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Ouvir coreano vindo de onde esperava um cara bem longe de ser um, foi uma surpresa. Era sempre uma surpresa, na verdade; mesmo que tivesse sido várias as vezes em que, na delegacia, lidou com estrangeiros com um bom domínio da língua. Ainda assim, sempre soava como novo e até, de certa forma, admirável quando ouvia seu idioma saindo da boca de quem, na cabeça de Eunseo, vinha de um mundo muito maior e com idioma tão diferente. Foi isso, aliás, que o desconcertou quando a porta se abriu e Eunseo continuou a entendê-lo. Ele desarmou por breve segundos, mostrando olhos pouco mais arregalados e um sorriso intruso meio idiota. Felizmente, para ele, foi safo em voltar com a expressão pouco mais pontiaguda de antes.
"Sou seu vizinho" era assim que aquilo funcionava? Agora entendia a reação da duplinha de amigas: ele não tinha feito isso com nenhuma das outras pessoas que chegaram depois dele. Ele nunca tinha feito isso na vida. Eunseo virou-se só para apontar para a duas casas à direita do rapaz. "Moro ali. Sou Nam Eunseo. Ouvi que você é San. . . Santiago?" o sotaque havia puxado alguma coisa errado, imaginava. Fez uma leve careta, enfim deixando um riso soprado escapar. Era mais difícil se manter como pedra quando se sentia sem jeito. Não queria ideias tortas ainda. Como se podendo fugir daquilo, ele levantou a cesta. "Frutas são o que damos aqui de boas vindas. Se é que já não sabe" acrescentou. Eunseo impediu a tempo o ímpeto de estender a mão e tentar ser cordial em uma cultura que não era a sua — e que ele julgava ser a alheia; o que não era muito legal, mas pouco pensava sobre. Ele odiava quando se pegava prestes a parecer um vira-lata. Por precaução, e para pressão, ele ocupou a mão com o distintivo e o mostrou enquanto dizendo: "Eu também tenho algumas perguntas para fazer. Tranquilas, prometo" ele só não conseguia prometer que, a depender do desenrolar, ele seria tranquilo.
Flashback: poucos meses atrás.
Mesmo com pouco tempo em Suryun Maeul, Santiago já se sentia acolhido por boa parte dos moradores, especialmente os mais velhos. Jardinava um pouco na horta comunitária aqui, jogava xadrez ou dominó ali e acabava batendo bons papos com os senhores e senhoras da área. Achava graça da curiosidade deles e adorava tirar dúvidas, principalmente quando descobriam que ele não era americano, mas tinha morado nos Estados Unidos por um tempo.
Fazer amizade com as senhorinhas foi o mais fácil. O único ponto negativo? O nível profissional de fofoca e a insistência em arrancar detalhes sobre sua vida amorosa, sempre tentando bancar cupido: “Você e meu neto/neta/sobrinho/sobrinha se dariam tão bem!” —o que, pra ele, era terreno familiar. As senhoras coreanas não eram muito diferentes das mexicanas nesse quesito. Ele sempre desconversava, dizia que ainda tinha o futuro restaurante pra cuidar, e elas deixavam o assunto morrer… Só até o dia seguinte.
Ainda não conhecia todos os moradores do bairro, já que a outra parte parecia ser mais reservada e estava preferindo manter a distância. E Santi, sendo um alfa onde a maioria era ômega, preferia manter distância por respeito. Alguns o cumprimentavam com um aceno de cabeça, e ele respondia da mesma forma. Outros simplesmente o ignoravam ou pareciam evitá-lo, o que ele entendia. Talvez o estereótipo de alfa arrogante e abrasivo fosse universal.
Naquela noite, Santi estava em casa começando a preparar o jantar quando ouviu a campainha. Abaixou o fogo, enxugou as mãos e chamou um “Já vai!” no caminho até a porta, jogou a toalha sobre o ombro e abriu.
A primeira coisa que sentiu foi o cheiro: petricor misturado a um traço doce, quase tímido, de chocolate ao leite. Foi quase indecente como aquilo invadiu seus sentidos. Profundamente. Inesperadamente. Cheiroso.
A segunda coisa que percebeu foi o rapaz em si. Rosto sério, quase desafiador, segurando uma cesta de frutas frescas, mas o corpo mantinha uma tensão contida. Santiago não conseguia dizer se ele estava ali por obrigação ou por impulso.
“Oh, olá! Tudo bem?” cumprimentou, com um sorriso cordial, embora um pouco curioso também. “Posso te ajudar com alguma coisa?”
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Ele ergueu as mãos e moveu os ombros como se falasse para ele que não tinha nada para dizer. Jamais imaginou que ela estivesse buscando gentileza, também não achou que havia sido o contrário disso. "Foi você. . ." não terminou. Acabou rindo soprado; os lábios curvados para um lado só. Ela era muito bonita, mas não achava que precisava ficar ouvindo isso ou coisa do tipo. "Não pensei que seria sobre ser amadores, honestamente" comentou, um pouco mais sério e compreensivo. Aliviado também, em parte, porque era um problema resolvido.
"Sim. Passear como desculpinha pra ti ver" ele inventou com o tom que quase que poderia ser convincente se não fosse tão incomum alguém falar aquilo na lata. Bastava conhecê-lo o mínimo, porém, para saber que Eunseo falaria. Mas não era o caso. Do bolso da jaqueta, ele tirou um papel com uma foto de câmera impressa. Um homem com cabelo platinado e uma camisa de botão vermelha. "Já viu? Passou por aqui recentemente?" e aí, ele tirou mais outra. Dessa vez, uma senhora de cabelo alto e óculos na ponta do nariz. Essa imagem era um pouco mais nítida. "Ou ela".
━ Você não é muito gentil, né, Eunseo? ━ Resmungou quando ele concordou com a sua colocação, pois uma pessoa educada teria dito que ela estava muito bem. ━ Claro que temos câmeras, foi assim que provamos que o homem estava mentindo! Não somos tão amadores assim. Ainda bem que tudo se resolveu lá mesmo ou eu teria que ter te chamado para resolver uma questão de fruta podre. ━ Deu uma risadinha. ━ O que veio fazer? Está matando serviço e veio passear no mercado? ━ Provocou apenas pela diversão.
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Ele balançou assentiu com a cabeça enquanto mostrando um OK com os dedos. Devagar, do jeitinho que ele não fazia quando de moto. Aquela resposta havia sido o suficiente; ônibus já havia sido chutado da listinha de opções. Eunseo entregou o capacete e subiu na moto, pegando do guidão o que ele usaria para proteger a cabeça.
"Olha. . ." Eunseo umedeceu os lábios e sorriu, mas o outro só teria visto o perfil de seu rosto, visto que o policial fingia entretenimento na fivela do capacete. "Uma padaria" resolveu falar, mexendo os ombros. No fim das contas, havia um pequeno detalhe sobre Eunseo que ele não contava por aí: a perde do olfato afetava seu paladar. Para ele, portanto, aquela padaria era deliciosa o suficiente. Ele colocou o capacete, levantou a moto e ligou. "Vem e segura como for melhor, só não caia" falou. E ir devagar, tinha que lembrar de ir devagar.
E toda uma discussão sobre idiomas o tinha levado até ali. Jaehwi não era muito de sair de casa. Como trabalhava muito durante a semana, preferia aproveitar o conforto do próprio lar em seus dias de folga, e só abriu uma exceção naquele dia porque se tratava de Eunseo. Conhecer pessoas novas era sempre uma aventura, mas o outro parecia alguém fácil de lidar, dono de um humor besta como o seu, então não teria problemas. Para aquele encontro, ele decidiu por uma roupa mais confortável, que lhe permitisse passear com tranquilidade.
Foi com um sorriso que respondeu Eunseo. ━━ A verdade é que eu tenho um pouco de medo de motos, mas se você for devagar, não vejo problemas. ━ Estendeu as mãos para pegar o capacete extra. ━━ Dependendo do lugar, não compensa ir de ônibus. Para onde está pensando em me levar?
#inter:jaehwi#aqui pensando por quanto tempo consigo manter pequeno assim#tô me testando me desafiando !#exercitando !
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BROOKLYN NINE-NINE (2013–2021) S06E11 | The Therapist
Okay, it's just that you can be a bit... judgmental.
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Para aquela questão rebatida, Eunseo teve que se inclinar de forma que a luz do farol e de um dos focos de luz amarelados mais próximo, no chão, iluminasse a feição alheia um pouquinho melhor. Talvez fosse a primeira vez — que Eunseo lembrasse — que encarava o rapaz enquanto encarado de volta. A expressão de Eunseo era uma incógnita com uma pitadinha de algo que talvez incomodasse alguém; a do rapaz. . . Parecia mais com brava que com a tal contemplação que ele falou depois.
"Intensa, yep. Consigo ver isso" acabou até soltando um arzinho no nariz e curvando um canto só dos lábios. Sua tranquilidade e calmaria era tamanha que, em outro lugar onde não terminasse na cadeia, talvez pudesse ser pintado como quem tinha relaxado bastante depois de um baseado. Na prática, porém, talvez tivesse sido o cigarro mesmo que, infelizmente, ainda não havia conseguido deixar ir completamente. O cenho franziu com o tom. Havia acabado de receber uma alfineta de graça ou viajou? Optou pelo segundo, porque nem sabia o nome do rapaz então o sentido para o primeiro era nenhum. "Ei, eu te perguntei, não foi?" Eunseo voltou com um sorriso, dessa vez mais simpático. "Eu reparo, tá bom?" virou o rosto. Não tanto, nem sempre, uma vozinha falou na própria cabeça. "Quando tem uma iluminação envolvida" quis mais defesa na sua causa. Diria mais: era um bom investigador, precisava ser bom analisando! Respirou fundo e riu soprado, sozinho. "Tá bem, às vezes eu erro"
E nisso tudo, não havia respondido a pergunta do rapaz. Ele não sabia que queria, porque ele não sabia se tinha uma resposta boa. Eunseo ficou em silêncio por um tempinho, ocupando a boca com os pedaços de uva que vinha na bebida. Enfim, jogou os ombros para frente.
"Sem conseguir dormir. . ." uma introdução. "E aí. . . estou aqui" respirou fundo até demais. Um pedaço de algo para contrariar os olhos que tão de coitadinho, mas que não expressavam muito mais que isso e muitas vezes nem sintonizavam com seus verdadeiros sentimentos. "Eu gosto do barulho e do cheiro. É mais forte que o que tenho" falou sobre a própria essência disputando com a maresia. Ali, era mais fácil falar, justamente porque a iluminação era uma merda; assim não dava para ser tão notado, percebido. "E os barulhos. . . distraem minha mente. E imaginei que teria alguém com o mesmo problema de ficar na cama que eu" algumas desgraças alheias serviam para ver que não estava sozinho. Eunseo olhou para o rapaz só em caso de não ter ficado bem óbvio sobre quem ele falava. "Você? Contemplar intensamente o. . . mar? Essa resposta não vale, ela é mentira".
Aquele era o seu lugar de estimação, uma rocha úmida e desgastada que tinha o ângulo perfeito das ondas quebrando lá embaixo na encosta e do farol ao horizonte. Às vezes, Chanhyuk fazia isso: saía pra caminhar pelo entorno do bairro nas madrugadas em que o sono demorava mais a vir, se convencendo de que seguia sem rumo só pra terminar no mesmo destino de sempre. Porque o mar continuava lá, imóvel e atento, sem questioná-lo de volta. E ele podia selecionar e dissecar seus pensamentos, um a um, com uma paciência clínica e uma insônia recorrente, até não sobrar nada, até a meia-volta pra casa se tornar a única opção. Esgotado, na maioria das vezes, mas em paz.
Essa noite, o mar não parecia querer conversa, indo e vindo sem parar, batendo tão agitado nas pedras que era como se o sal subisse pro ar. Chanhyuk enfiou as mãos nos bolsos da frente do moletom, fechou os olhos e respirou fundo, sentindo o vento impiedosamente gelado no rosto. E, por um instante, só existiu. Livre nos minutos que se arrastaram, sem precisar fingir. Só se preocupando em… Ser. Alguma coisa, qualquer coisa.
Então passos ecoaram atrás do seu corpo, leves mas constantes, e ele teve a impressão distinta de que não se tratava de alguém vagando perdido – o ruído vinha com intenção e deliberadamente na sua direção. Chanhyuk não se virou, nem abriu os olhos, como se isso fosse impedir a presença de se aproximar. Mas ela continuou, até parar ao seu lado e se sentar, sem pedir licença.
Não tinha como não saber, com o cheiro carregado de cigarro que a acompanhou. Esse, nem os supressores conseguiam camuflar.
“Eu pareço bravo?” Chanhyuk perguntou primeiro, depois encarou, vagamente desconfortável, o perfil de Eunseo.
Não tinha como esquecer, também, aquele rosto. O mesmo que havia o repreendido – repreender com certeza era uma escolha de palavras – todos esses anos atrás, no exército. Irônico, se não incrivelmente infeliz, como eles tinham se reencontrado justo em Jeju, dentre todos os lugares possíveis, e pior ainda como Eunseo não demonstrava nenhum sinal de reconhecê-lo tão cedo. Ou ele só era realmente bom em fingir indiferença. De todo modo, Chanhyuk estava decidindo, ainda, se aquilo era algo pra melhor ou não.
“Essa é a minha cara de contemplação intensa,” ele disse eventualmente, sem uma mínima contração facial, o que meio que contrariava o propósito da coisa toda. Mas a sua voz carregava um resquício de diversão cansada, numa oferta temporária de paz. “Tem muito esforço envolvido. Mas você não me parece ser do tipo que repara,” uma cutucada sem querer, uma pausa. “O que te traz aqui? Além da… Você sabe. Análise comportamental super errada.”
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Foi assim que lembrou que dia da semana era aquele. Sua expressão disse por ele: é mesmo, faz sentido. Ele sabia, era sempre assim; mostrar que sabia, no entanto, fazia Eunseo perguntar se estava cruzando alguma linha. Se é que tinha alguma que se referia à lembrar do trabalho de seus ex-parceiros. Verdade era a de que Eunseo ignorava muitas coisas sobre isso — afinal, foi ele quem puxou o papo no primeiro segundo, ali.
"Yep" ele respondeu junto da cabeça balançando. "Gelado. Mas" e ênfase foi dada, como se a palavra pudesse ter saído em caixa alta, mas sem a voz alta. Eunseo não costumava levantar a voz para nada. "Temos a opção de escolher quente também agora" as sobrancelhas dançaram para cima e para baixo como se ele tivesse sendo pago pela empresa da máquina. Eunseo sabia o tipo de quente que ela se referiu, mas continuou. Ele se virou, passando o braço por cima do encosto, e apontou. Havia uma máquina ao lado, muito semelhante a mais antiga. Nela, as bebidas eram quentes. Antes, não tinham. Eunseo achava que era porque havia decidido que pipoca amanteigada não combinava com cappuccino barato. "Na próxima, meu cachorro-quente é com latte" brincou, tomando um gole da latinha em seguida. Respondeu Dasom primeiro com a cabeça, mas então acrescentou: "Já vi. Aquela animação, Flow" o sotaque pesou como sempre fazia. Eunseo era inteligente e bom em muita coisa, mas línguas não era uma delas. "Adorável. Já assistiu?" e aí, balançando a garrafinha vazia, caiu no problema antes mesmo de pensar que seria um. Fixou o olhar em Dasom, umedeceu os lábios e em nenhum momento ligou para o resto. "Quer experimentar as opções da máquina nova?"
☆ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀Os pés doíam, mas seguiam dentro dos sapatos de salto. Estes que pareciam ser a única coisa que quebrava o silêncio àquela hora da noite. Mesmo com estabelecimentos funcionando 24h por dia, o fluxo de pessoas na rua naquele horário era muito baixo. Então, não era incomum que acabasse sozinha em certos trechos. O que não era um problema para ela. Dasom já considerava algum tipo de criatura noturna. Se sentia mais à vontade durante aquele período do dia, talvez por hábito.
O casaco era maior que o vestido e estava bem apertado junto ao corpo. Acabou enterrando as mãos nos bolsos pouco antes de dobrar aquela rua. Havia algum tempo desde que voltara a fazer aquele caminho. Tinha evitado por muito tempo, depois do término com Eunseo justamente porque queria evitar o que aconteceu naquela noite: encontrá-lo ali. A visão por si só já trazia lembranças demais. E depois que soube que ele estava com outra pessoa, aí é que não queria arriscar mesmo. Mas agora passava por ali porque já tinha passado tempo demais e a ideia de acabar esbarrando com ele já não era algo que tinha receio. Algo sobre guardar as boas memórias e seguir em frente, tinha ouvido em alguma música.
Sua resposta à pergunta dele foi um dar de ombros. Dias de semana eram mais fracos no trabalho. E menos divertidos também. ━━ Tudo bem... Foi tranquilo no trabalho... Pouco movimento. ━━ Acrescentou a resposta, tentando não deixá-la tão estranha. Mas talvez não tenha feito um bom trabalho. A verdade é que não teria problemas em começar a matracar, mas parecia estranho. O comentário sobre o café, no entanto, arrancou uma risada da mulher depois de remexer em algumas lembranças. ━━ Mas continua gelado? ━━ Perguntou então. ━━ Vai perder parte a magia se estiver quente agora... ━━ Sendo bem honesta, não tinha entrado no cinema àquele horário desde o término. Não era a mesma coisa sem a pessoa que levara lá pela primeira vez, de todo jeito. ━━ Já terminou o filme ou ainda vai entrar?
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Eunseo até segurou o ar. Se ele já havia passado por algo assim? Massageando a mandíbula, ele se compadeceu. "Digamos que em uma delegacia as coisas podem estar entre essas linhas. . ." ele não queria dizer que podiam ser piores. "É, parece acabada mesmo" concordou simplista. "Vocês já instalaram câmeras?"
━ Você acredita que hoje um senhor entrou no mercado e tentou criar uma cena, dizendo que vendemos frutas estragadas? Ele levou uma fruta podre na bolsa, tirou e tentou parecer que a gente colocou por baixo. Lidar com o público é mesmo um saco. Já passou por alguma coisa assim? Eu quase dei um surto com ele, mas tive que acenar e sorrir. Tá vendo minha cara agora? É puro suco do cansaço.
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FLASHBACK. fonte? "fofoca de idoso" & "veio à mim em um sonho" @santigomez
Em Suryun Maeul, enquanto parte parecia animada, ansiava até, outra compartilhava de sentimento semelhante ao de Eunseo: desconfiança. E, naturalmente, desconfiança vinha com desconforto. O que um alfa estava fazendo naquele bairro sozinho? Ao menos foi o que questionou uns dois, que passaram para outros, que passou para Eunseo. Fofocas naquele bairro tão cheio de velhos e jovens era parte do estilo de vida, e desde que o homem estrangeiro havia se mudado, elas sempre reservavam uma linha ou duas para ele. "Ele mora sozinho", "Eu não vi aliança", "Nunca vi nenhum parceiro", "Ele deve ser rico", "Ele é Americano?" — eram alguns dos comentários e hipóteses que Eunseo nunca pediu para ouvir. E até aí, ( quase que ) tudo bem, porque não é como se eles por si só fossem grande coisa. O problema mesmo veio, e então somou, quando o próprio Eunseo ouviu algo vindo do rapaz. Aí, a coisa apertou; as sirenas da sua cabeça foram ligadas e Eunseo decidiu: ia saber quem caralhos era aquele cara e por que porra ele estava ali, dentre tantos outros bairros. Fim do dia, Eunseo se encontrou na porta do homem. O nome dele havia sido o único pedaço de informação no qual as pessoas tinham convicção. Mesmo assim, nem sabia se andava pronunciando corretamente. Eunseo já o tinha visto de longe ou passado rapidamente por durante algumas manhã, mas até então não havia parado para encará-lo de frente ou trocar mais que um comprimento de cabeça. Ali, tinha em mão uma cesta pequena com frutas da estação ( morangos, uvas coreanas e cerejas ) e um bolinho em pote — a cesta mais barata, porque Eunseo não era de fazer muita média com ninguém —, o distintivo no bolso de trás e um olhar desafiador. Porque não era por ser um bom vizinho que Eunseo estava ali. Ele tocou a campainha e esperou. Nesse meio tempo, é claro, teve que cumprimentar o casalzinho de amigas coroas do final da rua e com o joinha delas, ele soube que, mais tarde, muito provavelmente também teria que se preparar para ser parte da próxima atualização do bairro.
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Eunseo chutava que fosse seu cheiro o motivo para que, à priori, fosse bem mais agradável que a carranca de Hyunwoo. Aí, ele abria a boca e mostrava ser um meio babaca que Hyunwoo nunca era. Às vezes, até se perguntava se o outro rapaz conseguia dizer não — e se ele fosse, Eunseo esperava que jamais fosse envolvido nisso.
"Vem cá, está achando ruim?" Precisava tirar essa dúvida fazendo um pouco de cara e boca e drama, como se isso o atingisse de alguma forma. Bufou só para ser a cereja do bolo. Eunseo chegou mais pertinho, quase tocando a testa na têmpora dele. "O que mais eu poderia querer?" segurou um sorriso que combinava o tom que Hyunwoo havia usado. Ambos sabiam; ambos se entendiam. E Eunseo seguia suas vontades quando elas apareciam — naturais ou provocadas —, sem programações.
Foi tão rápido em ajeitar-se para ir que surpreendeu o policial da ilha do outro lado do pequeno e estreito corredor feito para fluxo. Já tinha tudo nos bolsos, com excessão da chave do carro, qual pegou após desligar somente a tela do computador. Ele sorriu para Hyunwoo como quem sabia ter ganhado — novamente; como sempre. Eunseo gostava de fingir acreditar que contra ele, só a filha do outro policial.
"Algum perto da minha ou da sua casa?" Ele mostrou o chaveiro. Se o outro dia fosse de trabalho, deixaria ali mesmo. Não era o caso, e Eunseo gostaria de poder chegar no carro sem precisar enfrentar o metrô. Se despediu dos demais colegas ouvindo um monte de boa noite e vendo um monte de aceno. Uns e outros olhavam e sorriam daquele jeitinho de quem sabe e inveja a noite que ele estaria para ter. Seguiu em frente, mas voltou atenção para Hyunwoo quando abriu a porta do carro. Era parte de suas provocações, mas também do jeito particular de se importar. "Pais primeiro".
Eram em momentos raros como aquele que tinha a sua atenção roubada e o barulho que Eunseo fez com a quase queda foi um deles, fazendo os olhos desviarem dos papéis na sua frente para a figura que vinha em sua direção e o impediu de acabar causando algum tipo de acidente. Afastou a cadeira no momento em que ele se endireitou, voltando a olhar para o relatório que fazia. “Caiu, tô achando que quem tá fazendo a nossa escala é aquela maluca do primeiro andar” Disse sério, porque realmente estava desconfiado disso. E então ouviu o que ele realmente queria com aquela conversa fiada, encostando-se na cadeira para encarar a figura do amigo por alguns segundos. “Você quer só a bebida, hyung?”
O tom debochado de Hyunwoo denunciava o interesse por trás do interesse dele, porque os dois trabalhavam muito bem com isso. E por mais que pudesse parecer que não estava interessado, enquanto aguardava a resposta, pegou na primeira gaveta de sua mesa, a carteira, o distintivo e o celular, dando uma olhada rápida para ver se tinha alguma mensagem da escola de sua filha. “Vamos, antes que eu mude de ideia” Se levantou e simplesmente seguiu para a saída do posto policial.
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Eunseo nem sempre posta algo, mas ele está por lá. Quer teu like? Ele vai dá. Então, não é bom levar como sinal de nada. Quando ele posta, geralmente usa emojis como legenda ou nem legenda tem, porque ele não tem o que falar, acha que as fotos já expressam o suficiente. Às vezes, ele também comenta e é bem comum que seja curto e direto ou faça alguma observação, isso com um humor que pode ser difícil para alguns. . . quase como ele é cara a cara. Como ele usa a rede social é quase como ele é no geral: não faz questão de ser visto, até meio que se isola ( a conta é privada ), mas deixa saberem que ele está vendo.
#hcs!#yudae:social#o hak tendo seus amigos mais próximos menininhas#a suree tendo menininhos#o eunseo tendo planta e gatos de rua porque é um mala
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WOO DO HWAN in BLOODHOUNDS 사냥개들 (2023) Dir. Kim Joo Hwan
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provavelmente, alguma_música_do_latino encaixaria aqui @fuckingivnt
Eunseo quase caiu da cadeira. O corpo foi de tenso para mole em questão de segundos após espreguiçar-se como se fosse a pessoa mais preguiçosa e cansada do mundo. As rodinhas chegaram a rodar e ele foi salvo pelo policial ao lado, que a segurou enquanto Eunseo parecia água escorregando do assento. As costas pediam socorro. Pelo menos o outro dia era sua folga. "Não 'tá dando mais pra ler, pra pensar, pra ser" era como ele se sentia. Eunseo se endireitou na cadeira no mesmo instante em que uma nova gritaria preencheu a delegacia. Felizmente, não era ele quem lidaria com mais outra briga entre nativos e estrangeiros bêbados. "Vai fazer alguma coisa depois daqui? 'Tua folga caiu amanhã também?" ele girou a cadeira para sua esquerda, seu herói de minutos atrás. "Paga uma bebida pro seu hyeong".
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página um, parágrafo irrelevante. você tá fodido @tianlci
se atente: o texto aborda assassinato e a breve descrição de uma cena de crime.
A notícia havia chegado nele antes que fizesse na delegacia. Eunseo tinha um acordo, embora com nenhum papel e assinatura envolvida. Ele dava sua palavra e fazia a sua vista grossa; Tianlei dava a dele e tentava manter tudo sob controle — e os demais seguiam o fluxo. O que se falava sobre o pedaço da floresta quase que sendo da Alcateia Wolnari eram só burburinhos. Oficialmente, a alcateia adentrava como qualquer um podia fazer. O problema é que no primeiro vacilo, as fofocas tendiam a pesar para a verdade. Eunseo não esperou estar ali com aquele cenário. A faixas amarelas terminavam de marcar o lugar cujo acesso seria restrito por um tempo. Os médicos-legistas continuavam trabalhando no morto, encontrado primeiro por um cachorro da fazenda. Eunseo já tinha gasto seu tempo analisando a cena junto deles. A vítima parecia ter menos de trinta anos. As feições assustadas dos policiais iniciantes eram impossíveis de ignorar; casos como aqueles, afinal, não era comum assim. Jeju podia ser bem parada — e embora aquilo o tirasse da rotina pacata, o fizesse usar de outros conhecimentos, Eunseo preferia que Jeju tivesse continuado paradinha. "Lin" ele se aproximou do alfa com a expressão que era uma mistura de preocupação e raiva. Esse segundo nem ele tinha muita ciência. Eunseo gesticulou com a cabeça para que o rapaz o acompanhasse; assim, passou a caminhar para um pouco mais longe da área marcada. "Quem mais de Wolnari 'tá sabendo?" pausou, também parando a caminhada. As mãos foram para os bolsos da calça e o olhar incomum, visto que costumava ser cheio de esperteza e camaradagem para com Tianlei, perfurou a feição do mais novo. "Sabe o que vem agora pra você?"
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o gosto é como o de um café barato @dassoni
Foi uma surpresa quando não encontrou o cara baixinho, de cabelo colorido e muitos piercings da cara. No lugar, quem lhe deu o ingresso impresso foi uma garota de cabelos longos e olhar de tédio, mas um sorriso de quem estava tentando passar mais um dia assim como o próprio Eunseo sorria. Não deu para segurar a língua; ele questionou a falta do rapaz, que pela terceira vez não estava ali. Ele deixou fazem uns cinco meses ou mais, uma outra garota respondeu, a que sempre caprichava na manteiga em sua pipoca, porque era aquilo: Eunseo era um cliente da madruga frequente no cinema. Mas nesse tempo, Eunseo havia diminuído sua frequência. Por uns meses, até chegou à zero. O acidente tinha o consumido; tinha o feito mais isolado do que costumava ser. Depois, beber passou a ser muito mais atrativo que passar mais de uma hora numa poltrona fora da sua casa. Foi só nas últimas semanas que havia retomado o hábito que, seis meses atrás, até havia passado a dividir com alguém. Talvez aquilo fosse um sinal para que parasse de mostrar o apelo de ir ao cinema às 2h da manhã. Talvez, se toda vez que apresentasse alguém aos funcionários, essa pessoa e ele estariam fadados à terminarem — com Daeyeon, de forma abrupta e irreversível. Foi depois do filme que encontrou o outro caso de separação pós cinema. Não que ele e Dasom tivessem terminado logo após um filme em um telão, mas não foi muito tempo depois de aproveitar do relógio dela, nos dias de folgas, para irem pelo menos uma vez ao mês. Às vezes mais. Coincidência, talvez, mas Eunseo achava ter a liberdade de culpar outras coisas por suas maldições. Fazia tempo suficiente, no entanto, que não só não se sentava em um dos bancos na frente do cinema, para esperar um pouco do tempo passar enquanto bebendo um café gelado e ruim, como não encontrava Dasom ali. Vê-la trouxe um rebuliço, seguida de uma melancolia que fez tudo se acalmar. Era sempre meio assim quando a via, mesmo quando com Daeyeon ao seu lado como mais que somente sua parceira de trabalho. Era uma mistura de tristeza com saudades que o fazia querer saber como ela estava e um pouco mais. "Como foi hoje?" Eunseo queria mesmo é perguntar se ela só estava saindo do trabalho mesmo ou iria ver algum filme. Junto à curiosidade, vinha lembranças inevitáveis. Vê-la ali, assim, era sempre como um fantasma, pois havia sido daquele jeito que começaram — embora um pouco mais caótico e nada legal para os babacas que terminaram tontos ao se deparar com a polícia. "Acho que trocaram o tipo de café na máquina" Devia ter calar a boca.
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ㅤ❀ㅤ𝗿𝗮𝗻𝗱𝗼𝗺 𝗵𝗲𝗮𝗱𝗰𝗮𝗻𝗼𝗻ㅤ:ㅤare there any fears your muse still holds from childhoodㅤ?
ele acaba se isolando, mas tem medo de morrer sozinho. ele acaba soltando primeiro, porque tem medo que o deixem. ele acaba ficando bastante em casa, porque tem medo de um dia não ter mais uma. ele não sabe demonstrar amor muito bem e acaba vivendo muito em segundos, já esperando pelo fim que muito provavelmente ele mesmo vai provocar, porque tem medo de ser enganado ou, principalmente, amado e que com esse segundo descubram que ele é um animalzinho carente que não sabe o que fazer com as mãos meio judiadas. e tudo isso é resultado das perdas, das rejeições, da literal falta de um teto e das decepções, quando criança, que o fizeram acreditar que tinha que se virar sempre sozinho e ser aquele a dar o soco antes que soquem ele.
— eunseo da sala de comando de muses da cabeça do narrador.
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if it’s a cold day, how do they keep themselves warm? / what sort of unnecessary noises do they make? / how do they hug?
eunseo é bastante resistente ao frio, portanto que os pés estejam quente. logo, é com meias que verdadeiramente esquentam, aquelas que por dentro é meio felpudo ou de algum tecido diferente assim, que ele parece conseguir regular todo o resto do corpo. e é também bebendo algo quente, geralmente café ou chocolate quente — ele realmente adora o próprio cheiro —, para esquentar por dentro. agora falando sobre barulhinhos desnecessários? ele não é muito de fazer isso. talvez. . . há um certo sorrisinho que ele abre que vem junto de um arzinho do nariz que acaba sendo audível ( e possivelmente irritante na maioria dos contextos porque vem junto de um olhar específico ). . . . mas já que estamos falando nisso. . . comumente, há alguns sons que fazem e irritam eunseo. caralho, como dá nos nervos dele aquelas pessoas que ficam catucando caneta ou batendo em mesa. ele também rola os olhos e enxerga o cérebro quando ouve alguém suspirar pela terceira vez e julga horrores quando soltam um grande "aaaarrhh!" depois de beberem algo muito bom. e para completar: ele prefere facadas direto no estômago, sem piedade, a ter que ficar ouvindo alguém beijando os dentes quando, você sabe, tão tentando tirar algo que parece ter ficado preso. quando se trata de abraços, eunseo. . . bom, ele não é muito dos abraços. quando fazem nele, ele costuma abraçar de volta só com um braço e deixar tapinha nas costas. mas quando parte dele, parece até íntimo; pessoal. ele envolve pela cintura e encaixa no pescoço e te faz se questionar se você significa o mundo para ele ou um lembrete de que ele precisa se agarrar em algo.
— eunseo da sala de comando de muses da cabeça do narrador.
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paris é ali, em uma esquina de jeju @kkotchida
Depois do ritual de sempre, na praia e com Bruno, em seus dias de folga, Eunseo costumava dar-se o luxo de fazer vários nada pela manhã. Mas naquele sábado o plano envolvia talvez fazer nada com alguém. Ou, pelo menos, comer um croissant com alguém — tinha sido esse o resultado do papo bobo com Jaehwi. Eunseo não era bobo; o rapaz era uma graça e, principalmente, tinha humor. Eunseo queria sim estar ali. Em contrapartida, Eunseo era estúpido e vivia em uma missão particular e sem fundamentos de testar as pessoas. Sabe, para ver se elas querem mesmo aturar ele e todos os seus defeitos e maldições. Ou seja, não era para nenhum café chique ou bonitinho que planejava levar Jaehwi; tampouco seria em um carro bacana e seguro. "Tem problema com moto? Meu carro 'tá na oficina" o teste, na verdade, já começava dali. Ele mostrou o capacete extra. A sorte de Eunseo era a cara bonita e o olhar de quem não dá nenhuma foda, porque todo resto flertava com um troglodita. "A gente pode pegar um ônibus também. O ponto é pertinho".
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