therat74
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The Rat
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therat74 · 10 months ago
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Se você acha que tem pouca sorte
Se lhe preocupa a doença ou a morte
Se você sente receio do inferno
Do fogo eterno, de Deus, do mal
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Se o que você quer em sua vida é só paz
Muitas doçuras, seu nome em cartaz
E fica arretado se o açúcar demora
E você chora, você reza
Você pede, e implora...
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therat74 · 10 months ago
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Cinquenta anos! É mole....?
Ainda ontem, eu estava correndo nas ruas de terra do bairro Rodolfo! A vida parecia tão fácil. Era só descer a escada da minha casa que a molecada já estava toda lá na rua! Jogava bola o dia inteiro... Saía na porrada. Apanhava... batia! Subia nos pés de fruta lá de casa! Ah, os pés de fruta lá de casa! Que delícia!
Mas, fruta boa mesmo era a colhida no quintal alheio... que feio, né? Ninguém nunca fez isso, certo? Tinham donos que metiam tiro de sal grosso, mas a galera se arriscava! Uma vez, num sítio , estávamos em bando limpando os pés de manga. Eu me empolguei e subi nos galhos mais altos em busca das mangas rosas mais formosas, como uma galega em meio ao sertão do meu Nordeste.
Então chegou o filho do dono com um de seus potentes cães policiais e colocou aqueles que estavam mais abaixo para correr. Meus "comparsas" saíram voados, como balas, gritando e dando alertas! Eu fiquei lá em cima entre as folhas, escondido, como um rato, meu apelido de infância. Tremendo de medo de ser pego... esperando que ele não me visse! Já pensou? Que vergonha! Chamar minha família para tomar esporro? Ser ameaçado por cachorro? Sei lá o que podia acontecer?
De repente, escuto como se fosse o som de uma tribo invasora com seus gritos de guerra adentrando o lugar com paus, pedras e telhas voando em direção ao homem e seu cão policial. Eu não podia acreditar naquilo... Eles vieram me resgatar! O cara, apavorado, saiu correndo puxando seu cachorro e gritando que iria chamar a polícia!
Depois disso, foram só risadas e contação dos detalhes da operação! Distribuí todas as minhas mangas galegas para a galera! Que aventura!
Bem, eu estava lá. E todos aqueles "guerreiros" que me resgataram passaram pela minha vida como tantos outros... em milhares de situações nas décadas que se seguiram. Muitos daquela turma eu nunca mais vi. Alguns tiveram vidas tortuosas e enveredaram por caminhos difíceis, pra dizer o mínimo.
Que pena, para mim que hoje sou professor, saber que os rumos de cada um estão ligados à sua herança. Gostaria de explicar para todos as ideias do poder em Pierre Bourdieu sobre capital cultural, social, econômico e simbólico, bem como o lugar de cada um na sociedade. Quantas distorções no espaço-tempo ocorreram nesses anos todos. Imagens, pessoas, cenas, acontecimentos, tragédias, alegrias e dores, como num déjà-vu, ocorrem simultaneamente em meu ser ao pensar nesses cinquenta anos.
Os anos de estudo, da escola primária ao ensino médio, que abandonei para trabalhar, da universidade ao mestrado que não terminei... Das primeiras atividades laborais, passando pelo complexo universo de trabalhar numa metalúrgica, na firma do meu querido irmão, perto do morro do Urubu, como peão. Era incrível que, tendo parado de estudar, eu lembrava das aulas de química de Meirelles e conhecia os processos químicos do tanque de anodização e o papel do retificador sobre o alumínio ao enviar a corrente elétrica e forçar a troca de elétrons para proteger a superfície do perfil. Era claro que eu acabaria sendo professor...
Os anos na firma foram desafiadores demais. Quão complexo era aquele universo! Rio de Janeiro, Cascadura, Morro do Urubu, anos 1990... se passaram...
Quantas relações interpessoais! Ideias, amizades, conflitos, ódios, porrada, ameaças de morte, amores passados, sonhos perdidos. Ficou o capital disso tudo das pessoas que passaram. Gente, milhares de pessoas! Pense bem. Onde estão todos eles? Estão dentro de mim. Na minha formação, na minha mente e coração.
Aprendi com todos, coisas certas e erradas. Fiz meus julgamentos, revisei e mudei de opinião, depois voltei atrás. Me desculpei, errei novamente... Também ajudei e contribui na formação daqueles que estão nessa infinita rede humana. Nessa jornada maravilhosa e assustadora que é a vida.
Cinquenta anos! Meio século ?
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