Um blog reunindo escritas simples, mas com muito sentimento, que podem incentivar outros a se libertarem do receio de não escreverem por não se encaixarem na expectativa das belas letras.
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Sai do poço mas cai no esgoto, com a corda no pescoço, fiz um acordo A morte já saiu do esboço a prova concreta da dor/ liberação do meu veneno caindo sereno Igual as gotas da chuva que caem no chão, vira reflexo e de novo me encontro perdida na multidão sem nexo Um cigarro atrás do outro, fogo contra fogo, só encontro cinzas Mente prisão, pensamentos, liberdade sem alforria, só ira. Com as mesmas neurose na cabeça me questiono antes que a resposta final desapareça. Fumaça que sobe, minha vida que desce já fiz de tudo, até prece mas não há reza que conserte. O inferno tá na terra, subsolo do céu segundo plano, sem planos, 121 e sou réu. Até nisso tem conflito, de qualquer forma o fim é presídio Se eu nao matar, sou suicídio Se eu matar, assino o homicídio
Izabela Caroline, 21 anos.
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Bem criado
Você é apenas um burguês
Que despreza sua família e fuma um baseado
Com a sua grana sempre tem vez
E não é questão de ser mal amado
Dirige a sua melhor máquina
É o cara mais bem cuidado
Mas em todo fim de semana ocasiona uma morte trágica
Estuda na melhor escola
Maltrata os meninos como se fosse superior
Cada noite pede pro seu pai alguma esmola
Mas todos sabem que ele é apenas mais um burguês inferior
Alice, 16 anos.
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Mergulhava num divã em busca de se encontrar. Falar o inconsciente no momento êxtase da regressão. Desvendar o mistério que oculta toda a sua individualidade narcísica fomentada pelo sistema que a controla sem perceber e daí, ver uma vida que no fim era a sua. Era Amélia, adotada, submissa, insegura. Lapidada por um lado bruto que lhe dava um ar de bravura e, por fim, era uma caricatura dantesca. Mas também se excitava pela submissão e se fazia mulher fraca, toda ela construída conforme uma postura conservadora e pedante. Escrever diariamente a fazia menos bicho, um pouco mais interessante mas ainda assim não era suficiente para lhe tirar da sua vida mansa. E não sabia de muita coisa e o que escrevia era devaneios, nostalgias ou até mesmo imaginações sensitivas de um mundo do qual um dia pudesse fazer parte. Interagir com as pessoas ao redor, em especial os homens com quem transava, e eram mais velhos, se tornava um sacrifício e a mudez a silenciava como se fosse porta. Queria o corpo ileso e trêmulo e o seu olhar dissimulado fingia ter algum prazer. Era frígida, mas era mulher. Hoje, depois de muitos anos em que pudesse ter mudado alguma coisa, sua vida continua a mesma, o mesmo clichê apaziguado pela gratidão cristã do pão nosso de cada dia. A força que tinha aquela senhora de 80 anos que foi para o hospital sozinha depois de sentir muita dor lhe parecia a coisa mais triste do mundo. Hoje, está beirando um corpo decrépito e sem ninguém ao seu redor. Ainda é bruta mas continua servil.
Victor Morgado, 20 anos.
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A pergunta
A mulher ama sem se preocupar
A chuva cai do céu
O homem não sabe amar
A criança vive em um carrocel
Enquanto tudo vem a desmoronar
Deus, o que o fez se apaixonar por nós humanos que só sabem machucar?
Anônimo, 13 anos.
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Saí apressado. Passos rápidos, ainda que as pernas curtas. Aquela velocidade filha da ansiedade rotineira e da pressa diária pra chegar em lugar qualquer, com um compromisso qualquer, e correr para rasgar a próxima fita da chegada, me acompanhava o caminho todo . Revestia-me com minha armadura de moletom que serviria muito bem para o velório mais próximo. Abafada , mas confortante. Carrego um pouquinho da cama no resto do dia. A sombrinha, que corajosamente chamo de guarda-chuva, talvez porque dê uma noção maior de resistência praquele pedaço tão frágil de ferro e nylon impermeabilizado (falácia), brigava para transbordar pela mão pequena do seu dono. Nenhum espaço para apreciação. o celta cinza, minha meia marrom, e meu humor completamente preto. Um rápido relance do chão para o horizonte, e meus olhos encontram-na. Vinha com suas roupas brancas e azuis, convidando o vento o asfalto e a água a se juntarem ao seu sorriso. O cabelo era grande, encaracolado e de jabuticaba. Alto e imponente, dançava um Maracatu suculento. Convidou-me para juntar-se a ele, mas eu, cinza que fui, recusei. Ela nem percebeu que eu estava ali, e naquele momento eu não estava, eu não era . Ninguém absorto naquele momento poderia ousar ser. Vinha voando, com os braços abertos, sim, abertos! Não protegia-se das gotas, convidava-as. O calor que fazia dentro das minhas roupas triplicou. Nunca houvera necessidade de agasalho. A temperatura marcara os 33 graus o dia inteiro. Se era a chuva que havíamos pedido tanto, porque não abraçávamos-na e celebravamos sua chegada? Ela fez isso por nós, ela estendeu os braços. Não, não os braços de Machado carregados de puberdade e primavera. Mas como a barata de Clarice, inundando um ser com vida, usando toda luz de um dia nublado na primeira mordida. Minha epifania. A garota abriu os braços pra água, a Negrinha de Lobato brincou no jardim, e eu fechei meu guarda chuva. Segui caminhando, com menos peso e mais jabuticaba.
Rodrigo Ribeiro, 20 anos.
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÷
Você finge que não liga
Você gosta de briga
Tu não curte minhas amiga
Quero ter seu coração
E essa sua paixão
Que não tem ligação
Que não tem convicção
Uma coisa sem razão
Só se baseia na emoção
Você é brilhante
Mas é algo relevante
Todo dia levando um quadrante
É como se tivesse amante
Não te amo nem odeio
Seu sorriso apenas veio
E me dividiu ao meio
Helícia, 15 anos.
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Amanhecer
Então ele se apaixonou por uma humana
E em uma semana seus poderes se perderam
Ele era Zeus
Quem vai nos cuidar?
Então seus irmãos o proibiram de amar
E prometeram que ela nunca mais iria o ver
E em todo amanhecer
Quando o sol está a nascer
Ela se lembra de seu amor
Pois ele a prometeu que enquanto sentisse dor
O sol iria nascer
Para ela entender
Que o sol seria ela dando esperança a ele depois de anoitecer
Anônimo, 13 anos.
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Desabafar Verbo transitivo: expor ao ar, arejar Verbo intransitivo: manifestar o que sente ou pensa, desafogar-se Parei para refletir Ao olhar para mim mesma e ver Como me afogo a cada dia Ao anoitecer Por que é tão difícil falar? Mesmo quando as palavras saem flutuando da minha boca Por que é tão difícil seguir Sabendo que a qualquer momento você irá partir? Será que um dia você vai ler Todos os poemas que fiz pensando em você? Seria uma decepção A pior escrita é aquela feita em vão Do que adianta ser visto e não ser notado? Por muito tempo me perguntei O que falta em mim? Mas hoje penso que problemas não existem apenas com a falta, mas também com o excesso O que sobra em mim? Sobra expectativa Sobra pensamentos Sobra auto julgamentos Sobra uma falta agonizante do que não é possível de se ter Pensamentos vão e vem Sussurrando em meus ouvidos "Mais um que passou batido" Acostumei A falar sozinha Do que adianta eu te dizer Se você não vai nem ler Mas disso tudo tirei proveito Comecei a valorizar coisas que só você me fez reparar Agora gosto de silencio O barulho me incomoda A vida ficou mais leve de lidar Pensando em você Saíram meus escritos mais difíceis de se fazer Tão difíceis quanto você Será que um dia vai dar certo De eu te ter por perto Só para me enriquecer? Me enriquecer de coisas boas Me enriquecer do que me falta E conseguir doar o que me resta Resta ficar sozinha Resta seguir em outros caminhos Os quais talvez nunca mais cruzarei com você Talvez em outra vida eu consiga te agradecer Por ter me feito notar o que eu apenas avistava Me moldar na solidão Quebrar o cadeado do portão Que me prendia numa realidade Que só eu vivia mas não via A imensidão de possibilidades De me reinventar a cada dia Senti Falhei Errei No fim das contas, desabafei.
C.M.S, 20 anos.
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Avô
Sinto sua falta
Sinto falta de te ver varrendo o chão
Sinto falta de ouvir seu coração
Sinto falta de te ouvir reclamando
Sinto falta de te sentir me amando
Sinto falta de puxar sua orelha
Sinto falta daquela tua olheira
Sinto sua falta mais que qualquer um sentiria falta de alguém a vida inteira
Lorena Tallo, 14 anos.
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Nuvem de morfina
Uma única noite, um único dia antes que tudo isso acabe, com o paraíso que eu não conheço e pela alegria que nunca tive. Eu estou em todo sozinho em meu carro solitário.
Porque você me esqueceu?
Os dias se perderam dentro a tristeza. E a vida chora um sonho morre na escuridão adentro;
Estenda uma taça vazia ou um cálice para que eu possa colher as lágrimas.
Esta nuvem de solidão que paira sobre mim como uma cortina branca, como a neve.
Esta bela bruma que me percorre;
Assim que me apego a você que consegue curar minha saudade.
Cá estou eu indisposto a perdoar. O sonho morreu antes de nascer, A inocência está perdida... e cá estou eu.
Ó fibra que coração ingrato;
Paralisado afundou comigo.
Intoxicou esta dura realidade, sobe faces de apatia.
Mas ainda pretendo ser forte;
Mas ainda contemplo meu estado.
Seus suspiros caminham a mim, acariciando gentilmente meu sono.
E deixando este mundo para trás.
Eu pergunto que mistério é este, esta amável identidade.
Congelado para além dos ecos dos risos.
Carlão, 55 anos.
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Queria te pegar ao colo
Te olhar fundo aos olhos
E dizer a tua alma tudo que oro
Não quero que me cure
Imploro apenas para que seu amor mude
Pra poder olhar seus reflexos
E, com ou sem mim
Não ter mais angústia no peito
Se sentir finalmente completo
Lorena Tallo, 20 anos
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Não entendo
Não entendo o toque
Não entendo os movimentos
Que sutilmente me colocam
Em 4 paredes lisas
Sem qualquer fio para tomar um choque
E acordar
Mas não tem como
Não há choque, muito menos norte
Que faça entender
Assim como o forró faz
É um passo a frente e outro atrás
E não entendo
Se vai ou se fica
Se conduz ou é conduzido
Se é amor ou se é amigo
O que sei é o que não sei
Porque, mesmo sem entender, ainda consigo gostar tanto de você?
Lorena Tallo; 20 anos
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Carta de amor com toque de poesia escrita de um pai para sua filha em uma folha de agenda com a data do aniversário da mesma.

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RELÓGIO
Você a achou primeiro
E isso lhe foi um tiro certeiro
O amor de vocês é o doce
E eu sou o amargo da boca
Quem dera tão fácil fosse
Te tirar essa garota
Mas sendo uma amante do amor
Sei que se ela se for
Teu coração sofrerá de dor
E não serei a responsável
Por te tirar tal pureza
Tão incontrável
De tão rara beleza
Anônimo, 18 anos
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É dificil de entender o porquê disso tudo acontecer eu realmente não esperava, fazia planos toda vez que eu a via minha pele estremecia meu coração batia forte
Sempre soube que seria diferente mas nunca cogitei que tudo acabaria que tudo o que eu achava ser real nunca significaria nada e no fim só resta na minha memória as lembranças do que só eu sentia
Todos os dias desde então vividos entre bocas e gemidos tento superar o que já foi esquecido Dói pensar que me enganei aos poucos vou vendo o quanto eu errei
Me arrependo da primeira palavra trocada da unica vez que nossas mãos foram cruzadas do primeiro abraço que me confortou nada foi verdadeiro, não da sua parte... Já era de se imaginar que você pararia de se importar Como esperar reciprocidade de uma pessoa tão egoísta?
Egoísmo o meu por não aceitar você partir que suplica a todo momento para voltar no tempo e viver só mais uma vez os poucos momentos em que vc me fez a pessoa mais esculpida com amor a própria vida, só por estar com você
Sinto a dor na alma, a angustia na garganta te ver seguir feliz me dá ansia Mas não te desejo o mal, você é especial Meu único desejo do momento me desespera
É só eu a ver que meu mundo desaba como eu queria que te fizesse voltar como eu queria poder continuar o que por você foi acabado....
C.M.S, 19 anos
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Filha
Sois tu um sonho
Saiba disso
Um sonho
Sonhado a dois
Um sonho
Que se sonha acordado
Ladislau Tallo Junior, 54 anos
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Naquela época eu era o Biezim do Sertão. Montava a cavalo, passarinhava de baladeira, comia frutas nos pés. O mundo não tinha esse peso ainda. Meu avô (a quem chamo de papai) era meu herói. Todo prosa com suas fitas de embolada, seu berrante de vaqueiro, seus romances de cordel, suas piadas prontas, o hálito de cigarro, que se chamava paurronca. Mas mesmo o herói tinha alguém que respeitava e temia: minha avó (a quem chamo de mamãe), autoridade máxima, a voz firme, tonitruante, braços ágeis, língua idem. Meus pratos favoritos ela temperava com cuidado e amor: arroz de cuxá, arroz com feijão e molho de pimenta malagueta, cará frito com azeite de côco babaçu. Ainda hoje olho uma palmeira e ouço, vivaz, o canto dos passarinhos: a pipira, o corrupião, a choró, a garrincha, a inhuma, o anum... Todos os sons permitidos. Outros eram proibidos. Não se podia, por exemplo, ir ao terecô, lugar de macumba. Mas eu era pretim, e aquele batuque era irresistível. Deixei de ser o Biezim do Sertão pra virar o Calango do Cerrado. Vim pra São Paulo. Lugar de gente esquisita, que pedia pra eu repetir a palavra se eu falasse "porta". Sem amigos, sem mamãe e papai, só eu e os livros. Depois fui me acostumando com aqui. Volto ao Maranhão, quede meus amigos? Quede a natureza cantante? Quede a agilidade de minha vó? Quede a prosa do meu avô? Quede o Biezim? O tempo vem passando, deixando cicatrizes, em mim, nos meus avós, na minha terra. O tempo mexe em tudo, da matéria à memória.
Anderson Pimentel, 25 (ou 26) anos
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