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— Call me home and I will build a throne;
Dentre os últimos meses passados ele não se lembrava de sonho tão pacífico, razão pela qual o despertar, para alguém sempre tão ativo, foi milagrosamente tardio naquela manhã de sábado. O corpo movimentou-se sobre a cama com preguiça característica, ainda protegido pelo edredom, mas parcamente. Afinal de contas, aquele deitado ao seu lado fizera o favor de repuxá-lo durante a noite e roubar a maior parte da peça para si; o que em absoluto incomodava Arthur, que estava mais do que feliz de acostumar-se em ter as cobertas surrupiadas por Francisco.
Talvez por isso o sorriso pequeno tivesse atingido os lábios uma vez que ele despertou, o corpo virando-se de lado automaticamente para que o braço contornasse a cintura alheia, ainda que a tarefa fosse um tanto difícil. O homem ao seu lado encontrava-se enrolado no cobertor, afinal, mas Arthur abraçou o bolinho protegido que era o moreno e deixou que o nariz achasse lugar na nuca alheia, inalando do perfume já tão conhecido do namorado.
Há alguns meses atrás, ele provavelmente não acreditava que isso seria possível. Ele não sabia se ele e Francisco realmente tinham grande chance quando tornaram à sair depois de todos os anos separados, mas o destino mostrou-se certo e a escolha precisa uma vez que agora ali, em sua casa, em seu quarto, ele se via na presença alheia e mais do que feliz por terem no dia anterior, finalmente, oficializado a volta do namorado. Por isso mesmo ele selou a pele quente do pescoço alheio, abrindo os olhos devagar apenas para encarar as pintinhas na nuca e os cabelos escuros com carinho típico. Se dava pra ficar mais feliz? Ele não sabia, mas sinceramente tinha tudo que queria consigo ali, naquele momento.
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Just casually losing my mind over Pierson Fode as pretty boy Damon. (All gifs from here.)
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Thomas Forrester goes Maverick
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Arthur tava mais do que feliz de estar no Rio. Reencontrar os amigos depois daquela temporada fora e passar o ano ali tava sendo maravilhoso, especialmente porque ele logo ia entrar numa viagem que roubaria duas semanas de sua vida; melhor mesmo era aproveitar o tempo enquanto tinha.
Saia com Gustavo, com Oliver, com Tavinho e dava ainda umas passeadas sozinho com Franz, curtindo o calor do Rio de Janeiro e suas praias. Tempo tava sempre sobrando, graças a Deus. Por isso quando Tavinho ligou pra ele e informou da situação com o bichano, o veterinário não pensou duas vezes antes de ir atendê-lo em seu apartamento.
Logo que o porteiro liberou sua passagem ele subiu pelo elevador e, ao finalmente chegar ao andar, tocou a campainha, o sorriso já grandão na boca. Tava doido pra ver o tal do gatinho e ajudar o amigo!
miau au; tutu
( @rjsp-tutu ) E lá estava Otávio, sentado na sala de casa com um filhote de persa acinzentado brincando com todos os fios, menos com ele. Tavinho nunca aprendeu a cuidar de bichinhos, mesmo que sei pai tivesse um gato, sua vida toda ele conviveu com cachorros e cachorro era fácil. Você jogava ele lá, brincava um pouquinho com ele e pronto. Só alegrias. Quando percebeu que o gatinho não estava querendo comer, Otávio mandou uma mensagem para a melhor pessoa para cuidar de animais que conhecia: Arthur. Explicou o que acontecia e esperou pela chegada do amigo.
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Com o cantarolar alheio Arthur deu risada e apenas encolheu os ombros, como se a questão ali não fosse com ele. A verdade é que o mais alto ali era dos mais ecléticos, ele conseguia realmente ouvir de tudo, embora sua preferência pelo rock clássico se mostrasse bem clara pra qualquer um que pegasse seu iPod.
De toda maneira, o foco de sua atenção não tardou a deixar de ser a música. Afinal de contas, saber que Francisco pensava em deixar o curso o fez até entreabrir os lábios e se mostrar pensativo. — Eu acho que se você num tá gostando e tá realmente pensando nisso... É o melhor. Quer dizer, você tem que fazer o que te deixar feliz mesmo. Se isso não é biologia ou mesmo História da Arte não tem problema, mas faz o que você quer fazer mesmo. O tom de voz, apesar disso, pingava preocupação. Arthur sabia que com isso seu tempo com o possível futuro namorado diminuiria, mas ele não iria jamais orientá-lo a fazer diferente se isso lhe custasse a própria alegria. Na verdade, foi por isso mesmo que ele se limitou a continuar acompanhando-o até o fim da exposição antes de pegar a mão alheia com a sua, e mover o rosto em direção à saída que os aguardava e na qual desejava logo chegar. — Vem comigo, eu quero te levar num lugar.
New Perspective (Flashback) — Tutu & Franz
— Laaaayla… — Cantarolou o refrãozinho da música porque o rapaz tinha feito com que Francisco adorasse o acústico da canção em questão antes de rir da coisa da Madonna e negou com a cabeça, no ar. Ele realmente nunca tinha entendido o que as pessoas tinham com aquela mulher. Nunca tinha sido a praia dele, Arthur bem sabia que o moreno gostava mais de barulhos de guitarra.
Os passos iam de pintura em pintura, em casa uma Francisco se detinha com mais ou menos atenção, sendo bem óbvio quando ele considerava algo desinteressante, porque ele olhava umas duas vezes bem rapidinho e se nada lhe enchesse os olhos, ele caminhava para a próxima. Assim ele não levava um tempo absurdo na exposição e por isso mesmo ele não concordava com a visão do veterinário. — Não. Apesar de eu estar querendo desistir do meu curso atual… — Confessou em tom leviano, mas sabia que Arthur quereria discutir o assunto, afinal, eles só passavam o tempo que passavam juntos porque estavam na mesma faculdade e os dois na área de biológicas. — Não acho que eu me daria bem em História da Arte. Tem muita coisa superestimada que eu não gosto.
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Arthur, por sua vez, não fez a mínima questão de esconder nada. Especialmente o sorriso vitorioso e extremamente feliz que se plantou nos lábios de ver Francisco daquele jeito, que dava vontade nele de dar um abraço daqueles de urso e apertar ele muito bem entre os braços. A reação quase tímida do empurrãozinho só fez ele soltar uma risada gostosa, especialmente com aquela história de cantores favoritos. Ele chegou a olhar pra cima no ator, besta de tão feliz. — Já, já falou umas duas vezes e meu cantor favorito vai continuar sendo o Eric Clapton. E a Madonna, mas é segredo. Ele brincou, só pra fazer o mais novo rir um tanto antes que a mão fosse bagunçar os fios alheios antes de irem pra próxima pintura.
Arthur o ouviu com atenção, acabando por cruzar os braços à frente do corpo, postado atrás de Francisco como um guarda-costas. — Eu acho que você num precisa saber desenhar pra isso... ‘Cê podia fazer História da Arte. Eu bem consigo te ver como curador de um lugar assim... Com, sei lá, um cara bem legal vindo aqui te visitar na hora do almoço... Num sei... Disse, fingindo um desinteresse que claramente não existia.
New Perspective (Flashback) — Tutu & Franz
Quando Arthur dizia aquele tipo de coisa, Francisco queria morrer porque era muito brega, mas era por ser muito brega que ele adorava e achava bonitinho e queria enterrar a própria cabeça na parede ou no chão para não ter que passar por aquele tipo de coisa que o fazia sorrir bem largo e sentir vergonha ao mesmo tempo. Deu um empurrãozinho brincalhão no rapaz, sem ter nem ideia de como reagiria de outra forma mesmo que fosse assumido e todas essas coisas. Ele tinha certeza que isso era algo que nunca mudaria.
— Já falei que às vezes me surpreendo muito que teus cantores favoritos não são o Falcão e o Reginaldo Rossi?
Caminharam para a próxima pintura e entre análises mentais, o moreno finalmente respondeu. — Não é que eu tenho o olho bom, é que eu gosto. Eu cogitaria estudar isso se eu conseguisse desenhar qualquer coisa melhor que uma criança de 8 anos. Aliás, tem criança de 8 anos que desenha infinitamente melhor do que eu jamais desenharei.
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E daquela parte Arthur ainda pouco sabia. Ele não tinha ideia do quão profundo era o buraco no qual Franz fora pouco a pouco caindo, mas devagar a perspectiva e, por vezes, uma tristeza que o mais novo tentava não demonstrar lhe causavam preocupação suficiente pra curiosidade emergir e ele pensar em fazer uma pergunta sobre o assunto. Até agora, porém, ela ficara foi presa na garganta, porque outra muito maior e mais importante lhe rondava a mente por aqueles dias e ele pretendia botá-la pra fora logo.
Disso ele tinha certeza, especialmente quando ficava vendo Franz daquele jeitinho, imerso em seu mundo próprio e se perdendo nas obras que tanto ansiara por ver. Não bastasse isso, de brinde vinham os sorrisos que Arthur já adorava e, no fim, só lhe restava perdoar as limitações impostas, aceitando-as de bom grado só pra ficar perto dele, acompanhando com olhar atento e carinhoso tudo que ele olhava também. Chegou mais perto do futuro biólogo só pra poder ouví-lo melhor e sentí-lo mais pertinho. Com a observação feita sobre o quadro ele riu baixinho e fez sua confissão. — Você tem um olho pra essa coisa muito melhor do que eu... A única ordem que eu consigo enxergar no momento é a dos quadros na parede. Ele falou, mordiscando o inferior embora a admiração pelo trabalho do artista estivesse claramente ali. — Até porque fica difícil admirar duas obras de arte ao mesmo tempo. E aí ele já olhava pra Francisco com um sorriso aberto, descarado e bonito, piegas do jeito que era.
New Perspective (Flashback) — Tutu & Franz
Francisco sabia da dor que aquilo causava em Arthur, aquela recusa silenciosa a aceitar o que tinham publicamente e entendia o quão cansativo aquilo podia ser melhor do que ninguém. A vida toda do moreno era alicerçada nesse tipo de sentimento, no qual ele não assumia as coisas e essas coisas iam para um buraco e eram colocadas junto da timidez, da insegurança e da falta de amor próprio e, posteriormente, afogadas com antidepressivos. Mas sempre emergiam, recuperavam-se muito rapidamente para atrapalhar a vida de Francisco de novo. Deveria ser por isso que ele tinha que tomar os remédios dele todos os dias, só para evitar que as coisas transbordassem.
Inspirou fundo e tentou deixar a coisa passar, se aninhar no meio das coisas às quais a gente se acostuma de entraram na exposição, que logo de cara ganhou um sorriso do futuro biólogo. Dava a cada obra um bom tempo para ser analisada e lia todas as informações dispostas ao longo da exposição; Francisco era um nerd e adorava saber das coisas. Quanto à arte por si só, ele tinha grande interesse e nenhuma aptidão, mas adorava ver. Chegava tão perto, graças ao grau fraco dos óculos, que teve a atenção chamada algumas vezes para ficar atrás da linha branca e, mesmo assim, ficava esticando o pescoço. A culpa era do museu por escrever o título da obra tão pequenininho daquele jeito.
— É muita paciência pra prestar tanto esmero aos detalhes. Olha isso aqui… — Apontou um pedaço da obra, ignorando a parede imaginária que a linha do chão supostamente criava. — Dá quase pra ver a ordem das pinceladas.
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A estranheza do motorista não foi percebida por Arthur, que parecia mais preocupado em olhar o relógio por um instante e checar se suas coisas estavam no lugar, embora o que lhe tivesse logo chamado a atenção foi o jeito de falar do até então suposto carioca ao seu lado; graças a conversa que começava a se manter e se mostrava agradável, também. — Olha, eu sempre tenho a impressão que tô na boca do inferno quando venho pra cá, mas no bom sentido... E você num é daqui, é? É de São Paulo? Ele perguntou, se recostando melhor ao banco e também abrindo o vidro; tanto pro seu bem quanto pro alheio, porque o homem bonito do seu lado tava de camisa, Arthur ainda estava sem nada que não fosse a bermuda e seus chinelos.
Um dia ele haveria de compreender aquela decisão por táxi sem ar condicionado que mais parecia um atentado contra a humanidade, por sinal, mas ele não expressou quaisquer reclamações e focou-se foi no moreno, as irises azuis fixas nas castanhas da pessoa que acabara de conhecer, mas que lhe chamara a atenção; pelo sotaque, pela simpatia e pela beleza também. — Que nada! Visitando um amigo mesmo, só passando o fim de semana. E você?
Take a ride with me — Tutu & Martim
O riso ainda soou por mais alguns segundos, com Martim passando a mão destra pela barba pra passar o tempo – e o susto. Era o pavor que ainda acompanhava o paulista nos pequenos sobressaltos pela cidade, e aquele preconceito de quem acha que o Rio sempre vai ser mais perigoso que qualquer outro lugar. Ironicamente, as duas únicas vezes em que o publicitário foi assalto ele estava é bem do lado de casa, mesmo. — Num dá pra te culpar, ‘tá calor demais e a praia ‘tá bonita, né? — Ele havia percebido pela entonação dos r’s alheios que falava com outro paulista, daí a compreensão daquele encanto todo sobre a praia. Nos primeiros meses, não havia quem pudesse tirar Martim da orla. Foi só se queimar demais que ele aprendeu a medir melhor o seu tempo de exposição ao sol.
O taxista parecia estranhar aquela camaradagem espontânea entre eles, especialmente depois do susto que acuou todos os ocupantes do carro. Ele demorou, e só pegou o transito quando confirmou algumas vezes com o moreno se realmente poderiam ir. E Martim estava cada vez mais tranquilo, abrindo a janela do carro quando viu que ainda tinham um pouco de transito pela frente – e muito sol logo em cima do carro (sem ar condicionado, porque alguns motoristas gostavam de ver o mundo queimar).
Agitando a camisa escura pra fora do peito, o mais velho tentava arranjar algum alivio que fosse. — ‘Tá de férias? — Pelo andar das coisas, eles ainda passariam muito tempo juntos, então uma conversa a mais ajudaria a passar o tempo.
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Quando sua presença foi finalmente notada o sorriso já largo do grandão cresceu ainda mais, anuindo aquela pergunta, pronto à cumprimentá-lo. Não contava com o abraço, pra ser sincero, mas o retribuiu de muito bom grado, caloroso do jeito que era e bem satisfeito por fazer novas amizades. — Tarde, Beni! Ele disse, soltando-o uns instantinhos depois e já se sentando também. Com a mão fez gesto de dispensa com aquela observação de demora.
— Imagina, num tem problema nenhum! Se você num se atrasar um pouquinho que seja em São Paulo, você não tá em São Paulo. Ele observou, rindo e já pegando o cardápio ao que o corpo manteve-se relaxado contra à cadeira. — E aí? O que você tá afim de pedir?
pausa pro café - beni&arthur
Depois de ficar preso por um curto período em meio ao trânsito paulista, Beni finalmente chegou no lugar que havia marcado com o mais velho. Antes de descer do carro, certificou-se de colocar o óculos de sol mesmo que estivesse chovendo, sua única intenção era tapar as olheiras causadas pela noite mal dormida antes da viagem. Pegou também o carregador portátil na mochila e saiu, deixando-a para trás.
Adentrou no restaurante rapidamente depois de dar uma corridinha na chuva para não se molhar muito. Por um instante, cogitou em perguntara para a recepcionista se Arthur já havia chegado, mas desistiu ao ver o loiro em pé, sorrindo e acenando para ele. — Arthur? — Bernardo sorriu e o abraçou. Dentro do ambiente, fazia um calor desagradável para Beni, também não era pra menos, afinal, passar o dia inteiro cercado de ar condicionados, deixa qualquer ambiente futuro sendo um inferno. A única solução para o moreno foi prender a cabeleira em um coque no topo da cabeça e tirar a jaqueta de couro que vestia. — Desculpa a demora, peguei um mini engarrafamento vindo pra cá.
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DUMP02 - Baked Potatoes
Info: Sobre aquela situação em que você bem que tenta só comer com o ex, mas acaba rolando mais que isso. Com Arthur e Francisco.
Queria dizer pra si mesmo que aquela euforia não era nada, que a ansiedade era meramente pelo fim da viagem, que a vontade de dar risada do além era porque estava de bom humor. Mas ele sabia que a razão era uma só: Francisco. Arthur não estava secretamente contando os dias pra voltar pra adaptar o filhote de jaguatirica ao zoológico, quer dizer, isso também. Mas era, em maioria, por Francisco.
Porque ia encontrá-lo, porque ia até o apartamento dele, porque ia cozinhar pra ele. Como acontecia antes, há cinco, seis anos atrás. Quando eles estavam juntos e a vida parecia menos complicada até se complicar de novo. Até a distância, o medo e as inseguranças se infiltrarem no namoro e desgastarem as coisas, de um jeito que resolveram terminar tudo de uma forma, na verdade, muito mal acabada.
Seria a primeira vez que eles iam ficar sozinhos, sem gente por perto, só os dois. E quando Arthu o viu ali parado, com seus óculos escorregando pelo nariz pra recebê-lo, ele sabia que estava meio encrencado. Inclusive agora, esperando as batatas terminarem de cozinhar com o guardanapo de pano entre o ombro direito e o pescoço, mordiscando o inferior enquanto olhava pro forno e, por vezes, pra Franz. Quando seus olhares se cruzaram ele sorriu, largo e tranquilo como sempre. — Tá quase pronto... Pega o recheio pra mim? Tá no microondas. — Ele falou, referindo-se ao estrogonofe feito mais cedo e que trouxera consigo, sem batata palha.
Foi só depois do convite rolar e das coisas serem acertadas que Francisco percebeu o que tudo significava. Ficaria sozinho com seu único ex-namorado e logo o caso mais mal resolvido da sua vida. Também, o único caso que durou mais do que sete meses... E a ansiedade que já lhe era uma companheira constante foi irritante durante os dias de espera. Pior foi seu pessimismo, que já imaginava mil cenários, dos piores aos mais errados e todos pareciam bem bacanas de acontecer, mas com péssimas repercussões. Por menos escorpiano que o escorpiano fosse, uma coisa normalmente ele tinha decidido: acabou, acabou. Talvez pelo fato de Arthur ser outro escorpiano pouco escorpiano, era daquele jeito que a relação dos dois era após quatro anos de fim de relacionamento.
Por isso, preferiu não se arrumar nem nada. Não era como se não tivessem intimidade (e era justamente esse o problema, eles ainda tinham e ela andava bem estranha). Então o recebeu de calça jeans, a mesma que tinha usado durante o dia, uma camiseta simples com a gola bem larga com um cardigã por cima do tecido mais fino do mundo, com as mangas arregaçadas. Também não era pra receber o ex de pijama.
Francisco morava num apartamento pequeno no meio da liberdade, ainda na parte que os turistas sempre conhecem. Tinha um quarto só, separado da sala e da cozinha e um banheiro bem modesto, mas era bonitinho e há umas três quadras do metrô, só. Cup noodles nunca faltava pra ele, mesmo que fosse de uma marca chinesa qualquer. A perspectiva de comer a comida de Arthur em minutos era um paraíso na terra, porque o míope na cozinha só servia para não morrer de fome. Durante aquele preparozinho, conversaram aquelas coisas banais de “o que você tá fazendo da vida agora” “foi fácil chegar” e conversinhas pequenas que entre os dois não eram incômodas. — Aham. — Foi até o aparelho, abrindo a porta ruidosa do mesmo e tirando o potinho de plástico de dentro. — Não tem que esquentar isso não, Tutu?
Mas nada de ruim aconteceu. A batata não queimou, Arthur não foi comido por um tigre naquela tarde no zoológico, nem se perdeu no caminho da vida até a liberdade. Ele nem ficou com medo de deixar o carro na rua, na verdade, porque ele não sentia medo de nada perto de Francisco, embora o outro provavelmente não tivesse ciência do fato. Francisco quase nunca tinha, aquela cabecinha trabalhava em ondas diferentes, as quais Arthur ainda tentava entender, mas não era como se ele desgostasse disso. Tudo que o compunha o atraia e, mesmo depois de tanto tempo, tal fator não tinha mudado. E era justamente isso que preocupava um pouco o veterinário.
O que tava diferente e o que tava igual? O que ia acontecer dali pra frente? O que ia acontecer agora? Justo ele, sempre tão paciente, se via meio perdido nas possibilidades e na relação estranha que mantinham, que lhe era tão estranhamente... Boa. Dava um frio na barriga que ele não sentia faz tempo. Era assustador.
Mas enquanto ele desligava o fogão, tentava não pensar nisso. Vendo a confusão alheia com o estrogonofe, Arthur deu uma risadinha, sorrindo meio bobo ao som do próprio apelido ao que aproximou-se do editor. — Acho que não... A batata tá bem quente, mas vamo colocar uns minutos. — Disse por fim, as mãos grandes indo segurar o pote que também era segurado por ele, os dedos se tocando no processo e enviando pequeninas correntes elétricas por seu corpo ao que botou a vasilha de volta no micro-ondas, onde ela ficaria por quarenta e cinco segundos nos quais o maior tentava provar a si mesmo que aquilo há pouco sentido era normal.
— Não dá uma de baked potato, sempre que como lá, parte do meu recheio tá frio. — E por isso ele quase nunca comia lá, embora gostasse de batata assada com uns recheios loucos. Entregou o pote desviando o olhar por meio segundo quase com vergonha, mas era algo tão simples que não tardou para que Francisco jogasse no cofre da sua mente o toque entre as duas mãos. Agora sim as coisas estavam entrando na montanha-russa de reticências ao invés de pontos finais e ele pediu licença para passar para o outro lado enquanto quarenta e cinco segundos passavam-se ao som do micro-ondas e da televisão na sala, onde os dois combinaram que seria uma ótima ideia assistir um filme enquanto comiam batatas quentinhas e provavelmente sofriam por dentro.
Ou melhor, enquanto Franz sofria, porque não achava que Arthur tinha metade das crises que ele tinha estando ali e tudo mais, afinal, ele era muito melhor resolvido que o vendedor. E eles nem tinham decidido o filme ainda, mas o mais novo já tomava notas para não apagar as luzes daquela vez. — E o fim de semana no Rio, como foi?
A risada que Arthur deixou escapar, a despeito daquela estranheza por toque de mãos tão simples, foi realmente sincera. — Vou abrir um food truck de batata, você nunca mais vai passar isso na vida. — Prometeu, meio brincando meio sincero, porque parte dele realmente faria qualquer coisa por Franz. Inclusive ser tão bobo, como ele se sentia agora, observando-o passar por si e ir pra longe de seu alcance, muito infelizmente. — Pronto! Agora a gente monta essas belezinhas.
A declaração foi acompanhada da retirada da vasilha do micro-ondas e, poucos instantes depois, da assadeira com as batatas do forno. Arthur usou de uma faca e um garfo pra abri-las ao meio, ajeitando o estrogonofe ao centro com a ajuda de uma colher enquanto o respondia, já mais tranquilo. — Ah, foi bem legal! Vi os amigos, consegui fazer a transferência da Greta pra cá, fiz uma tatuagem, surfei... Sabe, tudo tranquilo. — Garantiu, encolhendo um tanto os ombros, como se o fato de ter feito uma tatuagem não fosse incrível o bastante; praquelas coisas Arthur era meio bunda mole. Mas bunda mole ou não ele conseguiu e se ele tinha conseguido fazer uma tatuagem como aquela no ombro, ia conseguir ajeitar aquele jantar pra eles e a noite ia ser tranquila... Certo? — Sala? — Perguntou, parando atrás dele com dois pratos, um para si e outro para o vendedor, com a comida já servida. Com ele o serviço era completo e a angustia de estar tão perto e ao mesmo tempo tão longe de Franz também.
— Você. Você fez uma tatuagem? — A incredulidade veio estampada no sorriso de Franz em segundos, que até agora não tinha visto a arte permanente no veterinário. Mas o mais divertido era pensar que ele que estava com Francisco quando este fez sua primeira tatuagem no braço, a das teclas do piano e era justamente o veterinário quem tinha sofrido mais. Foi sua vez de rir, mas nem pediu para ver a tatuagem porque era no ombro e ele tinha certeza que não ia ser fácil de ver sem que a camiseta saísse de cena, mesmo que por segundos. Acabou por pegar os talheres e pratos, deixando o mais velho lidar com as coisas quentes que nem sua mãe tinha lhe ensinado muitos anos atrás enquanto ele cuidava do estrogonofe morninho.
— Bora. — Foram para a sala e, acostumado, Francisco ia comer no sofá mesmo, apesar de ter uma mesinha. O computador estava perto de onde ele sentou, ou seja, ele podia abrir o Netflix e o Popcorn Time para que os dois escolhessem alguma coisa para assistir. Uma das vantagens de Francisco, que era cinéfilo assumido, era que ele nunca se importava de ver o mesmo filme duas vezes. — O que você quer ver?
— Aham e nem chorei. — Garantiu, chegando a soltar uma risada, já que isso aparentemente era o que todo mundo esperava dele, mesmo; a mãe, a irmã e os amigos que não pararam de encher e dar risada enquanto ele fazia suas caras de dor cada vez que a agulha ligada a maquininha deslizava por seu braço; o que era bem ridículo pra uma pessoa do tamanho de Arthur. Mas o fato é que tinha valido a pena e ele estava muito satisfeito, ainda mais agora, por ser razão da admiração alheia. — Depois eu te mostro, se quiser. — Ofereceu, as palavras saindo de seus lábios num tom mais casual do que tinha desejado... Ou será que não? Naquela altura do campeonato, Arthur já não sabia dizer direito. De toda maneira, seu foco foi chegar no sofá sem derrubar a comida, o que felizmente conseguiu, entregando a Francisco o prato dele, o próprio prato logo ficando sobre o seu colo e a curiosidade recaindo sobre o notebook do ex-namorado ligado ao lado deles, prontinho pra ser usado. — Hmmm.... Qual foi o último filme muito bom que você assistiu? É esse que eu quero ver. — Disse-lhe, sorrindo largo e já espetando a batata recém-recheada com o garfo, pronto a comer, apenas aguardando que ele fizesse o mesmo.
— Ih, ultimamente eu ando viajando tanto que nem tô vendo muita coisa. — Era verdade, mas não por isso ele deixava de ver pelo menos uns três filmes por semana. — Vamos ver DivertidaMente que eu ainda não assisti. — Outra coisa ótima de Francisco com cinema era que raramente ele torcia o nariz logo de cara para um filme. Tinha seus preferidos, não ia negar que preferia os filmes “cabeçudos”, mas adorava cinema pela diversão e não para pagar de culto. — Se formos ver algo que eu já vi, eu vou querer ver Interestelar de novo. — Frisou o “de novo”, porque já tinha assistido o filme umas cinco vezes.
Caçou o filme no programa e não no site que assinava e o colocou para carregar, enquanto cutucava a comida e dava uma garfada modesta mais na carne que na batata. Tudo quentinho como deveria estar, sem contar que estava delicioso, mas isso já não era novidade. Arthur sempre cozinhou bem.
— Mas tá legal o trabalho? Quer dizer, apesar das viagens serem cansativas. — Perguntou, talvez um pouquinho preocupado. Arthur sempre desejou as melhores coisas pra Francisco, especialmente que ele encontrasse algo que o fizesse se sentir realmente feliz. — Eu tô atrasado nos seriados que eu tô assistindo tudo. — Confessou pra dar continuidade ao assunto, parecendo um pouquinho triste por isso. Arthur também amava cinema e amava seriados e talvez por isso tivesse tantas boas lembranças de tardes preguiçosas assistindo alguma coisa com Francisco. E talvez por isso estivesse se sentindo tão bem, de poder fazer isso de novo. — Eu num vi DivertidaMente ainda também! Cê quer ver esse? Interestelar eu topo também porque é muito bom, mas eu tô com um pouquinho de medo de dormir, porque eu tô acordado desde as quatro e meia da manhã. — Embora ele não parecesse tão cansado, Arthur não tinha descansado direito ainda por aqueles dias. Preocupação com a irmã, em não faltar com os amigos que o receberam tão bem, em fazer direito seu trabalho. Pra um cara preguiçoso que nem ele, que normalmente dormia umas oito horas, aquilo era inédita; mas obviamente nessas horas o vício em café vinha bem a calhar.
Ele levou o pedaço cortado de batata à própria boca quando viu comendo, bem satisfeito com o prato preparado, pegando mais da batata logo enquanto assistia Francisco procurar o filme. A cabeça acabou por pender pro lado do rapaz, um pouquinho, olhando o programa com curiosidade pra ver se não tinha saído nenhuma novidade e também porque o perfume leve que o ex-namorado usava não tava ajudando muito.
Muitos seriados, muitos filmes, mas, especialmente, muitas produções deixadas pela metade ou assistidas mais de uma vez porque os namorados da época distraíam-se com outras coisas. E muitas discussões sobre o filme ser bom ou não; em toda sua estranheza, o vendedor não ligava de ver um filme ruim, ou assumir que gostava de um filme ruim e normalmente os dois discordavam nos filmes de heróis – que Arthur gostava e Franz também, só que de forma mais crítica.
— Então sem filme de três horas pra gente. — Disse quase pontuando o filme finalmente carregado e começando com as vinhetas dos produtores e estúdios como de praxe. — Por que acordado tão cedo? — A conversa agora fluía entre garfadas e olhares na tela e, vez ou outra, realmente cara a cara, em indícios de curiosidade.
Arthur gostava de cada filme bobo que seria o último a julgar o gosto de Francisco, e seriados bobos também; ele tinha assistido Glee inteiro, pelo amor de Deus. Pra simplificar, ele estaria feliz com qualquer filme gostosinho e ponto. Deixou o Corpo escorregar um pouquinho no sofá, ficando numa posição um pouco mais largada e confortável, os olhos pregados agora no notebook, acompanhando o comecinho da animação e comendo. — Hmm... Eu tinha que pegar o voô as sete, só que antes disso tinha que buscar o filhote de jaguatirica no zoológico. Então eu tive que ir num lado da cidade, pra depois ir pro outro. — O torcer de lábios era típico seu frente a algum desgosto e, com toda certeza do mundo, ter que acordar antes das seis era um sinal de desgosto.
Mas ele ia sobreviver e já estava terminando sua batata, por algum motivo prestando mais atenção nos fiozinhos bagunçados de Francisco, que estavam ali pertinho, do que na tela em si. — Cê quer... Que eu pegue algo pra gente beber? — Perguntou, meio distraído ainda.
— Te entendo bastante... — Ele não gastava com viagens; já que não tinha carro, nem carteira, normalmente a editora bancava os aviões. E em geral, ele conseguia um lugar pra ficar no Rio, na casa de amigos e qualquer coisa, o que fazia seus empregadores muito felizes pela rara despesa com hotéis. — Eu nem peguei o cabo hdmi mesmo, você quer ver na cama? — Três, dois, um... Francisco se xingou mentalmente umas dez vezes pelo convite que saiu natural, resultado de, hã, passado. Embora normalmente fosse na cama de Arthur e raramente na dele. O ambiente era novo, o tempo era outro, a situação era totalmente diferente e ele conseguiu resgatar algo dos tempos em que os dois estavam juntos.
O moreno, uma vez assistindo um filme, conseguia conversar sobre outras coisas e tudo mais, até desviar o olhar da tela de vez em quando, mas sua atenção às películas em geral era praticamente inabalável. O que fazia dele uma pessoa que só sofria com filmes de suspense e terror com sustos repentinos. E agora ele estava meio desconfortável, fazendo seu máximo para só comer a batata e esquecer o que tinha acabado de fazer. — Tem daquele suco Do Bem na geladeira. Só quero se você for mesmo levantar pra isso. Quer que eu pause o filme?
— Te fazem fazer esses horários loucos? — E aí o rosto do maior ganhou ares de preocupação de novo. Mas a preocupação foi substituída por um mínimo de vergonha do homem alto e sempre tão tranquilo, pelo convite recebido. Eram só tantas lembranças, tanta coisa e tanto sentimento que o coração deu um pulinho que Arthur não queria que tivesse dado e, talvez por isso, ele tivesse ficado olhando pro rosto alheio por uns bons instantes, quase se beliscando pra ver se era real. — Ah... Você quem sabe. Eu fico confortável de todo jeito. — Garantiu, sorrindo lateralmente enquanto observava Francisco ainda.
O suspirou saiu lento dos lábios e, sem refrear a si mesmo, embora o tivesse cogitado, Arthur deixou a mão ir até os fios escuros do ex-namorado, acariciando-os próximo à região da nuca, bagunçando-os logo após para aí levantar-se antes que tivesse de encará-lo por seu próprio feito. — Vou lá pegar, já volto! Num precisa pausar. — Agora o filme passava longe de sua mente. Uma vez na cozinha, Arthur levou a mão ao próprio rosto, xingando-se mentalmente também, querendo realmente se matar só um pouquinho. Talvez aquele carinho fosse ir longe, talvez só tivesse piorado as coisas. Mas tocá-lo por um instante que fosse tinha sido tão bom que Arthur tava ali agora, que nem idiota, querendo fazer de novo e se dar um soco ao mesmo tempo. Optou por só pegar o bendito do suco, colocar em dois copos e levar de volta, entregando um copo a Francisco antes de se sentar. — Que que eu perdi?
— Tem que chegar lá na editora às oito pra reunião, então tenho que estar pelo menos às sete no Rio, então meu voo é pelo menos às seis... Já viu né. — Bem, confortável de qualquer jeito, Francisco não voltou atrás do convite que já tinha feito e bem, se ele quisesse, eles iriam para a cama.
Espera. Não no sentido como isso soou.
Colocou a batata de lado, sem recheio nenhum, praticamente só a casquinha. Na verdade até se levantou para largar o prato vazio na mesa e aí já que estava de pé, pausou o filme e se ocupou em pegar o tal cabo e ligar o mesmo na televisão e no notebook, passando a imagem do filme para uma tela bem maior e tornando a experiência melhor. O nervosismo de ter o ex ali o tinha feito esquecer de fazer algo tão básico e ele tinha acabado de se jogar no sofá quando o rapaz voltou com o suco, que ele bebeu mais da metade logo de cara antes de dar o play.
É... O que ele tinha perdido? A resposta mental foi a tantas possibilidades, mas tudo foi apagado em segundos da mente usualmente turbulenta do moreno. Arthur tinha é perdido a cara de “ainda bem que você saiu daqui ou eu não ia ser muito responsável pelas reações”. Outra coisa que foi logo apagada. — Nada, não, eu passei e botei o negócio na televisão, fica melhor assim. Senta aí. — Não fazia diferença ficar ou não ficar nervoso, então pelo menos o moreno decidiu largar mão de ficar medindo muito as coisas. Era para ser divertido. Di-ver-ti-do. Já que estavam se vendo depois do fim do namoro, não deveria ser aquela coisa toda e Francisco determinou que agora ele se acostumaria às sensações causadas pelo contato à sós com o veterinário.
— Sabe, eu tava pensando...Num é melhor ir na noite anterior? Aí dá pra você dormir lá e não ficar tão cansado, quando tiver reunião. — Sugeriu, referindo-se a conversa que tiveram há alguns minutos atrás, ainda fresca na mente do homem que piscou um tanto surpreso de ver o filme agora na TV; e talvez decepcionado por não irem pro quarto, mas nada falou.
Arthur tinha que se ligar, até parece que Franz tava mesmo querendo ir pro quarto com ele. Até parece que ele tava nervoso... Por ele? Ele parecia nervoso, um pouco pelo menos, especialmente pelo jeito que bebeu o suco. Aquilo tava tudo errado e Arthur estava mais do que detestando não poder tocar Francisco, por pouquinho que fosse. E talvez fosse o destino ou sei lá, mas quando se sentou a mão acabou por pousar sobre a alheia, retirando-a um instante depois em meio a um riso sem graça. — Foi mal, sem querer! — Ele soltou, botando seu copo na mesinha próxima ao sofá depois de tomar todo seu conteúdo em umas poucas goladas.
Não tinha sido nada mal, mesmo, sentir a quentura alheia através de toque tão simples. Era uma tortura doce, mas ele não queria mais tortura. O veterinário era sempre paciente, mas uma vez que tivesse uma decisão em mentes, era extremamente difícil refreá-lo. Por isso ele ficou um tanto sério quando olhou Franz de novo, bem fundo nos olhos, e pegou a mão dele com a sua mais uma vez. Ele apenas avaliou o tamanho da sua sobre a alheia por um instante, aí passou a sua por baixo e a segurou, entrelaçando as falanges. — Se você não quiser, você pode soltar. Agora é de propósito. — Disse, sorrindo meio lateralmente, os olhos pregados na tela da TV, o coração dando uns pulos. A bebê Riley, no filme, já não era mais um bebê.
Arthur tava com medo, medo mesmo, mas ao mesmo tempo sentia-se tão bem que arrependimento passava bem longe da sua cabeça. E, se pudesse, ele o tocaria mais ainda e o teria ainda mais perto.
Apenas tinha virado o rosto para o mais velho com o toque, já não tão mais nervoso por fora, mas em pânico por dentro. Ia contra todos os seus conceitos de mundo onde relacionamento terminado significava não ter mais aquilo. Com o tempo, todas as suas ex-namoradas (que não foram exatamente poucas) e ele perderam completamente o contato. Arthur foi o único com quem ele continuou falando e não só porque tinha sido mal resolvido. Ele foi o oposto. Se nos outros términos, o assunto foi rareando para acabar no “esqueci que você existe”, com o veterinário foi um término que eles não se falaram por um tempo e depois voltaram a conversar simplesmente porque era bom conversar um com o outro. Nunca teve a fase do “esqueci que você existe”. Sequer teve a fase do “esqueci você”. Eles só... Voltaram um estágio, o de amigos.
Sentiu o peso do olhar e foi encarar os olhos claros meio segundo antes da coisa toda da mão e do seu coração esquecer-se de bater umas duas ou três vezes. Mas por fora, ele estava calmo. Por dentro, quase isso. Uma vez que decidia algo, assim como Arthur, era difícil pará-lo e, como decidiu que ficaria de boa, estava quase lá (nem tudo sai como o planejado). Ah, vai. Eles já eram adultos.
— Você é incorrigível. — Sempre dizia isso para Arthur quando ele fazia algo bem... Arthuresco. Como fazer o que não deve e ficar com aquela cara de anjinho. Soltou a mão do mais alto para levar a mesma à nuca alheia e a outra até a gola da camisa e o puxou logo de uma vez para um beijo. Já estavam parecendo que estavam sentados em tachinhas mesmo, pelo menos que valesse à pena.
Arthur, por outro lado, não gostava de ter coisas em sua vida fora de mão. Ele só tivera poucos e longos relacionamentos. Em um ele ainda falava com a ex de vez em quando, no outro a ex tornara-se sua melhor amiga e Francisco... Francisco era outra coisa. Francisco deixava a vida dele uma bagunça ocasionalmente, mas era uma bagunça boa, uma bagunça da qual ele sentia falta. Bagunça de fazer coisas idiotas juntos e dar risada um da cara do outro depois, bagunça de mãos passando no corpo, bagunça de beijos. Ele praticamente ansiava por bagunça, por um pouquinho que fosse. Terminar nunca foi realmente sua vontade, mas do jeito que as coisas estavam forçar iria só fazer tudo acabar bem mal e ele não queria que as coisas acabassem bem mal. Ele queria... Ele.
— Me acostumaram mal. — Arthur tentou não sorrir demais ao ser chamado de incorrigível, tentou não parecer exultante e talvez até vitorioso quando a mão do mais novo foi até sua nuca, mas não deu. Ele foi contaminado por uma alegria que era só dele e em êxtase ele beijou os lábios que não eram seus e que faziam tanta falta. Da boca quente, da língua morna, das mãos mais geladas em seu pescoço, da cintura que ele gostava de tocar e logo foi segurar com as duas mãos enquanto o beijava quase com fome, carregado de saudade e de vontade. O rosto anguloso se angulou, então, provendo melhor encaixe e mais contato, mais beijo, mais de Francisco pra ele e mais dele pra Francisco.
Porque era assim que tinha que ser: uma overdose dos dois.
— Não fui eu. — Falou no meio do beijo mesmo, no meio de ar quente, de lábios e língua, de gosto de boca e suco e nostalgia.
Voltou a encaixar as bocas puxando-o um pouco mais para si, deslizando a mão da nuca para a face de forma carinhosa e dali para os fios mais claros, e foi uma questão de segundos em que aproximou os dois corpos bem mais do que deveriam para um primeiro beijo depois de anos. E de repente ele entendia melhor que nunca como aquilo fazia falta e porque aquilo fazia falta. Indo ainda mais além, ele entendia porque eles não deveriam nunca ficar sozinhos um com o outro depois do término, ali era o resultado, aquela coisa toda que ambos tinham certeza que não seria um caso isolado, não era algo de uma vez só. Era um vício bem mal superado entre os dois.
Enquanto o braço mais próximo do encosto do sofá achava seu caminho para abraçar Arthur por cima do ombro, o beijo era eventualmente interrompido como provocação para que um dos dois fosse atrás do toque de volta e que só parou para dar um ar aos dois quando Francisco mordiscou o lábio inferior alheio e o puxou devagarzinho, soltando aos poucos com um sorriso no rosto. Tudo isso para tirar o óculos, que no meio dos hálitos quentes e naquela proximidade toda de rostos não fazia a menor diferença.
— Ah, foi. — Francisco era Ph.D em acostumá-lo mal. Tinha o acostumado mal com seu beijo quente, com o seu cheiro em seu travesseiro, com o carinho a dois que era sempre melhor. Ele tinha tornado impossível pra Arthur esquecê-lo ou mesmo sequer tentar.
Era por isso que o beijo estava impregnado com tanto saudosismo, com todos os bons sentimentos que haviam se criado entre eles ao longo daqueles anos, os poucos maus ficando para trás ou parecendo completamente inexistentes diante do toque em seu rosto e em seu cabelo que lhe arrepiava a pele e acertava em cheinho seu coração. Ele sabia que, em partes, aquilo era errado, que podia dar confusão. Mas o veterinário estava mais do que cansado de ser o responsável, paciente e confiável Arthur. Naquele momento ele queria ser intransigente, queria ser quase irritante. Só pra ser provocado e pegar mais dele, só pra ser chamado de incorrigível e roubá-lo de volta pra si.
Por isso a boca quente apenas roçava a do mais velho quando esta se afastava da sua, por isso ele tinha um sorriso tão estúpido na boca cada vez que o fazia antes de dar fim a brincadeira e beijá-lo de novo pra valer. E aí as mãos ficaram arteiras, descendo-as para a lombar, apenas pra sentí-lo melhor, isso enquanto ele ainda tirava os óculos e os olhos de Arthur admiravam todos aqueles traços tão bem conhecidos. — Eu te quero inteiro... — Murmurou contra o pescoço morno onde a boca foi ter assunto, os dedos se enfiando por dentro da blusa por ele usada, só pra poder lembrar da textura da pele que era tão macia quanto sempre fora, mordendo com carinho e ainda leveza a região um pouquinho abaixo da orelha, só pra provocar antes de voltar a beijá-lo. E Arthur até pensou em trazê-lo para seu colo, mas a força foi reversa e o que ele fez mesmo foi deixar o peso do corpo entrar em ação, deitando-se lentamente sobre Franz no sofá.
Discordaria veementemente daquela afirmação, porque achava que jamais tinha mimado Arthur, tão somente lhe dera ao longo de dois anos o que ele merecia. A quantidade de carinho (e até de problemas) que ele merecia. Contudo, havia coisas mais interessantes a se fazer. Muito mais interessantes. Sentir os beijos no pescoço, quentinhos e quase provocando cócegas contradizendo os dedos frios já apressadinhos e ousados, realmente mal acostumados à intimidade de outrora; os pelos se eriçavam de leve, mas a sensação era intensa demais. Em segundos estaria no colo dele assim que tentou botar o óculos em qualquer lugar um pouco mais longe dos dois, mas a tentativa bem sucedida deu espaço para a iniciativa vir do mais alto, que só disse algo que poderia fazer Francisco perder o sustento do próprio corpo, se estivesse de pé.
O sorriso ressurgiu, fruto de cócegas gostosas no pescoço e no lado de dentro do estômago, preso por dentes que seguravam o lábio inferior. A situação era tão previsível quanto surpreendente e, uma vez sob o corpo alheio por completo, uma das mãos passeou por parte do ombro – sentindo de leve ainda a textura ligeiramente diferente da pele em cicatrização da tatuagem recente – mesmo por cima da camisa de tecido fininho e desceu pelas costas, indo até a lombar, puxando o tecido e descobrindo a pele um pouco bronzeada. — Não é como se a essa altura você precisasse pedir, Arthur...
E tudo que ele precisava era daquele aval. Arthur com prazer traçaria cada pedaço de pele alheio, fosse com os dedos ou com sua boca, vontade aumentada proporcionalmente pelas carícias ganhas por parte do mais novo. Ele adorava a forma como se arrepiava irrefreadamente com o mínimo toque de Franz, como as coisas mais simples ainda eram capazes de tirá-lo do sério, de seu centro de calma e levá-lo a um desejo quase incontrolável de simplesmente ter mais dele. A boca voltou a abusar da alheia enquanto o sorriso grande exibido pela autorização, sugando-lhe a língua com vontade antes de morder-lhe o inferior como ele fazia consigo há pouco, deixando a carne escapar de seu cárcere lentamente enquanto os dedos subiam travessos pelas costelas, apenas deslizando, voltando para baixo e apertando com firmeza a cintura logo após.
Arthur roçou então o nariz por um pedacinho da bochecha, antes que a boca desenhasse sobre o maxilar alheio uma trilha de beijos ao que o corpo se coloca por entre as pernas alheias. Naquele momento, o resto do mundo havia se fechado para ele e tudo que havia para ele eram os dois e o centro de seu universo era o editor. Por isso ele começou a subir a camiseta devagarzinho e por isso mesmo não demorou a ir com o corpo mais para baixo, só pra sentir com a boca a pele morna da barriga, beijando devagarzinho por uma trilha que ia em direção ao rosto de Franz novamente, com mordidinhas e chupadinhas ocasionais e absolutamente nenhuma pressa, mesmo. — Se quiser que eu pare... — E respirou contra a pele branca próxima ao umbigo, beijando a porção de pele logo após. — Tem que me falar, tá...
O riso entreabriu pouco sonoramente, notório de qualquer maneira. — Aham... Porque eu com certeza já precisei pedir pra você parar. E isso também funcionaria. — A ironia banhava cada palavra, mas não intencionava ofensa nenhuma, tão somente uma brincadeira sem prejuízos. O bom era que falar controlava um pouco as reações que ele tinha, exacerbadas por serem culpa de um certo ex-namorado. Todo beijo era correspondido tal qual o primeiro, como se há anos não se vissem (e ainda estivessem, em algum nível, juntos), cada mordiscada rendia uma sensação maravilhosa em si e esperava que no veterinário também, pois não deixava nenhuma passar sem retorno. Devolvia-as com beijos intensos e curtos, mordiscadas no pescoço, beijos próximos no rosto para que os suspiros breves fossem ouvidos e aprovados.
As mãos, um pouquinho calejadas de violão e escrita furiosa durante os dias e noites, renderam-se aos fios mais claros e buscaram retribuir o carinho da boca de Arthur com uma espécie de cafuné – que fazia tudo, menos indicar que queria parar – e sua outra mão repuxada não tão intencionalmente assim a camisa subia um pouquinho, revelando o resultado dos hábitos saudáveis do mais velho. Anos atrás, mais que frequentemente, Francisco se perguntava como tinha ganhado na loteria dos namorados, porque por dentro e por fora, Arthur não dava chances para se encontrar defeitos.
Ah, e eram aprovados. Na verdade, quando se tratava de Francisco tinha pouca coisa que Arthur não aprovava, tinha pouca coisa que ele não aceitava e, no fim, num tinha absolutamente nada que ele quisesse mudar. De repente, era como se o tempo sequer tivesse passado, como se tudo fosse exatamente como era e o mundo fizesse um sentido bem maior pro veterinário. Que transparecia calma ainda, mas por dentro já pegava fogo com os pensamentos indo tão longe quanto as mãos, agora nas coxas ainda cobertas pela calça jeans. Arthur riu contra a pele da qual abusava, já ofertando chupões mais fortes e uma pressão maior das mãos nas pernas, posicionadas próximas a virilha enquanto ele ainda sentia no corpo o efeito que a boca de Francisco em sua pele tinha. Ele tava só dando o troco. — Nunca se sabe...
Arrepiou-se inteiro com aquele cafuné bem vindo, os dedos calejados do rapaz provendo uma carícia da qual ele era mais do que fã de carteirinha, vendo-se praticamente necessitado do toque depois de tanto tempo sem ele. Aquilo, junto dos baixos suspiros, era toda a aprovação que precisava. E assim que Francisco passou a lhe puxar a blusa, Arthur não demorou a pausar tudo por um instante só pra tirá-la e jogá-la longe, só pra isso e pra olhar pra ele. Os olhos azuis, naqueles momentos, eram dotados de intensidade jamais vista e nos lábios pairava um sorriso oportuno e de canto, recheado de intenções que já não eram das mais puras e que assim se provaram uma vez que ele as mãos grandes se guiaram com calma até a braguilha, sem que qualquer traço de seu rosto mudasse ao que lhe abria o jeans e puxava pra baixo devagar, quaaase distraído, mas extremamente ansioso.
— Eu acho que tá na hora de você tirar essa blusa... — Ele falou, tocando a barra da peça que já estava elevada e sinalizando, só pra se deitar sobre ele novamente e ir agora atacar o mamilo esquerdo visível com a bocar arteira. Mordiscou a carne sensível ao que a mão adentrava pela calça já aberta, só pra ir até as nádegas conhecidas e apertar uma delas com vontade enquanto o quadril se pressionava contra o alheio, indicando o que mais desejava. No fim, Arthur estava era impressionado com o próprio autocontrole até então, mesmo.
Fato do qual, se tomasse ciência, Francisco apenas rir-se-ia. Não considerava aquilo um autocontrole tenaz, dado que há menos de vinte minutos, ambos estavam tendo crises com meros toques acidentais nas mãos.
Tinha-o bem acomodado sobre si, mas ergueu as pernas cercando o tronco e enfim tendo-o entre as duas, induzido a isso pelas mãos afoitas e que tanto cortavam etapas em busca de algo a mais, de tudo. Uma vez que a distância surgiu entre os corpos e a visão do corpo alheio revelou-se bonita demais para que os olhos castanhos não se perdessem em tudo aquilo por uns segundos, Francisco arrancou de si a camiseta e o cardigã juntos e de uma só vez tendo sentado por menos de meio minuto para tanto. Tornou a deitar com Arthur em cima de si, o quadril arqueando pelo toque indecente e gostoso, inesperado em algum nível porque não imaginou que eles fossem do estado “anos sem se falar a sós” para o estado em que um estava em cima do outro no sofá com roupas sendo subtraídas e largadas no chão como se não fossem nada além de um mero incômodo. E naquele momento, não eram nada além disso mesmo.
Evitava passar a mão sobre a tatuagem desprotegida, mas todo o restante do corpo do veterinário tornava-se território das mãos do moreno, que enfiava o rosto no pescoço do ex-namorado passando a língua por um pedaço curtinho antes de sugar e deixa-lo descer, retomando a exploração com as mãos que cruzaram os ombros, desceram pelos braços e Francisco observava atentamente para fingir que queria entender onde Arthur queria chegar. Já sabia onde, mas não fazia mal vê-lo percorrer o caminho com aquela determinação já conhecida.
Estavam mesmo, é verdade, mas se fosse pra considerar o Arthur de uns anos atrás... Era uma boa evolução. Antes podia se dizer que ele ia com muita sede ao pote quando se tratava de Francisco, mas com o tempo veio à experiência e, a despeito de todo o desejo, ele fazia tudo com certa calma.
Ele se dava tempo pra sentir tudo que a boca e a língua quente do ex-namorado causavam em sua pele naqueles beijos e sugares e lambidas em seu pescoço, para perceber o próprio corpo arrepiar-se devagarinho com as mãos que exploravam seu corpo agora que, sem camisa, estavam mais próximos do que nunca e o tinha arqueando sobre si. Na verdade, só a maneira tranquila com que ele abandonou o mamilo para roçava os lábios contra o maxilar do editor já dizia muita coisa, especialmente pelo carinho presente antes de beijar-lhe a boca uma última vez, descendo com o corpo novamente. Os olhos não se desgrudaram do corpo agora a si exposto, deslizando os dedos pelo tronco esbelto e bem formado, não tão musculoso quanto o seu, mas especialmente bonito aos seus olhos. Relembrou com as mãos cada curva e com os olhos ele encarava com intensidade os castanhos, mesmo quando os dedos chegaram até a o cós da calça já aberta e dá boxer.
O sorriso voltou a crescer na boca, e devagar ele puxou a peça para baixo, mas aí agarrou na cintura de Franz sem aviso com ambas as mãos e, com a força que lhe pertencia, foi possível virá-lo de costas para si. Puxou ambas roupa de baixo e calça para baixo, até os joelhos, uma das pernas entre as dele, pressionando-lhe o quadril ao que o corpo se colocou sobre o alheio apenas para lhe morder o pescoço com carinho antes da destra ir cometer seu maior abuso: tocar-lhe o sexo diretamente, em uma masturbação lenta enquanto beijos cálidos eram distribuídos sobre os ombros pálidos do ex.
As unhas curtas rasparam a pele exatamente sobre a linha da coluna por um bom pedaço do tronco alheio, sem força, apenas com a intenção de provocar arrepios e continuar alimentando o fogo ali. Era o que tinha para fazer enquanto começava a ser menos discreto quanto a forma que se movia sob o corpo alheio, ajudando a manter o contato dos corpos enquanto ambos se moviam em busca de mais um do outro. Puxou de leve os fios castanhos e mordeu a língua com a provocação no mamilo, contudo ainda era Francisco e ainda era um pouquinho mais difícil que só aquilo arrancar reações audíveis do rapaz. A espinha parecia ser percorrida por várias ondas de eletricidade que, se antes se espalhavam sob a pele do corpo todo, agora corriam unidos e na mesma direção até o mesmo local onde as mãos impacientes do mais alto aventuravam-se e eram muito bem vindas.
A intenção era erguer o quadril e roçar contra o ventre alheio enquanto as roupas iam embora, não acabar de costas para Arthur; a mudança de planos foi surpreendente e também facilitada. O encaixe dos corpos fez Francisco sorrir e a visão da mão percorrendo sua pele até o sexo sem freio ou receio o fez suspirar em segredo do outro. Mas o conjunto mordida, beijo e masturbação arrancou um ofego prazeroso dos lábios carnudos com facilidade.
Sua mão foi para trás, pressionando Arthur a chegar mais perto do corpo menor, que movia-se contra o dele de forma depravada. Não havia sinais de hesitação, nunca houve, desde que se beijaram logo de início ali. Tinham feito de tudo incontáveis vezes e se conheciam, mas parecia a primeira vez, onde reinavam os desejos ansiosos que faziam mãos tornarem-se impacientes. A mão que não servia de apoio ao moreno enfiou-se entre os dois corpos, buscando zíper e botão, desfazendo-se de ambos com pouca habilidade e agilidade. No segundo em que conseguiu, a mão enfiou-se entre os dois tecidos, masturbando-o na mesma velocidade que sentia em si, só que com muito mais intensidade.
Não se preocupou em abaixar o tecido, contando com a impaciência do veterinário para tanto e subiu a mão até a nuca alheia. Virou o rosto e parte do corpo – que ia e vinha tanto pela masturbação quanto para rebolar contra a pelve de Arthur – e beijou-lhe a boca brevemente, ofegando contra a mesma fitando-o olho no olho. Sorriu ao ter a atenção que queria tanto e forçou um pouco tanto ele quanto a si, conseguindo alcançar o contorno do rosto o qual mordiscou com um pouco mais de força, marcando a tez de vermelho efêmero antes de voltar a uma posição mais confortável para ambos que rendia suspiro quente contra lábios entreabertos. — Você sabe que isso é muito injusto, não sabe? — A posição era maravilhosa e Franz adorava, mas tinha muito pouco acesso a Arthur.
Tudo que ele queria era aquilo, ouvir os baixos gemidos e os ofegos, sentí-lo se contorcer sob si como há tanto tempo isso já não acontecia, porque isso significava muita coisa. Arthur bem lembrava que o ex-namorado era mais contido, não tão vocal, e quando o fazia era sinal de pura aprovação. Uma aprovação que desejava mais do que qualquer coisa enquanto a mão deslizava indo e vindo sobre o sexo rijo, forçando-se por entre as nádegas alheias apenas para que ele pudesse perceber com mais veemência o quão prazeroso e bem vindo aquilo estava sendo para Arthur. Entretanto, o mundo logo nublou-se quando se tornou ele vitima da mão igualmente arteira de Francisco, que passou a tocá-lo tão sem pudores, fazendo-o gemer baixinho no pé de seu ouvido antes de morder-lhe o lóbulo.
E Francisco estava certo, sua paciência não durou muito, como poderia? As mordidas antes suaves na pele clara do amante de cinema transformaram e ganharam força, até que ele fosse seu quadro em branco. E o mais velho não se refreou em utilizar das arcadas para marcar como bem desejava seu ombro. Suas costas e qualquer porção de pele que viesse a se interpor no caminho tornava-se vitima enquanto o beijava e ofegava por igual contra sua boca, sugando-lhe o inferior ao que assistia seu sorriso indecente e dava adeus para seu autocontrole. — Aham... Não é justo mesmo... — Murmurou baixinho ao pé do ouvido, firmando um tanto o peso nos joelhos pra poder livrar-se das roupas após sentar-se e logo voltar a encaixar com exatidão o sexo pulsante por entre as nádegas alheias, uma vez livre do toque antes proporcionado.
Ele roçava o pênis indo e vindo, apenas o provocando ao que as mãos, ambas, encontravam-se na cintura e a tomarão com tamanha vontade que era bem possível que suas digitais ficassem marcadas na pele e, então, ele puxou o rapaz para si, apenas para empiná-lo em sua direção e botá-lo de quatro, não atendendo de imediato seu pedido; afinal era isso que o sorriso em seu rosto indicava, mas a causa era boa. O intuito era meramente preparar Franz pelo que viria, razão pela qual, postado atrás dele, não demorou muito para separar-lhe as nádegas e, após se debruçar, menos ainda para que a boca roçasse a entrada exposta, onde a língua foi logo penetrar, apertando a carne macia da bunda com vontade.
Uma vez com tesão, Francisco assumia-se um hedonista. Todas as reservas que tinha ao falar de sexo e sexualidade deixavam de existir no momento em que as coisas eram postas em ação e não havia sequer rastro de timidez. Ele era contido apenas por sê-lo, mas a quem sabia as coisas que ele gostava, ele mostrava um lado descarado e sensual – e Arthur sabia de cor a lista completa de coisas que nunca falhavam em agradar o moreno e era ótimo tomar ciência que, depois da separação, ele não tinha esquecido. Mordidas e marcas faziam o mais novo continuar a mover-se contra a ereção que sentia no próprio corpo mais indiscretamente, mas foi muito melhor quando isso aconteceu sem roupas. Francisco não tinha pudor algum naquele instante. A mão voltou entre os corpos, alcançou os testículos e os massageou junto da base da ereção, já não tão intensamente pela falta de lubrificação.
O tempo nessa brincadeirinha foi curto para que em cena entrassem ações mais práticas. O mais novo precisou das duas mãos agora para apoiar o corpo apoiado em todos os membros, expondo-se convidativamente ao veterinário, perfeitamente ciente do que viria a acontecer. Até tentou, mas foi em vão, e um grunhido devasso escapou pelos lábios quase completamente fechados antes. Ajustou a posição para poder se apoiar somente no braço esquerdo e retomou a masturbação no próprio sexo, acompanhando o ritmo alheio e frequentemente fechando os olhos por vários segundos, aproveitando ao máximo as sensações.
Por fazer bastante tempo que o rapaz não se envolvia com outros caras naquele papel, oferecia resistência mesmo à língua, mas como estimulava a si próprio, aos poucos relaxava. Poderia até falar para Arthur para irem ao quarto, para pegar o lubrificante em algum canto da casa, mas não tinha vontade nenhuma de interromper nada. Preferiu muito mais soltar um gemido baixinho.
Ele jamais esqueceria. Arthur tinha no cantinho da mente um espacinho reservado só pra tudo aquilo que agradava Francisco e tinha catalogado tudo tão bem, guardado tanta memória, que esquecer não era uma opção. Ele tinha plena ciência de tudo que fazia ele tremer e justamente por isso o sexo com ele tinha um quê de adoração. Tê-lo exposto pra si daquele jeito era mais do que suficiente pra que fizesse pulsar a ereção momentaneamente abandonada entre as pernas do veterinário, razão pela qual a língua buscava espaço com tanta vontade, por vezes escorregando a boca mais pra baixo só pra chupar devagarzinho um dos testículos e fazer carinho com a língua na base do sexo alheio, estimulando-o à ir além antes de tornar a penetrá-lo com o músculo úmido.
Mas ele não era bobo, ele notou a resistência das paredes internas e, por mais que forçasse a coisa ali, ele jamais penetraria no corpo tão quente sem uma preparação maior. O tesão podia fazer Arthur explodir, mas a paciência venceu aliada à preocupação e ele, dando uma mordida bem dada e pra marcar na polpa esquerda da bunda do ex-namorado, logo falou. — Franz... Lubrificante... — Alterada pelo desejo, a voz já se fazia rouca e profunda e, no fim, Arthur só chupou o próprio dedo indicador longo e passou à forçá-lo contra a entrada na qual a língua antes trabalhava, indo bem devagarzinho para dentro, só pra testar sua teoria de que a coisa era realmente necessária.
E era, ah, se era. E isso só deixava ele mais louco de vontade, estalando um tapa contra a coxa do ex, sem tanta força, mas com plena capacidade de avermelhar a pele. — Agora.
— Muito longe. — Francisco nunca se deu bem com ordens, especialmente quando tinha um ex-namorado gostoso querendo foder atrás de si lhe mordendo a bunda e arrancando de si gemidos cada vez mais indiscretos. Faltava-lhe toda a vontade do mundo de sair dali de perto do outro corpo quente, daquele canto da casa de onde emanava libido. Largou a própria ereção e levou os dedos até a boca, chupando o indicador e o médio e depois à entrada, onde afastou a mão alheia e arriscou penetrar os dois dedos de uma só vez bem ali, na frente de Arthur, quase num desespero para tentar fazer ele caber ali sem precisar sair. Que entraram, entraram, mas houve um pouco de dor e, por mais que Franz conseguisse se acostumar com aquilo, ainda eram apenas dois dedos e não o namorado.
Desculpe. O ex-namorado.
Isso o impediu de continuar a provocaçãozinha enquanto soltava um ou outro gemido que vinha tanto da boca alheia quanto dos próprios dedos? Não, nem um pouco. Adoraria ver o ex entrando em colapso por tesão, mas no fim, tirou os dedos e saiu do sofá, cumprindo tardiamente o que o mais velho tinha dito.
Voltou em menos de um minuto do quarto, tendo dado sorte de encontrar o tubinho logo na primeira gaveta do criado-mudo ao lado da cama (é o tipo de coisa que você quer ter fácil se necessário) e quando voltou, entregou ao mais velho. Contudo, fê-lo deitar no sofá e ficou sobre ele na orientação invertida e deixou-o continuar a prepara-lo enquanto não deu margem para discussão ou qualquer coisa que não fosse ele colocando o sexo alheio na boca e chupando-o, cada vez colocando mais dele na boca.
O que Arthur teve foi quase um colapso nervoso mesmo, não segurando a vontade de acertar um tapa na bunda branquinha com vontade, de punição, depois de vê-lo penetrar os dedos em si mesmo daquele jeito. A respiração soou até mais alta enquanto assistia-o ir atrás do lubrificante depois de desistir, o desejo parecendo exalar por cada poro de seu corpo. Ele se sentia extremamente quente, extremamente contrariado e queria extremamente muito mais. Francisco nunca fora muito de obedecer suas ordens mesmo, Arthur nem sabia porque tentava, mas no fim até a teimosia do namorado agradava-o em demasia.
Ex-namorado.
Assim como agradava quando ele tomava as rédeas de suas mãos, sorrindo pro corpo por si marcado que logo retornou para seu campo de visão e veio em sua direção, obrigando-o a deitar no sofá daquele jeito. Arthur nada contestou, apenas abriu o frasco e despejou nos dedos o líquido viscoso, que logo teve como destino a entrada há pouco tocada e já abusada. Ele grunhiu ao sentir a boca quente e sempre tão gostosa de Franz chupá-lo daquele jeito, quase o tirando do sério, mas ficou firme, penetrando lentamente o médio no corpo alheio e então começando com um ir e vir lento, cuja intensidade aumentava conforme ele, também, passou a chupar o pênis sobre seu rosto. A boca sugou devagarinho a glande ao que o ritmo diminuía e o dedo médio ensaiava unir-se ao indicador. E logo se uniu de fato, penetrando devagarzinho o corpo quente, mas por completo e sem pausas, extasiado com o prazer que sabia que iria sentir mais tarde e que já sentia também agora.
A mão direita tocava o falo onde a boca não conseguia chegar com facilidade depois que a língua percorreu toda a extensão da ereção até os testículos que também foram sugados e massageados e toda essa porção sensível de Arthur foi obrigada a sentir a vibração dos gemidos contidos do moreno que já sentia a própria ereção latejar na boca alheia. Para dois impacientes, até que levavam as coisas num ritmo crescente que não pulava etapas, tampouco perdia tempo.
Não era lá tão óbvio, mas Franz ia de encontro à penetração dos dedos, querendo mais e querendo-o mais fundo, ficando cada vez mais com pressa. Estando por cima, poderia muito bem acabar com a própria ansiedade, contudo era ótimo participar dos joguinhos de Arthur. Aliás, ele mesmo, forte como era, poderia acabar com as preliminares e ele bem queria, o vendedor conseguia ver na ereção completamente rija e podia sentir a vontade no pulsar das veias mais expostas e era por isso mesmo que o moreno chupou-o mais avidamente, aumentando a pressão da mão e da boca como provocação. Passou o polegar pelo orifício da glande sensível, depois a língua e depois afundou o rosto, levando-o o mais fundo que conseguia na boca, mantendo um ritmo mais agitado do que deveria. Não havia nada mais legal que Arthur em desespero e quase irritadinho porque queria fazer uma coisa e era contrariado.
Arthur tentava se concentrar no que fazia, de verdade, mas Francisco fazia o trabalho ser extremamente dificultoso. Os dedos penetravam cada vez mais fundo, buscando aquele ponto específico no corpo alheio que o faria arquear e gemer, mas era a tarefa tornanava-se impossível quando estava sendo chupado daquele jeito, sentindo os sons produzidos pelo rapaz reverberarem contra a pele sensível de seu sexo intumescido e, não bastasse isso, o jeito com que ele o engolia e se arremetia contra seus dedos. Arthur jamais deixaria de notar aquilo.
Eventualmente, ele encontrou aquele ponto, mas quando a glande tocou a garganta de Francisco, o grunhido de Arthur foi alto demais e não houve mais qualquer possibilidade de permanecer chupando-o ou mesmo penetrando-o com os dedos. Sabia que era de propósito. Ele se mexeu imediatamente de baixo do rapaz, quase com raiva e, num pulo, sem preocupar-se com camisinhas ou similares, encontravam-se novamente naquela posição: Francisco empinado pra ele e ele com uma das mãos na cintura esguia, guiando a própria ereção em direção à entrada úmida com a outra.
A mão com resquícios de lubrificante passou por sobre o próprio membro, preparando-se e preparando-o, já que tão logo o fez passou a penetrá-lo devagarzinho e, então, sentiu-se completamente tomado por todos os sentimentos possíveis. Êxtase, saudade, desejo, carinho, pressa, vontade. Tudo se misturava quando estava com Francisco, especialmente agora que o afundava-se em seu interior quente e sem dó estalava um tapa forte contra a nádega já marcada, indignado com o que ele lhe causava. Talvez por isso mesmo a mão que usara para estapear-lhe tenha ido em direção aos fios escuros logo após, puxando-os e curvando-se sobre o corpo mais esguio, a boca colando-se à lateral do pescoço que ele mordeu e chupou com vontade, gemendo baixinho e rouco ali, completamente perdido, antes de adentrá-lo completamente com uma estocada firme e profunda. Arthur sentiu cada pedaço de seu corpo tremular. Não havia em absoluto sensação melhor do que a de tê-lo completamente para si.
Restou ao mais novo apenas sorrir bastante largo quando o pavio do outro rapaz mostrou-se realmente curto, de acordo com o que ambos queriam. Mais uma vez, Francisco facilitou a troca das posições, retornando a se apoiar nas pernas e braços, à mercê completa da vontade de Arthur, que logo mostrou a que veio. O gemido era só longo, mas acabou juntando-se a um novo mais alto, quase concomitante ao tapa e sua resposta foi ir de encontro ao mais alto. Sem vergonha nenhuma fazia o sexo alheio penetrar em si e movia-se, fazendo-o ir e vir muito lentamente e só um pouquinho a cada movimento.
Não bastasse o tesão todo pela situação em si, pelo próprio Arthur e pela própria saudade de tê-lo e dar-se daquela forma. Não ligava para tapas – eram excitantes e até divertidos, afinal – e menos ainda para puxões de cabelo e marcas na pele. Queria mesmo e sentir Arthur indo e vindo dentro de si, com o fogo que tinha guardado por tanto tempo. E o sentiu bem fundo, gemendo mais uma vez sem freios; era gostoso. Arthur era gostoso e Francisco fazia questão de lembrá-lo disso. Tão submisso assim, preso na posição e sob o corpo maior, o moreno precisou pedir para que ele continuasse, movendo o corpo contra o dele e, mesmo verbalmente, pediu, quase ordenou. — Vai, Arthur, me fode.
Sexo era sexo, mesmo que fosse com o cara que Francisco amou por anos e todas essas coisas. O saudosismo e os carinhos poderiam ficar para depois ou para quando o mais novo não estivesse de quatro com o pau latejando de desejo e com o mais alto dentro de si e sobre seu corpo, marcando um território que já foi seu.
Seu corpo parecia lava líquida, o sangue tão quente que fervia enquanto circulava pelo corpo daquele que, despudorado, permitia-se atacar o ex-namorado como bem desejava. Franz tinha feito por merecer, afinal, agora tinha que aguentar as consequências de suas provocações, tendo feito Arthur perder toda aquela sua sempre tão presente paciência. Mas isso definitivamente não era uma reclamação. A lembrança e a coisa real eram completamente diferentes, Arthur pensou, enquanto enfiava-se mais e mais dentro do corpo apertado do vendedor. Se fosse possível, ele ia morrer de tesão.
Se Francisco o fazia se sentir gostoso, Arthur então mal sabia como respirar de tão perfeito que era estar dentro do outro. Sem o contato da camisinha, que deveria existir, ele podia sentir ainda mais as paredes internas apertando o pau que latejava de desejo como ele, sendo obrigado a respirar fundo por um instante antes de sair de dentro dele completamente, voltando a enfiar-se com força e tão fundo quanto antes, do jeitinho que Francisco gostava, enquanto ainda mordia-lhe a nuca, obediente ao pedido pouco casto do rapaz.
E ele repetiu, com igual vontade, igual saudosismo, o ritmo das estocadas tornando-se cada vez mais rápido e não menos intenso. E por isso mesmo foi obrigado a erguer novamente o tronco, só pra poder segurar firme na cintura e trazê-lo mais ainda para si, fodendo o corpo quente e tocando, com a mão esquerda, o sexo até pouco abandonado do moreno, masturbando-o a bel prazer. Ele queria ouví-lo gemer, queria vê-lo perder qualquer controle.
Cada vez que o mais velho ia e vinha com força arrancava no mínimo um suspiro de Francisco, que ia perdendo o fôlego aos poucos. Movia o corpo contra o alheio, buscando maior profundidade e acompanhando o ritmo imposto, tornando-o mais intenso, fechando as unhas curtas sobre o tecido do sofá eventualmente, quando se tornava impossível não gemer. A bunda latejava de leve dos tapas e até isso era bom quando vinha de Arthur; tudo ali era bom. Teria a casa cheirando a ele de novo, mesmo que ele nunca tivesse pisado em seu apartamento no bairro japonês até aquele dia e ainda por cima, Franz não ia olhar para o sofá sem se lembrar do ex. Como se precisasse de mais razões para mantê-lo em mente.
Os sons que emitia eram poucos e eventuais, todavia ao que a mão alheia passou a masturba-lo, estes se tornaram cada vez mais frequentes e o corpo acompanhava o ritmo, posteriormente tentando se impor a algo ainda mais forte, intenso. A pele ardia tanto que poderia jurar que saía faísca do contato dos dois e força em um dos braços cedeu. Francisco acabou ainda mais empinado para o mais velho, querendo-o mais e mais, com gemidos mais desesperados. Já que não usava mais de tanto apoio, a mão acompanhou a dele ao próprio falo, arrastando os dedos pelo pulso e parte do antebraço, segurando-o por um segundo com força. Fazia falta o contato do peito dele nas próprias costas, ou dele num geral, e por isso considerava a posição escolhida a mais injusta para aquilo. Gemeu o nome do ex, querendo muito, muito mais.
E por mais fundo que fosse, não era o bastante. Nunca era. O mundo ao redor poderia cair aos pedaços agora, mas para Arthur definitivamente não era o bastante. Começou a ser conforme ouviu os sons pelo ex-namorado produzidos aumentarem gradualmente, começou a ser quando ele se empinou ainda mais para si ao tornar-se incapaz de sustentar o próprio tronco, começou a ser quando ele segurou seu braço, como se pedisse por mais, mas ainda não era. Não quando ele o queria mais perto ainda, não quando Arthur só conseguia pensar em mesclar-se a ele, marcá-lo, tê-lo, fazê-lo todo seu. O problema de Arthur era que o vício que tinha em Francisco não tinha morrido.
O vício no cheiro da pele, na quentura do corpo, nos sorrisos, nas mãos que curiosas, nas risadas. Tudo nele era extremamente viciante e Arthur, mesmo com os anos, não havia se recuperado por completo. Agora ele caía de novo, e caía com gosto. Razão pela qual parou com tudo por completo assim que o nome foi chamado, abandonando o interior quente e o virando para si, apenas para afundar-se por entre as coxas macias mais uma vez, segurando-as com força, trazendo-o para seu colo embora Francisco ainda estivesse meio deitado, apenas para penetrá-lo mais fundo e poder ver seu rosto se contorcendo em prazer, em situação similar à sua. E novamente ele o tocou, novamente ele tornou à masturbá-lo, apenas para deitar-se sobre ele e poder beijá-lo com vontade e quase sem folego. Um beijo entrecortado e intenso, onde a língua massageava a não pertencente e tudo se traduzia no prazer; no seu e no dele. Cada músculo de seu corpo se tensionava, mas Arthur não ligava. Ele não ligava pra nada que não fosse o homem gemendo embaixo de si.
Não teve sequer tempo de indagar a razão do mais velho ter saído de si e, consequentemente, tê-lo deixado frustrado pela ausência de seu corpo quente. Percebeu a troca de posição e logo o ajudou, ele próprio guiando o sexo para dentro de si enquanto era mantido pelo apoio do mais alto. Arrependeu-se no instante em que gemeu com os olhos focados no outro par, azul, sabia que tinham passado dos limites de um relacionamento terminado ali. Era fácil ler Arthur, mas Francisco com ele era igualmente transparente. Deitaram-se e o moreno já abraçou o mais velho, retribuindo o beijo nas condições que tinha, deslizando a mão para sua nuca e mantendo o rosto bonito perto do próprio pelo maior tempo possível, sem se preocupar em ter autocontrole dos sons ou qualquer outra coisa.
Enfiou os dedos pelos fios mais claros e assim puxou-os de leve, abrindo espaço para o pescoço que não tardou a beijar, a morder e a marcar com chupões fortes, mas as manchinhas ainda estavam sob controle. Tinha saudades de ter aquele homem só pra ele, saudade de poder olhar para ele nas mais diversas situações e só lembrar que aquele sorriso era seu, tinha sido seu. Não aguentou e o beijou de novo; estava condenado a sempre tê-lo agora como uma sombra em seus dias e a lembrança de que tinha sido (e ainda era) um idiota com algumas coisas. Imbecil ou não, queria Arthur mais do que tudo naquele momento.
A outra mão passeou pelo corpo muscular, arranhando as costas quando Arthur deu seu jeito de chegar naquele lugar de novo. Francisco gemeu alto e jogou a cabeça um pouco para trás e pediu por mais, exatamente ali.
Já tinham passado todos os limites, mas Arthur não se arrependia. Ele não se arrependia das marcas que ficaram em sua pele, do cheiro de Francisco que ia sentir até o dia seguinte em suas roupas ou mesmo da forma familiar com que se beijavam. Se dependesse do veterinário, na realidade, ele seria o único a vê-lo daquela maneira. Se dependesse de Arthur ele se deixaria ficar ali pra sempre, ele queria que o tempo parasse ou simplesmente não acordar do que parecia um sonho. Mas o tempo não parou e os olhos de Franz encontraram os seus e, ele soube, era real. Era tudo real e sempre seria assim. Real, complicado e apaixonado.
Por isso a mão apertou ainda mais a cintura esguia, mantendo-o firme no lugar e arremetendo-se com ainda mais vontade contra o corpo quase febril do ex-namorado, os próprios suspiros e gemidos roucos tornando-se mais presentes e mais pesados enquanto concentrava-se em acertar aquele único ponto que deveria ser acertado, só pra ouvir Franz se perder mais. Só pra ouvir seu nome ser chamado naquele tom que fazia seu sangue já quente ferver enquanto era marcado e deixava-se marcar, retribuindo cada beijo, mordiscando-lhe o inferior, grunhindo contra seu queixo.
Ele podia sentir seu abdômen se contraindo na eminência do ápice que aproximava-se, então ele fez o que pedia sem fechar os olhos. Admirava com os orbes azuis tomados por desejo rosto tão bonito, penetrando-o fundo uma, duas, três vezes enquanto ainda o masturbava. Sem tempo, sem espaço pra recuperação. E naquele ritmo, nenhum dos dois aguentaria muito mais. Arthur, ao menos, não aguentou, gozando e lhe mordendo o pescoço ao acertar sua próstata uma quarta vez, sem parar de se movimentar ainda.
O coração de Francisco batia disparadamente, sem se cansar e não era só pelo que eles estavam fazendo. Ele sabia tomar a diferença e era porque tinha aquela coisa, o olhar, de ver e lembrar do passado e ao mesmo tempo saber que não é a mesma coisa e que ao mesmo tempo, pouco mudou. Parte dele, bem no cantinho mais distante da mente, queria morrer por conta daquele tanto de emoções que ele estava sentindo porque Arthur o tocava, lhe dava prazer, lhe olhava daquela forma, lhe mordia e dava carinho e marcava e tudo ao mesmo tempo. E outra parte, aquela parte bem chata de sua mente, mas que no momento estava praticamente escondida, era aquela parte do “te avisei” e só falava “eu te avisei que esse relacionamento mal resolvido ia ter volta” e o pessimismo completava o trio e a frase com “e vai dar merda”. Graças ao bom Deus, tudo era nublado na mente do vendedor, que preferia focar a atenção no roçar das peles quentes, no próprio sexo pulsando a beira do orgasmo, no movimento e no som de corpo no corpo, na sensação maravilhosa que era tê-lo acertando aquele ponto.
Os gemidos não paravam de sair, baixos, altos, inaudíveis porque a respiração precisava acontecer ruidosamente ou não haveria oxigênio suficiente e ele sentiu Arthur colapsar e mesmo assim não parar. Levou mais algumas estocadas para gozar entre os dois, ofegante o suficiente para o peito arder em busca de ar, as duas mãos arranhando a lombar e modulando os movimentos, tornando-os lentos enquanto ainda queria que eles fossem fundo, abusando de toda a sensibilidade dos dois enquanto iam parando aos pouquinhos.
Quando tinha fôlego o suficiente, mesmo que não tivesse recuperado a compostura por inteiro, levou as mãos às faces do ex-namorado e o trouxe para si, num beijo intenso, nostálgico e quase apaixonado demais para duas pessoas que já não tinham mais nada. Precisava mais daquele beijo que de ar.
A cadência cardíaca era igualmente errática, mas os pensamentos eram diferentes dos de Francisco, pois Arthur estava nas nuvens, sendo tomado pelas melhores sensações. Ele podia sentir o corpo alheio se contraindo ao seu redor, podia sentir as últimas ondas de orgasmo o obrigarem a contrair seus músculos antes que eles relaxassem por completo, ainda grunhindo e se movendo contra o corpo quente, do jeitinho que sabia que Francisco gostava, só pra ver ele ainda mais entregue a si. E ele mal podia acreditar no quanto sentia falta de tudo aquilo. Dos gemidos em uníssono, dos corpos juntos, da pressa tamanha e de toda aquela euforia que conseguir chegar ao quarto seria demais.
Por essa razão o beijo pedido foi prontamente correspondido e tão saudosista e apaixonado quanto poderia ser, permitindo-se afogar na areia movediça na qual caíra e da qual não havia volta segura. Arthur sabia apenas de uma coisa naquele momento: ou tudo ia terminar muito bem, ou ia terminar mal. A esperança e o otimismo, sempre falando mais alto em sua mente, disseram que seria a primeira opção. E era isso que diziam o par de olhos azuis quando estes se abriram e ele, devagarzinho, foi se retirando de dentro do corpo alheio, apenas para subir um pouco mais o tronco com a ajuda dos braços e beijar Franz mais uma vez.
Beijou-lhe a boca, beijou-lhe o rosto, o pescoço e ali também roçou o nariz... E sorriu. Sorriu bobo, ofegante e suado, deixando o corpo pesar um pouco sobre o alheio.
Certamente que os dois poderiam se dar aquele tempo sem preocupações, só carinhos, beijinhos na boca e no rosto e no pescoço e só isso. Como se nunca tivessem terminado ou passado anos longe um do outro, evitando ficar sozinhos um com o outro, às vezes até evitando o olhar. Com o corpo maior fora de si, mas ainda sobre o próprio, Franz deu um beijinho na testa do mais velho e fez um cafuné, ambos esperando para ver quem seria o primeiro a acabar com tudo.
De novo, seria Francisco. Se bem que dessa vez não era para ser ruim. — Preciso de um banho. E você também..
Arthur ainda esta custando acreditar naquela sucessão de eventos quase maluca, extremamente surpreso consigo mesmo, com Franz e com tudo que tinha acontecido com os dois até então. O destino parece que não dava trégua mesmo e o veterinário, com certeza, seria o último a reclamar. Arthur ficou mais do que mole no abraço alheio por alguns instantes, apenas aproveitando dos afagares recebidos e os retribuindo através de selares na pele quente quanto não nos lábios, e também através das mãos, que deslizavam pelas laterais do corpo macio daquele que não demorou a chamar sua atenção.
Arthur soltou um resmungo baixo, abrindo os olhos e sorrindo de leve, mas significativamente pra Franz. — Isso quer dizer que eu tô convidado pro banho, certo?
— Levanta logo. — Apesar do tom, quase uma ordem, o sorriso pequeno no rosto do moreno era doce e carinhoso e ele se moveu para apressar Arthur e para se levantar também, indo direto ao banheiro. Antes do caminho todo, deu uma olhadinha nas cenas do filme que passavam e deu de ombros, depois assistiria de verdade a animação.
Com a ordem recebida, Arthur só fez rir baixinho, mas levantou-se de pronto e ofereceu até ajuda pra Franz. E, claro, Arthur riu mais um tanto enquanto também passava pela tela com Francisco, antes de parar pra analisar a bagunça na sala. — Caralho... — A cocha do sofá tinha virado um bolo amarrotado impraticável, mas disso ele ia cuidar depois, apressando-se pra ir ao encontro do vendedor.
Arthur sorriu pra ele assim que adentrou o outro cômodo, recostando-se à parede enquanto o aguardava entrar no box. — Você é ridículo de lindo.
A bagunça não incomodava muito Francisco, afinal, casa de solteiro. Sempre tinha uma ou outra semana que o lugar ficava impraticável, mas isso era apenas um detalhe. Nem se preocupou em pegar mais uma toalha ou qualquer coisa, não é como se eles não tivessem acabado de transar ou coisa assim. Mas lá vinha Arthur com aquele jeito que dava vontade de bater nele de tão bonitinho e apaixonante e Francisco estava mesmo tentando não ter uma recaída nesse quesito.
— Cala a boca. — Falou num tom quase irritadiço e foi para o boxe com o ex, dando-lhe um selinho e ligando o chuveiro bem em cima dele, sem esperar a água esquentar. — O alto, forte e de olhos claros aqui é você.
Ah, mas aí já era tarde. Francisco podia bater nele, tacar a toalha na cara dele e até mandar ir tomar banho na casa da vizinha que Arthur não ia ligar. O sorriso dele era enorme, o riso solto e baixo e a felicidade tava estampada em cada traço do rosto bonito do homem que logo seguiu Franz pra dentro do boxe, parando à sua frente, bem pertinho e nada tímido. — Calo com a sua. — E deu um selinho bem piegas no ex.
— Olho azul é um negócio overrated, eu vou é acabar tendo problema de vista por causa do sol forte e ser alto num tem nada a ver.... — Ele declarou, deixando só a parte do forte de lado, porque disso ele se orgulhava um pouquinho. Se enfiou então na água junto com Franz e já foi pegando o sabonete, passando pelas costas dele, calmamente.
Apesar de corresponder ao beijo e achar o gesto fofo, o mesmo era tão ridículo que Francisco girou os olhos exageradamente antes que ambos prosseguissem no banho, com direito a muito mais beijinhos e carinhos enquanto se ensaboavam e enxaguavam. O moreno devolveu o favor com o sabonete e lavou o rosto por último, mas em geral, não foi um banho demorado.
A água ainda corria quando o moreno deu uma mordiscada no lóbulo da orelha alheia. — Vai arrumar meu sofá.
Arthur às vezes era assim mesmo, beeem ridículo, mas dava uma segurada. Especialmente porque se Francisco continuasse a revirar os olhos pra ele assim, iam acabar saindo das órbitas. No fim, o maior só ficou sorrindo e aceitou de bom grado a ajuda e os carinhos oferecidos, os dedos postos na cintura de Franz apertando a região frente a mordidinha que ganhou. — Vou...
A mão direita foi até os fios escuros do vendedor, tratando de puxá-los pra trás antes de beijar-lhe a testa e pegar a toalha pra se secar. O fez rapidinho, deixando ela ali mesmo pro dono da casa usar antes de segui à sala. A primeira coisa que fez foi botar de volta a boxer e a calça jeans, tratando então de arrumar o sofá todo bonitinho. Vestiu por fim a camisa, recolhendo e dobrando as roupas de Franz também, de quem logo foi atrás. — Tudo arrumado!
Saiu do banho depois de terminar o que tinha para fazer ali e secou o corpo com a toalha nem tão sequinha assim, enrolando-a na cintura e mal saindo do banheiro para dar de cara com o mais alto, já bem mais vestido. — Você... Vai querer dormir aqui? — Já tinham afundado o pé na areia movediça, mais cedo ou mais tarde colocariam o outro, então era melhor cortar o sofrimento por antecipação direto pela raiz.
Arthur com toda a certeza não ia ter qualquer problema em meter o pé na jaca, na verdade, ele bem queria fazer isso, mas não podia. — Eu queria, de verdade... Mas amanhã eu trabalho logo cedo e num posso ir com essa roupa. Amanhã a gente faz algo se você puder... Tipo, ver o filme de verdade. — Ele falou entre risos, olhando pro computador ainda aberto enquanto fazia carinho na nuca de Francisco.
O moreno deu um beijo na bochecha do mais alto antes de pegar suas roupas e voltar para o quarto, pedindo um minuto para o outro. Dentro do outro cômodo, suspirou pesadamente e se perguntou o que diabos estava fazendo antes de vestir a cueca de novo, uma bermuda e uma regata de dormir, voltando para a sala e passando no banheiro para deixar a toalha por lá.
Jogou-se no sofá e deixou o finalzinho do filme correr sem nem pensar em trocar aquilo. — Fica doente amanhã.
Arthur assentiu, sorriu um pouquinho com o beijo e ficou ali, se sentindo todo culpado e sentado no sofá. Quando Franz voltou ele se levantou só pra ver ele se jogar onde estava, a risada escapando em sopro pelos lábios antes que o rosto pendesse pro lado e ele mordesse o lábio inferior encarando o rapaz. — Cê tá me sugerindo faltar, é...?
Nem tentou segurar o suspirinho, só foi é se aproximando pra sentar do lado do sofá no chão, perto dele, e lhe fazer um cafuné. — Eu durmo... Mas vou ter que sair cedinho... Num posso faltar.
— Só de leve. — Acabara por se aninhar perfeitamente ao lado do outro rapaz, aproveitando o cafuné e o carinho e essas coisas todas que eles não deveriam ter. Sorriu com a confirmação alheia, contente e satisfeito.
— Vou colocar outro filme então.
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Aquele sanduíche de qualidade antes do yakisoba.
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Arthur se preocupava com a aparência em níveis normais, no fundo ele era simples demais e ia pro lado clássico demais pra se aventurar naquela coisas mais elaboradas. Ele preferia manter os fios curtinhos mesmo, pelo menos por enquanto. De todo jeito, ele riu do comentário sobre o heavy metal que ele nem escutava e sentiu um calorzinho gostoso subir no meio quando sentiu a mão alheia sobre a sua, num sinal de aceitação. — Tá bom, se um dia eu resolver deixar crescer vai ser pro heavy metal. Naquele momento ele concordaria com simplesmente qualquer coisa que ele dissesse.
Mas infelizmente a sensação boa achou seu fim logo, uma vez que Francisco soltou os dedos que estavam para se entrelaçar. Arthur sabia porque. Ele sabia porque nunca se beijavam em público, porque Francisco não gostava de andar de mãos dadas... Ou achava que sabia. Ele jogava muito disso pra timidez, outra parte pra vergonha que fazia o coração do mais alto se apertar um pouquinho. Entretanto, a sensação era ignorada. Arthur era paciente, ele queria conhecer todas as camadas de Francisco e, quem sabe, ajudá-lo a quebrar alguns tabus. Tudo vinha com o tempo, ele pensava; otimismo e talvez um pouco de ilusão.
De toda maneira, ele seguiu Franz de perto e quando entraram finalmente no início da exposição os olhos azuis acompanharam com gosto a felicidade quase velada com que ele passou a observar os quadros. A admiração de Arthur estava visível nos olhos azuis, que se dividia entre as obras de arte e aquele que acompanhava. No fim, ele só parou do lado dele e comentou: — Esse cara é genial.
New Perspective (Flashback) — Tutu & Franz
Francisco tinha sobrancelhas muito expressivas e elas expressaram incredulidade total quando o assunto trança masculina entrou no meio da conversa, que por um segundo quase pareceu séria dada a expressão de bom ator de Arthur. Vai saber, o cara tinha dessas de se preocupar com aparência, havia chances daquilo ser real. Chances preocupantes. Pelo menos o alívio foi real com o anúncio de que em breve ele cortaria o cabelo.
— Podia deixar crescer, mas não inventa moda de “trança masculina”, sério. Só se você for ter aqueles cabelos do heavy metal. — Comentou enquanto pegavam as entradas e agradeceu a gentileza do mais alto pela própria, seguindo para a exposição de fato.
Aquele tipo de gesto de dar as mãos nunca era uma coisa que você via, você simplesmente sentia e Francisco percebeu, deu a mão apenas por um segundo e a soltou, num aviso silencioso e comum entre os dois que traduzia para “aqui não”. Ele simplesmente não conseguia, essa coisa de se mostrar e assumir… Não era com ele. Temia a repercussão e sabia que não estava de todo isento de comentários, mas não os tomava para si. Só deixava-os passar sem confirmação ou negação.
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Os olhos de Arthur até se arregalaram e a animação ficou clara no azul destes, a admiração surgindo em dose similar. — É sério? Caramba, eu adoro surfar. Eu num consigo fazer com frequência, porque mora em São Paulo, mas isso é muito legal! Impressionante! E tava sendo genuíno no elogio, terminando sua cerveja com o fim da frase e comendo o resto dos amendoins. — Acho que minha mãe nem gosta de mar, ia reclamar do cabelo. Negócio dela é ficar esticadinha no sol que nem lagarto. Comentou entre risos.
Sua atenção se voltou então momentaneamente à banda que ainda tocava, uma música dessa vez conhecida de Arthur. Tava agradável, não era uma versão ruim.
Sobrenatural. Arthur
— Minha família… — O homem repetiu, em um tom mais calmo. Não tinha muito o que falar da família dele, seus pais eram um senhor e uma senhora muito tranquilos e animados. — Minha mãe surfa. — Mads lembrou de comentar, com um sorriso no rosto que mostrava todo o orgulho de ter uma mãe de cabelo branco em cima de uma prancha. — Mal entro no mar mas minha mãe já ganhou até medalha. Ninguém pára aquela lá.
De fase rebelde ele entendia de tabela, por osmose, por conta da filha da melhor amiga. Aborrescente, Mads gostava de chamar. Era uma fase que ele preferia pular, por falta de paciência.
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