VALENTIN BROWNING MARQUÉS 🏎️ trinta anos. piloto de formula 1 pela scuderia ferrari. espanhol.
Don't wanna be here? Send us removal request.
Text
"apesar do que as pessoas pensam, não são preciso habilidades sobre-humanas para conhecer você." talvez essa fosse a habilidade sobre-humana que ele adquiriu ao longo desses anos vestindo vermelho. ele não podia pensar muito sobre isso, ou iria sentir seu peito arder num fulgor incontrolável. mas ele se via feliz, sim, em conhecer vincent. sabia que sua cabeça era muitas vezes o seu maior inimigo e que a ansiedade lhe consumia. valentín também tinha a ansiedade e a incerteza, ainda mais agora, pela primeira vez em muito tempo ele precisava se sair melhor do que nunca. melhor do que vincent. ele sabia o que a temporada reservava para os dois e mesmo assim ele não estava preparado. preparado para fazer a escolha certa para si mesmo. "o que você sabe sobre o que eu estou precisando ou não?" seu tom não era sério, mas carregava o desdém de quem estava precisando de algo que não sabia nomear. não sabia que tipo de terapia vincent estava planejando impor para ele, mas não iria funcionar. "falar do seu cabelo? eu..." algo o impediu de continuar, a incerteza nas palavras fazendo sua voz falhar em meio a uma frase que já parecia estar pronta e deveria ser óbvia. uma crítica, é claro, mas a sinceridade falou mais alto. "eu gosto do seu cabelo assim. gosto quando está com a cabeça raspada, também. gostei daquele penteado que você usou no gala ano passado." como ele lembrava daquilo? se perguntassem qual penteado langdon havia usado naquela noite específica, ele não saberia dizer com certeza. "o que é ridículo, se quer saber. eu só tenho um penteado." não que ele se importasse muito com aquilo, mas só de pensar que existe alguém como vincent que fica bem de maneiras estupidamente infinitas, em comparação a alguém como ele que está preso à mesma cor, corte e estilo desde que o mundo é mundo... é suficiente para ele julgar injusto. "a gente comenta. é só que... não tem muito o que dizer. as pessoas gostam de especular sobre a nossa vida amorosa." revirou os olhos. sabia que o outro iria entender o que ele estava passando, mas não sabia se ele iria entender o fato dele querer não falar sobre aquilo. era um nível de intimidade conturbado. "acham que eu estou pagando por um relacionamento de PR. a última coisa que eu quero agora é um relacionamento. a última coisa que eu preciso é um relacionamento." era como se estivesse no corredor da morte, esperando que todas as equipes fechem seus contratos sem ele. se ele se distrair, tudo pode ir por água abaixo. seria tolice da parte dele esperar construir algo agora, com tudo ao seu redor ruindo. "na verdade já me disseram o contrário, se quer saber." provocou, rindo. não deveria se importar tanto com a opinião de vincent, mas algo dentro de si levou aquilo quase como um desafio. por um segundo, quis provar o contrário para o outro, mas logo lembrou-se de que não estava falando com um número de seu telefone ou uma pessoa em uma balada. era só vincent. tirou a própria camisa e jogou na direção do rosto dele, com certa força, como quem manda a outra pessoa calar a boca. "ei, calma aí!" pegou no ombro de vincent, mas não o puxando, apenas olhando suas coisas por cima do ombro dele. "eu separei por opções, não enfiei qualquer coisa aí dentro — essa gravata foi o meu avô que me deu, é de família! ela fica. são dois ternos, um smoking, a gravata do meu avô, essa gravata vermelha, a gravata borboleta. o sapato italiano está aqui," puxou o par de sapatos que estava dentro de um saco com a outra opção, que era em um tom de couro mais claro. "escolhe a opção que você acha que vai ficar melhor, vai ser a primeira que eu vou colocar. e de preferência, a que eu vou ficar." já que era assim que vincent queria fazer as coisas, valentín deu uns passos para trás e começou a tirar a própria calça, depois de tirar os tênis de qualquer jeito.
‘ porra , que ódio de você . nem precisei abrir a boca . você já fez o diagnóstico completo . ’ ele bufou com uma indignação fingida , como se ouvir uma análise tão precisa sobre o próprio estado mental fosse um ultraje . ‘ tô completamente obcecado pela temporada , sim . parabéns . você é um gênio com habilidades psíquicas . ’ e ainda assim ... ele não estava bravo . se fosse outra pessoa apontando aquilo , talvez estivesse . mas com valentín era diferente . era aquela a merda da intimidade — quando alguém sabia o suficiente pra colocar o dedo bem onde latejava . e o pior era que ele tinha razão : vincent precisava mesmo daquela distração . precisava falar de qualquer coisa que não fosse sua equipe , seu carro , sua performance , seu nome . então quando o outro fez aquele comentário sobre dar opinião ser um orgasmo para ele , vincent abriu um sorriso diabólico , daquele tipo que sempre precedia alguma resposta que deveria ser censurada . ‘ orgasmo é pouco . é uma experiência transcendental . um êxtase dos sentidos . deveria tentar , valentín . acho que você está precisando . vai , opine sobre o meu cabelo . ’ passou os dedos entre os fios loiros como se estivesse se exibindo — talvez estivesse . observava valentín de rabo de olho , só pra ver a reação . estava se divertindo com aquilo mais do que admitiria . mas quando valentín se recusou a falar sobre o rumor ... vincent se remexeu na cama . a expressão mudou por um segundo . aquela leve empolgação escorregou para algo mais incômodo . porque ele tinha visto o que saiu . todo mundo tinha visto . mas ele queria ouvir de valentín . ‘ tá . ’ disse , sem esconder o incômodo . a voz saiu um pouco mais seca , mesmo que tentasse amenizar . ‘ achei que a gente comentava esse tipo de coisa . mas beleza . mistério . ’ ficou em silêncio por um momento , os olhos fixos no teto de novo , mas claramente mais atento do que queria parecer . a perna balançava impaciente , como se tivesse mais coisa que queria dizer . ‘ o aquecedor estourou ontem e agora parece uma sauna do inferno . ’ deu de ombros , o sorriso já voltando aos poucos , ressuscitado pela cena do espanhol fingindo sensualidade e cantando careless whisper . vincent levou a mão à testa , descrente do que estava vendo . ‘ você tem zero talento para striptease , alguém já te disse isso ? ’ o comentário foi um jeito desesperado de não dizer outra coisa . de não pensar o porquê de aquilo ter causado alguma reação nele . era ridículo ! era só um ombro exposto , uau . ‘ enfim , fica à vontade , já te vi de cueca mesmo . ’ se sentou na cama com um movimento rápido , esticando o pescoço na direção da cadeira . ‘ vai , me mostra a porra dessa mala . ’ disse , já puxando o zíper sem esperar autorização . começou a puxar as roupas de dentro — analisava os tecidos , a modelagem , torcia o nariz , arqueava a sobrancelha . ‘ essa gravata é horrorosa . joga fora . ah — isso aqui , talvez . mas com aquele sapato de verniz italiano que você usa quando quer fingir que é santo . cadê ele ? ’
9 notes
·
View notes
Text
valentín franziu o rosto com a ideia de ir para a suiça novamente. nada contra o país, só não lhe agradava muito, porém considerando o contexto em que foi citado, ele não podia reclamar. por mais que gostasse de fazer, principalmente para irritar vincent, sentiu que precisava ficar calado e aceitar de bom grado. o que era estranho era o fato de vincent preferir oferecer uma casa sua na suiça, mandando valentín para outro país, do que ceder um quarto do seu apartamento caso um dia viesse a ser necessário. valentín quis perguntar sobre aquilo, talvez fazer uma piada, mas algo dentro de seu peito fez ele segurar o comentário. o outro claramente tinha uma lista quase que infinita de problemas. não era da sua conta, ele não devia tentar interferir. "por que eu iria perguntar como você está se eu já sei a resposta? você, sendo do jeito que é, está obcecando de maneira doentia sobre a temporada que está para começar. ou algo nessas linhas, não é?" valentín esperava que o tom de piada fosse o suficiente para fazer com que o outro não se ofendesse com a sua sinceridade. 'ao ponto' até demais. "e sabendo disso, eu, muito caridosamente, vim aqui te distrair dos seus problemas reais com os problemas fúteis da minha família." ele sabia que ter problemas fúteis às vezes era um privilégio, então seu ponto não era provocar vincent. algo estranho tornava sua mente embaçada com a ideia. ele sabia o valor da domesticidade em relacionamentos, mas era óbvio que ele se recusava a pensar nisso agora, enquanto caminhava atrás de vincent pelo corredor desconhecido de sua casa. "eu ainda acho que a bianca está tramando algo e de último segundo eu vou ser informado que o jantar não vai mais ser no yacht. isso parece mais digno da minha irmã do que marcar um jantar black tie em alto mar." seu contato com a família estava limitado, então ele não podia reclamar tanto assim. o que era péssimo, se ele fosse pensar sobre isso. ter que ficar sem celular por causa da sua saúde mental é uma cláusula que ele não sabia antes de se tornar um piloto. ele sabe exatamente onde o aparelho está, no porta-luvas do seu carro, guardado quase que roboticamente após mandar mensagem para vincent. ele sabe que as mensagens de sua família incluíam somente 'você está bem? nos avise quando estiver melhor' e 'te vemos no jantar', pois ele leu todas pela aba de notificação, mas ainda era uma sensação estranha de estar por fora de tudo porque sua mente não aguentaria as especulações e as mensagens maldosas. ele sentia-se fraco e impotente perante pessoas que não sabiam nada sobre sua vida pessoal. "eu sabia que você diria sim, pois você adora dar opinião onde não é chamado, onde é chamado deve ser tipo... um orgasmo para você." disse em tom falso de desdém, colocando sua mala perto de uma cadeira que ficava perto da cama de vincent. realmente, o quarto estava bagunçado, mas ele não podia dizer que estava surpreso. ele era organizado porque estava na família dele ser assim, mas ele já teve seus maus momentos e também já teve que viver com outros homens. era apenas natural. "faz muito sentido você ser bagunçado. sabe, é você..." chutou um tênis para baixo da cama, mas ainda sem chegar muito perto. "eu não me importo, eu já vi a sua sala na hospitalidade." deu de ombros. agora seu tom já não era mais de brincadeira e sim de sinceridade, sério. "e se você não sabe o que aconteceu, eu prefiro que permaneça assim. não quero falar sobre isso." era como uma dor de cabeça que ele esperava que fosse ir embora, mas como uma dor de cabeça real, ele não poderia ficar estressando sobre ou ela não iria embora. esperou alguns segundos, sem olhar para ele, mas muito ciente de onde ele estava. deitado na cama, esparramado e confortável no seu espaço pessoal. era desconcertante, de certa maneira. "onde eu posso me trocar? a menos que queira que eu... sabe..." fez um movimento falsamente sexual, tirando um dos ombros da jaqueta que estava usando enquanto cantarolava as primeiras notas de careless whisper. acabou caindo na gargalhada, sem conseguir manter o ato por mais do que alguns segundos.
9 notes
·
View notes
Text
"você me despejaria no meu momento de maior fraqueza?" ele fingiu estar ultrajado. mesmo que, se por algum motivo essa situação realmente acontecesse, e valentín ficaria ofendido caso acontecesse, a verdade é que vincent nunca seria uma opção viável para ele buscar apoio. ele já tinha seus próprios problemas, e valentín sempre escolheria recorrer às suas irmãs mais velhas. "bom saber que não posso contar com você caso minha vida exploda um dia." fez um biquinho e franziu o rosto rapidamente na direção dele, como quem faz birra. olhou ao redor, não contendo a curiosidade sobre a casa do outro. mesmo que fossem próximos, valentín ainda tinha certo receio com o outro loiro. era estranho ver um local tão pessoal quanto aquele. será que vincent era, de alguma maneira, diferente quando estava aqui, sozinho? "não tem nada de penhor, me poupe. você conhece a minha família?" era uma brincadeira. por mais que fosse verdade, os marqués eram muito humildes, mas valentín gostava de brincar com aquilo. para ele e para pessoas como ele fazer piada com a própria riqueza podia ser, se feitas de maneira correta, o auge do humor. "queria eu poder fugir, mas acho que não posso fugir do casamento da minha própria irmã. o que você acha?" aceitou a água de bom grado, mesmo sem estar com sede. iria ter que aceitar muitas coisas de vincent para poder não ser chutado daquela casa quando explicasse o que precisa. "o casamento da leonora é daqui alguns dias e amanhã vamos ter um jantar em família, últimos preparos e tudo. estava tudo certo quando de repente a bianca me enviou um e-mail dizendo que o dress code tinha mudado." ele revirou os olhos, puxando a sua mala cada vez mais perto para o corredor, mesmo que não soubesse exatamente qual das portas dali daria para o quarto de hóspedes, mas já chegaria lá. "e agora eu não sei o que eu vou vestir. a minha família é muito espalhafatosa, pode dizer, mas o fato é que eu preciso aparecer apresentável. vai ser no yacht da nossa família e vão ter fotógrafos e fãs na chegada, com certeza. sei lá, só quero parecer apresentável. você sabe as últimas notícias que saíram de mim." deu de ombros, bebendo um grande gole da garrafa e terminando com a água. "e é por isso que eu preciso que você sente e dê notas para as minhas opções de roupa. o dress code é black tie agora. quem escolhe black tie para um jantar num yacht?" ele gesticulou fervorosamente essa última parte. e se tiverem mudado o local do jantar? agora valentín estava preocupado. "onde é o quarto de hóspedes mesmo?"
esperou um ou dois minutos da confirmação de vincent, ajeitando o boné que usava na cabeça numa tentativa de se esconder ainda mais, como se o vidro fumê do carro não fosse o suficiente para fazer o seu trabalho. quando deu um tempo considerável ligou o carro novamente e se dirigiu até o speaker do prédio, se identificando rapidamente e esperando a liberação do portão da garagem. se dirigiu às vagas indicadas para ele e esperou um pouco antes de sair do carro com sua pequena mala emergencial. enquanto esperava os números do elevador subirem, uma sensação de calor tomou conta de seu peito e subiu até sua garganta. ele sabia bem o que era aquilo, mas seu cérebro só conseguia chegar à conclusão lógica de que seu nervosismo era apenas um reflexo da recente evolução no almoço de sua família, no nervosismo de estar casando uma irmã. talvez, até, fosse o nervosismo de ser o assunto da semana nas f1redes, como os jovens chamavam. ele foi adolescente numa época bem diferente, então é claro que as novidades e a velocidade das notícias sempre iam assustar ele. era isso, claro. antes que pudesse pensar muito, já estava indo até o apartamento de vincent, o caminho novo e, ao mesmo tempo, não muito diferente do seu próprio prédio. é uma ideia ridícula, nossos estilos são diferentes. ele está provavelmente ocupado de qualquer jeito… mas eu sei que ele fica isolado e pensando demais na própria vida. eu ouço os rumores, eu vejo o jeito dele. e de que vai ajudar eu vir aqui e gastar o seu tempo com problemas fúteis sobre roupa? seus pensamentos foram tantos e tão rápidos, que valentín demorou para perceber que vincent já tinha aberto a porta e já estava falando. reclamando, é claro, mas dessa vez ele tinha razão. e, agora, de frente para vincent, aqueles pensamentos que ele tinha feito um trabalho tão bom em enfiar no fundo de sua mente vieram à tona. e de maneira desesperadora. eles dormiram juntos. agarrados. valentín nem se importou com isso. era estranho, isso era muito estranho. ele não se importar em dormir abraçado com outro homem. não só com outro homem, pois essa não era a novidade em questão, mas sim com vincent. eles não eram só dois homens, eles eram colegas de equipe. e o pior de tudo era que quando vincent foi embora e o perfume que ele havia deixado nos seus lençóis sumiu durante o dia, valentín lamentou. ele sabia que havia lamentado. mas era normal, era perfeitamente normal e nada além disso. o abraço aconteceu por acidente, movimentos naturais noturnos e qualquer outra coisa, foi um ato de carência. e é por isso que ele se manteve calmo quando começou a falar. “eu vim de golf.” não ajudou muito a sua causa, mas na sua cabeça fazia perfeito sentido ele responder a última mensagem de vincent. “menos chances de comoção.” ele empurrou a mala lateralmente até perto do outro, se permitindo dar um susto nele só por alguns segundos. “é meio que uma emergência.” o espanhol sorriu, um pouco envergonhado com o nível de emergências que se permitia ter. vincent provavelmente o julgaria, mas desejou que ele lembrasse que valentín tinha ‘emergências’ maiores as quais precisava ignorar. era uma atividade difícil. “mas não se preocupe, não estou vindo de mala para me mudar para sua casa ou algo do tipo.”
9 notes
·
View notes
Text
esperou um ou dois minutos da confirmação de vincent, ajeitando o boné que usava na cabeça numa tentativa de se esconder ainda mais, como se o vidro fumê do carro não fosse o suficiente para fazer o seu trabalho. quando deu um tempo considerável ligou o carro novamente e se dirigiu até o speaker do prédio, se identificando rapidamente e esperando a liberação do portão da garagem. se dirigiu às vagas indicadas para ele e esperou um pouco antes de sair do carro com sua pequena mala emergencial. enquanto esperava os números do elevador subirem, uma sensação de calor tomou conta de seu peito e subiu até sua garganta. ele sabia bem o que era aquilo, mas seu cérebro só conseguia chegar à conclusão lógica de que seu nervosismo era apenas um reflexo da recente evolução no almoço de sua família, no nervosismo de estar casando uma irmã. talvez, até, fosse o nervosismo de ser o assunto da semana nas f1redes, como os jovens chamavam. ele foi adolescente numa época bem diferente, então é claro que as novidades e a velocidade das notícias sempre iam assustar ele. era isso, claro. antes que pudesse pensar muito, já estava indo até o apartamento de vincent, o caminho novo e, ao mesmo tempo, não muito diferente do seu próprio prédio. é uma ideia ridícula, nossos estilos são diferentes. ele está provavelmente ocupado de qualquer jeito… mas eu sei que ele fica isolado e pensando demais na própria vida. eu ouço os rumores, eu vejo o jeito dele. e de que vai ajudar eu vir aqui e gastar o seu tempo com problemas fúteis sobre roupa? seus pensamentos foram tantos e tão rápidos, que valentín demorou para perceber que vincent já tinha aberto a porta e já estava falando. reclamando, é claro, mas dessa vez ele tinha razão. e, agora, de frente para vincent, aqueles pensamentos que ele tinha feito um trabalho tão bom em enfiar no fundo de sua mente vieram à tona. e de maneira desesperadora. eles dormiram juntos. agarrados. valentín nem se importou com isso. era estranho, isso era muito estranho. ele não se importar em dormir abraçado com outro homem. não só com outro homem, pois essa não era a novidade em questão, mas sim com vincent. eles não eram só dois homens, eles eram colegas de equipe. e o pior de tudo era que quando vincent foi embora e o perfume que ele havia deixado nos seus lençóis sumiu durante o dia, valentín lamentou. ele sabia que havia lamentado. mas era normal, era perfeitamente normal e nada além disso. o abraço aconteceu por acidente, movimentos naturais noturnos e qualquer outra coisa, foi um ato de carência. e é por isso que ele se manteve calmo quando começou a falar. “eu vim de golf.” não ajudou muito a sua causa, mas na sua cabeça fazia perfeito sentido ele responder a última mensagem de vincent. “menos chances de comoção.” ele empurrou a mala lateralmente até perto do outro, se permitindo dar um susto nele só por alguns segundos. “é meio que uma emergência.” o espanhol sorriu, um pouco envergonhado com o nível de emergências que se permitia ter. vincent provavelmente o julgaria, mas desejou que ele lembrasse que valentín tinha ‘emergências’ maiores as quais precisava ignorar. era uma atividade difícil. “mas não se preocupe, não estou vindo de mala para me mudar para sua casa ou algo do tipo.”
o apartamento em mônaco estava absurdamente silencioso , o tipo de silêncio que amplificava cada pensamento inconveniente . mônaco , por mais luxuoso que fosse , não ajudava em nada . era uma vitrine constante — e agora , com a temporada quase começando , era uma jaula de vidro . as últimas semanas tinham sido um inferno : treinos privados , reuniões com engenheiros , ajustes de simulador , briefings intermináveis com os estrategistas da equipe e … marc grimaldi . seu pai tinha sido insuportável nos últimos dias . marc ligava praticamente todos os dias . queria saber tudo . a aerodinâmica nova , o comportamento dos pneus , se o carro perdia tração nas curvas de alta , o que o engenheiro chefe pensava da estratégia da red bull . mas acima de tudo : “ esse é o seu ano , vincent . você precisa trazer esse título . se o marqués foi chutado , o próximo pode ser você . ” e o pior — ou talvez o mais honesto — era que ele concordava . porque no fundo , mesmo odiando aquela pressão , vincent acreditava nela . talvez por orgulho , talvez porque a lavagem cerebral tivesse sido tão eficiente que agora era ele quem repetia o discurso nos espelhos pela manhã . esse é o seu ano . precisa ser . ele encarava o reflexo no vidro da cozinha , a garrafa de bourbon a meio caminho da boca e a sensação de que talvez — só talvez — estivesse perdendo a linha outra vez . olhou para a garrafa de novo . uísque . aquele mesmo que tinha bebido em milão . a última vez que tinha se permitido relaxar . a última vez que … vincent bufou e franziu a ponta do nariz .
a cama era grande , cabia metade da porra da equipe técnica da ferrari , então por que eles estavam daquele jeito ? não era aquele abraço desajeitado de quem dorme torto . era peito colado , braço envolto na cintura , perna por cima . e aí vinha o desconforto . valentín estava acordado ? ele percebeu ? por que vincent ficou ali parado por segundos que pareceram horas até criar coragem pra sair da cama ? a vergonha veio de novo só de lembrar da forma patética como fugiu naquela manhã . os pés descalços no chão frio , o corpo meio travado de medo de ter se mexido demais , e o rosto quente de algo que não conseguia nomear . e depois deu a desculpa mais idiota da semana só para não ter que olhar nos olhos de valentín . patético . pegou o copo vazio na pia , girando nos dedos . a mão quase foi até a garrafa . quase . mas aí o celular vibrou . valentín . ‘ ah , merda . ’ vincent congelou . o peito deu uma leve contraída — nervoso ? não . vincent grimaldi não ficava nervoso . ele só estava … surpreso . puto consigo mesmo por estar arrumado pela metade , com uma camisa de treino da ferrari e uma calça de moletom cara demais pra servir de pijama . depois de alguns segundos , pegou o celular e digitou com pressa :
pode subir . vou liberar com a portaria agr . tenta não causar um escândalo com os fãs do lado de fora , superstar .
ainda sabia ser engraçado , ótimo . respondeu ao porteiro autorizando a entrada . ao mesmo tempo , correu para o closet , tirou a camisa pela cabeça e pegou uma camiseta preta básica — porque parecer arrumado demais daria a entender que estava esperando por ele . e ele definitivamente não estava esperando por ele . deu dois passos , voltou , passou perfume . por via das dúvidas . escondeu a garrafa de uísque como se tivesse cometido um crime — porque , de certa forma , tinha . não hoje , grimaldi , pensou , fechando a porta do armário com força . ouviu o som do elevador , alisou a camiseta e cruzou os braços na frente do corpo . ‘ eu tinha imaginado uma visita mais planejada . é feio chegar de surpresa , sabia ? ’
9 notes
·
View notes
Text
✧ closed starter , monaco ! @vincentandosemcompromisso
leonora era a menos metódica da família. a menos centrada, em certos pontos. então era claro que seu casamento com seu noivo perfeitamente indie e diretor de obras disruptivas francesas seria da maneira mais despojada possível. isso seria, se não fosse a intervenção de bianca, que teve como veredito primeiro proibir basicamente todas as escolhas de leonora. e bianca os conhece tão bem que mesmo assim ela acertou em tudo e conseguiu agradar à irmã do meio em todas as suas mais novas escolhas. era por isso, também, que ela estava ligando incessantemente para valentín um dia antes do almoço que ambas as famílias teriam em monaco. não que valentín não pudesse atender ao telefone. ele podia, mas deveria evitar se mostrar presente na internet de qualquer maneira que pudesse e isso incluía acesso limitado ao seu telefone. quanto menos tentação, melhor. as manchetes dos sites de fofoca estavam com o seu nome, rosto e histórico de namoros estampados após ele ter ido a woking visitar uma amiga. ela era, realmente, uma amiga, mas as manchetes não diziam isso. a traição era às fãs ou à ferrari e nenhuma dessas duas opções era muito boa. ele precisava ficar fora de radar isso havia deixado bem claro para a família que iria ficar um tempo fora, cheio de trabalho e todas as desculpas possíveis, mesmo que eles também acompanhassem os sites e tabloides. jornalistas de formula 1 eram ótimos alicerces ou seus maiores inimigos. não tinha meio termo. foi por causa disso tudo que ele demorou para abrir seus e-mails e ver uma quantidade enorme de e-mails de bianca, um atrás do outro. abriu o último com um pouco de preguiça do que quer que a irmã esteja preparando, apenas para ser surpreendido por uma última mudança. o almoço seria público, público o suficiente para pessoas tirarem fotos e ele precisava manter a imagem. infelizmente era como as coisas funcionavam na família marqués. ele precisou reformular tudo que havia planejado, suas possíveis escolhas da camisa ao relógio. tão rapidamente quanto possível, valentín estava encarando sua cama com quase todas as roupas que ele tinha e nenhuma parecia certa. black-tie optional, dizia no e-mail. de garden formal para black-tie optional. bianca iria pagar por isso.
depois de algum tempo, valentín fez um café e ficou encarando, pelo reflexo do espelho na sala, a porta do seu quarto escancarada e a quantidade de roupas ali. ele precisava de ajuda, mas ele não queria contatar ninguém. e ele sabia que se saísse daquele prédio agora, dezenas de pessoas iriam filmar seu rosto (derrotado pela vida, por sinal) e colocar na internet. ele precisava de um plano. então assim foi. esperou algumas horas até escurecer e enfiou as melhores opções de roupa dentro de uma mala pequena, saindo sem pensar duas vezes e trancando seu apartamento. na garagem, valentín tinha quatro carros e um deles era um golf 2014. não era um carro de um piloto de fórmula 1, mas era o seu primeiro carro da vida e ainda funcionava. e funcionaria para isso. por mais ridículo que parecesse, valentín usaria um carro para visitar vincent há meia quadra de seu apartamento. parou o carro do lado de fora, agradecendo aos deuses pelo vidro fumê e pegou seu celular. foi só então que percebeu que não podia simplesmente entrar no prédio de vincent, ele precisava avisar primeiro. pedir. e isso incluía falar com o outro, o que não seria estranho, porque nunca era, mas seria diferente. a noite que eles passaram em milão, e como soa estranho pensar assim, tinha sido diferente do normal. por mais que valentín tivesse dormido como uma pedra, ele podia jurar que, em certos momentos, fragmentos de memória o diziam que os dois estavam mais juntos do que o normal. abraçados, até. o que vincent pensou disso? o espanhol talvez jamais soubesse, pois quando ele acordou, eles já não estavam mais juntos. pelo menos é assim que ele lembra.
estou indo cobrar aquela visita. chegando... peça para que eles deixem eu entrar.
9 notes
·
View notes
Text
nada era suficiente para vincent com essas coisas. talvez com outras coisas também. valentín não podia deixar de se perguntar até que ponto isso era verdade. então, ele começou a citar outros exemplos, porque acima de tudo ele não queria dar a última palavra para vincent. não nesse caso. "dalí, goya, gaudí. miguel de cervantes, paco. pedro almodóvar!" ele não podia citar alguém que admirasse mais do que almodóvar no ramo artístico do seu país, então ele se deu por satisfeito. "e os motivos de picasso para morar na frança são justos. eu também não retornaria para um país com um ditador que iria me querer morto. você não acha? ter um artista exilado não é uma vergonha. pelo contrário." valentín estudou até o início do ensino médio na espanha e lembra de visitar guernica. botava em perspectiva os problemas da sua vida. "acho que não ganha." deu de ombros. se pessoas fossem entrar nessa discussão, ainda mais eles dois, jamais chegariam num acordo. "não precisa mentir, cariño. eu sei que você vai assistir todas e me apoiar. por que você é um bom amigo, sabe..." falava no tom de maior condescendência possível, como se explicasse para uma criança algo muito simples. na verdade ele queria que vincent o apoiasse após a separação deles. talvez tudo que lhe restassem publicamente eram as interações engraçadas na internet. valentín deixou que vincent fizesse sua piada e apenas riu. não deixava de ser verdade. 'bode expiatório' ou o que fosse. era sua maneira de lidar com aquilo. "falando assim parece que eu estou desejando algo ruim para você. te embebedar e acabar com a sua imagem pública. isso quando eu sei bem que você sabe fazer isso por conta própria." segurou a risada, dando com seu ombro no ombro de vince. eles estavam extremamente perto agora. "mas eu aceito sua proposta. vou amar sair do meu apartamento para passar uns dias no seu apartamento. dez minutos do meu. vou adorar ficar... na sua órbita." imaginou e achou a cena cômica. quase como quando ele era criança e fazia uma mala enorme para passar uns dias na casa de um amigo que morava alguns quilômetros ao sul da sua casa. "você acha vinhos sexualmente carregados? isso é bem revelador, grimaldi." valentín achava vinícolas românticas e agora que ele pensava sobre isso, talvez não fosse um bom assunto de se tocar.
"eu não disse que elas deixam, disse que não quero você me enviando na tentativa de. eu também não sou morto por dentro, por sinal." falou a parte final um pouco mais baixo, como um sussurro de algo que ele não queria admitir. até ele, que não era de edits, poderia ficar triste dependendo do quanto as fãs gostavam de serem dramáticas. já bastava o que ele tinha que escutar. e ele iria escutar. ele sabia o que todos iriam pensar. sua carreira tinha acabado e tudo, mas sempre iria ter pessoas lhe dizendo que sua amizade com vincent era linda. e ele nunca poderia discordar. "você sabe como silverstone é importante para mim." não era tanto como barcelona, mas ainda assim... era a terra natal de sua mãe. "eu precisava de um incentivo extra e cruel summer, bem... é cruel summer." silverstone é sempre no início do verão, então era mais do que justo na sua visão. "não, estou dizendo que você é o meu kanye west." seu tom era falsamente sério, mas sabia que vincent poderia notar a forma como seus lábios estavam querendo sorrir. ele esperava, pelo menos, que o outro percebesse esses pequenos detalhes. só não sabia o porquê. "você não confia em mim para chegar no meu quarto de maneira segura?" indagou logo após ligar o interruptor, mas seu argumento morreu ao bater o dedão do pé na quina do aparador do quarto. um quarto de hotel tão grande e valentín conseguia fazer algo assim. confiava plenamente em vincent, sentimento que fazia seu peito aquecer. era bom, mais do que isso. escutou o bater da porta, com a leve realização de que o outro iria dormir ali ali. cara de pau, mas isso não era novidade. sentiu seu corpo quase desligar quando deitou na cama, mas ainda mantinha certa consciência. apontou rapidamente para a cômoda, onde tinha tirado algumas de suas roupas de sua mala no dia anterior, para se organizar melhor. suas palavras estavam se esvaindo aos poucos, sem ele perceber. "colchão extra? não tem!" ele estava com seu tom incrédulo, mesmo que com os olhos já fechados. 'não é óbvio?' era o que o seu tom resmungão dizia. "o sofá. ou aqui. é bem grande." de barriga para baixo, como sempre dormia, ele esticou a perna esquerda até o outro lado da cama, onde seu pé mal tocava no lado oposto. antes que pudesse recolher a perna, ele pegou no sono.
vincent esticou as pernas e deixou o corpo escorregar um pouco mais no sofá , como se estivesse pronto para se fundir com o estofado . a risada que ele soltou foi arrastada , quase incrédula , quando ouviu valentín defender a sua cultura . ‘ isso é seu trunfo ? ele não conta . picasso já tava pedindo cidadania francesa desde o segundo cubismo . ’ arqueou uma sobrancelha , o canto da boca se contorcendo num sorriso torto , quase piedoso . o álcool começava a se infiltrar pelas bordas do raciocínio , tornando tudo um pouco mais engraçado do que deveria . e por mais que estivesse zombando , era evidente o prazer que tirava da provocação . ‘ eu não faço ideia de quem ganha essa discussão . na verdade , não ligo . eu só gosto de te ver irritado . ’ seu tom caiu um pouco , quase num sussurro . quando valentín tentou mudar de assunto — e depois se calou , rindo , balançando a cabeça , vincent não forçou . mas o jeito que ele desviou , o tom da voz … vincent reconheceu aquele movimento . ele próprio fazia aquilo . não precisava dizer nada sobre suas ex-namoradas para valentín , nem para ninguém , já que a maioria dos seus relacionamentos públicos estavam eternizados em melodias . ele parecia ter uma queda por mulheres que transformavam dor em arte . e , bem , ele tinha sido a dor de pelo menos três delas . não precisava que colocassem o nome dele numa faixa . bastava uma letra com um " golden boy " , carros de corrida , as ruas de mônaco , falando de alguém que fugia no exato momento em que as coisas pareciam reais . as fãs eram rápidas . montavam teorias que , infelizmente , eram verdade . “ essa música claramente é sobre o grimaldi . ” nunca mais namoraria uma cantora . quando valentín tentou sair pela tangente com a brincadeira das propagandas de produto de cabelo , vincent agradeceu . ‘ eu vou dar skip em todas . ’
ficou quieto por um instante . quieto de verdade . e isso , no caso dele , era um evento raro . ele manteve os olhos em valentín , com a fala mais arrastada que o habitual e a cabeça pendendo sutilmente . era uma versão do espanhol que não surgia com frequência . uma versão de que vincent gostava — só porque era mais divertida . ‘ então eu sou só o bode expiatório emocional que torna sua decisão menos dolorosa . ’ um quase sorriso dançou nos lábios , mas não chegou a se formar . ‘ isso é fofo . ’ queria retrucar , mas não conseguiu . valentín tinha ganhado aquele round . ‘ mallorca vem com cláusulas complicadas , então . ’ ele inclinou o corpo , pegando o copo de valentín e colocando do lado , fora do alcance . com cuidado . como se não quisesse mais ver ele bebendo . como se estivesse entrando no modo “ cuido de você ” — mas sem admitir que estava fazendo isso . ‘ você entendeu tudo errado ! eu ofereci proximidade . você ofereceu uma lembrança de verão . você quer me embebedar em mallorca e me deixar lá . eu … queria você na minha órbita . ’ era mentira . ofereceu mônaco porque era o que ele podia oferecer . o silêncio ficou pesado por um instante . vincent desviou o olhar , desconfortável com o quanto havia dito . soou ainda mais ridículo e carente em voz alta . ‘ vinhos , claro . ’ ele riu , dessa vez de verdade , o som curto e incrédulo . ‘ dois pilotos da ferrari andando pelas vinícolas da toscana . isso é tão sexualmente carregado que acho que a FIA proibiria antes de qualquer jornalista saber . ’
‘ tem coisas que nem se você tentar , não dá para jogar fora . ’ ele sabia bem isso . ‘ então você admite que edits nossas te deixam triste ? ’ perguntou com um sorriso desdenhoso nos lábios . era errado querer tirar confissões de um bêbado ? provavelmente . mas queria apenas provar seu ponto inicial . vincent riu ao ouvir “ swiftie é muito forte ” vindo da boca mole de valentín , com aquele sotaque espanhol escorregando preguiçoso por entre os bocejos . ‘ aquela sua playlist no voo para silverstone não era só indie espanhol aleatório ... tinha um cruel summer escondido ali . eu vi . ’ ergueu as sobrancelhas de modo acusatório como se tivesse descoberto um segredo de estado . ‘ metade do álbum reputation ? você tá me chamando de vingativo , rancoroso e emocionalmente instável ? estou profundamente ofendido . ’ dessa vez estava altinho demais para ficar realmente ofendido . o bocejo seguinte foi tão violento que fez até ele bocejar por reflexo . ‘ você vai desmaiar no corredor antes de achar o interruptor do quarto . ’ levantou-se em seguida e deu alguns passos até alcançar valentín , a mão segurando de leve as costas dele como se quisesse verificar que não caísse duro no chão . ‘ eu fico . ’ disse como se fosse a coisa mais óbvia do mundo , enquanto caminhavam em direção ao quarto . ‘ não confio em você bêbado sozinho , ainda mais com acesso à internet . ’ ao entrarem , deixou valentín seguir à frente e usou esse tempo para fechar a porta com um pé e já ir se livrando dos próprios sapatos . depois , desabotoou a camisa branca e jogou casualmente em uma poltrona próxima . passou a mão no cabelo de novo , tirando o excesso de calor da nuca , e olhou em volta com uma expressão cínica . ‘ onde ficam suas roupas de dormir ? ’ se aproximou da cômoda , esperando a resposta . ‘ e o colchão extra ? eu não vou dormir no sofá igual um casal divorciado . ’
13 notes
·
View notes
Text
"espanhóis são ignorantes em relação a arte? isso é um ultraje!" não eram o melhor país da europa quando o assunto era arte num geral, mas não era nem de perto o pior, ignorantes. "pablo picasso!" tentou argumentar, mas sabia que não era a mesma coisa. "e de qualquer jeito, eu sou metade britânico. nós temos muitos oscars." estava começando a ficar bêbado, suas palavras ficando mais emboladas e um pouco sem nexo. bem, até isso ele estava completamente certo. a inglaterra tinha muitos oscars, mas o fato era que ele já deveria ter deixado isso de lado. vincent só estava tentando pegar no pé dele. e, como sempre, deu certo. ele não respondeu em relação às memórias que mereciam ser relembradas. eles tinham visões diferentes do assunto, mas essa era uma das coisas que mesmo se eles pensassem diferente, não existia certo ou errado. era quase como se suas ideias se completassem. talvez se ele fosse analisar isso mais a fundo, existisse um motivo pelo qual ele não gostava de reviver esses momentos, dessa maneira. talvez, mas isso não é algo que ele quer abrir no momento. "por um momento..." ele tentou, mas deu risada, balançando a cabeça. não quis falar diretamente de sua ex. de repente, se sentiu compelido a mudar de assunto. "você ficaria surpreso." se contentou ao comentar apenas isso. não iria abrir, como vincent bem disse, aquela caixa de pandora. até certo ponto, era normal que suas fãs fossem separadas entre as normais, as que queriam que ele ficasse solteiro para sempre e as que queriam ele de volta com a ex. ele não conseguia gostar desses últimos dois grupos. ele tinha certeza que vincent sabe o que ele está sentindo. seu cérebro, quase que automaticamente, começa a lembrar de todas as pessoas que sabe que vincent se relacionou nos últimos tempos e pensou se vincent via edits dele com essas mulheres. ele fazia isso ou as edits eram reservadas para seus momentos de glória e momentos dos dois? seu rosto franziu, automático com os pensamentos distintos. "pode deixar que ano que vem eu vou estar assombrando você com as minhas propagandas de produto de cabelo." tentou brincar, bebendo só mais um pouco do uísque. não havia graça de verdade, mas era como um machucado que estava sarando e você fica com vontade de cutucar. de fazer a coisa nojenta, infeccionar de tanto mexer. aos poucos, começou a sentir seu corpo pesado. estava com sono, claro.
os dois eram extremamente compatíveis e talvez tivessem a sorte de serem lembrados como uma ótima dupla. talvez daqui uns anos, vincent fosse lembrar dele em uma entrevista e citá-lo como um de seus melhores colegas de equipe, mas o trunfo de valentín ainda seria quando parar as provocações. era por isso que normalmente suas brigas não evoluíam para algo sério demais. foi por isso que ele pecou naquela festa. ele precisa recuar na grande maioria das vezes. agora era um dos momentos de recuar a mão que atacava e fazer carinho na criatura que vincent era. "você não é insuportável." sua voz estava arrastada, ainda. mais ainda. "já pensou que essa seja a maneira mais fácil de eu pensar sobre minha mudança de equipe? que você é insuportável?" os dois estavam próximos e seu rosto estava mole, pescoço encostado, o efeito do álcool chegando. não tinha um tom triste, digno de pena, apenas um momento 'aha!' para que vincent não inventasse motivo para brigar. "está dizendo que se eu passasse mal aqui você iria me deixar aqui para morrer? preciso lhe ameaçar com manchetes de novo?" provocou, dando uma risada contida. "se você não está pronto para cuidar de um valentín bêbado então você não está pronto para mallorca." seu tom era solene, como se a casa de sua infância fosse parte de uma trama delicada. não deixava de ser verdade. ele e langdon costumavam aproveitar ao máximo as férias de verão por lá. "eu te ofereço mallorca e você oferece um apartamento na mesma cidade que a minha. nossa relação inteira resumida em segundos, não é?" era perigoso fazer aquela brincadeira, pois não era difícil imaginar o motivo pelo qual vincent não o deu outras opções. valentín escolheu não pensar muito naquilo. "você é italiano e não entende de vinhos. já sei o que podemos fazer na sua terra natal." deu a ideia, mesmo sabendo que era impossível. dois pilotos da ferrari fazendo tour pelas vinícolas da itália. causaria uma comoção, mesmo que eles alugassem as vinícolas, assim como a presença deles em milão.
"você fala como se eu tivesse feito, mas eu apenas aceitei o presente... uma fã fez os meus três cachorros. iguaizinhos. como eu poderia negar?" sorriu, bobo, lembrando das três peças que guardava em casa. quando o assunto era seus cães, ele não se importava de ter presentes e coisas emotivas. já havia perdido os cães de sua infância, o suficiente para traumatizar ele um pouco. "é impossível guardar tudo, mas tem coisas boas demais para jogar fora." seu olho foi até a pulseira no seu pulso e depois na do pulso de vincent, sorrindo. sentiu seus olhos começarem a pesar e ele soltou um bocejo. e depois, quando tentou falar de novo, outro. "vou te passar se você prometer não ficar mandando edits para me deixar triste." parecia justo, mas sabia que vincent ia reclamar. estava no sangue dele. reclamar. "swiftie é muito forte, mas eu fui na the eras tour e sabia pelo menos umas quinze músicas." aquilo era algo de ter orgulho, na visão dele. contanto que vincent não descubra o que ele estava fazendo na the eras tour, estava seguro. "e é claro que você tem uma música dedicada para você. metade do álbum reputation." declarou, como se realmente conhecesse todas as músicas daquele álbum. mas uma coisa ele sabia, i did something bad e look what you made me do eram daquele álbum. fazia sentido com a relação deles? não a de ódio, não, mas com as provocações que eles compartilhavam. valentín começou a bocejar novamente, furiosamente a ponto de chorar e também já tinha alguns segundos que ele percebeu que a sala estava girando um pouco. não seria rude, claro, mas com vincent ele se permitia ir direto ao ponto. "eu vou cair de sono por cima de você a qualquer momento. você quer passar a noite aqui?" começou a se levantar, terminando de beber o que restava de uísque mais uma vez do seu copo. quantos copos ele tinha bebido entre chocolate e sorvete ele não sabia. "eu posso te emprestar uma roupa ou algo do tipo." virou para ele, na expectativa de uma resposta rápida. no momento em que tocasse na sua cama, ele desligaria como um robô.
"e você é igualzinho a ele, it's not that deep." valentín se permitiu o tom de deboche, imitando o sotaque de vincent com um biquinho enquanto balançava levemente os ombros. era impossível que o outro não visse a clara comparação entre os dois. além de ser óbvia, não era 'that deep'. valentín só queria achar um motivo para brincar de ser superior ao amigo. o espanhol observou enquanto vincent descrevia o vídeo em questão, nada impressionado. seu sobrenome saindo de seus próprios lábios no tom de quase devoção que o narrador provavelmente tinha usado naquele momento. "não, é alguma obra da sétima arte que merece um prêmio ou algo do tipo?" brincou, pois o quão maravilhoso poderia ser uma edit do tiktok? valentín fez uma nota mental de procurar mais e tentar assistir essa em questão. "eu nunca reassisto essas coisas extras do campeonato. só meu desempenho, quando sou forçado. mas no geral... não gosto de rever essas coisas, mas eu sei a grandiosidade do momento. eu estava lá. com você." as últimas palavras saíram mais baixo, mas com um tom de imenso carinho. ele poderia saber de seus defeitos, de sua passividade para os seus quase dez anos de carreira na fórmula 1, mas esses momentos eram revistos com carinho por ele. não tinha os títulos, mas estava lá. sempre apoiando seu companheiro de equipe. seu amigo. esses momentos bons mereciam seu tempo na internet? ou então suas falhas, como vincent bem citou. ele não sabia do que tinha medo, mas tinha. "essas pessoas não valem nossa atenção." ele há muito tempo parou de dar ouvidos para certos críticos. claro, alguns tocavam na ferida, mas críticos de internet? escondidos atrás de fotos de outros pilotos e como objetivo tentar procurar e apontar defeitos minúsculos da sua vida? não. esses não. apesar disso, valentín sabia que a coisa era diferente com vincent. o maior crítico dele foi quem o criou, o que deveria ser sua fonte de segurança. como estranhos na internet não o incomodariam? valentín não sabe dar nome do sentimento que cresce em seu peito toda vez que ele percebe esse mais do que pequeno detalhe sobre seu colega, mas ele gostaria de poder mudar. e jamais vai poder. "de casal?" seus olhos se arregalaram um pouco, voltando seu pescoço com velocidade demais para uma pessoa normal, olhando para vincent com pavor pois a princípio achou que o outro estivesse falando dele com uma de suas ex-namoradas. quando finalmente entendeu a frase por completo, se acalmou. não as dele só, mas as de casal... os dois, como um casal. ele não iria entrar no fato de que ficou mais tranquilo com as pessoas shippando ele com vincent do que com a ideia das pessoas ainda estarem presas nos seus relacionamento passados. mesmo sabendo que isso era uma realidade. para cada pessoa shippando os dois no tiktok, existia duas pessoas comentando o arroba de suas ex-namoradas no seus posts. ele sabia muito bem qual o irritava mais. "i'll be watching you?" seu tom era de surpresa, ainda, mas bem diferente da última. seu rosto agora estava tentando segurar um sorriso. o quão romântico ele era? aquilo era incrível. "se eu fosse você... levaria como uma ameaça. i'll be watching you." repetiu com um tom mais sério, mas era claro que estava brincando. ao pensar naquilo, fazia todo o sentido as fãs usarem aquela música. não era só vincent, era a ferrari como um todo. ele iria embora, para outra equipe, outro colega, outros mecânicos e engenheiros, mas seria difícil superar aquele período de sua vida. talvez fosse o melhor, até o momento. sua clara paixão por seu ex-colega de equipe era óbvia, mas seu carinho por vincent e pela ferrari também era. como ele poderia equiparar? como ele poderia separar? "é realmente cansativo. é bom estar namorando, pelo menos as pessoas sabem o que significa quando eu estou realmente apaixonado e não só... olhando para vocês ou arrumando o cabelo." passou a mão pelo cabelo, ilustrando seu ponto.
"eu não finjo nada." curto e grosso. não era porque ele não olhava para o outro com olhos apaixonados que não olhava para o outro com carinho. as pessoas só interpretavam errado. não queria que isso acontecesse com vincent, também. não estava apaixonado pelo outro, mas também não fingia que não existia nada. era carinho, puro e mais simples do que ele poderia argumentar. pelo menos ele achava. "ano que vem você vai ter. eu espero que seu novo colega de equipe seja muito bom. sabe, para te aguentar e tudo..." chegou perto dele, usando a mão para gesticular em direção a ele, com o nariz franzido de desdém falso. na verdade, ele pensava mais no seu futuro do que no outro e não era nem por um motivo racional. era apenas por que tinha certeza que quem quer que a ferrari fosse colocar no seu lugar, seria alguém bom. "ah, é? você sabia cada um deles?" perguntou de maneira pausada, como se estivesse ofendido. dessa vez, não estava. sabia que vincent ia dizer isso, de qualquer maneira. conhecendo o outro como conhecia, essa era a única resposta possível. ao ver o outro apontar para o whisky, percebeu que não bebia há um tempo. seu copo vazio abandonado enquanto ele focava no chocolate. "uma coisa de cada vez, ou vou passar mal e você vai cuidar de mim. quer isso?" largou o chocolate com os pedaços faltando e voltou a encher seu copo, bebendo um gole pequeno. "eu não sou bobo de achar que vai ser a mesma coisa, mas... é complicado. vamos jogar mais padel e golf. e você está sempre convidado para mallorca. meus pais não aguentam mais o langdon e os caras da minha faculdade. seria boa uma mudança no itinerário." se imaginou mostrando as praias que pintavam o quintal de sua casa da infância e pareceu certo. bom. o suficiente para saber que continuaria ali.
"é claro que eu guardei isso! eu guardo muitas coisas de fãs. eu tenho peças de crochê, pulseiras, quadros... alguns fãs fazem coisas incríveis e... e eu achei que seria bom guardar essas pulseiras." ele sabe que vai ter um dia que sua memória já não vai mais ser o suficiente para lembrar os bons dias com vincent. que tudo vai se tornar uma maçaroca, esmagada pelas memórias que viriam e ele só lembraria de capítulos específicos que não vão contar a história inteira. bem, as pessoas que mais apreciariam aquela história, além dos dois, eram as fãs. ele poderia sempre olhar aquelas coisas, pequenas coisas, e lembrar do sentimento, não só da parceria dele nos pódios. "sabia que seria uma ótima ideia mostrar essas pulseiras para você." ironizou, mas seu tom era calmo. a profetização de vincent mais como uma promessa. ele queria dizer que nunca faria besteira, mas essas coisas eram imprevisíveis. ele poderia estragar tudo com algumas poucas palavras. ele já havia feito isso antes, por que com vincent seria diferente? ele não queria, é claro. "isso é a parte boa?" deu uma gargalhada, daquelas de dobrar o corpo. por que era ridículo, não? não sabia se podia botar a separação deles como a maior dor de sua vida ou algo perto disso, mas saber que as fãs tratariam como tal... era engraçado. "espero que elas escolham bem as músicas. para eu poder curtir todas com a minha futura conta secreta." declarou com tom solene. como quem dissesse, 'sim senhor, estarei assistindo edits do tiktok sob sua ordem'. "será que elas vão achar que você é the loss of my life?" levou o copo aos lábios, bebendo um gole maior dessa vez. completamente desconecto com a pergunta que havia feito. "e não me pergunte como eu conheço as músicas dela." levantou o dedo indicador, como quem calasse a boca de vincent. valentín tinha o gene espanhol ao seu lado, mas conhecer as músicas da taylor swift não poderiam prejudicá-lo. e ele definitivamente era um fã secreto. cada ex sua tinha uma música específica. e sabia que vincent também teria uma, o que era uma leve mudança.
13 notes
·
View notes
Text
"e você é igualzinho a ele, it's not that deep." valentín se permitiu o tom de deboche, imitando o sotaque de vincent com um biquinho enquanto balançava levemente os ombros. era impossível que o outro não visse a clara comparação entre os dois. além de ser óbvia, não era 'that deep'. valentín só queria achar um motivo para brincar de ser superior ao amigo. o espanhol observou enquanto vincent descrevia o vídeo em questão, nada impressionado. seu sobrenome saindo de seus próprios lábios no tom de quase devoção que o narrador provavelmente tinha usado naquele momento. "não, é alguma obra da sétima arte que merece um prêmio ou algo do tipo?" brincou, pois o quão maravilhoso poderia ser uma edit do tiktok? valentín fez uma nota mental de procurar mais e tentar assistir essa em questão. "eu nunca reassisto essas coisas extras do campeonato. só meu desempenho, quando sou forçado. mas no geral... não gosto de rever essas coisas, mas eu sei a grandiosidade do momento. eu estava lá. com você." as últimas palavras saíram mais baixo, mas com um tom de imenso carinho. ele poderia saber de seus defeitos, de sua passividade para os seus quase dez anos de carreira na fórmula 1, mas esses momentos eram revistos com carinho por ele. não tinha os títulos, mas estava lá. sempre apoiando seu companheiro de equipe. seu amigo. esses momentos bons mereciam seu tempo na internet? ou então suas falhas, como vincent bem citou. ele não sabia do que tinha medo, mas tinha. "essas pessoas não valem nossa atenção." ele há muito tempo parou de dar ouvidos para certos críticos. claro, alguns tocavam na ferida, mas críticos de internet? escondidos atrás de fotos de outros pilotos e como objetivo tentar procurar e apontar defeitos minúsculos da sua vida? não. esses não. apesar disso, valentín sabia que a coisa era diferente com vincent. o maior crítico dele foi quem o criou, o que deveria ser sua fonte de segurança. como estranhos na internet não o incomodariam? valentín não sabe dar nome do sentimento que cresce em seu peito toda vez que ele percebe esse mais do que pequeno detalhe sobre seu colega, mas ele gostaria de poder mudar. e jamais vai poder. "de casal?" seus olhos se arregalaram um pouco, voltando seu pescoço com velocidade demais para uma pessoa normal, olhando para vincent com pavor pois a princípio achou que o outro estivesse falando dele com uma de suas ex-namoradas. quando finalmente entendeu a frase por completo, se acalmou. não as dele só, mas as de casal... os dois, como um casal. ele não iria entrar no fato de que ficou mais tranquilo com as pessoas shippando ele com vincent do que com a ideia das pessoas ainda estarem presas nos seus relacionamento passados. mesmo sabendo que isso era uma realidade. para cada pessoa shippando os dois no tiktok, existia duas pessoas comentando o arroba de suas ex-namoradas no seus posts. ele sabia muito bem qual o irritava mais. "i'll be watching you?" seu tom era de surpresa, ainda, mas bem diferente da última. seu rosto agora estava tentando segurar um sorriso. o quão romântico ele era? aquilo era incrível. "se eu fosse você... levaria como uma ameaça. i'll be watching you." repetiu com um tom mais sério, mas era claro que estava brincando. ao pensar naquilo, fazia todo o sentido as fãs usarem aquela música. não era só vincent, era a ferrari como um todo. ele iria embora, para outra equipe, outro colega, outros mecânicos e engenheiros, mas seria difícil superar aquele período de sua vida. talvez fosse o melhor, até o momento. sua clara paixão por seu ex-colega de equipe era óbvia, mas seu carinho por vincent e pela ferrari também era. como ele poderia equiparar? como ele poderia separar? "é realmente cansativo. é bom estar namorando, pelo menos as pessoas sabem o que significa quando eu estou realmente apaixonado e não só... olhando para vocês ou arrumando o cabelo." passou a mão pelo cabelo, ilustrando seu ponto.
"eu não finjo nada." curto e grosso. não era porque ele não olhava para o outro com olhos apaixonados que não olhava para o outro com carinho. as pessoas só interpretavam errado. não queria que isso acontecesse com vincent, também. não estava apaixonado pelo outro, mas também não fingia que não existia nada. era carinho, puro e mais simples do que ele poderia argumentar. pelo menos ele achava. "ano que vem você vai ter. eu espero que seu novo colega de equipe seja muito bom. sabe, para te aguentar e tudo..." chegou perto dele, usando a mão para gesticular em direção a ele, com o nariz franzido de desdém falso. na verdade, ele pensava mais no seu futuro do que no outro e não era nem por um motivo racional. era apenas por que tinha certeza que quem quer que a ferrari fosse colocar no seu lugar, seria alguém bom. "ah, é? você sabia cada um deles?" perguntou de maneira pausada, como se estivesse ofendido. dessa vez, não estava. sabia que vincent ia dizer isso, de qualquer maneira. conhecendo o outro como conhecia, essa era a única resposta possível. ao ver o outro apontar para o whisky, percebeu que não bebia há um tempo. seu copo vazio abandonado enquanto ele focava no chocolate. "uma coisa de cada vez, ou vou passar mal e você vai cuidar de mim. quer isso?" largou o chocolate com os pedaços faltando e voltou a encher seu copo, bebendo um gole pequeno. "eu não sou bobo de achar que vai ser a mesma coisa, mas... é complicado. vamos jogar mais padel e golf. e você está sempre convidado para mallorca. meus pais não aguentam mais o langdon e os caras da minha faculdade. seria boa uma mudança no itinerário." se imaginou mostrando as praias que pintavam o quintal de sua casa da infância e pareceu certo. bom. o suficiente para saber que continuaria ali.
"é claro que eu guardei isso! eu guardo muitas coisas de fãs. eu tenho peças de crochê, pulseiras, quadros... alguns fãs fazem coisas incríveis e... e eu achei que seria bom guardar essas pulseiras." ele sabe que vai ter um dia que sua memória já não vai mais ser o suficiente para lembrar os bons dias com vincent. que tudo vai se tornar uma maçaroca, esmagada pelas memórias que viriam e ele só lembraria de capítulos específicos que não vão contar a história inteira. bem, as pessoas que mais apreciariam aquela história, além dos dois, eram as fãs. ele poderia sempre olhar aquelas coisas, pequenas coisas, e lembrar do sentimento, não só da parceria dele nos pódios. "sabia que seria uma ótima ideia mostrar essas pulseiras para você." ironizou, mas seu tom era calmo. a profetização de vincent mais como uma promessa. ele queria dizer que nunca faria besteira, mas essas coisas eram imprevisíveis. ele poderia estragar tudo com algumas poucas palavras. ele já havia feito isso antes, por que com vincent seria diferente? ele não queria, é claro. "isso é a parte boa?" deu uma gargalhada, daquelas de dobrar o corpo. por que era ridículo, não? não sabia se podia botar a separação deles como a maior dor de sua vida ou algo perto disso, mas saber que as fãs tratariam como tal... era engraçado. "espero que elas escolham bem as músicas. para eu poder curtir todas com a minha futura conta secreta." declarou com tom solene. como quem dissesse, 'sim senhor, estarei assistindo edits do tiktok sob sua ordem'. "será que elas vão achar que você é the loss of my life?" levou o copo aos lábios, bebendo um gole maior dessa vez. completamente desconecto com a pergunta que havia feito. "e não me pergunte como eu conheço as músicas dela." levantou o dedo indicador, como quem calasse a boca de vincent. valentín tinha o gene espanhol ao seu lado, mas conhecer as músicas da taylor swift não poderiam prejudicá-lo. e ele definitivamente era um fã secreto. cada ex sua tinha uma música específica. e sabia que vincent também teria uma, o que era uma leve mudança.
"paranoico." valentín resmungou ao escutar o comentário do outro. sabia que era piada, ou achava que era, mas não podia deixar de afrontar o outro. se perguntou por um segundo o que aconteceria se vincent fosse realmente aposentado por algum motivo de força maior. o seu lado competitivo e vingativo dizia, bem baixinho, que isso seria bom. que seria menos uma competição no seu caminho. claro, era assim que vincent devia pensar quando o assunto era ele. essa era a sua mentalidade, não a de valentín. não conseguia nem tentar. "nem me surpreende o fato de você ficar assistindo edits suas no tiktok. você é como narciso, perdido na própria imagem. não é?" brincou, um sorriso desacreditado nos lábios. ele sabia que a maioria dos pilotos fazia isso e ele mentiria se dissesse que não assiste alguns vídeos de fãs, mas no geral, ele simplesmente não consegue. "eu morro de vergonha de ver o que as pessoas falam de mim." era bom saber que pessoas queriam sentar no seu rosto, mas ver vídeos dele com músicas obscenas e centenas de outras pessoas curtindo e comentando o deixavam se sentindo exposto. como se alguém fosse transmitir a imagem dele se consagrando para todos verem. "eu?" sua voz saiu mais fina e alta do que ele queria ao reagir a acusação ultrajante. "eu sei exatamente do que você está falando, mas desculpa quebrar sua bolha de sentimentos... eu olho assim para todo mundo." se aproximou um pouco, estreitando os olhos de maneira caricata, como se estivesse analisando o outro da maneira como fazia em entrevistas e vídeos. não era o mesmo, mesmo que ele não soubesse disso no momento. "é a coisa espanhola, sabe como é. nós somos irresistíveis e nem é nossa culpa." deu de ombros. ele sabia que 'a coisa espanhola' ajudava, a língua e os maneirismos, mas ele era ótimo flertando. quando queria e ele definitivamente não queria flertar com vincent. "eu não te acho egocêntrico... tanto." seu tom saiu baixo, sentindo-se mal pela confissão. ele não iria mentir para vincent, pois não via motivo além de afagar o ego do outro e agora não era o momento. "e eu sou apático, inconsistente, cabeça-dura, orgulhoso e preciso de validação. isso te consola? eu assumir meus defeitos?" seu tom era neutro, nem debochado e nem sério demais. por que seria? era a coisa óbvia a se fazer se vincent fosse se sentir ofendido. "calculista, também." adicionou, sabendo que as pessoas pensavam isso dele. pessoas pensam coisas ruins, é quase inevitável. ele podia ser a pessoa maior nas situações em que tinha seus defeitos apontados, mas não era. então se igualou a vincent. seus defeitos estavam apontados e óbvios como sempre. "se você acha." não adiantava seguir insistindo se ele sabia que não iriam a lugar algum.
a palavra 'humilhar' não sentou direito com ele, mesmo sabendo que era uma brincadeira. pegou seu chocolate e seguiu comendo em grandes mordidas. esse seria o seu legado para a fórmula 1? ser humilhado pelo seu colega. bem, ele não era sempre calculista. era impossível ser numa situação dessas. apático também não, estava sentindo a dor daqueles resultados. inconsistência ele veria na pista. cabeça-dura, orgulhoso e validação não. então o que poderia resumir o seu maior defeito? ter jogado o trabalho do seu pai fora para ser lembrado pelo que no final de sua carreira? valteri era um dos melhores pilotos do grid, mas seria lembrado pelas gerações que viriam como um piloto de fim de grid que tira fotos semi-nu. o que seria dele? "passivo." falou, com a boca cheia de chocolate, enquanto apontava para o próprio rosto com o indicador. esse era o defeito para completar a lista. diferente da apatia que as pessoas atribuíam para ele, um 'iceman' 2.0, sua passividade para as coisas ao seu redor parecia inevitável. não tinha a ver com a mentalidade que seu pai o havia ensinado. "eu vou sentir falta, não tenho a mínima dúvida disso. é sempre doloroso perder um colega de equipe." seu tom era sério, mas então, ele riu. "estou falando como se fôssemos morrer. ainda vamos nos ver." estava positivo de que conseguiria outra vaga em outra equipe, mas era diferente. eles ainda iriam andar juntos? contando as coisas mais ardilosas que haviam acontecido nos dias que não se viram? ainda compartilhariam os desgostos que vinham acompanhando de dirigir para uma equipe cheia de defeitos? essa última, não. valentín tinha certeza que independente de para onde fosse, estaria tão longe de vincent no grid que os problemas do outro, um campeão, pareceriam minúsculos perto dos seus. "prometa que vai seguir me irritando como está fazendo agora e eu prometo que seguirei sendo o seu amigo dedicado e incrível." nisso, olhando para o aparador embaixo da televisão, lembrou algo que guardou em uma gaveta ali. levantou rapidamente, num ímpeto, e buscou os últimos presentes de fãs que tinha colocado ali. uma coisa recente entre os fãs eram as pulseiras de miçanga. ele recebia todas, mesmo que muitas vezes não pudesse guardá-las, e achava muitas engraçadas. entre as piadas e memes que havia protagonizado, um número bem grande delas vinham com alguma referência a parceria com vincent. pegou todas que conseguiu lembrar que eram sobre os dois, as V@, V + V, 714, entre outras coisas. segurou as pulseiras como um comprovante do que dizia. "viu?" as pessoas sabem o quanto nós gostamos um do outro, seu tom dizia. era bom saber que aquilo era verdade e podia sentir pelas palavras de vincent que eram. "acho que vai ser mais difícil para os fãs do que para nós dois." nunca seria, mas era bom fingir que sim.
13 notes
·
View notes
Text
"paranoico." valentín resmungou ao escutar o comentário do outro. sabia que era piada, ou achava que era, mas não podia deixar de afrontar o outro. se perguntou por um segundo o que aconteceria se vincent fosse realmente aposentado por algum motivo de força maior. o seu lado competitivo e vingativo dizia, bem baixinho, que isso seria bom. que seria menos uma competição no seu caminho. claro, era assim que vincent devia pensar quando o assunto era ele. essa era a sua mentalidade, não a de valentín. não conseguia nem tentar. "nem me surpreende o fato de você ficar assistindo edits suas no tiktok. você é como narciso, perdido na própria imagem. não é?" brincou, um sorriso desacreditado nos lábios. ele sabia que a maioria dos pilotos fazia isso e ele mentiria se dissesse que não assiste alguns vídeos de fãs, mas no geral, ele simplesmente não consegue. "eu morro de vergonha de ver o que as pessoas falam de mim." era bom saber que pessoas queriam sentar no seu rosto, mas ver vídeos dele com músicas obscenas e centenas de outras pessoas curtindo e comentando o deixavam se sentindo exposto. como se alguém fosse transmitir a imagem dele se consagrando para todos verem. "eu?" sua voz saiu mais fina e alta do que ele queria ao reagir a acusação ultrajante. "eu sei exatamente do que você está falando, mas desculpa quebrar sua bolha de sentimentos... eu olho assim para todo mundo." se aproximou um pouco, estreitando os olhos de maneira caricata, como se estivesse analisando o outro da maneira como fazia em entrevistas e vídeos. não era o mesmo, mesmo que ele não soubesse disso no momento. "é a coisa espanhola, sabe como é. nós somos irresistíveis e nem é nossa culpa." deu de ombros. ele sabia que 'a coisa espanhola' ajudava, a língua e os maneirismos, mas ele era ótimo flertando. quando queria e ele definitivamente não queria flertar com vincent. "eu não te acho egocêntrico... tanto." seu tom saiu baixo, sentindo-se mal pela confissão. ele não iria mentir para vincent, pois não via motivo além de afagar o ego do outro e agora não era o momento. "e eu sou apático, inconsistente, cabeça-dura, orgulhoso e preciso de validação. isso te consola? eu assumir meus defeitos?" seu tom era neutro, nem debochado e nem sério demais. por que seria? era a coisa óbvia a se fazer se vincent fosse se sentir ofendido. "calculista, também." adicionou, sabendo que as pessoas pensavam isso dele. pessoas pensam coisas ruins, é quase inevitável. ele podia ser a pessoa maior nas situações em que tinha seus defeitos apontados, mas não era. então se igualou a vincent. seus defeitos estavam apontados e óbvios como sempre. "se você acha." não adiantava seguir insistindo se ele sabia que não iriam a lugar algum.
a palavra 'humilhar' não sentou direito com ele, mesmo sabendo que era uma brincadeira. pegou seu chocolate e seguiu comendo em grandes mordidas. esse seria o seu legado para a fórmula 1? ser humilhado pelo seu colega. bem, ele não era sempre calculista. era impossível ser numa situação dessas. apático também não, estava sentindo a dor daqueles resultados. inconsistência ele veria na pista. cabeça-dura, orgulhoso e validação não. então o que poderia resumir o seu maior defeito? ter jogado o trabalho do seu pai fora para ser lembrado pelo que no final de sua carreira? valteri era um dos melhores pilotos do grid, mas seria lembrado pelas gerações que viriam como um piloto de fim de grid que tira fotos semi-nu. o que seria dele? "passivo." falou, com a boca cheia de chocolate, enquanto apontava para o próprio rosto com o indicador. esse era o defeito para completar a lista. diferente da apatia que as pessoas atribuíam para ele, um 'iceman' 2.0, sua passividade para as coisas ao seu redor parecia inevitável. não tinha a ver com a mentalidade que seu pai o havia ensinado. "eu vou sentir falta, não tenho a mínima dúvida disso. é sempre doloroso perder um colega de equipe." seu tom era sério, mas então, ele riu. "estou falando como se fôssemos morrer. ainda vamos nos ver." estava positivo de que conseguiria outra vaga em outra equipe, mas era diferente. eles ainda iriam andar juntos? contando as coisas mais ardilosas que haviam acontecido nos dias que não se viram? ainda compartilhariam os desgostos que vinham acompanhando de dirigir para uma equipe cheia de defeitos? essa última, não. valentín tinha certeza que independente de para onde fosse, estaria tão longe de vincent no grid que os problemas do outro, um campeão, pareceriam minúsculos perto dos seus. "prometa que vai seguir me irritando como está fazendo agora e eu prometo que seguirei sendo o seu amigo dedicado e incrível." nisso, olhando para o aparador embaixo da televisão, lembrou algo que guardou em uma gaveta ali. levantou rapidamente, num ímpeto, e buscou os últimos presentes de fãs que tinha colocado ali. uma coisa recente entre os fãs eram as pulseiras de miçanga. ele recebia todas, mesmo que muitas vezes não pudesse guardá-las, e achava muitas engraçadas. entre as piadas e memes que havia protagonizado, um número bem grande delas vinham com alguma referência a parceria com vincent. pegou todas que conseguiu lembrar que eram sobre os dois, as V@, V + V, 714, entre outras coisas. segurou as pulseiras como um comprovante do que dizia. "viu?" as pessoas sabem o quanto nós gostamos um do outro, seu tom dizia. era bom saber que aquilo era verdade e podia sentir pelas palavras de vincent que eram. "acho que vai ser mais difícil para os fãs do que para nós dois." nunca seria, mas era bom fingir que sim.
‘ outch . ’ resmungou , franzindo a testa e imediatamente recolhendo o dedo atrás do corpo , como se estivesse protegendo sua integridade física . ‘ vai que essa trégua é só uma desculpa para você arrancar meus dedos e me aposentar à força . ’ murmurou , semicerrando os olhos para valentín , desconfiado . vincent era um pouco paranoico . só o suficiente para manter a sanidade em um ambiente onde todo mundo queria ver sua cabeça rolando . mas decidiu confiar . dessa vez . quando o espanhol mencionou os tabloides , revirou os olhos , mas um sorriso convencido logo se formou em seus lábios . ‘ pelo menos vai render bons edits no tiktok . ’ sim , o grimaldi passava horas no aplicativo assistindo edits de si mesmo , e consequentemente , alguns que aparecia com o companheiro de equipe . aquelas adolescentes eram realmente boas no que faziam , tinha que admitir . os fãs brasileiros talvez fossem os melhores — o dia que decidiu traduzir um funk para a sua língua materna foi o dia que mais ficou chocado com a habilidade deles . ‘ aliás , se você parasse de me olhar tão apaixonado na frente das câmeras , essa teoria de que a gente é um casal já teria caído por terra . ’ um sorriso travesso brincou nos lábios de vincent . ‘ o que foi ? eu mal olho pra você . o problema é você , que parece sempre à beira de me pedir em casamento em cada coletiva de imprensa . ’ levantou as mãos em um gesto inocente , como se fosse completamente isento de responsabilidade . a verdade era que vincent adorava brincar com essa narrativa que a mídia criava . se não podia vencê-los , então que se junta-se à eles . porém , a brincadeira perdeu um pouco da graça quando valentín começou a responder suas perguntas — aquelas que vincent tinha feito sem realmente querer uma resposta . ‘ ah , então basicamente , você concorda com tudo . ’ respondeu com um tom falsamente ofendido . ‘ todos sabem que eu não sou um babaca . ’ disse , com confiança absoluta , dando um gole em seu uísque . apenas um detalhe : ninguém dizia isso na cara dele . o que não queria dizer que não falavam pelas costas . então , em vez de dar espaço para esse pensamento crescer , preferiu focar em valentín . ‘ eu sou naturalmente irritante , não preciso nem me esforçar . ’ disse , sorrindo satisfeito , como se aquilo fosse um dom divino . ‘ o que quer dizer que eu preciso me preparar para te humilhar publicamente umas dez vezes . pobrecito . ’ e então , como se fosse um gesto de pura solidariedade , deu um tapinha condescendente no ombro de valentín e sorriu . depois de uma pausa , sua voz baixou um pouco . ‘ você sabe que isso tá acabando , né ? e eu tô começando a achar que , quando acabar . . . eu vou sentir falta disso . ’ levantou o olhar , encarando valentín sem desviar . ‘ eu não quero outro companheiro de equipe . ’
13 notes
·
View notes
Text
valentín revirou os olhos com o comentário de vincent, segurando o dedo dele e abaixando-o com certa força. era apenas uma brincadeira, sem o machucar, e com um sorriso estampado no rosto. pronto, as coisas haviam se resetado entre eles novamente. valentín poderia ter se ofendido, poderia ter levado para o lado de que vincent realmente queria o chamar de incompetente. valentín poderia muitas coisas, mas se fosse levar tudo para o lado da ofensa, nunca teria uma relação com o outro. ele poderia escolher o lado balístico das coisas, mas nunca o fez antes. não com vincent, nem ninguém. talvez fosse isso que o tivesse feito falhar em tudo. "vou vender a informação de que você anda distratando vendedores de milão para fazer atos românticos para o colega de equipe, os tabloides vão amar. dois em um." valentín brincou, levando o copo aos lábios. ambos sabiam que era assim que a mídia os via, então por que não debochar da situação em que viviam? não era um estado, mas um decreto para o resto de suas vidas. sempre teriam suas atitudes manipuladas e valentín não negava odiar quando as coisas saíam dos limites (sua suposta namorada, por exemplo), mas era cômico até um certo nível. "eu concordo..." pensou com calma, pois dizer a coisa errada poderia tornar tudo aquilo difícil de novo. dizer sem pensar também seria um erro, pois valentín pensava muitas coisas sobre vincent, mas nem tudo era uma verdade absoluta. "eu concordo que você foi um babaca... naquela noite." buscou os olhos do outro para ter certeza que a última parte ficou clara. vincent tinha seus momentos, mas ele não era um grande e completo babaca. ele era filho do pai dele, afinal de contas. "concordo que você se defende antes de pensar e parece um idiota no processo," escondeu um sorriso com o copo, enquanto intercalava com o chocolate. aquilo vai ser ótimo para o seu metabolismo. "mas nem todo mundo sabe que você não é um." deixou implícito o que foi preciso. aquilo não precisava se tornar uma sessão de terapia e de elogios. valentín tinha uma grande dificuldade de falar sobre certos sentimentos, enquanto outros saíam com facilidade. ele não queria saber o motivo daquilo. isso implicava grande dedicação à terapia, coisa que ele não tinha. agora que ele parava para pensar nisso, vincent parecia ter o mesmo problema. era tão fácil de jogar os sentimentos ruins para cima dos outros. a briga saiu tão fácil. diagnóstico ele não teria, mas a semelhança entre os dois no meio de tantas diferenças fez ele querer sumir. "eu não poderia nem chutar um diagnóstico para essa sua mente curiosa. eu sou dos números." levantou uma das mãos em trégua. se pudesse calcular as chances de algo, isso seria mais provável. as chances deles manterem uma amizade até o final da temporada iam continuar diminuindo corrida após corrida, mas ele não queria que aquilo se tornasse realidade. não mesmo. "eu imagino que deva estar sentindo saudade mesmo. para você é quase como uma vocação, não?" seu sotaque soou mais forte agora, sentindo-se mais confortável e abandonando o sotaque britânico da mãe. rapidamente o fato lhe lembrou estarem onde estavam e por qual motivo. "eles querem que a gente grave uns dez desafios até o final da temporada. os últimos. já te falaram?" não tinha tristeza na sua voz, mas leve irritação. era engraçado, quase. queriam fazer o máximo com o tempo que tinham. com o nível de competitividade de vincent, isso sempre era algo engraçado, mas o sentimento certamente mudaria.
soltou uma risada curta e nasalada diante do comentário sobre ele implorar por algo — era verdade . deveria ser uma ofensa ? provavelmente . mas para vincent , era um elogio . ‘ que fique registrado : eu fiz o discurso por princípios , não por você . odeio incompetência . acontece que , no caso , você estava envolvido . coincidência . ’ ergueu o dedo indicador como se aquela informação fosse relevante . o sarcasmo era o jeito mais fácil de escapar do desconforto . de fugir daquela sensação de que estava se rebaixando demais , mesmo que fosse por um motivo justo . ele nunca aprendera a se desculpar de verdade sem sentir que estava se diminuindo . porque com o pai , era isso ou nada . vincent escutou , fingindo desinteresse enquanto pegava o copo de uísque , mas os dedos dele estavam um pouco mais firmes do que o normal ao segurá-lo . no instante em que ouviu “ concordo com algumas ” , ele já revirou os olhos mentalmente . estava ali se humilhando — o que já era um evento astronômico — para o outro ainda deixar claro que ele foi um babaca ? ‘ eu sei que você pensou . ’ deu um olhar de soslaio para o espanhol . já que estavam sendo sinceros , não doeria ouvir toda a verdade . e a verdade era que muitos achavam que vincent era um egocêntrico babaca e mimado . ‘ com quais partes , exatamente , você concorda ? ’ deveria ter ficado calado já que não queria saber a resposta daquela pergunta . mas , no fundo , ele sabia que tinha dado sorte . valentin estava sendo receptivo . ele aceitava a trégua , mesmo depois de tudo . isso era algo que vincent admirava — ou invejava . ele não era assim . precisava de provas , precisava ver a outra pessoa se arrastar pelo chão , escrever um pedido de desculpas formal e assinado , talvez até passar por uma humilhação pública antes de conceder perdão . era um defeito seu , ele sabia . ‘ eu quero acreditar que sim . ’ girou o copo na mão antes de beber um gole . desde a discussão , ele ficou com aquele sentimento de culpa que não deveria o pertencer , mas pertencia . quando o espanhol comentou sobre terapia , o olhar de vincent subiu de imediato , e ele riu . não porque achasse engraçado , mas porque a frase bateu tão em cheio que o único reflexo que teve foi rir . ‘ certo , doutor . então me fala , qual seria o diagnóstico ? ’ inclinou a cabeça de lado , provocativo . ‘ egomaníaco incurável ? ’ deu mais um gole no uísque e jogou as costas contra o sofá . ‘ agora que o momento terapia-de-casal já passou , podemos voltar ao normal ? porque eu tô começando a sentir falta de ser insuportável com você . ’ se inclinou na direção de valentín , se esparramando ao lado dele com total falta de noção de espaço pessoal — pernas quase encostando nas dele , ombro colado demais , aquele tipo de proximidade invasiva que só alguém irritante como o grimaldi poderia fazer .
13 notes
·
View notes
Text
valentín revirou os olhos com a ideia de ter que fazer vincent implorar por alguma coisa. isso seria quase impossível. "quando você imploraria por algo? isso seria divertido." murmurou, com uma expressão de desdém. acabou deixando um sorriso tomar seus lábios, afinal não queria criar outra briga. não era necessariamente algo ruim o fato de que ele via vincent como alguém que não implorava e apenas demandava. era uma grande diferença entre os dois e talvez valentín devesse ser da mesma maneira. "você ainda fez questão de dar um discurso para o atendente? uau, isso realmente era muito importante para você." valentín estaria satisfeito com qualquer sabor que simbolizasse a trégua entre os dois, mas o fato de que vincent lembrava do seu sabor favorito e ainda fez questão de atrapalhar a vida de outra pessoa por isso... mostrava que ele estava realmente querendo resolver aquilo tudo. era tocante. "você é muito romântico, não posso negar." valentín colocou uma mão sobre o peito, enquanto a outra pescava a barra de chocolate de cima do balcão. abriu e comeu um pedaço, soltando um gemido no processo e sorrindo quase que imediatamente. "você escolheu certo." viu que o outro estava trazendo a garrafa de uísque e deu um salto para se levantar, indo em direção ao bar móvel que ficava perto da cozinha. "pode ir falando." o bar estava atualmente vazio, visto que ele não queria nenhuma bebida no quarto durante aquela viagem. bom, estava arruinado de qualquer maneira. pegou dois copos e colocou umas pedras de gelo do freezer. "você que está falando essas coisas, mas eu sinto que preciso concordar. com algumas." disse muito cautelosamente, os copos colocados na mesa de centro com calma. babaca e egocêntrico. duas palavras que ele havia pensado naquele dia e nos dias que viriam. vincent grimaldi era um grande babaca egocêntrico. mas, se fosse pensar sobre isso, ele também não seria? se fosse valentín no lugar dele. não era bom pensar naquelas coisas. nos 'e se' da vida. "eu também fui." confessou, depois de alguns segundos encarando os copos vazios. "eu não tinha motivos para agir daquela maneira quando a culpa de tudo isso não é sua. não foi a minha intenção botar a culpa em você. sabe disso, não é?" era importante que vincent soubesse disso. valentín poderia imaginar que com o egocentrismo já estipulado de vincent, o outro achasse que valentín o estava atacando pessoalmente. nada daquilo era pessoal. o espanhol escutou com calma a penosa tentativa de desculpas de seu colega de equipe, apenas sorrindo quando ele finalmente terminou. "eu aceito suas desculpas." declarou, servindo dois dedos de uísque para cada um, entregando o copo de vincent. "e acho que você precisa de terapia... e eu também." deu de ombros, suspirando. ele fazia terapia, claro. era obrigação sua como um atleta ter a mente preparada para certas situações. mesmo assim, existiam certas coisas que uma terapia jamais ia conseguir chegar. existiam certos níveis que valentín não permitia que terapeuta nenhum visse. o errado era ele, sabia disso.
vincent sentiu alívio ao ver que valentin não estava prestes a esmurrar a porta na sua cara . era estranho sentir aquilo — aquele tipo de nervosismo que vinha não do medo , mas do orgulho ferido . ele já tinha elaborado , mentalmente , uns três planos de retaliação caso fosse rejeitado . ultrapassagens vingativas , briefings desconfortáveis , entrevistas passivo-agressivas . em último caso , ele apelaria para elogiar demais qualquer outro piloto espanhol em todas as entrevistas . ok , talvez ele fosse um pouco rancoroso e vingativo — ou mimado , chame como quiser . só o suficiente para garantir que a última temporada de valentin na ferrari fosse um inferno . mas agora podia rasgar essas ideias do papel — e , francamente , ainda bem . ‘ grazie mille . achei que ia ter que implorar pela hospitalidade espanhola . ’ entrou no quarto com passos decididos demais para alguém que quase voltou atrás três vezes no caminho até ali . deixou a sacola em cima da bancada , tirando seu tempo para abrir e inspecionar os itens como se fosse um crítico gastronômico . isso tudo para evitar o olhar de valentin . em seguida , abriu o pequeno freezer embutido com um puxão e colocou o pote de sorvete lá dentro antes que derretesse . por último , pegou a barra de chocolate e virou-se na direção do espanhol , segurando o doce como se fosse um triunfo . ‘ três mercados , dois olhares julgadores e um atendente que achou que eu era louco por explicar a importância de um sabor específico . ’ por fim , foi na direção do sofá com o uísque em mãos . primeiro , jogou o corpo despreocupadamente no estofado , testando o conforto . depois , se ajeitou melhor , escorando um dos braços no encosto enquanto cruzava as pernas , assumindo aquela postura relaxada demais para alguém que claramente não estava tão relaxado assim . ‘ chocolate de café . uísque espanhol . parece até que eu te namoro . ’ o comentário não poderia ter sido em pior hora . ele poderia continuar enrolando , poderia jogar mais algumas piadas no ar , mas valentin já estava o encurralando . vincent se viu estalando a língua no céu da boca , girando a garrafa de uísque entre os dedos antes de deixá-la sobre a mesa . os ombros caíram um pouco e o olhar desviou para qualquer canto do quarto , fugindo do contato direto por um instante . ‘ eu fui um babaca naquela noite , tá legal ? ’ as palavras saíram meio arrastadas , como se estivessem sendo empurradas garganta abaixo . depois de um instante , encontrou o olhar do outro . ‘ não foi justo com você . e você não merecia ouvir metade das coisas que eu falei . nem o tom . nem o jeito . nada . ’ virou o rosto por um segundo , como se aquilo tudo ainda soasse constrangedor demais para ser dito de frente . ‘ sim , eu sou egocêntrico . eu me defendo antes de pensar . mas isso não quer dizer que eu não veja as coisas . eu vejo . eu só . . . não sei lidar com elas sem parecer um idiota no processo . ’ ele não era bom em longos pedidos de desculpa , e ambos sabiam disso . mas ali estava . o máximo que poderia oferecer . ‘ então . . . se você conseguir encontrar um fiapo de perdão nesse seu coração partido , eu sugiro que a gente beba esse uísque e finja que somos adultos responsáveis por uma noite . ’
13 notes
·
View notes
Text
a itália sempre o deixava se sentindo sobrecarregado. era um sentimento estranho, mesmo que bom. todas aquelas pessoas colocando uma fé geracional e divina nele e em vincent. principalmente em vincent, como sempre. e mesmo assim, valentín sentia que o mais afetado era ele. agora, na sua última pré-temporada com a ferrari, ele não podia deixar de imaginar todas as possibilidades. o que ele estaria fazendo dali um ano. deitado na cama do quarto do hotel, valentín pensava no que ele poderia fazer dali uma hora. um pouco mais realista e possível. ele poderia sair na rua e causar uma comoção pública ou ele poderia ficar no quarto e maratonar todas as temporadas de downton abbey. ele não se sentia assim nem na espanha e por isso escolheu a segunda opção. seu quarto de hotel tinha uma sala de cinema, então ele passou boa parte do dia infurnado lá. de vez em quando ele abria o twitter para ver o que os fãs estavam comentando, mas a maioria das coisas deixava ele pior. alguns dias depois da comoção pela sua saída as brigas começaram e nunca era bom ver estranhos na internet comentando todos os erros que você já cometeu na carreira. ele não esperava ninguém ali. seus treinadores estavam ocupados preparando sua nova rotina de exercícios e sua equipe de PR estava provavelmente planejando com a equipe da ferrari qual a próxima vergonha que ele teria que passar. sua família estava aproveitando as neves dos alpes suíços. não tinha mais ninguém que pudesse atrapalhar seu momento. exceto, é claro, uma pessoa. quando a porta abriu e ele se deparou com vincent, ele soltou um suspiro, sem conseguir resistir. o evento tinha sido um fracasso e certas fofocas correram em sites, especulações criadas. ele nunca quis aquilo, ele se sentiu extremamente mal, mas também... também não queria pedir desculpas por sentir. "eu não pedi serviço de quarto." falou, brincando. além de uma provocação a fala do outro, era um fato, mas não era um que importava. ele levava as coisas muito ao pé da letra quando o assunto era vincent. por algum motivo, valentín não conseguia sempre mostrar seu lado descontraído, como conseguia com outros pilotos do grid. ele via isso no twitter, também, como os fãs sabiam o quão próximo ele era de seus ex-colegas de equipe. de uma maneira que ele não era com vincent, mesmo que o considerasse um bom amigo. ele tentava, mas após a briga, as tentativas cessaram um pouco. não era bom para o PR, nem para o seu coração. ele gostava de vincent demais para não se importar. então, ele tentou. "chocolate de café? você me conhece tão bem, listillo." ele estreitou os olhos, os braços cruzando sobre o peito. apreciou o esforço do outro. aquilo era uma oferta de paz. só esperava que não fosse como o cavalo de troia. "claro, entre. onde estão minhas maneiras? ainda existia uma tensão ali, mas valentín estava disposto a tentar. ele precisava dizer suas desculpas também, mas antes... "a que devo o ar da sua graça?" caminhou até o sofá do quarto, sentando no braço do sofá. fez um movimento com o queixo, indicando para que o outro se sente. "e não me diga que você simplesmente lembrou de mim. você fez questão de deixar claro que foi, ó, tão difícil achar o meu chocolate preferido. então?"
౨ㅤ⠀˛ㅤ⠀⋆ㅤ⠀໒ㅤ⠀𝐜𝐥𝐨𝐬𝐞𝐝 𝒔𝒕𝒂𝒓𝒕𝒆𝒓 ꗃ tintin .
milão , itália . uma semana para a temporada começar . a última de vincent e valentin como companheiros de equipe . vincent não era idiota . nem valentin . os dois sabiam que aquilo não estava funcionando . eles estavam presos em uma espécie de purgatório onde só se falavam por obrigação e sorriam para as câmeras como dois reféns com uma arma apontada para a cabeça . era tarde da noite , e vincent grimaldi se encontrava em uma situação raríssima : prestes a engolir o próprio orgulho . não porque achava que tinha sido o único errado naquela briga — porque não tinha — mas porque alguém precisava ceder primeiro . então ali estava ele , parado em frente ao quarto do espanhol . uma sacola pendia de sua mão , contendo três itens meticulosamente escolhidos : sorvete da haagen dazs , um dos favoritos de valentin ; uma barra de chocolate sabor café , porque nunca se erra dobrando a aposta ; e um uísque espanhol . coisas que só alguém que realmente presta atenção saberia . se aquele idiota não reconhecesse o gesto , vincent já cogitava quebrar a garrafa na cabeça dele . encarou a porta por alguns segundos , sentindo uma irritação consigo mesmo . era tão difícil assim ? seria muito mais fácil fingir que nada aconteceu , que estava tudo bem , seguir com a temporada como se não se importasse . mas ele se importava . então , antes que pudesse se dar o luxo de desistir , bateu na porta . três toques firmes , impacientes . não queria parecer hesitante . quando finalmente a porta se abriu , seu olhar percorreu o espanhol de cima a baixo . ‘ relaxa , marqués , não é serviço de quarto . ’ antes que ele pudesse soltar qualquer palavra , vincent ergueu a sacola ligeiramente , deixando-a balançar no ar entre eles . ‘ mas eu diria que o meu serviço é melhor . olha , você deveria apreciar o esforço , porque foi um inferno achar esse maldito chocolate de café a essa hora . ’ o sarcasmo veio naturalmente , porque vincent não sabia fazer diferente . pedir desculpas diretamente ? não ainda . ele precisava sentir o terreno antes . ‘ e então . . . vai me convidar para entrar ? ’
13 notes
·
View notes
Text
𝐒𝐓𝐀𝐑𝐓𝐄𝐑 𝐂𝐀𝐋𝐋 𓂅 00 / 06 .
comente um emoji para um starter fechado com valentin .
11 notes
·
View notes
Text
o espanhol revirou os olhos com tanta força e vontade, que ele chegou a sentir dor. eu, eu, eu, eu! com vincent sempre era assim e ele se perguntava como alguém com essa mentalidade chegou tão longe. "eu não disse isso!" gritou, sua voz saindo mais firme do que ele mesmo queria. odiava que colocassem palavras na sua boca e sendo uma pessoa pública, tinha que aprender a lidar com esse tipo de coisa de maneira diplomática. engraçado o suficiente, nenhuma tática de PR parecia sobreviver cinco minutos com seu colega. "em nenhum momento eu botei a culpa em você, de onde você tirou isso? eu não te acho descartável, nem um contrato quebrado como eu já disse, mas confesso que agora estou te achando um chato!" a palavra não era bem o que ele queria dizer, mas era o suficiente e não forte o bastante para piorar a briga, apenas demonstrar seu descontentamento com tudo aquilo. como ele queria que isso aquilo fosse mais fácil, mas eles aparentemente iriam brigar eternamente. nenhum lado terminaria seu argumento. sempre haveria um "mas", algo a acrescentar. "você não entende. não finja que entende. você já ganhou o campeonato, você vai ter quantos anos de contrato quiser com a ferrari." era ridículo o quanto ele não percebia e não aceitava a diferença de situações. "e isso é ótimo, você sabe que eu sempre te apoiei. sempre! apenas não é a realidade de alguns de nós." estava sendo honesto e falando do coração. bem, vincent não queria falar sobre aquilo? então que falassem. valentin preferia, desde que se entende por gente, não conversar sobre assuntos difíceis. ele é o tipo que odeia confronto, prefere manter os assuntos nas entrelinhas. isso já lhe causou muito problema, com sua família e principalmente em relacionamentos românticos. ele nunca achou que fosse causar problema com vincent, de todas as pessoas. as próximas palavras do outro entraram cortando seu peito. sabia que as pessoas achavam isso, mas seu colega de equipe? a pessoa que esteve com ele durante esses cinco anos? que viu tudo, das suas vitórias aos momentos em que precisou ficar no plano de fundo dos momentos de glória da equipe? "e você realmente esperava que eu tivesse outra reação além dessa?" sua voz saiu como um sussurro, deixando implícito que estava daquele jeito por causa desse pensamento. como ele não poderia pensar aquilo sobre si mesmo? pensava, é claro. valentin saiu em passos rápidos da tenda, com vincent junto de si. e o pior de tudo aquilo é que não importa quanta raiva ele sinta, não poderia piorar aquela situação. não deveria. eles, agora, estavam em público. e honestamente, valentin estava machucado. "eu já tinha escolhido, vincito. eu escolhi e você me atropelou, desejando que eu agisse como você acha melhor." o apelido que usava em coletivas e vídeos promocionais saiu com deboche e ele sentiu vontade de rir por sua ingenuidade de inventar aquilo quando se conheceram. jamais imaginaria que poderiam estar numa situação dessas. valentin aproveitou um garçom passando e esticou o braço para pegar uma taça de champagne. bebeu tudo em um gole, dando um passo mais perto do outro. sua respiração com certeza agora com o cheiro da bebida. "você faz tudo isso e agora propõe uma escolha vazia. eu lhe pergunto: você vai aceitar que eu simplesmente não estou no meu melhor humor ou vai seguir achando que eu tenho que estar jogando fogos de artifício justo quando a equipe dos meus sonhos me jogou fora? isso está claro para você, ou quer que eu me humilhe mais para afagar o seu ego?" ele não estava falando alto, sua voz era baixa e seu dedo agora se encontrava no peito de vincent. não sabia exatamente o que aquilo poderia parecer de longe, mas ele fez questão de não fazer parecer uma briga.
sabia que a conversa não estava indo para um bom lugar . no começo , ele ainda se mantinha na superfície , usando o humor como escudo , mas o sorriso de valentin não era genuíno . aquilo já seria suficiente para incomodá-lo , mas quando o espanhol disse que preferia seguir sozinho , foi como um tapa na cara — sinceramente , o tapa teria doído menos . vincent piscou , processando as palavras como se tivessem saído de alguém que ele não conhecia . abriu a boca para responder , mas valentin não deu tempo . ele jogou o corpo para trás , cruzando os braços , mas seus ombros estavam tensos . ‘ eu sou inacreditável ? eu ?! ’ tentou esconder a reação atrás de uma risada seca , mas não havia humor ali , apenas a necessidade de se proteger . e nunca era um bom sinal quando vincent entrava na defensiva . ‘ então a culpa é minha agora ? eu que sou o egoísta por . . . sei lá , querer que meu parceiro de cinco anos não se afastasse como se eu fosse descartável ? ’ o veneno na última palavra foi involuntário , mas genuíno . quando o outro disse que aquilo não era sobre ele , vincent sentiu . claro que não era . ele sabia que não era . mas a forma como valentin falava , como se vincent fosse um idiota insensível que não conseguia enxergar além do próprio umbigo , fazia tudo parecer muito sobre ele . e então veio a pior parte . ele entendia , droga . mas o que valentin queria que ele dissesse ? que sentisse pena ? que chorasse junto ? que fingisse que não se importava com o que ia perder também ?
‘ não entenderia ? vai se foder , valentin . ’ repetiu , incrédulo . ‘ você acha que existe um único piloto nesse grid que não sabe que sua posição pode sumir de um dia pro outro ? que não vive com essa porra de incerteza ? ’ seu olhar escureceu na mesma hora , e ele se inclinou um pouco para frente , como se quisesse deixar claro que não iria aceitar aquilo passivamente . ele deveria ter parado ali . mas não parou . a raiva turvou seu julgamento , misturou-se ao orgulho ferido , e as palavras saíram antes que ele pudesse segurá-las . ‘ se você fosse bom o suficiente , ainda estaria na ferrari no próximo ano . ’ assim que disse , soube que havia ido longe demais . e , no instante seguinte , ele se arrependeu . sabia que contratos eram mais complicados do que simplesmente ser " bom o suficiente " . sabia que a fórmula 1 era política , dinheiro , influência . sabia que aquele maldito esporte não era justo . mas a raiva fez com que dissesse aquilo de qualquer jeito , porque se ele estava se sentindo uma merda , então valentin também deveria se sentir . ‘ eu não quis . . . ’ a vidente quebrou o silêncio com sua leitura de cartas , dizendo algo sobre mudanças , ciclos . . . algo que ele nem se deu ao trabalho de registrar . o desconforto queimava na boca do estômago , e ele sentiu que precisava sair dali . mas foi valentin quem se levantou primeiro . por um instante , o grimaldi ficou ali , imóvel , vendo-o se afastar . seu instinto lhe dizia para deixá-lo ir . mas algo dentro dele gritava que , se o deixasse ir agora , talvez aquilo se tornasse mais uma barreira impossível de derrubar depois . respirou fundo , passando uma mão pelo rosto , ainda sentindo o resquício quente da raiva em sua pele . mas levantou-se e seguiu . assim que saíram da tenda da vidente , vincent esticou o braço e segurou o espanhol pelo antebraço , puxando-o apenas o suficiente para fazê-lo parar . ‘ a gente resolve isso agora ou nunca mais fala sobre essa merda . escolhe . ’ sua voz saiu firme , mas não tão agressiva quanto antes .
9 notes
·
View notes
Text
𝐕𝐀𝐋𝐄𝐍𝐓𝐈𝐍 𝐌𝐀𝐑𝐐𝐔𝐄́𝐒' 𝐖𝐀𝐍𝐓𝐄𝐃 𝐂𝐎𝐍𝐍𝐄𝐂𝐓𝐈𝐎𝐍𝐒 .
disclaimer : valentin é bissexual. nenhuma conexão tem restrição de gênero, há menos que explícito o contrário. as conexões não tem número máximo, há menos que explícito o contrário.
𝖆𝖒𝖎𝖟𝖆𝖉𝖊𝖘.
amigos a-list. valentin não é muito acostumado com o mundo dos a-lists de hollywood, pois é uma rede de pessoas new money e ele está acostumado com o mundo de pessoas que respiram dinheiro há gerações. ele quer se aproximar dessas pessoas e tentar se tornar alguém mais acessível. ele não faria amizades puramente por interesse, então seriam amizades genuinamente sinceras, mas ele também planejou essa mudança de ares.
fã da fórmula 1. uma pessoa que gosta de fórmula 1 e possivelmente já foi convidada para alguma corrida (se famoso) e acabou virando amiga de valentin por acaso e hoje em dia eles são aquelas amizades que o twitter ama. (inspiração: charles leclerc, carlos sainz e paul mescal)
colegas de publi. alguém que já tenha feito alguma ação com valentin (marca e circunstâncias a decidir) e que tenha gostado muito do espanhol, formando uma amizade improvável, mas que está durando bastante.
𝖎𝖓𝖎𝖒𝖎𝖟𝖆𝖉𝖊𝖘.
social climber. uma pessoa de hollywood que vê em valentin uma oportunidade para subir ainda mais e tenta usar sua influência, o que irrita profundamente valentin. isso também pode ser tudo coisa da cabeça dele.
ex-amizade. valentin está na fórmula 1 há quase 10 anos, então ele já conheceu muitas pessoas famosas pelo padoque e em eventos. essa pessoa tinha sido uma ótima amiga de valentin por muito tempo, mas eles acabaram brigando e a amizade acabou. (motivo a combinar).
colegas de publi (versão 2). alguém que trabalhou com valentin no passado e por algum motivo o santo não bateu. a pessoa pode ter tido uma ideia errada de valentin ou vice e versa e depois disso eles não se suportam.
𝖓𝖊𝖚𝖙𝖗𝖆𝖘.
encontros e desencontros. alguém que viva perto da casa de los angeles de valentin e acabe encontrando ele nos lugares. valentin gosta de ir em cafeterias e restaurantes e essa pessoa parece sempre estar lá quando ele vai.
barbeiragem. valentin começou a dirigir com quatro anos, tirou sua super licença com 17, mas uma coisa que é possível dizer sobre ele é que ele não é o melhor piloto quando o assunto é trânsito. essa pessoa quase foi atropelada por valentin (a notícia até saiu nos sites de fofoca). valentin, obviamente, ajudou a pessoa e a levou para o hospital. conexão atual a combinar.
dog date. valentin tem 3 cachorros e ele não abre mão de levá-los para onde ele vai quando está de férias. a rotina doida das vinte e quatro corridas e vinte e quatro países o impede de levar seus três filhos para todos os lugares, mas nessa época ele aproveita para paparicar eles da maneira que pode. esse muse tem um ou mais cachorros que são melhores amigos da castaña, chispa e torito e os pais de pet se encontram no parque para os filhos interagirem e brincarem muito.
𝖗𝖔𝖒𝖆̂𝖓𝖙𝖎𝖈𝖆𝖘.
ex-namorada. valentin não teve muitos romances públicos nesses anos de fórmula 1, preferindo manter seus relacionamentos às escuras. essa muse seria uma dessas exceções e foi uma verdadeira WAG por um tempo.
ex-rolos. mesmo sem assumir relacionamentos, valentin sempre foi muito conquistador e namorador. mesmo estando mudando de mentalidade com o passar do tempo, ele sempre viu o ato de conquistar as pessoas com seu charme e dinheiro como um esporte.
primeiro quase-namorado. valentin sabia desde muito novo que era bissexual, mas também sabia que o esporte que queria seguir não permitiria que ele fosse aberto sobre isso. com o tempo, as coisas começaram a mudar na fórmula 1, e esse personagem quase o fez arriscar tudo. no entanto, antes que pudessem assumir um relacionamento, valentin recuou, temendo comprometer sua carreira.
#⁽ ⠀ ✧ ⠀ ⁾ 𝐯𝐚𝐥𝐞𝐧𝐭𝐢𝐧 𓂅 writing 🔗 extra .#bem simples#podem dar like ou comentar se tiverem interesse <3
7 notes
·
View notes
Text
em alguns meses seria ele olhando um carro vermelho passando pelas garagens sem o seu número nele. em alguns meses seria ele vendo o parceiro de cinco anos fazer ações com outra pessoa. em alguns meses seu sonho teria chegado ao fim. e, mesmo assim, valentin sentia que não podia reagir de maneira adequada. era sempre assim. valentin marqués, tão adequado, tão obediente, tão querido por todos. ele queria mais é que tudo isso fosse um pesadelo. ele queria ser melhor, queria reagir melhor, mas se fosse parar para pensar... ele também poderia ser bem pior. "castaña jamais aceitaria um gato chamado gregório." tentou sorrir. não era isso que o comentário de vincent pedia? um sorriso, uma descontração que nunca chegava. ele sorriu, apesar disso. sua cachorra era uma das coisas mais amadas de sua vida, então talvez fosse uma boa tática para imitar um bom humor. "e seguirei sozinho. eu sempre preferi assim." sua expressão mudou da água para o vinho, como se vincent tivesse dado um soco na boca do seu estômago. "você... você é inacreditável." bufou, virando seu corpo para vincent como se quisesse avançar em cima do outro, mas ao mesmo tempo sabendo que jamais conseguiria. "você não é um contrato quebrado, mas todo o resto é. vincent, isso não é sobre você. eu sinto muito ser a pessoa que te traz essa notícia! tente pelo menos entender o meu lado, por favor." sua voz foi diminuindo aos poucos, mas ele ainda queria brigar. ele ainda queria uma desculpa para brigar. "eu estou sem saber o que vai ser de mim e é isso que me deixa do jeito que eu estou, mas você... você não entenderia, não é? o que poderia possivelmente te colocar na posição em que eu estou?" as últimas palavras saíram como um cuspe, com raiva, mas não de vincent. nunca seria de vincent e talvez ele fosse levar muito tempo para entender isso. valentin voltou-se para a vidente, esperando encontrar julgamento no olhar dela, mas encontrou curiosidade. ou o que pareceu ser. ele torceu os lábios numa carranca, querendo falar algo, mas não podia. eles que escolheram brigar na frente da vidente. "já que você pode ver o futuro nessas suas cartas e... pedras, me diga: um dia ele vai tentar se colocar no meu lugar? ou vai ser sempre essa pessoa..." olhou para vincent, querendo buscar um xingamento que se encaixasse, mas nenhum parecia perfeito o suficiente. na verdade, todos pareciam rudes demais. ele não queria machucar vincent. não era assim que as coisas deveriam terminar. valentin voltou a olhar para a vidente, que pareceu já ter embaralhado as cartas e puxou uma. apenas uma. valentin olhou a carta. a roda da fortuna, lia. antes que pudesse seguir de maneira rude, a vidente começou a explicar. “as marés sempre mudam, e quando isso acontecer, talvez vocês vejam as coisas de uma forma diferente. essa carta representa mudanças e ciclos que se renovam... a posição de vocês vai mudar, mas certas coisas às vezes estão bem diante de nós. você já deveria saber disso.” ela começou a explicação falando com os dois, mas agora seus olhos queimavam valentin. sim, ele sabia disso. sabia que a amizade de vincent estava na sua frente e ele às vezes se negava a ver. sua pergunta foi injusta e motivada pelo ódio repentino. sabia disso. ele precisava desesperadamente beber. quando ela começou a puxar uma segunda carta, com o desenho de duas pessoas nuas, valentin soube que precisava ir embora. "eu não bebi o suficiente para isso. eu... eu só preciso beber." levantou-se num salto. não pediria para que vincent o acompanhasse, mas, se quisessem tornar aquilo mais próximo do normal, o outro se levantaria.
a vidente tinha razão , mas isso não tornava mais fácil de aceitar . se vincent tivesse entendido bem suas metáforas , ela estava certa . e ele odiava aquilo . sustentou o sorriso como se fosse uma máscara , mas por dentro , tudo aquilo o irritava mais do que deveria . talvez porque , no fundo , ele sabia que era um egoísta da pior espécie . a ferrari sem valentin parecia errada . não porque estava preocupado com a carreira do outro , não porque sentia que a decisão da equipe era injusta — embora talvez fosse — mas porque era ele que perderia seu companheiro de equipe . era ele que teria que se acostumar com alguém novo , com outra dinâmica , com um estranho no lugar de alguém que conhecia tão bem . ao invés de se colocar no lugar do espanhol , sua mente girava em torno de si mesmo . e vincent odiava mudanças que ele não escolhia . ele apertou os lábios , empurrando esses pensamentos para longe . não tinha como dizer isso em voz alta sem soar como um babaca . e vincent sabia que era um babaca , mas ao menos tentava esconder isso de vez em quando . tamborilou os dedos na própria coxa , impaciente , como se aquele momento inteiro já tivesse se estendido demais . ‘ sabe , satisfação é meio vago mesmo , ’ ergueu uma das sobrancelhas para vidente , como se estivesse dando apoio moral para o que valentin falava . ‘ mas pelo menos não foi algo tipo , ‘ você vai acabar morando num trailer com um gato chamado gregório . ’ ’ a provocação veio fácil , quase automática . era muito mais confortável transformar aquilo em piada do que lidar com o fato de que as coisas estavam mudando , e ele não podia fazer nada a respeito . por que diabos valentin tinha que trazer aquela energia pesada ? por que ele não podia simplesmente . . . sei lá , fingir que estava tudo bem , como vincent estava fazendo ? era irritante . bufou , desviando o olhar por um instante , encarando a tenda escura ao redor , como se estivesse tentando encontrar a paciência que claramente não tinha . mas ela não estava lá . ‘ eu sei que é uma merda . sei que você tá lidando com isso do seu jeito , mas , porra , você tá lidando sozinho . ’ sua voz quase quebrou no final , mas ele se recuperou rapidamente , voltando ao tom firme . ‘ para de me tratar como se eu fosse apenas um contrato quebrado . ’ o silêncio que se seguiu era pesado . vincent olhou para o espanhol , esperando alguma reação , qualquer coisa . depois desviou o olhar de valentin e olhou de relance para a vidente , que observava os dois como se soubesse de algo que eles não sabiam . aquela era para ser a sua última pergunta , mas acabou sendo mais direta do que o esperado .
9 notes
·
View notes
Text
𝐜𝐥𝐨𝐬𝐞𝐝 𝐬𝐭𝐚𝐫𝐭𝐞𝐫 𝐟𝐨𝐫 𓂅 @anyaswrld : 🐻 .
exposição do chef.
sendo algo que amava, a culinária disponível no evento chamou a atenção dele diversas vezes pela noite. nenhum nome de receita chegava a ser uma novidade, mas os sabores únicos daquele chefe específico foram o suficiente para fazer com que ele voltasse ali múltiplas vezes. quando finalmente viu que poderia provar algo doce, valentin quis comemorar como se tivesse acabado de ver um gol do seu time na final da champions, mas se contentou apenas com um suspiro satisfeito. porém tudo isso foi por água abaixo quando ele viu os doces em formato de urso que foram dispostos na mesa. ah, era aquele tipo de doce. do tipo realista, que você quebra uma casquinha e tem algo como creme brulée ou geleia de frutas vermelhas por dentro. "ah, que droga..." ele comentou baixinho, apenas para a pessoa do seu lado escutar. era seguro dizer que valentin estava um pouco emotivo com o álcool. "eu não vou ter coragem de destruir o rosto desse ursinho... e eu queria tanto comer algo doce. é cruel, não acha?"
0 notes