. Elas podiam se dar ao luxo de ser diferentes. O mundo era espaçoso. Entretanto, o mundo se encheu de olhos e cotovelos e bocas. A população duplicou, triplicou, quadruplicou. O cinema e o rádio, as revistas e os livros, tudo isso foi nivelado por baixo, está me acompanhando?
- Acho que sim.
Beatty observou o desenho da fumaça expelida para o ar.
- Imagine o quadro. O homem do século XIX com seus cavalos, cachorros, carroças, câmera lenta. Depois, no século XX, acelere sua câmera. Livros abreviados. Condensações. Resumos. Tabloides. Tudo subordinado às gags, ao final emocionante. 
- Final emocionante - disse Mildred, anuindo com a cabeça.
- Clássicos reduzidos para se adaptarem a programas de rádio de quinze minutos, depois reduzidos novamente para uma coluna de livro de dois minutos de leitura, e, por fim, encerrando-se num dicionário, num verbete de dez a doze linhas. Estou exagerando, é claro. Os dicionários serviam apenas de referência. Mas, para muitos, o Hamlet, certamente você conhece o título, Montag; provavelmente a senhora ouviu apenas uma vaga menção ao título, senhora Montag, o Hamlet não passava de um resumo de uma página num livro que proclamava: Agora você finalmente pode ler todos os clássicos; faça como seus vizinhos. Está vendo? Do berço até a faculdade e de volta para o berço; este foi o padrão intelectual nos últimos cinco séculos ou mais. 
Mildred se levantou e começou a andar pelo quarto, apanhando coisas e arrumando-as. Beatty a ignorou e continuou:
- Acelere o filme, Montag, rápido. Clique, Fotografe, Olhe, Observe, Filme, Aqui, Ali, Depressa, Passe, Suba, Desça, Entre, Saia, Por Quê. Como, Quem, O Quê, Onde, Hein? Ui! Bum! Tchan! Póin, Pim, Pam, Pum! Resumos de resumos, resumos de resumos de resumos. Política? Uma coluna, duas frases, uma manchete! Depois, no ar, tudo se dissolve! A mente humana entra em turbilhão sob as mãos dos editores, exploradores, locutores de rádio, tão depressa que a centrífuga joga fora todo pensamento desnecessário, desperdiçador de tempo!
Mildred alisou a roupa de cama. Montag sentiu o coração dar um salto, e mais outro quando ela bateu no travesseiro. Agora ela puxava seu ombro para que ele se afastasse e ela pudesse tirar o travesseiro, ajeitá-lo e recolocá-lo no lugar. E talvez gritar e arregalar os olhos ou simplesmente estender a mão dizendo: “O que é isso?”, e exibir com comovente inocência o livro escondido. 
- A escolaridade é abreviada, a disciplina relaxada, as histórias e as línguas são abolidas, gramática e ortografia pouco a pouco negligenciadas, e, por fim, quase totalmente ignoradas. A vida é imediata, o emprego é que conta, o prazer está por toda a parte depois do trabalho. Por que aprende alguma coisa além de apertar botões, acionar interruptores, ajustar parafusos e porcas?
- Deixa eu ajeitar seu travesseiro - disse Mildred.
- Não! - sussurrou Montag.
- O zíper substitui o botão e o homem não tem muito tempo para pensar ao se vestir pela manhã; uma hora filosófica e, por isso, melancólica.
- Aqui - disse Mildred.
- Sai - disse Montag.
- A vida se torna um grande tombo de bunda no chão, Montag; tudo é pum, rá e uau!
- Uau - disse Mildred, dando um puxão no travesseiro.
- Pelo amor de Deus, me deixa em paz! - gemeu Montag, furioso.
Beatty arregalou os olhos.
A mão de Mildred havia se imobilizado atrás do travesseiro. Seus dedos estavam tateando a forma do livro e, à medida que identificava a forma, seu rosto assumia um ar de surpresa e, logo, de espanto. Sua boca se abriu para fazer uma pergunta...”
Fahrenheit 451. Globo de Bolso. 2015, p. 71-73.
Uma das cenas mais tensas de todo o livro. O discurso de Beatty continua por mais algumas páginas e é absurdo como sua distopia é em parte vivida atualmente, o que acontece, em grande medida, com as distopias escritas em meados do século XX, como é o caso de “1984″ de George Orwell e “Admirável Mundo Novo” de Aldous Huxley. Hoje mesmo escrevi um texto/comentário sobre Rupi Kaur em sua trajetória de sucesso como “instapoeta” junto ao público. As experiências buscadas hoje têm esse quê de condensação e fugacidade do qual o autor fala.
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the-random-diary · 7 years ago
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DISAPPOINTED LOVE
Francis Danby, 1821
62.8 x 81.2 cm. Oil on panel. Victoria and Albert Museum, UK
In this painting we see a young woman who has torn up a letter (presumably a love letter) and thrown it into a stream. Her face is buried in her hands, her hair is hanging carelessly over her knees. Other letter, not yet destroyed, lie beside her on a wallet with an open locket containing a miniature of her beloved. Soon perhaps she will cast herself too into the still waters and, like Ophelia, sing as she drowns. 
Francis Danby was an Irish painter of the Romantic era. Danby initially developed his imaginative style while he was the central figure in a group of artists who have come to be known as the Britol School. His period of greatest success was in London in 1820s.
via DailyArt
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the-random-diary · 7 years ago
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Diário de Leitura #11 - Svetlana Aleksiévitch #2
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“russian nurse helping wounded soldier in battlefront, WWII” (via Vintage Everyday)
“[...] Achávamos muito difícil entender os sinais de distinção. Quando chegamos ainda existiam losanguinhos, cubinhos, tracinhos, e tinha que deduzir qual era a patente. Diziam: ‘Leve esse pacote para o capitão’. Como eu ia diferenciar? Enquanto você estava andando, até a palavra ‘capitão’ lhe fugia da cabeça. Eu chegava e dizia: 
‘Moço, ô moço, o outro moço me mandou dar isso para você...’
‘Que moço?’
‘Aquele que sempre usa guimnastiorka. Sem a túnica.’
Não gravávamos quem era tenente, quem era capitão, gravávamos outras coisas: se era bonito ou feio, ruivo ou alto. ‘Ah, aquele, o alto!’ - e nos lembrávamos.
Claro, quando vi os macacões queimados, os braços queimados, o rosto queimado... Eu... Foi surpreendente... Perdi as lágrimas... O dom das lágrimas, um dom feminino... Os tanquistas saltavam dos veículos pegando fogo, eles mesmos cobertos de chamas. Soltando fumaça. Várias vezes com os braços ou as pernas destroçados. Feridos em estado gravíssimo. Deitados, pediam: ‘Se eu morrer, escreva para minha mãe, escreva para minha mulher’... Eu não conseguia. Não sabia como comunicar uma morte a alguém...
Quando os tanquistas me encontraram com as pernas mutiladas e me levaram para uma aldeia ucraniana, em Kirovográdtchin, a dona da casa onde ficava o batalhão médico se lamentou:
‘Ah, que menino jovenzinho!’
Os tanquistas riram: 
‘Não é um rapazinho, minha senhora, é uma mocinha!’
Ela se sentou ao meu lado e ficou olhando:
‘Ah, é, uma mocinha? É uma mocinha? Não, é um rapaz jovenzinho...’
Estava com o cabelo curtinho, de macacão, com o capacete de tanquista - era um rapazinho. Ela abriu espaço para mim nos leitos de tábua e até matou um leitãozinho para que eu me recuperasse mais rápido. E sempre lamentando:
‘O que foi? Estava faltando homem para pegarem umas crianças dessas? Menininhas...”
Pelas palavras dela, pelas lágrimas... Por algum tempo toda a coragem me abandonou, fiquei com tanta pena de mim, tanta pena de minha mãe. O que eu estava fazendo no meio dos homens? Eu era uma moça. E se voltava sem uma perna? Pensei muita coisa... Sim, pensei... Não vou esconder... [...]”
Nina Iákovlevna Vichniévskaia, subtenente, enfermeira-instrutora de um batalhão de tanques
A Guerra Não Tem Rosto de Mulher. Companhia das Letras, 2017, p 127-128.
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the-random-diary · 7 years ago
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Diário de Leitura #10 - Ray Bradbury #2
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“Ali & Nino”, sculpture by Tamara Kvesitadze.
“E de uma hora para outra ela ficou tão estranha que ele mal acreditou que a conhecesse. Ele estava na casa de outra pessoa, como naquelas piadas que se contavam sobre o cavalheiro que volta bêbado para casa, muito tarde da noite, abre a porta errada, entra num quarto errado, deita-se na cama com uma estranha, acorda muito cedo e sai para o trabalho sem que nenhum dos dois perceba o engano.
- Millie?... - sussurrou ele.
- O quê?
- Eu não quis assustar você. O que eu quero saber é...
- O quê?
- Quando nos conhecemos? E onde?
- Quando nos conhecemos, como? - perguntou ela.
- Quer dizer... a primeira vez.
Ele sabia que ela devia estar franzindo o cenho no escuro.
Ele esclareceu.
- A primeira vez que nos vimos, onde foi, e quando?
- Ora, foi em...
Ela parou.
- Não sei - disse ela.
Ele sentiu frio.
- Você não consegue se lembrar?
- Faz tanto tempo.
- Só dez anos, só isso, dez anos!
- Não fique nervoso, estou tentando pensar. - Ela começou a emitir um estranho risinho que foi aumentando e aumentando. - Engraçado. Que engraçado quando uma pessoa não se lembra de onde nem quando conheceu a esposa ou o marido.”
“Ele sentiu frio”. Ao notar que aquele por quem você um dia se identificou a ponto de aceitar partilhar o mesmo caminho tornou-se um estranho, o frio é apenas uma das sensações túrgidas que acompanham um período de confusão e finalmente reconhecimento antes da tomada de uma decisão, antes de um fim. A escultura de Tamara está localizada em Georgia nos EUA e é conhecida como “a estátua do amor”. Ali e Nino são dois colossos de lâminas metálicas que se cruzam durante todo o tempo, mesclando-se enquanto permanecem intocados um pelo outro. Tudo o que vejo é o instante de ruptura, apartamento, momento em que cada um segue para um caminho distinto após a simbiose com o outro. Não chamaria este trabalho de “estátua do amor”. Ou talvez eu esteja apenas notando o lado pessimista da coisa, o lado que conheço.
Fahrenheit 451. Globo de Bolso, 2015, p. 56-57.
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the-random-diary · 7 years ago
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Diário de Leitura #9 - Raduan Nassar #1
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via @johnnykeethon
“[...] “ela não contou pra ninguém da tua partida; naquele dia, na hora do almoço, cada um de nós sentiu mais que o outro, na mesa, o peso da tua cadeira vazia; mas ficamos quietos e de olhos baixos, a mãe fazendo os nossos pratos, nenhum de nós ousando perguntar pelo teu paradeiro; e foi uma tarde arrastada a nossa tarde de trabalho com o pai, o pensamento ocupado com nossas irmãs em casa, perdidas entre os afazeres na cozinha e os bordados na varanda, na máquina de costura ou pondo ordem na despensa; não importava onde estivessem, elas já não seriam as mesmas nesse dia, enchendo como sempre a casa de alegria, elas haveriam de estar no abandono e desconforto que sentiam; era preciso que você estivesse lá, André, era preciso isso; e era preciso ver o pai trancado no seu silêncio: assim que terminou o jantar, deixou a mesa e foi pra varanda; ninguém viu o pai se recolher, ficou ali junto da balaustrada, de pé, olhando não se sabe o que na noite escura; só na hora de deitar, quando entrei no teu quarto e abri o guarda-roupa e puxei as gavetas vazias, só então é que compreendi, como irmão mais velho, o alcance do que se passava: tinha começado a desunião da família” [...]”
Lavoura Arcaica. Companhia das Letras, 2012, p. 23-24.
“Livro-caos” foi a definição usada por P para definir “O Livro do Desasossego” de Fernando Pessoa, seu livro favorito. Acredito já ter ouvido isso antes, mas não recordo onde. Também não sei se apenas confundo pelo fato da palavra “caos” ter sido bem presente em meu passado próximo. De qualquer forma, achei adequada a definição para “Lavoura Arcaica”, obra seminal de Raduan Nassar. Tenho achado curioso o fato de estar lendo, ao mesmo tempo, dois dois livros/autores favoritos de N - “Henry & June” de Anaïs Nin e este - como se estivesse somente agora conhecendo um lado seu que antes não tive acesso, talvez propositalmente penso agora. De qualquer forma, “caos” e N eram - e ainda devem ser - sinônimos. Imagino, e lembro de alguns instantes, seu êxtase durante a leitura do romance, assim como sua possível identificação com a protagonista-ruína desta obra. Leio o livro como quem o (re)lê, o que tem sido uma experiência estranha.
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the-random-diary · 7 years ago
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SUPREMACY 
Frederick Stuart Church, 1887.
40.9 x 30.4 cm. Oil on canvas. Smithsonian American Art Museum, USA.
In 1863, Frederick Stuart Church was being groomed by his parents for a life of business. But with the American Civil War in full swing, he enlisted in the Chicago Mercantile Light Artillery. Two years later, upon his return from some of the most violent campaigns of the war’s western theater, Church cast aside his business ambitions and moved to New York City to become an artist. 
Though he initially began as an engraver for Harper’s Weekly, painting afforded Church a different method with which to achieve the tenderness he often strove for in his etchings. This painting depicts a walking embrace between a woman and a lion in vivid, impressionistic color. Her arm over his head, he nuzzles into her, quite literally attached at the hip. 
Whereas Church often took greater measures to delineate the landscape in and around his painted figures, the background of the painting is so clouded in color that one can hardly make out the horizon. A haze appears around the subjects, bordering them in a shady veil that recalls the woman’s dress . This causes the lion to appear more solid than her, the color of his mane dominant in the composition. 
The gold of the lion’s fur finds its complement in the ground beneath him, while the pink, purple, and white of the woman’s diaphanous gown is reflected in the sky above them . This serves to balance the composition, creating a sweep of one color up from the bottom and another down from the top. It’s an abstract yin-yang, broken only by the deeper green that rises from the bottom right of the canvas. 
Having worked so long in ink, it seems Church took time to play with color in this painting. This piece is a prime example of the painter’s combination of both measured composition – evident in other works such as “Woman and a crane” (1892) – and bursting color palette.
via Daily Art
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the-random-diary · 7 years ago
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via @artsxdesign on Instagram
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the-random-diary · 7 years ago
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Diário de Leitura #8 - Chimamanda Ngozi Adichie #1
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people in Nigeria in 1950′s (via vintage everyday)
“Nnamabia era igualzinho à minha mãe, com a pele clara cor de mel, olhos grandes e uma boca generosa que se curvava perfeitamente. Quando minha mãe nos levava ao mercado, os feirantes gritavam: “Ei! Senhora, por que desperdiçou sua pele clara num menino e deixou a menina tão escura? O que um menino está fazendo com tanta beleza?”. E minha mãe ria, como se assumisse uma alegre e travessa responsabilidade pela beleza de Nnamabia. Quando, aos onze anos, Nnamabia quebrou a janela da sala de aula com uma pedra, minha mãe deu a ele o dinheiro para pagar pelo conserto e não contou para o meu pai. Quando ele perdeu alguns livros da biblioteca no segundo ano, ela disse à professora que eles tinham sido roubados pelo menino que trabalhava lá em casa. Quando, no terceiro ano, Nnamabia, apesar de sair cedo todos os dias para ir ao catecismo, não pôde receber a primeira comunhão, pois depois se descobriu que ele não tinha ido nem uma vez, ela disse aos outros pais que ele teve malária no dia da prova. Quando Nnamabia pegou a chave do carro do meu pai e fez um molde num pedaço de sabão que meu pai encontrou antes que ele pudesse levar a um chaveiro, ela disse vagamente que aquilo era coisa da juventude e não significava nada. Quando Nnamabia roubou do escritório as questões da prova e vendeu para os alunos do meu pai, minha mãe gritou com ele, mas depois disse ao meu pai que Nnamabia afinal de contas já tinha dezesseis anos, e devia receber uma mesada maior.”
- do conto “A cela um” em “No seu pescoço”. Companhia das Letras, 2017, p 12-13.
Fiquei um pouco surpreso com a semelhança entre a realidade social nigeriana que Chimamanda tem descrito nos contos que compõem “No seu pescoço” e a brasileira em alguns aspectos. O conto que abre o livro, “A cela um”, trata de um garoto criado impunemente que junta-se a gangues juvenis, o que acaba por levá-lo à prisão mais tarde, onde sofre um choque de realidade. Li há alguns anos “Hibisco roxo” da autora e adorei a veia política que permeia a sua escrita, uma forma fantástica de conhecer a cultura, a história e sociedade nigeriana que ela parece retratar tão bem. Parte destes relatos são narrados pela visão de suas personagens femininas, verdadeiras observadoras e tão bem definidas, o que acentua o fosso entre os espaços ocupados socialmente por homens e mulheres e a diferença cultural que separa os gêneros - e que em muitos aspectos ultrapassa a fronteira nigeriana.
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the-random-diary · 7 years ago
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Diário de Leitura #7 - Anaïs Nin #1
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Paris. Dezembro de 1931.
“Conheci Henry Miller. 
Ele veio almoçar com Richard Osborn, um advogado que eu tinha que consultar sobre o contrato para o meu livro de D. H. Lawrence.
Quando ele saltou do carro e se dirigiu para a porta onde eu estava esperando, vi um homem de que gostei. Em seus escritos ele é extravagante, viril, animal, opulento. É um homem a quem a vida embriaga, pensei. É como eu. 
No meio do almoço, quando estávamos discutindo livros, seriamente, e Richard passara a um longo discurso, henry começou a rir. Ele disse:
- Eu não estou rindo de você, Richard, mas simplesmente não consigo evitar. Não ligo a mínima, nem um pouco para quem está certo. Estou feliz demais. Estou feliz demais neste exato momento com todas as cores à minha volta, o vinho. O momento é tão maravilhoso, tão maravilhoso. - Ele ria quase a ponto de chorar. Estava bêbado. Eu estava bêbada, também, por completo. Sentia-me aquecida, tonta e feliz.
[...]”
“Um rosto surpreendentemente branco, olhos ardentes. June Mansfield, a esposa de Henry. Quando ela veio em minha direção da escuridão do meu jardim até a luz da entrada, vi pela primeira vez a mulher mais linda da Terra.
Anos atrás, quando tentei imaginar uma verdadeira beleza, criara uma imagem em minha mente exatamente de tal mulher. Até imaginava que ela seria judia. Já conhecia há muito tempo a cor de sua pele, seu perfil, seus dentes. 
A beleza dela sobrepujou-me. Quando me sentei à sua frente, senti que faria qualquer loucura por ela, qualquer coisa que ela me pedisse. Henry esvaneceu-se. Ela era cor, brilho, estranheza.
Apenas seu papel na vida a preocupa. Eu sabia as razões: sua beleza traz dramas e acontecimentos para ela. As ideias significam pouco. Eu vi nela uma caricatura do personagem teatral e dramático. Roupas, atitudes, conversa. Ela é uma atriz soberba. Nada mais. Eu não pude assimilar seu âmago. Tudo que Henry dissera sobre ela era verdadeiro.
No final da noite eu era como um homem, terrivelmente apaixonado por seu rosto e por seu corpo, que prometia tanto, e odiava o eu criado nela por outros. Outros sentem por causa dela; e por causa dela, outros escrevem poesia; por causa dela, outros odeiam; outros, como Henry, amam-na apesar deles mesmos.
[...]”
NIN, Anaïs. Henry & June. Porto Alegre: L&PM Editores, 2014, p. 13, 20-21.
Sobre avistar pela primeira vez aquelx que marcará para sempre sua vida.
Tenho uma relação estranha com Anaïs Nin. Por muito tempo tive aceso a quase toda a sua obra lançada por aqui, uma vez que ele era fã da autora. Apesar de conversarmos muito sobre sua vida e seus diários, o que me aproximou de sua história mesmo sem ler seus escritos, protelei a leitura - hoje percebo que talvez fosse involuntária a vontade de deixar este como sendo um dos campos privados dele, onde deveria prevalecer o seu gosto.
 De qualquer forma, cá estamos nós lendo pela primeira “Henry & June”, desta vez sem ele. É muito bom rever Henry Miller. Há dois anos li “O pesadelo refrigerado” dele, escrito em 1945 em um retorno conturbado aos Estados Unidos como fuga da guerra europeia de então. O Henry que Anaïs conheceu em 1931 era o boêmio despreocupado que ainda não havia escrito nem mesmo os seus “Trópicos”. 
Também é bom ler as palavras de Anaïs. Até então já tinha visto o filme baseado no livro de 1990 e visto um monólogo baseado em “Fogo”, o terceiro volume dos diários da autora. Há uma inquietante ânsia em suas palavras, além do calor intenso com o qual imprime seus sentimentos. Sem dúvidas será uma boa leitura. 
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the-random-diary · 7 years ago
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Diário de Leitura #6 - Ferreira Gullar #1
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DESORDEM
meu assunto por enquanto é a desordem o que se nega à fala o que escapa ao acurado apuro do dizer a borra a sobra a escória a incúria o não caber ou talvez - pior dizendo – o que a linguagem não disse por não dizer porque por mais que diga e porque disse sempre restará no dito o mundo o por dizer já que não é da linguagem dizer tudo ou é se se entender que o que foi dito é o que é e por isso nada há mais por dizer portanto o meu assunto é o não dito não o sublime indizível mas o fortuito e possível de ser dito e não o é por descuido ou por intuito já que somente a própria coisa se diz toda ( por ser muda) é próprio da palavra não dizer ou melhor dizendo só dizer a palavra é o não ser isto porque a coisa ( o ser) repousa fora de toda fala ou ordem sintática e o dito (a não coisa) é só gramática o jasmim, por exemplo, é um sistema como a aranha ( diferente do poema ) o perfume é um tipo de desordem a que o olfato põe ordem e sorve mas o que ele diz excede à ordem do falar por isso que só desordenando a escrita talvez se diga aquela perfunctória ordem inaudita uma pera também funciona como máquina viva enquanto quando podre entra ela ( o sistema) em desordem: instala-se a anarquia dos ácidos e a polpa se desfaz em tumulto e diz assim bem mais do que dizia ao extravasar o dizer dir-se-ia então que para dizer a desordem da fruta teria a fala - como a pera – que se desfazer? que de certo modo apodrecer? mas a fala é só rumor e ideia não exala odor ( como a pera ) pela casa inteira a fala, meu amor, não fede nem cheira GULLAR, Ferreira. Alguma parte alguma. Rio de Janeiro: José Olympio, 2010, p. 26-30.
   “Em alguma parte alguma”, o último livro de poesias escritos por Ferreira Gullar em 2010, foi o meu primeiro contato pleno com o autor de quem até então só havia lido textos esparsos. Sei que sua obra é extensa e multifacetada, de acordo com os múltiplos temas que hora ou outra “espantavam” o poeta, e talvez este não tenha sido o melhor momento do autor para mim. Deste livro pude destacar alguns textos que podem me servir como referências para trabalhos futuros (para o Teatro e para a História), mas este aqui, “Desordem”, foi um dos poucos que me comoveram pela leitura. Uma boa introdução a esta obra, que versa sobre uma série de ordens/desordens.
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the-random-diary · 7 years ago
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Diário de Leitura #5 - Robert Pirosh #1
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Prezado senhor:
Gosto de palavras. Gosto de palavras gordas, untuosas, como lodo, torpitude, glutinoso, bajulador. Gosto de palavras solenes, angulosas, decrépitas, como pudico, ranzinza, pecunioso, valetudinário. Gosto de palavras espúrias, enganosas, como mortiço, liquidar, tonsura, mundana. Gosto de palavras com “V”, como Svengali, avesso, bravura, verve. Gosto de palavras crocantes, quebradiças, crepitantes, como estilha, croque, esbarrão, crosta. Gosto de palavras emburradas, carrancudas, amuadas, como furtivo, macambúzio, escabioso, sovina. Gosto de palavras chocantes, exclamativas enfáticas, como astuto, estafante, requintado, horrendo. Gosto de palavras elegantes, rebuscadas, como estival, peregrinação, elísio, alcione. Gosto de palavras vermiformes, contorcidas, farinhentas, como rastejar, choramingar, guinchar, gotejar. Gosto de palavras escorregadias, risonhas, como topete, borbulhão, arroto.
Gosto mais da palavra roteirista que da palavra redator, e por isso resolvi largar meu emprego numa agência de publicidade de Nova York e tentar a sorte em Hollywood, mas, antes de dar o grande salto, fui para a Europa, onde passei um ano estudando, contemplando e perambulando.
Aacabei de voltar e ainda gosto de palavras.
Posso trocar algumas com o senhor?
Robert Pirosh
Madison Avenur, 385 - Quarto 610 - Nova York - Eldorado 5-6024
CARTA 009
GOSTO DE PALAVRAS
DE ROBERT PIROSH PARA VÁRIOS (1934)
Em 1934, um redator de Nova York chamado Robert Pirosh largou um emprego bem remunerado numa agência de publicidade e rumou para Hollywood, decidido a trabalhar como roteirista, a profissão de seus sonhos. Lá chegando, anotou o nome e o endereço de todos os diretores, produtores e executivos que conseguiu encontrar e enviou-lhes o que certamente é o pedido de emprego mais eficaz que alguém já escreveu, pois resultou em três entrevistas, uma das quais lhe rendeu o cargo de roteirista-assistente na MGM. Quinze anos depois, Robert Pirosh ganhou o Oscar de Melhor Roteiro Original com o filme O preço da glória, e meses mais tarde recebeu também um Globo de Ouro.
USHER, Shaun (org.). Cartas extraordinárias. São Paulo: Companhia das Letras, 2017, p. 48.
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the-random-diary · 7 years ago
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Maratona Oscar 2018 - Dia 6: De vez em quando Guillermo Del Toro nos apresenta verdadeiras fábulas que parecem nos lembrar uma das possibilidades do cinema: dar vida ao fantástico. "A Forma da Água" é uma destas histórias e lidera como filme mais concorrido ao Oscar 2018 com indicações em treze categorias. Melhor Filme/Direção: Del Toro acerta no filme em todos os seus detalhes, criando uma narrativa que envolve e conforta o espectador. Há um toque de nostalgia e melancolia em toda a história e seus personagens, vítimas inconsoláveis da solidão, são peças chave para o desenrolar da história. É um forte candidato. Melhor Atriz/Atriz Coadjuvante: Sally Hawkins esbanja carisma neste papel - seus gestos, suas expressões e seu sonho - e seu ar inquestionável de Amélie Poulain a torna apaixonante, além do fato de protagonizar uma das cenas mais linda do cinema de 2017. Junto a Octavia Spencer temos uma dupla dinâmica fortíssima, pois essa mulher é simplesmente maravilhosa. Melhor Roteiro Original: este entra para o rol de fantasia/horror de Del Toro que não víamos desde "Não Tenha Medo do Escuro" (Don't Be Afraid of the Dark, 2010) e "O Labirinto do Fauno" (El Laberinto del Fauno, 2006), quando enveredou para o terror , a ficção científica e a série Hobbit. Talvez "A Forma da Água" não seja uma história de todo original, pois já vimos tudo isso antes, mas o que nos prende são os detalhes e a delicadeza da trama. Melhor Fotografia/Direção de Arte: Não sei nem por onde começar a elogiar estes dois aspectos do filme. Todos os detalhes dialogam: as cores, os móveis, os objetos largados no chão. O filme nos convida para o interior de sua fantasia. Melhor Trilha Sonora: Del Toro homenageia uma série de nomes clássicos da música e da dança neste filme, algo que o Oscar adora. Até mesmo Carmen Miranda figura aqui. Faltou algo para "A Forma da Água" ir para os favoritos, mas sem dúvidas é um bom filme. A Forma da Água (The Shape of Water). Dir. Guillermo Del Toro, 2017. #filmedodia #moviegeek #movieaddict #cinefilia #cinema #cinemaestadunidense #maratonaoscar2018
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the-random-diary · 7 years ago
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Diário de Leitura #4 - Khaled Hosseini #1
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 a street scene in Kabul during the 1960′s (via vintage everyday)
“Sentei junto a uma das paredes de barro da casa. A afinidade que senti subitamente com relação àquela velha terra... me surpreendeu. Tinha ido bem longe par esquecer e ser esquecido. Tinha uma casa em um país que bem poderia ficar em uma outra galáxia para as pessoas que estavam dormindo atrás dessa parede onde as minhas costas estavam apoiadas. Pensei que tivesse esquecido tudo sobre esta terra. Mas não tinha. E, sob a pálida claridade da lua crescente, senti o Afeganistão sussurrando debaixo dos meus pés. Talvez o Afeganistão também não tivesse me esquecido.”
HOSSEINI, Khaled. O Caçador de Pipas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005, p. 240.
Mais uma das coisas que deixei passar há muito tempo, mas a sensação de descoberta pós-hype é um deleite. O livro me surpreendeu, uma vez que eu esperava bem menos do que ele apresenta. Me encanta como a literatura consegue ser o retrato mais fiel de uma sociedade, mais até do que a própria História que ainda se engalfinha com este gênero, e o que podemos aprender com isso. Minha primeira leitura afegã me ensino muito sobre o contexto histórico, social e político do país, assim como nos anos passados Chimamanda Ngozi Adichie e Dai Sijie me contaram um pouco sobre a Nigéria e a China comunista. Espero outras leituras do gênero ainda este ano.
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the-random-diary · 7 years ago
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Lido #6 A Guerra Não Tem Rosto de Mulher - Svetlana Aleksiévitch PS: o equilíbrio perfeito entre jornalismo, história oral e literatura lhe renderam o Nobel de 2015. Que livro, senhorxs. #instabook #booklover #bookaddict #literatura #literaturabielorussa
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