trancadas - Tumblr blog

[trancadas]

As noite de verão sempre me pareceram estranhas demais, o clima pesado no ar, o suor, a saudade. 

As vezes ao ficar tanto tempo em casa, não sentimos mais vontade de sair, sentimos um incomodo inexplicado, sono e um desanimo absoluto que parece ser interminável.

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Cada partícula de meu ser arde em saudade, descolam-se furiosamente no desejo de encaixe, elas incitam a destruição, tentam a todo momento contra qualquer ordem, querem se rebelar contra os tiranos que lhe tiraram a liberdade.

Não sabem de onde, mas sabem, que foram um dia roubadas.

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Minha querida, papai morreu a tantos, mas você ainda sente como se sua alma estivesse distante, sozinha, desacolhida.

Todos os dias tenta esquecer, dos momentos da juventude, do medo e da esperança, você ainda os sente formigando de repente, sem sequer saber o por quê.

Ele te fazia sentir que vale a pena ser bom, mas ao menos se sua luz fosse um pouco como a dele, sua risada fosse alta como a dele, se voce aprendesse a cultivar amizades como as deles, se você tivesse como correr a ele quando estivesse em perigo.

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Essa semana senti amor

Essa semana senti medo

Senti Raiva

Orgulho

E os momentos em que consigui respirar

Me sufoquei

A liberdade que sonhei

Um fardo solitário

Uma faca de dois gumes

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Misterioso destino, poderia eu tão pequena, tão silenciosa, merecer seguir?

Quase sempre sinto que o que desejo é impossível, mas ao ver de perto, percebo sequer a existência de um desejo genuíno, é tanto medo de errar que meu mundo se tornou reduzido de maneira definitiva.

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Engraçado, notei que escrevo apenas sobre contragostos e revoltas, praticamente.

É que não me atrevo a descrever as belezas, sinceramente, tenho medo que as perca de vista, seria uma lástima terrível, deixar passar a brisa em meu rosto, enquanto a descrevo meticulosamente.

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Quintas-feiras

Ah os quases...

Esse feixe de esperança de um repouso breve, neste dia observo-o novamente por um triz, mas sigo em um aguardo ansioso pelo nascer e atropelar de mais um dia.

Em especial, pelo atropelar tedioso do compasso do relógio.

Também, pela morte e desperdício de mais um dia, em que meu ser em modo automático sobreviveu sem perigos eminentes e com conversas tão distantes e supérfluas, que me pergunto se realmente acordei.

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Quando passei a achar tudo insustentável, novamente?

Me sinto culpada por estar infeliz, por não ser preenchida pelas conquistas fúteis, por esperar mais, mais tempo, pra respirar ou pra sofrer, que seja.

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Meu sempre doce e antigo, amor, não posso dizer que não doeu, não poderia dizer que você não me mudou, são raros os dias em que me sinto em falta, mas são todos os dias que percebo essa ausência, essa ausência que em pequenos goles suaves me embriagou quase que de repente.

Quando me lembro da gente é tão confortável, dos dias felizes, dos carinhos e das chegadas, o mais estranho é como é desconexo quando conversamos, desesperador, como se nunca tivéssemos nos encontrado, como se nunca tivesse chorado em seu peito, como se você nunca tivesse chorado no meu.

São tempos duros, eu não confio facilmente, a ultima pessoa que me entreguei foi você, foi o meu ultimo ponto fraco, meu ultimo choro desesperado e inconsolável.

Amor, não choro fazem meses, não confio na minha própria presença o suficiente para sensibilizar-me diante de mim, aqui é muito cruel, confuso e muitas vezes ensurdecedoramente silencioso.

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Foram tantos anos e energia gastas para manter meu mundo interior deslumbrante, adornado, reformas e mudanças, sempre despendi todo meu tempo e energia para autoconhecimento.

E sinceramente, não cabem elaboradas decorações nesse mundo.

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Todos os dias acordo

Abro os olhos

E antes mesmo de recuperar a consciência

Revolto-me

Sinto essa tristeza dilacerante

Que sobrepõe toda raiva

Raiva de mim

Raiva da vida

Não há mais o que contemplar

Esperar é o que resta

E talvez continue sendo

Até o fim

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27/07/2023

O cotidiano me parece mórbidamente pacato, tudo é tão engessado que sequer vejo uma possibilidade de fugir, não existem mais lugares pacíficos ou gentis para repousar, sempre é preciso aguentar mais e trabalhar mais.

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Ando pelas ruas apreciando o canto ensurdecedor da cidade. A ganacia e individualismo são notas graves que envolvem cuidadosamente os gritos agudos de dor e desepero.

Essa percussão assombrosa nós devolve ao compasso e num paradoxo, de repente, dependemos do que nós torna vazios.

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30/05/23

Esse coração vidro, é uma bala que fica sempre engatilhada, ansiosa pelo tiro, é esse amor de dilacerante intensidade esperando para perfurar algum outro coração. 

Quem olha de longe não desconfiaria, mas nunca soube viver sem esse sentimento, sem ter quem pensar, abraçar, agradar, lamber.

Como eu poderia deixar de tentar, como eu poderia deixar de existir em silencio, mas todos os dias penso pelo menos por um momento que seja, em partir, estou apenas sobrevivendo agora. 

Eu sinto sua falta, você foi o ultimo momento em que vi luz.

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Esse asco

Esses pelos

Texturas

Curvas

Movimentam

Esse corpo 

Medíocre

E divino  

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10/05/23

Peguei todas as minhas malas ao ir, mas ainda olho para trás e olho sempre que me sinto ansiosa ou com medo, essa é minha única obsessão, contemplar meus sofrimentos e traumas e observa-los por cada novo ângulo, tirar todas as roupas e reorganiza-las na mala, conferindo se não fora nada esquecido, mas talvez, devesse mesmo é deixa-las rolando na esteira. 

[trancadas]

Welcome home

Minha alma sublime de incandescente sutileza, por ora, é apenas faísca distante e inquieta. Apesar de tudo, corações sinceros me fitam os olhos e veem beleza, 

          sucedendo a uma irônica e previsível tragédia:

A idealização

A duvida

E o fim

Esse perverso paradoxo é mais um dia de solidão aterrorizante

-Meu amor, faça calar

Me questiono se já houve momentos em que não fora tão escorregadia. E Caso, ainda exista uma alma a me cativar intensamente a ponto de não me deixar fugir

-Por favor, que dessa vez possa ficar.