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Triângulo Circunscrito
O que nos mantém íntegros enquanto indivíduos durante uma pandemia na qual o tecido social está esgarçado, na coletividade que caminha para o precipício em uma irrefreável marcha da insensatez? Repetirmos que está tudo bem, que está “tudo certo”, como o registro de Marcelo Silveira na obra sonora “Tudo Certo”? “De castigo” nos penitenciarmos no isolamento, como em João Angelini? Na sensualidade, registrada por Mateus Gandara em D.E.E.P., da mais profunda intimidade, nos deleitarmos? A "mão com faca” de Ana Teixeira não deixa dúvidas, a dor está na morte “sem título” de Gandara, nos números pandêmicos e cadáveres “sem nomes”. Não é possível afirmar que o indivíduo está “sem medo”, ainda que a coletividade soe indiferente, infantilizada pela conjuntura em que nos metemos. Precisamos, coletivamente, urgentemente, dar um jeito nesta vida. Porém, entender que “Você precisa dar um jeito nessa vida”, como registra Annima de Matos, nos faz compreender que o coletivo passa pelo individual, por uma visão de si e do outro mais humana e empática. De outra forma, continuaremos circunscritos aos desígnios ditados pelo tripé da bancada BBB, armamentista (da bala), ruralista e anti ecológica (do boi), evangélica (da bíblia), contra a liberdade dos costumes e o Estado laico. O recorte proposto em Triângulo Circunscrito é uma gota d´água de resistência em um oceano de Cila e Caríbdis.  
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Annima de Matos, “Você precisa dar um jeito na sua vida” páginas 28, 15 e 13, grafite sobre papel, 29 x 21 cm, 2019.
Em “Você precisa dar um jeito na sua vida”, Annima aborda a vida adulta e experiências inerentes a isso. Nas páginas presentes, o tema central é a solidão. Annima utiliza a técnica do lápis por gostar das mudanças de intensidade que o material permite, e utiliza isso como ferramenta narrativa para sua obra.
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Mateus Gandara, “D.E.E.P. - Diário Erótico Estético Pornográfico”, livro de artista, impressão sobre papel, 26,5 x 18,5 cm, 2014.
O livro de desenhos, editado postumamente, “D.E.E.P. (Diário Erótico Estético Pornográfico)”, traz uma verve oposta àquela da obra Sem Título. O autor, voyeur, desenha com traços rápidos e bastante brutos cenas cotidianas de amor e sexo de encontros amorosos que presenciou e registrou freneticamente. Entrega íntima de pessoas que se abriram, se expondo ao registro intenso de Mateus em uma ode à vida, ao amor.
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João Angelini, de castigo, vídeo animação (pixilation) sem efeitos digitais, duração 1′ 33″, 2012.
Capturados por uma pandemia que exige o distanciamento físico para proteger vidas, causando assim a ruptura das relações e interações sociais, encaramos as paredes de nossas casas,  os limites da experiência individual de cada dia. 
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Mateus Gandara, sem título, da série “Sem Medo”, caneta hidrográfica sobre papel, 35,3 x 26 cm, 2013.
A vulnerabilidade e a coragem de enfrentar o desafio de viver a ameaça constante de perder a vida  são reveladas em traços intensos. O sentimento pessoal que reflete o coletivo, a solidão de milhões de pessoas diante da perspectiva da morte. O medo por um futuro que talvez não chegue e a necessidade urgente de viver o presente.
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Ana Teixeira. Mão com faca, da serie “Não mais, mas ainda” , caneta branca sobre papel preto, 25 x 25 cm, 2010.
Em sua obra “Mão com faca”, da série “Não mais, mas ainda”, Ana traz a experiência individual por meio da dor, sentida apenas por quem a sente. Nessa imagem em específico, uma mão sozinha segura uma faca direcionada para o braço que a sustenta, sendo que o pulso traz a palavra “ainda” como que escrita pela própria faca, que tem sua ponta dentro do braço num ponto próximo da escritura.
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Silveira, Marcelo. “Tudo Certo”, Voz (Coral Moura), disco em vinil, formato 7´´ (compacto), 10´, 2017.
O áudio desta obra sonora foi registrado em vinil, que ficam tocando em contínuo em três tocadores de discos (vitrolas), expostas sobre totens na Exposição Triangular. Seria esta repetição da expressão “tudo certo” a antítese da catarse coletiva pela qual passamos, rumando para meio milhão de vítimas diagnosticadas com coronavírus? Nos repetirmos “tudo certo” no coletivo seria a forma de nos mantermos vivos na individualidade de nossa psique devastada?
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